Outsider - A Estrangeira escrita por Bruna Guissi


Capítulo 12
Contagem Regressiva


Notas iniciais do capítulo

Vou começar com os agradecimentos, e depois eu jogo minhas desculpas para vocês!
Um lindo abração quente no coração para Malu Lins e Leticia Boeno -- vocês ganham pontos em beleza por favoritar essa fic!
E um beijo especial para a Livia e a Barbara (meu apoio e ameaça pessoal para essa fic) -- esse capítulo é para vocês :B

Agooora, minhas desculpas!
Eu deveria estar para postar o décimo terceiro capítulo essa semana, mas a vida está muito complicada na faculdade.
Vou seu obrigada a trancar uma matéria, sem contar que eu comecei a trabalhar.
Espero que vocês me perdoem (eu acho que vão, vocês são lindas, afinal) e que curtam esse capítulo obeso que eu preparei para todos os leitores (que eu descobri que não são somente garotas -- fico lisonjeada, na verdade).
Tem muita atividade, e é cheio de informação!
Que a leitura comece, porque haja tempo para ler isso aqui!
XD Um beijo, um abraço e boa leitura!



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Dezesseis dias para a festa.


O barulho do salão principal era ensurdecedor, e não chegava a oito horas da manhã.

Por todo lugar era possível ouvir diversas discussões sobre vestidos, máscaras e roupas vindo do público feminino daquele lugar, assim como conversas baixas e levemente furtivas de rapazes falando do assunto.

Annita sentava-se na mesa da Grifinória naquela manhã; prometera para Rose que faria companhia à ela, e que a ajudaria a pensar sobre “essas coisas femininas de festa”, nas quais ambas tinham inexperiência.

–Não é necessário tudo isso. É só uma festa. – comentou Annita, suspirando.

–Eu sei, mas então por que eu prevejo vestidos bufantes e coisas assim? Por que essas garotas parecem que nasceram com uma gaveta no cérebro específica para essas inutilidades? – perguntou Rose, estressada.

Annita riu da expressão da amiga; pensar em roupas era mais difícil do que estudar para uma prova de transfiguração para Rose.

Não que Annita se considerasse muito experiente no assunto.

–Acho que devíamos ir fantasiadas. – comentou uma terceira voz, atrás das duas meninas que se encontravam debruçadas sobre a mesa.

Rose encarou-a, ponderando.

–Mas iríamos fantasiadas de quê? – perguntou, quando Mona resolveu juntar-se a elas.

Um grupo de garotas do quarto ano da Grifinória ouviu a conversa, e se aproximou.

–Vocês disseram fantasiadas? – perguntou a mais baixa delas.

–Sim. – respondeu Mona, endireitando-se. Apesar de gostar de Rose e Alvo, ela ainda tinha dificuldades em lidar com outros grifinórios.

–É uma boa ideia, sabe. – comentou outra, abrindo um sorriso – E ainda entraríamos na proposta de usarmos máscaras.

As demais garotas pareceram gostar da ideia, e ressoaram em concordância. Mona franziu o cenho.

–Obrigada, meninas. – disseram elas, se afastando.

Mona continuou encarando as costas das quartanistas.

–Elas roubaram minha ideia. – disse, sendo ignorada.

–Seria bem divertido ver as pessoas fantasiadas. – comentou Rose.

–Não sei, não. – suspirou Annita.

–Eu não acredito que elas roubaram minha ideia. – continuou Mona, indignada.

–Annita você parece meio desanimada com tudo isso. – comentou Rose – O que há de errado?

Annita suspirou de novo, pensando em como explicar.

–Filhas da mãe, roubaram minh...

–MONA. – chamou Rose, interrompendo-a. Mona balançou a cabeça, prestando atenção em Annita.

–O que foi, Bo? – perguntou.

Annita evitou encarar as meninas.

–A verdade é que eu estou mais preocupada com a demonstração de quarta do que com essa festa tola. – disse a garota com o cenho franzido.

Rose estreitou os olhos.

–Não me diga que é outra dessas suas crises femininas.

Annita fez um biquinho involuntário.

–Alvo quer que eu vá com ele. – confessou.

Mona sorriu abertamente para Rose. Por outro lado, o assunto parecia causar cólicas em Annita.

–O que há de errado com você? – perguntou Rose.

–O que, como assim? – perguntou Annita.

–Annita, você é praticamente a última bolacha do pacote para esses garotos. – explicou Mona.

–Não é verdade. – disse incomodada – E isso tudo só... Só complica as coisas.

–Não tem nada complicado em ir a uma festa com alguém, Annita. – disse Rose, dando sermão.

–Não sei...

–Você ir com ele, ou não? – perguntou Rose, direta.

Annita suspirou, indecisa.

–Bo, é só dizer sim se quiser, ou não, se não quiser. É simples. – disse Mona encarando a menina seriamente.

–Acho que... Sim? Talvez... Eu não tenho certeza...

Rose apertou os lábios de Annita com os dedos, silenciando-a num biquinho cômico.

–Decida-se.

Annita sorriu para a amiga.

–Acho que isso é um sim. – comentou Mona.

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Seus passos eram apressados, enquanto seguia pelo corredor. Ele sabia que o professor estaria em sua sala agora, e queria poder encontra-lo a sós.

Ele estendeu o punho e bateu na porta. Alguns segundos depois, o professor Neville apareceu atrás da madeira escura, com uma expressão surpresa.

–Sr. Malfoy! – disse ele, recepcionando o garoto.

Scorpius entrou na sala, com a respiração acelerada.

–Senhor, gostaria que me desse um conselho, se puder. – pediu ele.

–Claro, claro. Do que se trata? – perguntou o homem mais velho, sentando-se e oferecendo a poltrona na sua frente para seu aluno.

