Fix You 2: Dark Paradise. escrita por Amanda Mina


Capítulo 23
Capítulo Extra - Pov Ian.


Notas iniciais do capítulo

Oioi gente ;D
Finalmente a fic tá acabando o/ O capítulo 25 já é nosso querido epílogo (amém) e depois disso abre-se passagem para minhas queridas irmãzinhas lerem :P
É, gente chata tem disso. Só lê depois que a fic tá terminada. *cofcof*
E então vamos lá... Pov Ian!



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Pov. Ian.

Capítulo Extra.

- Algum momento entre o Capítulo 22 e o Capítulo 23 -

Meu mundo havia se partido ao meio. Em duas partes de mim que eu não reconhecia mais. Eu era apenas a sombra de todos aqueles sentimentos, um grito sufocado para que ninguém tivesse que se importar em saber se eu estava bem. Porque eu não estava.

Os segundos se arrastavam enquanto Rose estava dentro da sala de cirurgia. Minhas mãos estavam trêmulas, e as únicas imagens que se passavam na minha cabeça eram o que eu pretendia fazer com Diana. Eu imaginava diversas formas de acabar com a pessoa que havia acabado comigo, e a melhor delas era a que eu enroscava minhas mãos ao redor do seu pescoço fino, e o apertava até que seus olhos perdessem o brilho.

Mas eu não era um assassino, e por mais que quisesse matar Diana a sangue frio, eu não o tinha.

Dimitri não estava ao meu lado – ele havia entrado como o acompanhante de Rose enquanto os médicos cortavam seu peito e tentavam extrair a coisa minúscula que havia feito todo esse estrago. Ah, tudo bem. Ele conseguia se controlar, eu não. Sem crise.

Eu me recusava a sentar naquela cadeira de plástico totalmente desconfortável para os acompanhantes, então só o que me restava era andar de um lado para o outro como um lunático. Se Rose estivesse aqui, ela provavelmente teria feito alguma piadinha como:

“—Até parece um pai preocupado que está esperando pelo nascimento do seu terceiro filho.

-- Quase isso, é o nosso sétimo. – Eu responderia com um tom de malícia na voz. Rose arregalaria os olhos teatralmente, cobrindo a boca com a mão para expressar sua incredulidade.

-- Uau. Vocês não dormem?

-- Desconhecemos essa palavra. Passamos 23 horas do nosso dia cuidando das crianças, e a restante encomendamos as novas.

-- Vocês são maníacos, isso sim. – Ela estalaria a língua em clara desaprovação. Eu aumentaria ainda mais meu sorriso, vendo como conseguia provocá-la do modo esperado e concluiria com:

-- Até parece que você não sabe os prazeres de passar a noite acordado. Ops, talvez você não se lembre, mesmo. Talvez sua casa já esteja cheia de gatos e chocolate, tudo o que você precisaria pelo resto da sua solitária vida sem prazeres.

E em resposta, ela atiraria em mim qualquer objeto que estivesse ao alcance de suas mãos, enquanto cruzava os braços e revirava os olhos – um sinal claro de que eu havia conseguido atingi-la.”

Prolonguei minha caminhada pelo corredor do hospital, apoiando minhas costas contra a parede fria e branca, enquanto um sorriso surgia no canto dos meus lábios. Eu sentia falta de provocá-la. Estava ocupado demais passando as últimas semanas tentando dar a ela liberdade, algum espaço para que ela percebesse que todo aquele amor que sentia pelo meu irmão estava ali, e que eu era uma desculpa para que ele não fosse exposto. Mas nada. Tudo o que eu fiz foi colocá-la em mais perigo e confusão.

Belo namorado eu fui.

 Isso não significava que eu não me preocupava com Rose – eu o fazia mais do que ninguém. Estive sempre por perto, vigiando seus passos. Eddie foi meu maior contato, porque ele havia me feito jurar quando nos encontramos, meses antes, que eu cuidaria de sua melhor amiga. E que nunca, nem mesmo por um segundo, seria um babaca tão convincente quanto Dimitri.

Bem, eu havia sido. Mas Eddie ainda não tinha tentado quebrar minha cara, então algo dentro dele entendia tudo o que eu havia tramado.

