Imprinting escrita por Ana Flávia Mello


Capítulo 19
Capítulo 10 - Renesmee


Notas iniciais do capítulo

Que tal começar a desvendar um pouco a cabeça do nosso amigo Riley? | É um capítulo que eu gostei de escrever porque é bem leve... espero que gostem, boa leitura! ~não esqueçam de comentar~



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12 de junho de 2009

A médica falou que escrever sobre minha vida ajudaria a acalmar. Mas acalmar o quê? Não sinto que preciso ser acalmado. Ela falou algo sobre eu ser bipolar. Transtorno Bipolar. Eu não consigo nem imaginar por que minha mãe me enviou para uma psicóloga, se ela iria dizer mentiras. Isso é total desperdício de tempo. Eu tenho uma vida muito normal. Nenhum médico pode dizer o que sou ou o que eu deixo de ser, afinal, eles não convivem comigo, nem sabem o que se passa em minha cabeça.

Veja bem, nada contra diários, mas eu não vejo necessidade. Porém sou praticamente obrigado a escrever, pois mamãe falou que só vou parar com as consultas se tiver pelo menos seis meses de diário. Seis meses a mais de tortura, sentado em uma cadeira com uma velha me perguntando coisas sem sentido. Ela ainda queria me passar remédios, para me manter sobre controle. Isso é totalmente ridículo, mas minha mãe concordou em comprá-los. E eu nem posso fingir que não tomo, porque elas que vem me entregar as pílulas, e só sai de parto de mim quando eu as engulo.

Pior que não tem nada para fazer, então o que me resta é ficar escrevendo. Kate ainda não me ligou hoje, não sei por onde ela anda. Talvez esteja com a prima dela que veio de Washington para passar o verão. Qual é o nome dela mesmo? Renata? Não me interessa.

Tá, isso aqui tá um tédio. Tchau.

Bipolar? Desde quando Riley era bipolar? E quanto a esses remédios? Eu nunca o vira tomando remédio algum. E passávamos praticamente o dia todo juntos.    Ele nunca tinha me contado aquilo. Nem sobre as visitas à psicóloga. Riley sempre parecia tão calmo. Eu não devia estar lendo o diário dele, ele deixou cair sem querer. Mas era quase impossível não abrir as páginas e tentar descobrir o que se passava na cabeça daquele garoto. Suspirei e passei para o dia em que nos conhecemos.

14 de Junho de 2009

Eu briguei com mamãe hoje de novo. Não sei por que eu fiz aquilo. Simplesmente senti raiva e explodi. Será que era isso que a médica queria dizer quando me contou que eu era bipolar?

Como ainda pode ter neve por aqui, se é verão? Meu Deus, eu não vejo a hora de voltar para Nashville. Não tenho mais o que escrever, Kate está lá fora me esperando para passearmos no bosque. Será que a tal de Renata está junto? É bem provável.

14 de Junho de 2009

O nome não era Renata, e sim, Renesmee. Renesmee. Eu não sei por que o nome dela fica vindo e indo a minha mente o tempo todo. Sabe quando você olha para uma pessoa e sente um choque descer sobre seu corpo? Um calor, um sentimento de felicidade... Foi isso que eu senti quando olhei para ela. Instantaneamente eu gostei dela. De seu sorriso. De seu cabelo longo e ruivo. De seus olhos cor de chocolate. Quanto tempo será que ela vai ficar na cidade? Queria me tornar um amigo mais próximo.

Meu coração acelerou teimosamente quando a lembrança daquele dia voltou e minha mente. Kate me arrastara de casa mesmo eu não querendo. A neve que escorria das montanhas que ficavam perto da casa dela, estavam invadindo o jardim, e boa parte das árvores que rodeavam o lugar. Devia estar uns 4c° do lado de fora. Kate era louca por andar dentro da floresta, e seu fiel companheiro Riley sempre ia com ela. Fomos até a casa dele, e quando ele saiu sentir a temperatura subir. Sorri instantaneamente e para aquele menino de covinhas e olhos azuis esverdeados. Ele me abraçou e me cumprimentou, e senti que meu verão seria ótimo. Talvez do mesmo jeito que eu me senti depois daquele primeiro dia de aula com Jacob.

Fechei o diário e enfiei dentro do meu cofre no closet. Em hipótese alguma alguém poderia ler aquilo.

Olhei para o céu roxo escuro lá fora. Estava quase impossível distinguir se era manhã, madrugada ou tarde por aqui. Meu corpo estava pesado e eu já tinha vomitado a tequila duas vezes. Eu não devia ter bebido tanto. Assim eu não causaria aquilo de ontem à noite. Como eu pude quase transar com Jacob? Não que não quisesse. Não era isso. Mas eu estava bêbada. Não poderia prever como seria pela manhã. E se me arrependesse? Não seria certo com ele. Mas vendo como eu estava hoje pela manhã, não teria me arrependido em nada. Mas estávamos indo rápido demais. Talvez. Não sei.

