Half-blood Princess escrita por Clara de Col


Capítulo 31
Corvinais puxa-saco, Borboletas de jornal e chás destrutivos


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vão?
Obrigada pelas reviews do cap anterior (:



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Lucy nunca sentira tanta irritação ao ver a cara da (Merlin que a perdoe) maldita fênix de pedra. Ainda mais, quando ela tinha que se apertar contra a estátua, por que o espaço na escada não foi projetado para carregar quatro alunos bruxos. Quatro alunos bruxos que não olhavam um na cara do outro, isso sim tornava as coisas complicadas. Lucy não queria olhar na cara da garota corvinal louca, muito menos na cara de Violet, e Merlin sabia como ela não queria olhar para a cara nojenta de Tracey. Então não lhe sobrou escolha, se não ficar apertada olhando para a cara da fênix.

Quando ela parou de girar e deu nas portas já abertas da sala de Dumbledore, Lucy sentiu que podia respirar novamente. Ela pareceu feliz em estar em um espaço maior, já Snape não parecia feliz. Nem o Prof. Flitwick. Dumbledore estava com a mesa cara de sempre: aliviado. O porquê de tanto alívio era um mistério.

— Ora, ora. — disse ele, quase esboçando um sorriso irônico. — Que bela tarde para receber a visita de tão adoráveis alunos.

Ele só podia estar brincando. Sério mesmo. Estava feliz demais. MUITO FELIZ.

— Vamos logo ao que interessa Professor Dumbledore. — apressou-se Flitwick. — Quero saber em detalhes sobre essa confusão para que possamos tomar as previdências necessárias.

Ah, droga. Lucy não precisava se sentir tão preocupada não é? Nem batera em ninguém. De certo, nem levaria advertência e só estava ali para prestar algum tipo de testemunho. Ela olhou de esguelha para Snape. Ou não.

— Foi tudo só um mal entendido Professor. — balbuciou Tracey, dando um passo a frente. Lucy ficou parada como uma estátua enquanto vozes exaltadas seguiam ao comentário inútil de Tracey.

Violet gritava e chorava ao mesmo tempo, Dumbledore tentava entender a situação, Flitwick ficava se queixando de porque a aluna dele se metera na situação, Snape continuava calado e no fim nenhum dos professores entendera a situação ainda.

Lucy meteu os dedos entre os lábios e assoviou bem forte. Todos pararam e olharam para ela. Ela aproveitou o segundo de silêncio pacífico e depois apoiou uma mão na cintura.

— Vou resumir bem o que houve. — disse ela e Tracey fuzilou-a com os olhos — A Srta.Violet levou um par de chifres bem lindo postos pelo Sr. Tracey e a Sra. Louca ai não sei seu nome. Ai, elas resolveram partir para a violência lá no corredor e todo mundo ficou olhando. Eu estava lá e olhei quando a Sra. Louca ai não sei seu nome espancou a Srta. Violet e quase quebrou seu baço, então eu a empurrei e disse para parar com aquilo, por que não era algo para se fazer com os coleguinhas da escola. Fim.

Dumbledore a olhava com a boca aberta, Flitwick estava com o olho esquerdo tremendo (talvez fosse um tique) e muito sinistramente aquela era a única parte do seu corpo que se movia, Snape revirou os olhos no melhor estilo Snape, Violet escondia o rosto entre as mãos, Tracey era uma pimenta e a Louca sei lá uma pimenta verde. Ou roxa, se é que existe pimentas roxas.

Lucy respirou fundo e esperou um minuto enquanto os professores se recompunham.

— Então esse é um caso que envolve feromônios adolescentes, entende Diretor? — Flitwick tentava desesperadamente limpar a barra da garota. Por que corvinais tinham que ser tão puxa-saco de corvinais? Era irritante. Feromônios? Fala sério.

— Se as senhoritas não tivessem ido até tão longe, talvez não fosse necessário essa audiência entendem? — Dumbledore olhou calmo para elas, depois voltou o olhar para Tracey — E o senhor, trate de criar vergonha nessa sua cara.

Aquele foi um momento glorioso da vida de Lucy. Se ela pudesse por sua vida num mapa e marcar seus momentos preferidos com tachinhas vermelhas, aquela seria uma tachinha bem vermelha. Dumbledore, por fim, olhou para Snape.

— Snape? — ele esperou a palavra final do professor. Lucy resistiu ao impulso de revirar os olhos, por que ele sempre tinha que ter a palavra final do Snape? Ele era tipo um daqueles gaviões de estimação, sempre à espreita, só que bem preto. Podia ser um corvo.

— Devido às circunstâncias... — Snape pigarreou — Acho estreitamente devido uma boa detenção aos alunos envolvidos.

Lucy ficou boquiaberta. Aquilo significava que ela iria para a detenção também?

— Opa, opa. — disse ela, com uma coragem que saiu de sabe lá onde. — Eu também vou para a detenção?

— Sim. — disse Flitwick.

— Não. — disse Snape.

