Jacob olhava fixamente para o rosto do meu pai. Já papai parecia ter ficado mais branco ainda.

- Gente, o quê houve? – Perguntei. Mamãe estava com uma expressão alarmada. – Pai, você já conhece o Jacob?

- E-eu-eu – papai fingiu um sorriso tranquilo – conheci os pais do Jacob há um tempo. – Ele estendeu a mão para Jacob. Jacob estendeu o braço, mas em vez de apertar a mão do meu pai, ele deu um soco tão forte em seu rosto que ele caiu. O canto se sua boca estava roxa e sangrava.

- JACOB, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! – Gritei.

- ASSASSINO! – Jacob gritou. – COMO VOCÊ PODE SER TÃO FRIO?! ME DIZ?!

- JACOB! PARE COM ISSO! PORQUE VOCÊ...?

- Porque você não me contou que era uma Cullen?!

- Porque eu pensei que você soubesse! Porque você fez isso?!

- Não minta para mim. Não acho que eu consiga mais ficar aqui.

- JACOB! POR QUÊ?

- Você não queria saber quem foi o bêbado que assassinou minha mãe? Então, acabei de socá-lo. – Dizendo isso ele correu para fora da casa. A porta bateu tão forte que não sei como o vidro não quebrou.

As paredes giravam. Isso não podia ser verdade. Mas fazia todo o sentido. Na época que a mãe de Jacob morreu, talvez no mesmo dia, meu pai bateu em um carro na via de La Push. Mas ele dissera a mim que estava tudo bem, que não tinha sido nada demais. Que a outra pessoa não tinha se ferido.

- Renesmee, acho melhor você... – Mamãe puxou meu braço.

- Eu vou ficar bem aqui. Mãe, sobe.

- Preciso ajudar seu pai...

- Sobe. Agora. – Pedi. Mamãe bufou e subiu as escadas.

- Foi você? – Perguntei a meu pai.

Ele não me responde.

- Eu estou falando com você. FOI VOCÊ QUEM MATOU A MÃE DELE PAI? VOCÊ?

- Eu estava bêbado...

- ISSO NÃO É DESCULPA! – Senti as lágrimas saírem de meus olhos. – Como você pode?

- Eu tinha brigado com a sua mãe! Eu bebi demais!

- Você sabia o que estava fazendo quando entrou naquele carro! Não minta para mim!

- EU NÃO A VI. – Ele gritou. – Isso não é culpa minha, isso foi um acidente.

- Não. Você estava arriscando sua vida e a de outra pessoa quando você entrou naquele carro bêbado, e você sabia disso! Quanto você pagou para não ser preso? Hein?!

- Renesmee Cullen...

- QUANTO?

- Paguei a fiança de duzentos mil dólares.

Senti o mundo tombar de lado e caí no sofá.

- Duzentos mil dólares. E Isso jamais trará a mãe de Jacob de volta. E você não pagou pelo o que fez. – sussurrei.

- Eu não podia ficar preso.

- Você também não podia ter entrado naquele carro bêbado! E você fez!

- Renesmee...

- Porque você mentiu para mim? Por quê?

- Eu não queria que você soubesse.

- Por quê?

- Renesmee!

- POR QUÊ?

- PORQUE EU NÃO QUERIA QUE VOCÊ SOUBESSE QUE TINHA UM PAI ASSASSINO! Está feliz agora?

- Não! Você arruinou o meu namoro! Não acredito nisso! Como você pode? E como você pode ser tão frio com Jacob? Como se não fosse nada?!

- Renesmee...

- Eu não quero saber. Eu não quero falar com você. Não consigo nem olhar para o seu rosto. – Corri pelas escadas e me tranquei no meu quarto. Irina, Tânia e Kate perguntaram o que tinha acontecido lá embaixo. Depois elas me viram chorando e me abraçaram. Entre soluços eu consegui dizer o que tinha acabado de acontecer. Nenhuma delas fez nenhum comentário. Apenas me abraçaram mais forte e ficaram repetindo “eu sinto muito”. Eu sabia que elas sentiam mesmo. Eu via isso nos olhos delas. Elas também não sabiam disso.

Passei o dia na cama, chorando e dormindo. Não comi nada, mal me levantei para ir ao banheiro. O celular de Jacob dava fora de área o tempo todo, então Irina achou o BlackBerry dele todo estraçalhado na varanda da casa. Mamãe, Alice, Esme e Rose bateram diversas vezes na porta do meu quarto, mas eu nunca as respondia. Elas sabiam de tudo. Esconderam de mim. Eu não suportava ser traída.

Quando anoiteceu Cassie, Jenna e Maggie chegaram por aqui. Jenna tentava me acalmar, Maggie me tirar da depressão e Cassie só queria saber o que aconteceu. Elas não entendiam. Como agiriam se tivesse no meu lugar? Se o pai delas tivesse assassinado alguém? E esse alguém, fosse a mãe do seu namorado? Era impossível tentar ficar de bem com o mundo.

Kate entrou no quarto e deixou uma bandeja de comida para mim. Ela sinalizou que estaria lá embaixo e fechou a porta novamente, deixando-nos a sóis de novo.

- Alguém teve – fungada – contato com Jacob? – Perguntei.

Cassie suspirou e trouxe a bandeja para a mesa.

- Esqueça Jacob por um segundo e pense em si mesma. – Ela pôs a bandeja na minha frente. – Se você não comer eu como.

- Credo, Cass – Maggie a censurou. – Deixa a menina.

- Prefiro ser tratada assim a ser tratada como uma criança em depressão.

- Mas é como você está agora – Maggie falou baixinho.

- Deixe de ser idiota – Retrucou Jenna. – Renesmee, você precisa resolver isso.

- Agora?

- Jen, pare de ver as coisas tão tecnicamente. Deixe Ness respirar nem que seja um pouco. – Cassie se intrometeu. – Coma e volte a chorar.

Não prestei muita atenção no que eu estava comendo. Nem sei se poderia descrever o gosto. Cass me ajudou a comer porque sabia que eu não aguentaria comer tudo. Melhor, eu não aguentaria nada. Meu estômago estava tão agitado que depois de dez minutos eu corri para o banheiro vomitar. Jenna estava enlouquecendo. 

Quando ficou tarde demais elas tiveram que ir embora. Por mais que eu não estivesse para papo, eu não queria que elas fossem. As minhas primas tiveram que subir de novo para me amparar, porque eu começara a chorar de novo.

Eu não conseguia mais confiar em ninguém. Qual era o problema das pessoas?

Ou será que o problema era comigo?