Vi uma sombra sair da enfermaria e caminhar até mim cautelosamente. Os cabelos loiros estavam soltos e penteados, e seu rosto não estava mais sujo e a beira do desespero. Ela estava como antes – como a verdadeira Lissa. Só que com a mão enfaixada.

-- Alguma notícia dela? – Lissa perguntou em voz baixa.

-- Apenas que entraram e estão lá há quase duas horas. Dimitri está com ela.

-- E você não? – Ela ergueu a sobrancelha perfeitamente definida. – Você deveria estar com ela. Não estou dizendo que Dimitri não é a pessoa certa, mas... Bem... Você sabe o que eu quero dizer.

Assenti: -- Acho que não seria uma boa. Dimitri pode se controlar, eu não.

-- Isso não tem nada a ver com saber se controlar, Ian. – Ela balançou a cabeça. – Mas tudo bem. Eu entendo. Você precisava surtar, então preferiu ficar aqui fora.

-- Um dom psíquico do espírito? – perguntei, me referindo a sua “adivinhação”.

-- Não. Um dom da observação. – Lissa soltou o ar que prendia. – Você e Rose não são tão diferentes assim, afinal. Ela reagiria da mesma forma. Sempre acharia que não era bom o suficiente para estar perto da pessoa, mesmo que estivesse e desse o seu melhor.

-- Mas eu não sou assim. Bom o suficiente. Eu sou diferente de Rose, porque as melhores qualidades dela são os meus piores defeitos.

-- Hm-hm. – Ela murmurou. – Nós discordamos. E por “nós” eu incluo minha melhor amiga.

Dei de ombros: -- Tanto faz. – Fechei meus olhos tentando imaginar que estava sozinho novamente. Lissa suspirou.

-- Vou falar com Christian. Ele estava surtando na recepção.

-- Eu imagino. – Comentei com um sorriso. – Hei, Lissa. – chamei, vendo-a se virar. – Dê um tempo na sua rivalidade com Christian.

-- Eu sei. – Ela me deu um sorriso. – Só quero minha amiga de volta. Nem que pra isso tenha que colocar todos os médicos para trabalhar.

-- Isso seria uma atitude plausível. – Retribui o sorriso, mesmo que não sentisse motivos para fazê-lo. Ela assentiu, e voltou a caminhar para longe.

Algumas horas depois, e após eu praticamente acabar com todo o chá que havia na lanchonete – A pessoa que você ama está em risco de vida? Você toma um chá. – Dimitri deixou a sala, dando passos confiantes na minha direção.

-- Rose acordou e já está fazendo piadinhas? – Perguntei em tom de súplica. Dimitri balançou a cabeça, colocando a máscara de guardião.

-- Acho melhor você conversar com os médicos. Há uma decisão para ser tomada.

-- Uma decisão? E por que você não a fez? – Ergui a sobrancelha para ele. Achei que ele havia se oferecido para assumir todas as responsabilidades sobre Rose, mas se ele havia hesitado, provavelmente era algo muito, muito grave.

-- Porque acho que isso cabe a você. – Me deu um olhar parecido com o que Lissa havia me dado minutos antes, e então indicou com a cabeça para o corredor -- Eles estão no quarto.

Respirei fundo e enfiei as mãos no bolso da jaqueta de couro, uma atitude que eu havia acostumado a usar quando estava nervoso. Cruzei o piso ladrilhado até chegar a uma porta entre aberta. A única. Com o ombro, empurrei um pouco mais a porta até que ela me desse passagem, e adentrei no local.

Dois médicos observavam o corpo de Rose que emitia uma atitude positiva diante dos aparelhos, mesmo que fraca.

-- Ian Zeklos. – pigarreei – Meu irmão disse que precisavam falar comigo.

-- E precisamos. – O primeiro se adiantou. Não tinha cabelo algum, mas seus olhos eram azuis gélidos, me levando a pensar na hipótese de ser um Ozera. – Acontece que a cirurgia não ocorreu como esperávamos... – trinquei o maxilar. – e Rose ainda está em risco.

-- O que isso quer dizer? – Emiti um tom áspero que não se parecia em nada com o meu habitual. Pensei ver o corpo de Rose se encolher.

-- Que o mais adequado seria desligar os equipamentos. Ela está emitindo os mesmos sinais vitais de quando chegou aqui. O que me leva a crer que não há muita esperança para ela.

