As crônicas de Nárnia - Feiticeira verde escrita por Isa Holmes
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura.
~ POV Lúcia ~
O tempo pareceu ficar lento. Olhamos para frente. Todos haviam sumido. Sugeri então que aumentássemos o ritmo da caminhada.
– Vocês têm mesmo que voltar? – ele me perguntou.
– Voltar para onde Rilian?
– Ué, para o seu mundo. Não é óbvio?
Antes que eu pudesse responder, mesmo porque eu não tinha uma resposta, encontramos os outros. Edmundo escalava uma árvore, que logo atrás escondia uma cachoeira.
Rilian e eu sentamos no gramado curto, juntos de Pedro e Eustáquio.
– Que Edmundo faz lá em cima, Eustáquio?
– É uma macieira, se não percebeu, Lúcia – meu primo riu – Edmundo disse que pegaria algumas maçãs.
– Ai meu Deus. Edmundo, você pode cair!
– Relaxa, Lúcia. – respondeu ele. – Prometo que não vou cair.
Mais era tarde demais para promessas. Edmundo escorregou de um dos galhos. Com o coração tamborilando no peito, entreguei minha flor para Rilian e fui socorrer meu irmão.
– Edmundo! – agachei ao seu lado – Você está bem?
– Minha cabeça!
Edmundo passou a mão por entre seu cabelo cor de ébado. Quando ele expôs sua mão, pude notar sangue contornando seus traços. Pedi então para que ele virasse de costas. Seu ferimento – apesar de pequeno – estava bem exposto.
– Vem Ed. – o ajudei a levantar – Temos que lavar esse ferimento.
Fomos até a cachoeira e sentamos na beira do lago. Retirei um pano da minha bolsa e molhei no lago. Passei o pano entre o machucado do meu irmão.
– Você me prometeu...
– Então vou ficar te devendo essa.
Quando terminei de limpar o ferimento, peguei o antidoto do meu quite de cura.
– Abre a boca – tentei falar séria, mas acabei rindo.
– Sério Lúcia?
– Bom... Todo cuidado é pouco.
Edmundo se rendeu. Pinguei uma gota por entre seus lábios e guardei novamente o frasco.
– Prontinho – sorri –, foi tão ruim assim?
Edmundo fingiu estar pensativo.
– Não. até que não foi ruim. – meu irmão sorriu – Mas tudo é um mar de rosas quando a melhor irmã do mundo está por perto.
– Melhor irmã do mundo?
– Melhor irmã do mundo.
– Mas... E a Susana?
– Lúcia. Eu amo você, o Pedro, a Susana, mas os momentos de aventuras que passei com você, foram os melhores. Eles foram os momentos mais importantes para mim. Nunca. Nunca, vou te deixar. Você é minha irmãzinha.
Acabei deixando rolar uma lágrima no rosto. Eu pensava da mesma forma que Edmundo. Nós brigamos muito quando pequenos, mas os momentos mais importantes eram os de agora.
– Eu também amo você – sussurrei enquanto o abraçava.
Olhei por sobre o ombro de Edmundo. Quando dei conta, vi que Rillian se aproximava.
– Rilian me perguntou se iriamos voltar para o nosso mundo, mas eu não soube responder – o soltei – Que eu digo então? Tenho certeza que ele irá me cobrar a pergunta.
– Bem... Se você não sabe a resposta, enrola ele. Talvez ele desista de perguntar.
– Engraçadinho!
– Lúcia, quer dar uma volta antes de anoitecer? – perguntou Rillian – Isso se Edmundo não se importar, é claro.
– Eu não me importo, Aproveitem.
Rilian me ajudou a levantar, e entregou-me a margarida.
Afastamo-nos de todos. Achamos outro canteiro de flores, desta vez eram lindas tulipas. Segurei a mão macia de Rilian e o puxei para a direção das flores. Perto do canteiro havia uma casa de madeira. A habitação parecia estar vazia.
– São tão lindas... –sussurrei.
Rilian sorriu. Eu podia sentir a sua respiração desmanchar em meu rosto.
– Porque não pega uma?
– Será que eu posso? – apontei para a casa amadeirada – Elas podem ser de alguém. –
– Está anoitecendo. Se alguém realmente morasse aí, já deveria ter acendido algumas velas.
Agachei e peguei uma tulipa roséa. Esta era única. Ela estava sozinha, enquanto o seu redor estava enfestado de tulipas avermelhadas. Seu cheiro era doce. Era um odor... diferente.
Olhei para Rilian. O príncipe parecia estar tonto.
– Rillian? Você está bem? – perguntei.
– Eu... Eu...
O garoto despencou. Caiu entre as flores se energia alguma. Rillian havia desmaiado.
Também comecei a ficar tonta. Minha visão começara a ficar embaçada. Meus pensamentos haviam sumido. Logo a escuridão foi bem vinda.
~ POV Edmundo ~
Já havia anoitecido. Lúcia e Rilian não haviam chegado. Admito que maus pressentimentos batucavam na minha cabeça.
Sugeri a Pedro que fossemos procurar Rilian e Lúcia. Meu irmão concordou. Pegamos nossas armas e seguimos a trilha de pegadas que os dois haviam deixado.
Aquela caminhada resultou a um canteiro de flores.
Estava escuro. Só havia a luz da lua.
Consegui havistar Lúcia e Rilian, que estavam desmaiados entre as flores. Já com olhos acostumados, pude notar que alguém – além de minha irmã e Rilian – que estava segurando uma espada.
Quem quer que fosse ergueu a arma, a lâmina brilhando com o reflexo da lua.
– Não! Ninguém mexe com a minha irmã e sai ileso. Ninguém!
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