De todos os adolescentes daquela escola, Neville Longbottom jamais imaginou que seu melhor e mais próximo aluno seria o filho de Draco Malfoy.

Neville já não sabia que tipo de pessoa Draco havia se tornado, mas sabia que seu filho era extraordinário, e, infelizmente, incompreendido.

–Senhor, eu gostaria de saber o quão complicado seria se algo atrapalhasse essa festa de Halloween.

Enquanto os olhos de Neville se arregalavam aos poucos com as palavras do aluno, outro par de olhos se estreitava atrás da porta.

–Já sei o que fazer. – sussurrou a voz doce de Alyann se afastando dali.

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Annita mordiscava o lábio inferior enquanto pensava. Já não bastasse ter se distraído das aulas com o quadribol, havia ainda a monitoria e o planejamento da festa enchendo a mente da menina.

Annita passara o dia pensando, menos preocupada, na possibilidade de ter companhia para a festa.

Em alguns momentos, ela se encontrou falando sozinha, pensando em como poderia estar preocupada com frivolidades como aquela, em como havia coisas mais importantes como testes e trabalho para se preocupar.

Ah, trabalho. Esse era outro assunto que estava deixando a mente da garota inquieta.

Annita percebera em certo momento que não tinha dinheiro. Ela vivia somente no castelo; não tinha gastos, mas também não tinha renda.

Se fosse mesmo se engajar em algo tão desnecessário como uma festa, teria ao menos que ter dinheiro para investir nisso.

E ela não tinha.

Annita sacudiu a cabeça enquanto andava pelos corredores, fazendo sua ronda diária. Tentou focar sua mente na leitura de um livro de feitiços antigos que achara na biblioteca, tentando preparar-se para o dia de quarta.

Continuou caminhando, lendo em voz baixa os parágrafos do livro, quando foi interrompida.

Trombou de leve com alguém que parou em sua frente.

–Ian. – saudou Annita, voltando os olhos para o livro.

–Annita. – respondeu ele.

Como não houve mais nenhuma palavra da parte do garoto, Annita resolveu voltar a caminhar.

Ian prostrou-se novamente em frente a ela.

–O que foi? – perguntou desconfiada, colocando o dedo na página e fechando o livro.

Ian somente sorriu.

Annita franziu o cenho, e deu um passo para trás.

–Chega de ataques surpresas. – disse diretamente.

O garoto deu risada da atitude da menina.

–Como se tivesse sido desagradável, Boderdad. – disse ele de maneira afetada – Mas não, não é isso. Eu queria te perguntar uma coisa, na verdade.

Annita estreitou os olhos, mas relaxou.

–O que seria?

–Você tem algum parente bruxo? – perguntou o garoto, aparentando curiosidade.

–Não, não tenho. Sou nascida trouxa. Por quê? Achei que você soubesse disso. – respondeu.

–Não, é só que e--

–Ian, tenho um recado da McGonagall para você. – dissera Radimilla interrompendo-o, se aproximando dos dois – Ela quer te ver, e se puder, que seja agora.

Ian fez uma expressão pensativa e acenou, dizendo que já iria até ela.

Então ele olhou para a garota que ainda encarava ele, segurando o livro nas nãos.

–Bem, acho que você pode voltar a sua leitura, então. – disse sorrindo de leve.

–Você não ia falar alguma coisa? – perguntou ela.

–Ah, não é nada de mais. Até logo. – disse ele, dando as costas a ela.

Annita observou o garoto partir.

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–Entende a situação? – perguntou a voz cansada da diretora.

–Na verdade, não senhora, não entendo. – respondeu ele calmamente.

McGonagall encarou-o seriamente.

–Bem Sr Belvedere, temo que eu só possa libera-lo assim que me garantir em não insistir no assunto. Não é um bom momento para isso.

–Porque me pedem algo assim? O que há de mais, de qualquer jeito? – perguntou o garoto, estreitando os olhos.

McGonagall observou quieta a reação do jovem à sua frente. Ele estava calmo, porém mantinha os olhos levemente estreitados; obviamente desconfiava de algo. Talvez chamá-lo ali tivesse agravado isso.

–Sr. Belvedere, diga-me, o senhor gosta da sala de troféus?

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Quinze dias para a festa.


A exaustão batia nas costas da mulher; manter aquele estilo de vida estava esgotando suas forças. Mal podia manter atividades no fim de semana.

Mesmo assim, dar aulas era algo que ela descobrira gostar muito, ainda mais com a receptividade das turmas.

Desdêmona saiu do Salão Principal, caminhando lentamente pelos corredores.

Sua caminhada deixou a calmaria quando uma pequenina coruja voou em sua direção, parecendo levemente desgovernada.

–Mas o quê?... – murmurou ela, segundos antes de ter de abaixar a cabeça para não ser acertada pela ave.

–Volta aqui! – gritou uma voz de longe no corredor.

Desdêmona fez menção de virar para ver quem era, mas não se deu ao trabalho; Annita passou correndo por ela, perseguindo a coruja que mais lembrava uma bolota.

“Annita...”.

Desdêmona caminhou rapidamente atrás da garota, que havia parado no fim do corredor. Ela estava sentada na janela, dando risada da coruja que piava alegre, voando em cima de sua cabeça.

A mulher sorriu, e se aproximou da cena.

Annita levantou-se rapidamente quando viu a professora.

–Bom dia professora. – disse hesitante.

–Bom dia, Boderdad. – respondeu sorrindo – O que há com a coruja?

–Ah... – hesitou a menina – Ela é bem atrapalhada. Fez um estardalhaço no quarto; pegou umas bolachas que eu havia levado para lá e saiu voando. – completou, sorrindo involuntariamente.

–E qual o nome da sua coruja? – quis saber.

