As crônicas de Nárnia - Feiticeira verde escrita por Isa Holmes


Capítulo 20
Querido Rilian.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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– Lucy. Explique-me uma coisa. Quem era Jadis além de ser irmã de Kathryn?

–A feiticeira não lhe contou quem era a própria irmã?

– Ela contou, mas... contou uma versão de Jadis que era igualada a um anjo. E, por favor, tenho certeza que só foi uma história para criança dormir. Ela não iria entregar a irmã tão facilmente.

– Bem... Você tem razão. Jadis não era um anjo. Até onde sei, Jadis dizia ser rainha de Nárnia e governante serva do imperador de Além-Mar. Ela também decretou um inverno de cem anos até que nós chegarmos, filhos de adão e filhas de Eva. Ela queria matar todos nós, queria tomar Nárnia e o trono de Aslam. Ela era presunçosa e fria.

Enquanto punha minha explicação sobre Jadis em ação, percebi que debatia o assunto sozinha. O principezinho não estava mais ao meu lado, e, virando-me para trás, o vi paralisado no nada.

Corri até ele e o sacudi.

– Rilian, está tudo bem?

– S-Sim estou bem. Por quê? Eu escutei o que você disse, Jadis era terrível. – respondeu ele, mas percebeu que eu não estava convencida – Desculpe, eu só estava pensando em... uma outra coisa.

– Tudo bem... então... conte-me qual era a vingança de Kathryn.

~ POV Rilian ~

Lúcia queria saber qual era vingança da feiticeira. Não a culpo pela curiosidade. Mas ela seria obrigada a esperar, pois toda aquele história começou a viajar pela minha mente.

~ “FLASHBACK ON” ~

“ – Eu lhe trouxe alguns bolinhos de amora e chocolate quente, belo cavalheiro.

Abri meus olhos e vi uma bela mulher. Na verdade, a mais bela que eu havia visto até aquele instante. Uma mulher encantadora com lindos cabelos cor de bronze soltos pela sua delicada pele rósea; Uma boca avermelhada que parecia ter sido desenhada por anjos; e maravilhosos olhos verdes musgos chamativos. Porém logo a minha atração por ela foi interrompida. Havia eu percebido que estava preso. Com a cabeça latejando e um breve desespero, tentei me livrar do que quer que estivesse acontecendo.

– Será impossível você se livrar dessas correntes. Se conseguir, eu terei que me considerar uma péssima feiticeira.

– Feiticeira?

– Sim, sim, meu querido. E não se anime, porque será apenas isso que irá saber sobre mim.

– Por que, bela dama? Por que não posso saber mais a seu respeito?

– Por que tu não deves ser confiável.

– Como pode saber se sou ou não confiável?

– Você veio do reino? Daquelas pessoas frias e traiçoeiras? – perguntou ela.

– Não. – menti.

– Posso então confiar em você, belo cavaleiro? – perguntou ela, sentando-se no chão.

– Dizem que sou uma pessoa confiável... – respondi. Uma coisa era certa. Se ela chamou meu pai, minha mãe e Aslam de “pessoas frias e traiçoeiras” eu não iria ouvir palavras desejáveis.

– Meu nome é Kathryn.

– Chamo-me Rilian.

– Gosta de jogos, querido? Ah, que bom! Faremos assim. Toda pergunta que eu fizer, você terá uma pergunta para fazer. Será um jogo de trocas, está bem?

– Claro.

– Que quer saber, querido?

– Veremos... Por que odeia tanto as pessoas do reino?

– Eles mataram minha irmã mais velha, Jadis.

– Mas como? Tenho certeza que eles não fariam mal a pessoas tão gentis...

– Mas fizeram... – alegou Kathryn. – Aquele maldito felino e imbecis filhos de adão e filhas de Eva.

– Jadis não seria atacada se ela fosse boa feiticeira, não é? Ela não era ruim... Era?

– Eu não passava muito tempo com Jadis. Ela sempre estava ocupada e nunca me deixava sair em público. Mina querida irmã, ela queria a minha proteção. Pelo menos era o que ela dizia. Já havia visto Jadis fazer magia negra, mas ela disse que só usaria para me proteger. Eu soube da guerra que Jadis lutou, mas não foi culpa dela. Aquele felino queria roubar seu trono e destruí-la por pura idiotice.

– Eram só você e Jadis?

– Querido Rilian, é a minha vez de fazer uma pergunta.

– Desculpe-me – murmurei.

– Porque protegestes tanto os habitantes de Cair Paravel e seus aliados? – perguntou ela.

– Quem disse que os protejo? – menti – Eu nem os conheço! Uma vez fui pedir ajuda, mas eles não atenderam o meu pedido. – era tão difícil mentir. Me batia uma grande dor em cada palavra errada que eu citava sobre as pessoas que amo. Mas era para o bem delas. E, sim! Era para protegê-las.