-- Pensei que os únicos conceitos levados em consideração aqui eram os científicos. – Desdenhei.

-- Bem, sim. – O outro se intrometeu. Ele tinha seus cabelos grisalhos modelos pelo gel em excesso. – E cientificamente falando, ela já está morta. – Aquele comentário fez com que todo o meu sangue fervesse. Rose não estava morta, ela nunca estaria. Ninguém poderia sequer cogitar essa hipótese. Nunca. Ela sempre seria a mulher cheia de vida que eu havia conhecido. E se havia alguma esperança para Rose, como seus batimentos cardíacos sendo controlados por uma máquina, eu me agarraria a ela.

Já havia a deixado ir uma vez. Não deixaria isso acontecer novamente.

Dei um passo para frente, de forma que encarasse ambos igualmente: -- Não ouse repetir isso. Vocês não podem desligar o equipamento.

 -- Suponho que você não nos daria sua permissão, então. – Ao ver que eu permaneci sem expressar uma reação, ele assentiu. – Tudo bem, vamos deixar vocês sozinhos, então. Qualquer coisa há enfermeiras de plantão.

Virei os olhos ao ver a porta ser fechada. Nem em sonho eu deixaria que desistissem de Rose.

Encarei o corpo de Rose. Ela tinha uma expressão tranquila no rosto. Uma coisa rara. Desde que eu a conheci, estava preocupada em desvendar quem estava colocando em perigo todos os que ela amava, e protegendo pessoas que nem conhecia ao defender as cidades em que ficava.

Agora ela não estava preocupada com nada. Pelo menos era essa a imagem que eu tinha.

Aproximei-me da sua nova cama, e acabei por me sentar no espaço que tinha, ficando de frente para ela.

-- Você está dando um susto em todo mundo, sabia? – comentei, escorregando minha mão para baixo da dela, e em seguida entrelaçando nossos dedos. Rose podia estar em risco de vida, e dois médicos idiotas podiam ter tentado tirá-la de mim, mas a sua mão ainda era sua mão. Ainda emitia o mesmo calor habitual, e ainda tinha o mesmo contorno.

E eu ainda podia segurá-la como se estivéssemos apenas conversando casualmente.

-- Eu acho que surtei quando vi você ali. Quem não surtaria? – Continuei falando. Eu sabia que ela estava me escutando, não importa como. – Você é tudo o que eu mais amo, Rose. E quando vi você cair... Eu tive que me controlar para não deixar seu corpo caído e matar Diana. Ainda quero fazer isso. Mas não quero sair do seu lado, também.

Respirei fundo, encarando o teto branco e sem graça: -- Me desculpe por ter te deixado. Vou tentar não fazer mais nada tão idiota assim, mas você precisa me ajudar, Rose. Eu resumi meus dias em proteger você. Agora eu simplesmente não sei o que fazer para tê-la de volta. Isso dói. Eu não gosto de me sentir impotente em relação a você. Eu prometo que não vou mais sair do seu lado, então... Não saia do meu, está bem? – A imaginei sorrindo e concordando. Esse era o melhor que eu podia ter.

Mantive meus olhos fechados enquanto falava, imaginando que Rose estava em frente a mim, sorrindo. Que ela vestia seus habituais jeans e moletom, e que seus braços não estavam caídos ao lado do seu corpo inconsciente, e sim ao redor do meu pescoço. Nas pontas dos pés. Os lábios perto dos meus.

Céus, aquilo doía mais do que eu pude imaginar: -- Eu só quero que você saiba que você merece o melhor. Só isso. E que ficar longe de você não é semelhante a isso. Eu sinto sua falta, Rose.

“Então por que me deixou?” quase ouvi essas palavras saírem da sua boca. Mas ela não me acusava. Tinha um tom brincalhão, descontraído. Ela estava jogando comigo como eu costumava fazer com ela.

-- Porque eu precisava encontrar uma assassina antes de você, sua ligeirinha. – Respondi em bom tom. – Sempre recriminei meu irmão por imaginar o que seria melhor para você, sendo que podia cuidar de si mesma. Mas fiz a mesma coisa. Não sei por que não deixou os Belikov ainda.