Annita sorriu hesitantemente, como se ponderasse. No fim resolveu ser sincera:

–Não é minha, professora. – respondeu, olhando para os pés – Eu meio que a adotei sem saber de quem era.

Desdêmona sorriu para a garota, fazendo como que um zíper na boca com a mão. Annita sorriu diante do gesto da professora.

–Mas acho que ela gosta da ideia. – adicionou Annita sentando-se, olhando para coruja que agora pousava ao seu lado, em cima de sua capa.

–E você ainda não deu um nome para ela? – perguntou a professora.

–Bem, não... – respondeu Annita – não sei se posso, ela não é bem minha. – e deu de ombros.

–Hmm, vamos ver então... É fêmea ou macho?

Annita parou para olhar a pequena bolinha de penas.

–Sabe que eu não sei? – respondeu ela, sorrindo.

–Vamos ver, deixe-me pegá-la. – Desdêmona então se agachou em frente a Annita, estendendo a mão para a pequena coruja.

Essa por sua vez, piou em resposta, como se quisesse saber se ela era confiável. A professora estendeu o dedo indicador para a ave e acariciou sua cabecinha, fazendo-a fechar os olhos.

Assim que Desdêmona esticou a mão novamente, a pequena coruja deu um pulinho em sua direção.

Aparentemente, tudo o que aquela pequena ave fazia era adorável.

–Hmm, é uma fêmea. Bem novinha, deve ter por volta de um mês ou mais. – disse a professora, devolvendo a ave para a menina.

Annita encarou a corujinha, que estava pulando em seu colo.

–Tem que ter significado. – disse de repente.

A mulher ficou encarando a adolescente em sua frente.

–O que acha de Lamona? – perguntou, sentando-se ao lado da menina.

Annita sorriu.

–O que significa? – perguntou.

–Protetora.

–Parece um bom nome para ela. – disse sorrindo – Lamona? Lamona? – a coruja piou em resposta.

As duas riram da pequena ave agitada.

–Que bom que gostou do nome. – disse a mais velha, levantando-se – Não vá se atrasar para a aula, ok? – disse saindo dali.

Annita somente acenou para a professora que virava o corredor.

–Você não gostou do seu nome? Lamona? É muito bonito não é? – dissera Annita, falando com a coruja – Agora eu posso por a carta na sua patinha, Lamona?

A menina pegou a carta na mochila, pensativa. Sem ter certeza se deveria, antes que pudesse coloca-la na coruja, um par de mãos cobriu seus olhos.

–Ah! – suspirou surpresa – Quem é?? – perguntou Annita, apalpando as mãos em seu rosto – Ah, quem é?? Quem é?? – perguntou de novo, rindo. Suas mãos subiram até os braços atrás de si, que eram mais fortes e torneados do que os de uma garota.

Annita suspirou derrotada, sem conseguir pensar em alguém. Cruzou os braços e esperou.

–Já desistiu? – perguntou a voz de Scorpius, mais próxima à orelha de Annita do que ela esperava, fazendo-a se assustar.

–Scorpius! – dissera entre a surpresa e a leve raiva pelo susto, quando este descobriu seus olhos.

O garoto somente sorriu para ela, genuinamente feliz com algo.

–Você está bem alegre. – comentou ela, contagiada com o sorriso do garoto.

–Acho que sim. – disse ele, sentando-se no chão, próximo à janela na qual Annita se sentava. Ele estendeu um biscoito para a pequena coruja, que aceitou de bom grado, pulando em seu colo.

–Ei, eu não te agradeci pelos óculos. – disse Annita, tocando o ombro do garoto em sinal de gratidão.

Scorpius levantou a cabeça para observar o rosto da menina e sorriu em resposta.

–Você está sorridente hoje. – comentou ela.

–Eu tenho bons motivos, eu acho.

–Hmm.

Os dois continuaram sentados observando Lamona por mais alguns minutos, até o sinal para a aula tocar. Scorpius então levantou-se e entregou a pequena coruja para Annita novamente.

O garoto acenou e fez menção de seguir para sua aula. Annita então se levantou e o chamou.

–Sim? – perguntou ele, curioso.

Annita queria ser sutil, e principalmente, queria não corar ao fazer aquela pergunta.

–Você vai ir para a festa do dia das bruxas?

Scorpius sorriu.

–Tenho algo importante para fazer nesta noite. – respondeu ainda sorrindo – Por quê? – perguntou então.

–Ah,... é que eu estou tendo bastante trabalho por causa dessa festa, queria que todos vocês aproveitassem. – respondeu rapidamente, com um sorriso simpático.

–Pode deixar. – disse ele sorrindo, virando as costas e partindo.

Quando sua silhueta sumiu no corredor, Annita suspirou, aliviada. Ele acreditara.

–Bem Lamona, acho que eu já posso enviar esta carta.

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Catorze dias para a festa.


–E você disse o quê? – perguntou Mona, curiosa.

Não havia novidade naquilo, mas além dela, Rose também parecia interessada em sua resposta. Justamente quando Annita ia dá-la, Alvo aparece do outro lado da mesa, juntando-se ao café-da-manhã na mesa da Sonserina.

Esse revezamento de mesas havia sido proposto por Mona, que reclamava de sentir-se incomodada com os demais grifinórios, assim como Rose incomodava-se com os demais sonserinos.

Ficou decidido que eles revezariam as mesas nas quais almoçavam e tomavam café todos os dias. Os demais alunos de ambas as mesas ainda não haviam se acostumado com tamanha cumplicidade entre alunos de casas que carregavam uma rivalidade tão marcante entre si.

–Olá. – cumprimentara o garoto, sentando-se ao lado de Annita na mesa, de frente para Mona e Rose.