Dumbledore entreolhou os professores. Flitwick parecia furioso, parecia um balão prestes a estourar.

— Isso é injusto Snape. — ele falou, cuspindo — Só por que a garota é sua filha, não pode protegê-la de detenções.

O silêncio que se prosseguiu foi frio e impenetrável. Lucy arqueou as sobrancelhas, se lembrando de prestar mais atenção nas aulas de Feitiços.

— Esse não é o caso, Professor Flitwick. — Snape disse com aquele jeito frio e vagaroso que fazia as pessoas morrerem de vontade de sacudi-lo para ele falar mais rapidamente. — A Srta. Lucy não se envolveu com profundidade no caso, alias, cessou o que se fosse para sua aluna, iria continuar até causar danos graves na saúde da Srta. Violet.

Lucy olhou para Flitwick. Eu cuspia no chão e saia nadando.

— Basta! — Dumbledore assumiu sua posição. — Menos cinco pontos para todos os alunos e detenção com Hagrid amanhã à noite. Sem discussão.

“Foi tudo só um mal entendido Professor”, blá blá blá. — Lucy socou o travesseiro da cama de Fred. — Idiota. Agora por causa dele, eu vou ter que limpar fezes de algum animal super louco de Hagrid.

Jorge riu.

— Mas também Lucy, ninguém mandou você ir lá mal encarar a mina. — comentou Fred. Lucy olhou para ele com uma cara de “você comeu o que estragado?”.

— Está brincando?! Ela estava espancando Violet, e-s-p-a-n-c-a-n-d-o. — ela olhou para os amigos dentro do dossel bem fechado (com um feitiço para bloquear o som) e suspirou. — Eu sei, eu sei. O que diabos eu tenho a ver com isso?, não é? Afinal eu nem sou mais amiga de Violet, etc. etc.

— Lucy. — chamou Jorge — É você quem está dizendo tudo isso.

Ela abriu a boca, depois a fechou. Ele estava certo. Argh que droga.

— Tem razão, me desculpem. — ela disse, procurando o cabelo novamente e novamente constatando que ele não estava lá.

— Você tá legal? — eles perguntaram juntos. Ela olhou para os amigos e pensou na pergunta. Ela estava legal? Realmente estava?

— Não. — ela murmurou baixinho. — Estou um porre na verdade. E acho que de TPM também.

Eles riram.

— Eu estava pouco me ferrando para Violet e seu novo amor idiota. — ela olhou para a colcha vermelha a meteu a mão nela, empurrando bem forte até cansar. — Até a ver ser chutada por uma... Uma nem sei o quê. Acho que há uma parte de mim que não consegue simplesmente não se importar.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, e Lucy os agradeceu mentalmente. Por enquanto, era o que ela precisava. Um olhar compreensivo, um silêncio reconfortante. Até... Escutarem um ronco.

— É Olívio. — explicou Fred — Quando come muito ronca feito um porco, a mesma coisa de Rony.

— Só que Rony ronca o tempo todo Fred. — disse Jorge. Lucy riu junto com eles. Era bom estar ali. E infringir regras era o que Lucy havia fazendo sempre, e aquilo a fazia se sentir bem. Ela esperou que fosse assim por um longo tempo. Por que infringindo as regras, ela sentia que o mundo pudesse se adaptar para ela.

E ali, com Fred e Jorge, infringindo pelo menos umas dez regras da escola, tudo parecia distante. Distante e insignificante. E às vezes é disso que todos precisam para se sentir bem. Sentir que o mundo inteiro se reduzisse a algo fictício. Desde que o agora seja real.

Na manhã seguinte, Lucy colocou em prática o Plano B. Logo depois do café, teve aula de História da Magia e depois, Transfiguração e só mais tarde depois do segundo intervalo e de outras aulas, chegou a hora da aula de Poções. Ela chegou adiantada, sentou na primeira carteira (sozinha) não abriu a boca e fez tudo corretamente. No fim da aula, esperou todos saírem. Ela respirou fundo. É agora ou nunca.

— Hm... Snape? — ela o chamou. Ele levantou a cabeça tão rápido que o cabelo preto caiu sobre seus olhos. Ou... Talvez mais tarde?

— Sim.

Ela se aproximou da mesa dele e tentou não soltar uma gafe. Criando coragem para dizer o que tinha que dizer, Lucy pousou os olhos na mesa de Snape onde ele corrigia pergaminhos e fazia anotações. Ela reconhecia a letra de algum lugar.

— Me desculpe por... Bem, cortar o cabelo. — disse ela, fechando os olhos rapidamente e engolindo a bile. — Eu, er... Estava meio transtornada.

Ele semicerrou os olhos e assentiu, como que pedindo para ela prosseguir.

— Só queria saber por que... Bem... Você se importou tanto com isso. — ela fechou os olhos novamente mas dessa vez abriu o direito para ver a reação dele. Ele parecia surpreso. E chocado.