“Eu não me importo. Amo vocês do mesmo jeito, mesmo sendo dois idiotas.” – ela responderia no mesmo tom de antes. – “Oh, e pare de soar como se fosse uma despedida. Eu ainda estou aqui, seu idiota. Bem na sua frente. Apenas descansando. Quando eu me encher de dormir, volto pra você”.

-- E isso vai demorar?

“O que? Já está com saudades, Italiano? Cuidado. Você pode estar apaixonado”.

-- Sem dúvidas. Eu devo estar apaixonado.

X

-- Como ela está? – Dimitri perguntou ao despejar açúcar dentro da sua xícara de café. Eu havia sido obrigado a deixar o quarto de Rose para que Lissa pudesse rever a amiga.

-- Dormindo. E tendo sonhos coloridos.

-- Acho que agora você não tem desculpas para ignorar o que sente. – Ele comentou como se fosse algo banal, mas lançou um olhar significativo para mim. Algo semelhante com quando eu aprontava e ele tinha que me repreender. – Acredite, eu fiz isso por muito tempo e olhe bem onde estamos. Você não quer que ela se traumatize contra os Belikov.

-- Com certeza não. – Ergui o canto do meu lábio me um sorriso. – E não quero ser parecido com o Belikov certinho. Eu sou a ovelha negra, lembra?

Dimitri suspirou e balançou a cabeça: -- Então posso confiar que você ficará por perto a partir de agora?

-- Você viu minha recusa em sair do quarto. Acho que o maior problema de Rose será me afastar dela agora, não o contrário.

-- Não acho que ela verá isso como um problema. Ela sentiu falta do namorado, e eu do meu irmãozinho irritante.

-- Você disse mesmo isso ou eu ouvi errado? – Ergui uma sobrancelha. – Senhoras e senhores, Dimitri Belikov disse que sentiu minha falta.

Ele revirou os olhos: -- Acho que vou retirar o que disse.

-- Tarde demais. Eu já tenho algo para usar contra você pelos próximos anos.

Deu de ombros: -- E eu contra você. Acho que estamos na mesma situação.

Cruzei as mãos ao apoiar o cotovelo sobre a mesa.

-- Então... Saindo um pouco desse clima totalmente solidário entre irmãos... Você sabe do projeto de Rose, não é? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Resgatar dhampirs e tudo mais. Então. Acho que seria uma boa coisa iniciá-lo. Eu posso falar com Lissa e ela poderá transformar as salas vazias do antigo Departamento em uma clínica de reabilitação e treinamento.

-- Em outras palavras: Você quer fazer algo por ela. E eu vou te ajudar. – Ele assentiu. – Vou falar com Lissa e planejar tudo. Acho que Eddie, Viktoria e os outros poderiam começar a encontrar dhampirs assim.

-- Acho que ela gostaria disso.

Dimitri balançou a cabeça: -- Ela gostará. É um bom presente de “boas vindas” para quando ela acordar.

-- Você acha que ela o fará?

-- Desde quando você é o inseguro da relação? – Dimitri se recostou na cadeira de plástico. – Ela vai, Ian. Rose já passou por muito mais coisa. Uma bala não a tirará de cena, mesmo que seja trapaça.

-- Detesto dizer isso, irmãozinho... Mas você está certo. – admiti. – Porém prefiro deixar o projeto para você. Nós dois sabemos da minha habilidade com planejamento. E ela não é muito boa.

-- Você cuida de Rose, e eu do projeto. É uma boa divisão.

-- Mesmo levando em consideração que os dois vamos dar palpites nas obrigações do outro. – Dei de ombros. – É... A família nunca foi tão unid-

-- Ian! – Lissa gritou do outro lado da lanchonete. Ou ela precisava de atenção, ou havia enlouquecido. Eu estava completamente dividido entre as duas opções. – Ah, droga. Ian. Ela acordou. – Continuou gritando impacientemente. Lissa não precisava especificar quem era “Ela” porque eu mesmo já sabia. Reagi por puro impulso, e logo eu e Dimitri estávamos correndo pelos corredores até o quarto.

Rose havia acordado e eu não estava ao seu lado. Esse também não era um motivo para crise alguma.

Empurrei a porta, sendo o primeiro a entrar no quarto – e finalmente pude soltar o ar que estava prendendo desde que Rose havia caído no chão.

Ela estava acordada.


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Notas finais do capítulo

Beijo beijo ♥