– Estou falando! Eles são traiçoeiros.

– Minha vez. Novamente minha pergunta é a mesma. Eram só você e Jadis?

– Naquela época sim, mas antes eram eu, Jadis e minha outra irmã. Jadis sempre foi competitiva, ela esteve em guerra com minha irmã, onde a matou. Fui à única que havia sobrado.

– Se não gostas dos habitantes de Cair Paravel, pelo menos gostas dos narnianos?

– Todos! Todos inúteis traiçoeiros!

– Por que Kathryn?

– A maioria dos narnianos lutou ao lado de Aslam quando Jadis mais precisou!

– Então não gostas de ninguém?

– Bem... Gosto de você.

– Você disse que não gosta dos narnianos. Creio que todos que vivem em Nárnia têm esse título.

– Tu és diferente. Eu simplesmente gosto de você.

– Já que não gostas dos narnianos e dos habitantes do reino de Cair Paravel você ficará refugiada aqui sem pelo menos ter a chance de conhecê-los melhor?

– Já os conheço o bastante, e tenho raiva o suficiente para destruí-los.

– Destruí-los?

– Claro! – sorriu. – Não irei deixar quieto o que fizeram com a minha irmã. Quero que eles provem do próprio veneno.

– Então o que queres é vingança?

– Sim. E começarei pelo maldito felino... ou pelos filhos de Adão e filhas de Eva.

– E como pretende derrotá-los e governar Nárnia?

– Com magia negra, tolinho.

– Tu sabes que nenhum tipo de magia atinge Aslam, não é mesmo?

– Como sabes disso?

– Sou um ser curioso. Vivo procurando respostas para minhas perguntas.

– Bem... Arranjarei um jeito de quebrar isso. Se consegui minha beleza de volta, conseguirei derrotar o grande felino!

– Sua beleza? Mas que diabos...?

– Isto é uma outra história meu, belo Rilian. Podemos falar sobre isto mais tarde. – levantou-se.

– Queres conversar sobre o que então, Kathryn?

– Eu não sei se eu deveria fazer isso...

– Fazer o quê? – perguntei.

– Você quer me ajudar a cumprir minha vingança? Quer me ajudar a derrotar os reis e rainhas e o grande felino?

– Por que eu faria isso?

– Bem... Eles não te ajudaram quando precisou.

– Por que isso seria motivo de vingança? – perguntei. – Nem sempre resolvemos nossos problemas assim, com ódio.

– Eu só pensei que quisesse me ajudar, ser meu amigo, me ajudar a governar Nárnia.

– Então eu aceito. Lutarei ao seu lado, bela dama. – menti. Eu nunca iria aceitar ficar do lado de alguém que quisesse matar minha família. Mas eu estava com a esperança de que ela me soltasse, assim eu fugiria e iria direto para Cair Paravel avisar o que estava acontecendo.

– Magnífico! ­– riu-se.

– Bom. Agora que dependemos um do outro, poderia me soltar?

– Claro que não, Rilian! Que absurdo. Preciso de você seguro. Quando chegar a hora do ataque lhe soltarei e então ficaremos juntos.

– Mas o quê...?!

– Não fique bravo, meu amor. É só uma questão de tempo. Logo estaremos em um lugar confortável. Só eu e você. Agora coma seus bolinhos e beba seu chocolate antes que esfrie. Hmmm... se não é que já esfriou. Tchauzinho, meu bebê."

~ “FLASHBACK OFF” ~

– Rilian? Rilian por favor reponda-me! – ouvi Lúcia.

Parecia que eu não estava no meu corpo até o instante em que ouvi a voz da minha amada.

– Que foi, Lúcia? – perguntei, acariciando seu rosto, tentando apagar sua expressão de preocupação.

– Porque faz isso comigo?

– Que faço?

– Me assusta...

– Acho que entrei em meus pensamentos.

– E no que estava pensando?

– Na história que quer tanto saber – respondi.

– Então quando puder você me conta a história.

– Esse momento é agora. – sorri. – Contarei detalhe por detalhe.

Enquanto seguíamos a trilha para Cair Paravel, onde eu pressentia que não estava muito longe, contei para a Lúcia a primeira vez que conversei com a feiticeira. E, como eu havia prometido, contei detalhe por detalhe. Alguns deles poderiam deixá-la brava, como por exemplo o jeito que eu lembrava da bela aparência de Kathryn, ou quando falei que ela era a mulher mais linda que eu conhecia naquele instante. Mas ela não precisava se preocupar. Naquele momento, quando conheci Lúcia, meu coração disse quem era a minha alma gêmea.

Depois da longa história Lúcia ficou menos confusa a respeito da feiticeira. Como estávamos concentrados na história, não demos conta que havíamos chegado ao nosso destino. Era tão bom estar no meu lar novamente, e melhor ainda saber que ele não fora destruído por uma pessoa psicopata e vingativa.


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