As três responderam em uníssono, e voltaram a comer.

Annita não foi mais perturbada por perguntas vindas de Mona, e Rose ajudou a amiga a se controlar.

Os quatro partiram para a aula de “Defesa Contra as Artes das Trevas” naquela quarta-feira de manhã, levemente mais quietos do que o normal.

Ao chegar à porta da aula, Mona dirigiu-se à Annita.

–Senta comigo? – perguntou com um olhar dúbio.

Annita estreitou os olhos, e se aproximou da menina.

–Nada sobre esse assunto. – sussurrou ameaçadora.

Mona fez um biquinho, mas não reclamou. Alvo e Rose seguiam atrás delas, e sentaram-se na mesa ao lado.

Levou apenas alguns minutos para que ouvissem os passos abafados da professora se aproximando pelo corredor.

Alguns segundos depois, Desdêmona apareceu caminhando em passos largos na porta que já estava aberta, posicionando-se em frente à sala, com as mãos na cintura. Começou, então, a caminhar lentamente pela sala. Um clima diferente do descontraído usual se instalou no lugar.

–Alguém sabe qual é o fator diferencial de uma maldição, qualquer que seja ela, para com um feitiço comum? – perguntou de repente, falando de forma clara e alta, para que todos pudessem ouvir.

Rose e Annita levantaram a mão lentamente, quando a professora passava atrás de suas carteiras.

–Srta Weasley.

–É a intenção, professora. – começou Rose, mais seriamente do que o normal – A intenção de ferir, machucar ou matar também pode tornar um feitiço uma maldição.

–Cinco pontos para a Grifinória. Obrigada, srta Weasley. – respondeu Desdêmona com um leve sorriso no rosto – Agora, se eu utilizar uma maldição, quais são as chances do feitiço ser efetuado com êxito?

Novamente, somente Annita e Rose levantaram as mãos.

–Boderdad.

–Depende, professora. – respondeu Annita.

–E do quê depende? – perguntou, agora passando próxima à janela.

–Novamente da intenção, professora. Para que use uma maldição com êxito, o invocador do feitiço deve ter real intenção de usá-lo; deve ter real intenção de fazer o mal e sentir prazer nisso. – respondeu Annita.

–Cinco pontos para a Sonserina. Obrigada, srta Boderdad. – falou a mulher, enquanto caminhava de volta para sua mesa.

Ela encostou-se, apoiando as mãos ao lado do corpo.

–Como suas colegas lhes explicaram, a intenção ao usar o feitiço é um fator determinante em um enfrentamento. Somente aquele com reais intenções violentas consegue usar uma maldição com sucesso, e por isso essa mesma pessoa não hesitaria em lhe fazer mal. – explicou ela, levantando-se.

Ela cruzou os braços e abriu um sorriso, como se desafiasse a sala. O clima mudou de extremamente sério para empolgante em apenas um segundo.

–Eu vou colocá-los em duplas aleatórias; vocês treinarão feitiços de desarmar, e somente desarmar, em suas duplas, que terão de se proteger. Vamos ver quão forte é a vontade de vocês? – perguntou.

A turma toda se levantou em empolgação e ajudou a retirar as carteiras do espaço útil da sala. Desdêmona passou pelos alunos enumerando-os.

–Juntem-se com as pessoas de mesmo número e comecem. Vou ficar supervisionando. – avisou ela – Qualquer coisa levante a mão e eu vou até você.

–Quais seus números? – perguntou a voz de Rose, esperançosa para os colegas.

–Treze. – respondeu Mona.

–Ah! Alguém tem o quatro? – perguntou Rose então, desanimada.

–Eu, Ro. – respondeu Alvo, com certo alívio. Rose sorriu, e puxou a varinha, animada.

–Ah, que legal, adoro treinar com o Alvo! – disse, dando risinhos. Em sua infância, Rose costumava azará-lo com frequência, um hábito que aprendeu com algum de seus tios.

–Qual seu número, Bo? – perguntou Mona, esperando dar a mesma sorte que os colegas.

–Cinco. – respondeu desanimada.

As duas partiram para procurar suas duplas, acabando que Mona teve de fazer dupla com um grifinório que ela ainda não conhecia, tendo de socializar a contragosto.

Quase todas as duplas já estavam prontas, e Annita ainda não sabia com quem faria a sua, até que algumas pessoas chegaram para checar o número.

–É cinco. – respondeu Annita, já pela terceira ou quarta vez.

–Ah, finalmente. – disse Alyann, que estava ao lado, fazendo a mesma pergunta a outro aluno, quando entreouviu a resposta de Annita – Podemos começar?

Annita somente acenou que sim, e elas seguiram para um lugar mais ou menos próximo de onde Alvo e Rose se encontravam.

–Quer começar, ou eu começo? – perguntou Alyann, educada.

–O que você preferir. – respondeu Annita.

–Okay, então eu vou atacar. Prepare-se. – disse Alyann, abanando a varinha em direção a Annita, que ainda não tinha pegado a sua.

A alguns metros dali, Desdêmona observava a sala. Notou que Boderdad se preparava para duelar e começou a prestar atenção; Annita assumiu uma postura mais ereta e séria, e empunhou sua varinha.

Poucas foram as vezes em que Rose, Alvo ou qualquer outro colega deles vira a menina empunhar a varinha, talvez apenas quando lhe fosse solicitado, e nunca completamente fora das vestes. Era engraçado ver que uma bruxa raramente usava magia, e por isso, então, a aparência do artefato impressionava.

Quando Annita estendeu a varinha longa, duas folhas secas fibrosas separadamente penduradas por fibras menores ligadas ao punho da varinha apareceram das vestes da menina; a madeira era levemente tortuosa e terminava em uma ponta fina.