Tínhamos marcado de nos encontrar hoje pelas quatro horas na campina. Ainda eram três horas. Talvez eu pudesse ir passear com Colin e depois ir para lá.

Ou Colin era muito grande, ou eu era muito pequena, por que eu cabia sentada em seu tronco. É claro que eu nunca tinha testado sentar em cima dela. Ela era um lobo enorme, um dos maiores que eu já tinha visto em toda minha vida. Quem me levava para passear era ela, e não o contrário.

Quando chegamos à campina, eu me deparei com Jacob deitado na grama. Ele olhou para mim e sorriu. Depois ele viu Colin e arfou.

- Isso é um monstro, não um lobo. – Ele começou a fazer carinho em Colin.

- Não acredito que minha cachorra tem mais atenção que eu! – Crispei os lábios. Jacob riu e soltou Colin.

- Não vou te beijar até eu deixar ela segura – puxei a coleira de Colin e prendi em um galho alto.

- Agora você pode? – Jacob puxou minha cintura e eu entreguei meus lábios ao dele. Ficamos assim por um tempo e depois Jacob me puxou para o chão junto com ele.

- O que você estava lendo? – Peguei um livro que estava aberto ao nosso lado. – Você gosta de Harry Potter? – Eu ri.

- Qual o problema? Eu sou um bruxo. – Levantei uma sobrancelha. – O quê? Você não gosta? Sério?

- Eu acho bom. Só acho que engraçado um monstro desse tamanho dizendo que gosta de Harry Potter...

- É engraçado uma pessoa tão pequena ter um cachorro tão grande.

Empurrei o braço dele. Jacob beijou a ponta do meu nariz e me deitou em seu colo.

- Certo, então, me diz um desejo – falei, olhando para ele. Jacob levou certo tempo para pensar.

- Ter dito a minha mãe que a amava antes dela morrer.

Senti meu coração latejar dolorosamente.

- Como foi o acidente dela? Se você não quiser me contar, eu vou entender...

- Não, tá tudo bem. Foi no verão. Foi há oito meses. No começo de maio. Estava chovendo muito, e ela estava voltando do supermercado. Um bêbado vinha na contramão e não conseguiu desviar dela, o carro dela foi jogado por um barranco. Ela morreu na hora. O bêbado não sofreu praticamente nada. A pessoa que matou minha mãe não sofreu nada. Isso é o que me dá mais raiva.

- Você sabe quem era o homem? – Jacob assentiu, ele não parecia querer falar o nome dele.

- Então, me diz um desejo seu. – Ela bagunçou meu cabelo.

- Deixe meu cabelo quieto! – Belisquei a mão dele de leve. Na verdade, eu não sabia o que eu desejava mesmo. Eu desejava tanta coisa. Era cansativo. – Eu queria nunca mais sofrer.

- Então você não vai mais. – Ele beijou meus lábios de leve. Senti meu coração inflando ao olhar aqueles olhos escuros.

- Promete? – sorri.

- Com toda a certeza do mundo. – Ele me beijou de novo.

Voltamos a conversar e depois fomos brincar com Colin. Mas Colin era grande demais para qualquer brincadeira leve. Ela conseguiu me derrubar umas seis vezes e quase me matou sufocada quando subiu nas minhas costas. Tivemos que prendê-la na árvore de novo. Estávamos falando sobre família agora, e eu dissera a Jake que queria conhecer as irmãs gêmeas dele.

- Elas são um saco.

- Mas eu quero conhecê-las. Quero ver suas fotos de quando era bebê! – Apertei a bochecha dele.

- Então eu quero conhecer seus pais.

Eu engasguei.

- Mas já?

- Tem algum problema? – Ele me girou.

Na verdade, meu pai ia adorar isso. Mas o último menino que eu tinha apresentado era Riley. Eu não tinha experiência, e além do mais, todo mundo já conhecia ele na família. Eles só o passaram a saber que ele era meu namorado.

- Amanhã. Pode ser? – Perguntei. – Já está tarde, e minhas primas vão me matar se eu não passar o fim de semana com elas.

- Tudo bem... – Ele me beijou. – Quer que eu te leve até sua casa?

- Não, eu sei o caminho decorado. Te vejo amanhã? De que horas?

- Depois do almoço, pode ser? – Ele perguntou.

- Claro – dei um beijo nele.

Quando cheguei em casa eu tive que sentar e respirar fundo.

Amanhã seria o fim e o começo do mundo.


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Notas finais do capítulo

Preparem-se para umas surpresas no próximo capítulo.