Annita levantou levemente a cabeça, focando-se. Naquele momento então, sua aparência tornou-se selvagem; não descontrolada, mas semelhante à de algum animal pronto para caçar.

Alyann assumiu a mesma seriedade; sua varinha escura e lisa era empunhada com firmeza e elegância.

Expeliarmus. – falou a garota de forma clara e calma.

Annita, porém, não pronunciou um feitiço de proteção; moveu-se para o lado, em reflexo, fazendo com que o feitiço batesse na parede e lascasse parte da pintura.

Desdêmona sorriu para a cena; não era o que ela disse para ser feito, mas ainda assim estava muito bom.

A professora notou também outra coisa, que fez um sorriso empolgado aparecer em seu rosto. Ambas estavam contendo-se ao fazer os feitiços; Elas estavam “pegando leve”.

Os alunos em volta pararam para ver o que havia acertado a parede, e notaram ambas as meninas muito focadas uma na outra; alguns deixaram de praticar o próprio exercício, enquanto outros deixavam escapar um assovio.

–Vamos, vamos, voltem ao trabalho. – dissera Desdêmona em voz alta, cortando o transe dos alunos que observavam-nas.

Em um tempo que parecera menor do que era, o sinal soou anunciando o final da aula.

Desdêmona, antes de liberá-los, sinalizou positivamente alguns alunos que se saíram bem durante o exercício, e pediu para que todos os alunos praticassem concentração e foco para a próxima aula.

Annita e os outros saíam da sala quando foram interrompidos pela repentina presença de Alyann.

Os quatro encararam a garota, que cruzou os braço levemente, com algo no rosto que lembrava um sorriso simpático.

–Você é muito habilidosa Boderdad. Foi bem interessante. – disse ela.

Annita sorriu, e agradeceu, observando a garota partir após o breve discurso.

–Ela é estranha, não acha? – perguntou Mona, com uma expressão esquisita.

Annita deu de ombros, sendo acompanhada por Alvo. Rose simplesmente ficou quieta pensando, olhando na direção para onde a garota partiu.

–Sabe, nós não teremos a próxima aula. – comentou Mona, como quem diz mais do que aparenta.

Annita respirou fundo. Mona não conseguia conter-se por muito tempo, mas felizmente ela tinha a desculpa perfeita.

–Eu vou treinar o feitiço para a aula de hoje. – respondeu ela, correndo para a direção oposta à dos colegas, indo para a biblioteca.

–Annita você é muito escorregadia! – gritou Mona para as costas da garota que se distanciava rindo.

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Anesthetize.

A voz da menina soou pela sala quieta. Todos os alunos já haviam feito suas breves apresentações, e agora Annita fazia a tão esperada demonstração em um pequeno ratinho.

Os músculos do animalzinho relaxaram ao efeito do feitiço anestesiante; sua respiração acelerada diminuíra, e ele já parecia menos inquieto.

Segundo o professor, o rato sofria de enxaquecas devido à alimentação. Quando Annita escolheu o feitiço, porém, o professor ficou levemente preocupado; a complexidade do feitiço aumenta conforme a complexidade do animal e seu tamanho, então fazer esse feitiço em algum outro aluno era arriscado, e poderia levar à morte.

Quando Annita explicou que demonstraria em um ratinho, ele relaxou.

–Muito bem! – exclamou o pequeno professor, observando de pé, em cima da mesa.

Os alunos aplaudiram levemente.

–Alguém sabe me dizer a origem desse feitiço? – perguntou o professor então falando com a classe.

Somente duas mãos levantaram, e o professor escolheu a de Alyann.

–Greco-latina, senhor. – respondeu ela – Um feitiço muito raramente usado hoje em dia em humanos, devido ao perigo potencial de causar uma parada cardíaca. Exige mãos muito habilidosas.

–Correto, srta Nott! – respondeu o homenzinho, exultante, concedendo pontos para a menina – E os senhores estão liberados por hoje!

Murmúrios encheram a sala enquanto os alunos recolhiam suas coisas mais cedo do que o usual.

A sala ficou fazia, e Annita começou a arrumar as carteiras; apagou a lousa escrita e recolheu a lista de presença, deixando-a em cima da mesa do professor. Tudo manualmente.

–Srta Boderdad! - chamou o professor quando Annita caminhava em direção à suas coisas para sair da sala.

–Sim? – perguntou a garota, virando-se.

–Eu poderia fazer-lhe uma pergunta?

Annita franziu o cenho, sem entender. Porém concordou com a cabeça.

–A senhorita tem grandes habilidades como bruxa, você deve saber, mas me intriga o fato de raramente usar magia. Existe alguma razão específica para isso? – perguntou ele, apontando para o pó de giz que se acumulara na capa dela.

A garota tombou a cabeça para o lado, pensando.

–Não acho necessário usar magia para tudo, senhor. Podemos acabar por nos esquecer de como nem sempre magia resolve nossos problemas. – respondeu a garota, seriamente.

O pequeno professor sorriu levemente surpreso.

–Sabe, acho que esse é um motivo bem aceitável, srta.

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Treze dias para a festa.


“Amanhã terei uma reunião com a diretora; Sr Caderno, eu irei pedir permissão para trabalhar fora do castelo.

“Sim, isso mesmo, não, eu não estou louca, e sim, vou pedir isso mesmo. Somente aos fins de semana, mas pelo menos deve ajudar a criar alguma renda.

“—Mudando de assunto, estou sendo obrigada a escrever em português, uma vez que Mona está se inclinando para ver se consegue ler alguma coisa. Desista mona (escrito em inglês).

“Eu costumo apreciar muito as aulas do professor Hagrid; ele é um pouco velho, mas extremamente amável (com tudo e com todos), por isso é impossível não aproveitar suas aulas.

“Mas ao contrário do normal, hoje eu não tenho a companhia de Scorpius comigo. Não que ele não tenha vindo, mas ele está fazendo dupla com Alyann hoje.

“Ah, é melhor eu voltar a prestar aten—“

Annita interrompeu-se quando o professor fez uma pergunta, e notou que todos ficaram em silêncio. Ela olhou para cima e notou que os demais alunos olhavam-na com expectativa.

Annita deu um pigarro para limpar a garganta, tentando afastar o constrangimento.

–Quer que eu repita a pergunta? – perguntou o professor, sussurrando para ela. Annita concordou acenou com a cabeça, sem graça.

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Doze dias para a festa.


–Você conseguiu achar Betelgeuse? – perguntou Alvo à Rose, olhando seu pergaminho.

–Sim... – respondeu a menina, estreitando os olhos – Você deveria procurar, porque na prova não vai poder olhar no meu mapa, Alvo.

O garoto franziu o cenho, desdenhando as palavras dela, fazendo-a revirar os olhos.

Annita olhava de canto de olho para os dois; os dias haviam se passado e mais ninguém havia tocado no assunto da festa. Alvo continuava insistindo para que Rose mostrasse onde estava a estrela, e isso fez Annita rir.

A garota se aproximou dele, que estava de costas, e pousou a mão em cima do mapa do garoto.

Ela ficou bem atrás dele, e apoiou o queixo no ombro do menino. Alvo sentiu uma leve perturbação no estômago, surpreso. O rosto de Annita estava a centímetros do seu.

–Está vendo aqui, em Orion? – apontou Annita, fazendo o desenho com a ponta do dedo – Betelgeuse é a segunda mais brilhante. – explicou ela.

Alvo murmurou uma concordância ininteligível, e Annita se afastou um pouco, sorrindo, enquanto ele se dirigia para o seu telescópio, levemente mais calado. Rose estreitou os olhos, sorrindo.

Em poucos minutos o sinal anunciando o fim da aula tocou, e Annita se dirigiu rapidamente para a porta.

Rose notou a garota saindo rapidamente, e então a chamou:

–Annita! Aonde você vai com essa pressa?

–Eu tenho uma reunião com a McGonagall agora. – respondeu a garota, virando para trás.

Rose concordou com a cabeça, voltando a guardar suas coisas. Quando Annita fez menção de passar pela porta outra vez, foi a vez de Alvo interrompê-la.

–Annita! – chamou ele, ao lado de Rose, também arrumando suas coisas.

–Sim? – perguntou ela, virando-se de novo.

–Eu te espero as oito na porta do salão principal, ok?

Annita riu de leve, quase corando. Alvo estava um pouco vermelho, mas mantinha uma expressão confiante no rosto.

–As oito. – concordou ela, finalmente deixando o local.

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–Entre. – disse McGonagall quando ouviu batidas na porta de sua sala.

Annita Boderdad passou pela porta, carregando seus livros.

–Sente-se. – convidou a diretora, apontando para a poltrona. Ela parecia cansada.

Annita pousou suas coisas ao lado da cadeira confortável, e se sentou.

–Sobre o que gostaria de falar comigo, srta Boderdad? – perguntou a mais velha.

–Diretora, eu gostaria que a senhora me desse a permissão para trabalhar fora do castelo. – disse a menina, de forma direta.

McGonagall franziu o cenho para a menina.

–Creio que não compreendo seu pedido, senhorita.

–Eu gostaria de arranjar algum emprego, ou atividade remunerada para gerar alguma renda, senhora. – explicou a garota, falando seriamente.

–Renda? – perguntou a mulher, intrigada – Srta Boderdad, a senhorita está ciente de que recebe um valor mensal para monitorar as aulas de “Feitiço Estrangeiro”?

Annita franziu o cenho, desnorteada.

–Como assim recebo?

McGonagall deu a volta na mesa, trazendo um envelope nas mãos.

–Aqui. Este é o registro da conta que seus pais tinham em seu nome. Foi tudo transferido para o Gringotes.

Annita continuou olhando para os papéis em suas mãos.

–Como assim tudo?

A diretora suspirou, compreendendo.

–Você tem recebido 400 galeões desde que iniciou o curso. Imagino que agora esteja para receber seu segundo pagamento, srta Boderdad. – disse McGonagall, retornando à sua poltrona.

A menina levou alguns segundos para voltar a falar.

–Entendo senhora, mas ainda tenho uma dúvida. – disse a garota, com o cenho ainda franzido.

–Sim?

–Quando a senhora diz que "tudo foi transferido"...

–Sua herança, é claro.

O queixo de Annita caiu com a informação. “Eu tenho herança?”.

McGonagall notou a surpresa da menina.

–Você não estava ciente disso, srta Boderdad?

–De jeito nenhum. – sussurrou ela.

–Bem, parece que teremos de fazer uma visita ao banco.

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Onze dias para a festa.


“A diretora fez questão de acompanhar-me pessoalmente na visita ao banco.

“Então isso é o que eu descobri:

“Meus pais deixaram escrito em um testamento o qual eu não conhecia, que todos os seus bens e pertences seriam colocados em meu nome, e todo o dinheiro trouxa que eles tinham seriam revertidos em Galeões.

“Impressionantemente, eles tinha mais dinheiro do que eu imaginava, porque eu poderia viver alguns anos sem trabalhar com o valor que está no cofre. Depois de deixar tudo claro, descobrir que tenho duas propriedades no Brasil em meu nome, e que eu estou recebendo salário, peguei uma quantia generosa do cofre e trouxe comigo.

“Então, sim Sr Caderno, eu tenho dinheiro para as frivolidades dessa festa.”

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–Belvedere!

O garoto virou a cabeça na direção da voz que o chamava.

–Pirralha? – perguntou ele, confuso.

Alyann aproximou-se do garoto que estava parado na porta da biblioteca.

–Sabe, eu estava para começar a estudar. – disse ele, posicionando-se de frente à menina.

–Sim, eu sei. – respondeu ela formalmente, como o garoto já havia se acostumado – Acontece que soube de algo bem interessante.

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Dez dias para a festa.


–Eu acho que você tem que defender aquilo em que você acredita. Mas também acho que você deve tomar cuidado com a situação, se você resolver continuar com isso.

O garoto encarou o rosto amigo do professor preferido, com uma leve preocupação.


**Início do Flashback**

–Senhor, eu gostaria de saber o quão complicado seria se algo atrapalhasse essa festa de Halloween.

Os olhos de Neville se arregalaram aos poucos com a pergunta do aluno [Scorpius].

–Eu não creio que tenha compreendido sua pergunta, porque se de fato compreendi, não sei te responder, Sr. Malfoy.

**Fim do Flashbck**


Os dois estavam sentados no pátio vazio, em frente à fonte. Neville estendeu-se, para sair dali.

–E Malfoy, - chamou ele, quando o garoto encarava o chão – faça o que acha correto.

Então ele saiu, deixando o garoto pensativo no banco.

Scorpius ficou se questionando por algum tempo, até que uma sombra parou em frente a ele.

–Alyann. – disse ele, quando levantou a cabeça.

A garota sorriu simpaticamente e sentou-se ao seu lado.

–O que foi, primo? – quis saber ela.

–Não é nada demais. – comentou ele, abanando a cabeça, sem realmente prestar atenção na prima.

A garota, tombou a cabeça para o lado, em descrença, fazendo o primo rir de leve.

–Ally, se tivesse escolher entre fazer algo no que acredita, ou fazer o que os outros acham que é melhor, o que você faria? – perguntou ele, virando-se para a menina.

Alyann estreitou seus olhos levemente, pensando.

“Oportuno.”, pensou a menina.

–Eu faria o certo, primo. – disse ela, levantando-se – O que eu acho certo.

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Nove dias para a festa.


“Foi anunciado hoje que teremos uma nova visita à Hogsmead esse fim de semana, por isso todos os monitores iram trabalhar, e iremos acompanhados por três professores: Sra. Lovegood, Sr Longbottom e Sra Salvi.”

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Oito dias para a festa


Annita caminhava silenciosamente naquela noite pelo castelo; pareciam que seus problemas haviam sido levemente dissolvidos, até desaparecerem.

A única coisa que restava era a festa, que até agora preencheu sua cabeça com responsabilidades, contas e acertos. Annita tinha se esquecido de que na verdade ela iria a essa festa, até que Mona a lembrou disso no dia anterior.

A amiga havia ficado sabendo da resposta de Annita a Alvo, e quisera fazer o interrogatório costumeiro. Quando Mona quis saber como ela iria vestida, Annita não soube responder. Esquecera de ir atrás disso.

Porém, quando deixaram o aviso sobre a visita à Hogsmead no quadro no dia anterior, Mona sugeriu que elas fossem procurar por algo no vilarejo.

A menina continuou caminhando pelas masmorras, pensativa.

De repente, Annita notou algo semelhante no local em que estava: já estivera ali antes, naquele horário. Ian.

Annita respirou fundo, relembrando a cena; o frio na barriga, suas palavras... Ian sabia conseguir o que queria, e Annita pesava o quanto aquilo poderia ser ruim.

Então, de forma repentina, Annita sentiu duas mãos segurando seus braços por trás, bem fortemente; os lábios de Ian se aproximaram do ouvido da menina imobilizada sem brutalidade, causando tremores que oscilavam entre o agradável e surpreso, rompendo o silêncio com uma voz mais rouca do que o normal.

–Eu não acredito que você ainda não o braço a torcer, Boderdad. – sussurrou ele, entre os cabelos longos da menina.

–...Ian! – foi tudo o que Annita conseguiu dizer, tentando se soltar.

Incrivelmente, ela conseguiu, mas somente para que ele pudesse virá-la, e encará-la de perto, deixando-a incomodada.

Os olhos dele faiscavam com algo que Annita não compreendia.

Ele encaminhou a menina até a parede, e passou a mão pela cintura de Annita, que tremeu ao toque dele.

–Vê isso? – perguntou ele, acariciando agora o rosto dela, novamente causando tremores – Eu acho que aquele moleque não te deixa assim. Interessada. – ele disse a última palavra com um afeto maior na voz.

De repente então, mais cedo do que Annta esperava, o rosto próximo de Ian se afastou, voltando a caminhar pelo corredor.

–Não se esqueça disso. – disse ele de longe.

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Sete dias para a festa.


“Parece que Mona está mais animada do que eu esperava com essa festa; fico me imaginando se ela vai ser encontrar com alguém.

“Rose disse que iria com sua prima e seu irmão, à pedido de sua mã, e que Alvo estava devendo-a muito porque ela iria cuidar de sua irmã mais nova.

“Alvo tem um irmão mais velho, também, Sr Caderno. Me parece que essa família Potter tem um nível de atração alto.”

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Seis dias para a festa


“Sr caderno, Lamona não apareceu hoje cedo no meu quarto, e eu fiquei levemente preocupada com isso. Fui até o corujal checar se ela estava bem, e então notei que a bolinha de penas estava com um rato no bico. Resolvi não chama-la.

“Mais uma coisa; a professora Lovegood me perguntou como ia a situação da minha linda coruja, e eu contei o seu recém-dado nome. Ela adorou, e disse que Desdêmona tinha um magnífico gosto para nomes.

“—Não me deixar esquecer: Rose vai conosco à Hogsmead, ela também não sabe o que fará no dia da festa.”

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Cinco dias para a festa


“Senhor, eu não acho que deva se envolver nisso. Eu sei o quão complicado isso pode se tornar se a diretora desgostar da situação, e eu realmente não quero que as consequências de meus atos atinjam você.

Se lhe perguntarem se você sabia algo sobre o assunto, eu lhe peço que negue.

SM”

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Quatro dias para a festa


–Eu não acredito nisso. – afirmou James Sirius Potter, quando Rose havia lhe contado que o irmão mais novo iria acompanhado para a festa.

–É verdade sim. – respondeu ela de volta, sentada na poltrona grande, ao lado da lareira.

–Por favor, calem a boca. – pediu Alvo, que apoiara a cabeça no punho, evitando olhar para o irmão mais velho e para a melhor amiga.

–Ora, ora, ora... – sussurrou James, surpreso – Então isso está mesmo no sangue. Relaxa irmãozinho, não são todos que podem ser agraciados com beleza como eu, mas até que alguns se dão bem sem isso. – disse o garoto, levando uma pancada de uma almofada no rosto como resposta.

Seu irmão era o típico irmão mais velho, com um leve toque de Jorge Weasley. Parece que todos aqueles com propensão ao incômodo alheio aprenderam algo com seu tio.

James Sirius, porém, realmente era um rapaz bonito, para seus quinze anos. Tinha os cabelos um pouco mais compridos e claros que o irmão mais novo, que tinha a cabeleira negra; James herdara os olhos castanhos da mãe, que eram acolhedores, e obtinha um corpo esguio.

Rose somente sorria ao ouvir à conversa dos primos; era como se estivesse em casa, lidando com a família, só que numa dose homeopática da situação.

–Rapazes, se me dão licença, irei com Mona e Annita para Hogsmead. As carruagens estão saindo, na verdade. – comentou ela, fazendo com que os primos corressem para seus dormitórios e começassem a se aprontar.

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Três dias para a festa


“Tudo bem, tudo bem, acho que posso me acostumar a sair para fazer esse tipo de coisa, Sr Caderno. Não sei se gostaria tanto, mas dá para levar.

“Meus pais diriam que eu estava sendo ridícula, e que eu deveria ver tudo isso como uma oportunidade. Era incrível a habilidade que eles tinham em concordar em discordar de mim.

“Mas tudo bem, até que é verdade agora.

“Mais uma coisa; eu cheguei a mencionar que, hm, Alvo me fará companhia?

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Dois dias para a festa


O garoto caminhava em passos rápidos para enviar aquela carta; ele sabia que isso poderia causar um grande problema, mas era uma causa pela qual ele acreditava que valia lutar.

A dissolução de um mundo dividido em fantasia e realidade.

Scorpius Malfoy havia cansado de viver em uma fantasia.

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Um dia para a festa


A verdade era que ela discordava fortemente da iniciativa de seu primo, mas não lhe negaria uma tentativa.

Alyann sabia que esse tipo de comportamento não facilitaria sua situação; na verdade, mais problemas seriam associados ao nome Malfoy, com isso.

Mas aquela era uma oportunidade a qual Alyann não podia dizer não.

Se fosse para que seu primo não prejudicasse ainda mais o nome que carregava à longo prazo, ela deixaria que ele cometesse um deslize para que isso acontecesse.

Se, além de frustrada, sua tentativa fosse de encontro aos esforços de Annita Boderdad, a situação seria definitiva para os dois.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.


–Você não vai sair desse banheiro? – perguntou Mona à porta fechada, na qual atrás se encontrava Annita.

Não sei se quero continuar com isso. – disse a menina pela porta.

–Annita, relaxa. É só uma festa. Curta um pouco do seu trabalho duro.

Mona não ouviu reação da menina de dentro do banheiro, até que, segundos depois, ela sai, encarando o chão.

Mona suspirou quando olhou para a amiga. Annita realmente não se enxergava claramente; A garota usava o cabelo levemente mais liso que o normal, dando a impressão de que estava mais comprido, preso apenas de um lato no alto da cabeça, com uma espécie de presilha em formato de uma flor branca.

Usava uma camisa de mangas levemente bufantes justa no pulso, com os ombros expostos; um colete preto passava por cima da camisa que fora colocada dentro da calça levemente mais justa do que ela estava acostumada.

Nos pés usava uma espécie de coturno baixo, e uma máscara preta com uma grande pluma negra adornava o rosto da menina.

–Uma bela pirata, você. – disse Mona, sorrindo para a menina.

–Obrigada. – sussurrou a menina, olhando para a amiga. Annita entrou em choque, quando notou que a colega tinha o cabelo fora do preto usual; era de um rosa vivo.

Mona deu risada da expressão da menina.

–Não imagino uma fantasia mais ousada do que essa, na verdade. – comentou Annita, esquecendo por um momento seu estado de espírito.

Além do cabelo, toda a roupa da menina era de cores elétricas, dando uma leve sensação psicodélica nela, sem perder a beleza. Era impossível não olhá-la por pelo menos alguns minutos.

–Obrigada. – agradeceu a menina, colocando a máscara verde chamativa no rosto – Vamos?


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Notas finais do capítulo

Seus lindos!
Serei sincera com vocês, eu revisei bem por cima esse capítulo; agora mesmo enquanto postava fui corrigindo algumas coisas.
Mas se tiverem dúvidas, perguntas, acharem incongruências na história ou só querem mandar um amor ou uma opinião, comentem!
Façam meu dia mais feliz!
Se acharem erros, não deixem de comentar, eu sempre verifico suas palavras e respondo!
Um beijo, e espero que tenham gostado deste capítulo mais gordo que eu :B


**Nota de atualização -- capítulo revisado



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