Mas por quê? Aquela era para ser uma pergunta fácil. Ele deveria gritar: “Por que foi uma estupidez sem tamanho!” ou, “Por que você não me pediu e eu lhe levava num cabelereiro decente” ou talvez até “Por que eu queria cortar sue cabelo e vender!” (ok, talvez não essa ultima opção.)

— Ela não iria... Gostar. — baixo, grave e um tanto doloroso, foi o que ele disse. Ele pigarreou — Sua mãe. Não iria e nem vai gostar.

Lucy franziu as sobrancelhas levemente. Como Snape sabia que Georgie não iria gostar?

— Eu sei, Georgie vai ficar furiosa quando souber. — disse ela, se sentindo estranha por falar de Georgie com Snape.

— Inclusive, Dumbledore me contou sobre seu pedido. — ele comentou, mudando de assunto como quem não quer nada. Lucy levantou os olhos. Velho traíra.

— Contou, é?

Snape anuiu, parecendo cansado. Realmente cansado.

— Bom, é... Sendo assim. — ela tentou uma ultima vez, Snape a encarou, calado. — Tchau.

Ela virou as costas e andou em linha reta até a porta da Sala.

— Lucy. — ele a chamou atrás de suas costas, com a voz bem baixa. Ela mordeu a boca, quase cruzando os dedos.

Ela tornou a se virar, meio cega pelas luzes que entravam na sala em raios pontuais.

— Por que não passa daqui mais tarde? — ele perguntou — Antes de ir para a sua detenção.

Ah, obrigada por lembrar. Lucy pensou ironicamente, mais ainda sim se agarrou aquela corda que Snape a jogara.

— Claro.

— Aposto que ele vai te abduzir. — sugeriu Jorge, esticado na grama abaixo do Carvalho que estava aos poucos criando folhas novamente, anunciando o verão.

— Não seja ridículo Jorge. — Lucy mordeu uma tortinha que eles surrupiaram da cozinha, mais cedo.

— Tudo bem, — Jorge grunhiu quando Emm deitou-se em cima de sua barriga — Na manhã seguinte, quando você estiver com uma expressão carrancuda, maquiagem preta e voz rouca não diga que não avisei.

— Não é como se fossemos nos juntar para tomar chá no meio da noite. Ele quer me dizer algo importante. Eu sinto. — ela apreciou o sol morno de fim de tarde cobrindo-lhe o rosto.

Fred chegou correndo ridiculamente pelo jardim, trazendo algo entre as mãos. Ele caiu na grama ao lado de Lucy e Fred e jogou o mais novo exemplar do Profeta diário no chão.

— Ah, que ótimo. — Lucy abriu o jornal, esticou a coluna e assumiu uma expressão intelecto-cafona. A bruxa pigarreou — Hum, vamos ver a nova edição desse magnífico objeto do milagre jornalístico.

Jorge soltou uma risada, ainda deitado. Mas Fred estava meio quieto.

— O momento da semana, no qual eu descubro um pouco mais... — ela deu tapinhas na grama, criando uma atmosfera forjada de expectativa, depois olhou bem fundo para os amigos —... Sobre mim mesma!

Ela conseguiu arrancar um sorriso de Fred. Ele jogou uma garrafinha com suco de abóbora dentro. Ela abriu o jornal na grama e foi direto para a coluna “Princesa Mestiça”. Ainda não entendia por que daquele nome clichê, mas nos fim das contas, que diferença fazia?

— Título da semana: “Lucy Snape pavio curto”. — ela fez uma careta — Que falta de criatividade!

— Snapezinha, — chamou Fred, irritantemente sério — Lê isso logo.

Ela revirou os olhos murmurando um “Tá bom” digno de uma criança de sete anos, convencida a ir tomar banho pela mamãe.

Parece que, nessa segunda-feira, a nossa beldade se meteu numa briga! Quase no fim do ano letivo da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Lucy Snape, numa tentativa desesperada de salvar a ex-amiga Violet, rolou no chão com uma aluna da Casa Corvinal. “Ela socou direto no meu estômago, quase vi minha vida passando pelos olhos”, diz a garota. “Tudo para chamar cada vez mais atenção”, comenta Draco Malfoy. E mais, fontes afirmam que Lucy cortou o cabelo até a nuca numa tentativa de chamar a atenção do papai Professor Snape, que não quis comentar nada sobre a atitude rebelde da filha.

Lucy largou o jornal com uma carranca profunda e revirou os olhos.

— Se eu pudesse descobrir onde essa Rita Skeeter mora, iria lá pessoalmente para matá-la. — ela tomou um grande gole do suco — Malfoy vai se ver comigo.

Fred e Jorge se entreolharam e sorriram. Fred assentiu para o irmão. Lucy estreitou os olhos. O que é agora? Fred arrancou a página que mostrava Lucy no meio da rodinha e começou a dobrá-la, arrancar pedaços e dobrar cada vez mais. Pegou sua varinha e a agitou rapidamente sobre o papel.

Lucy se inclinou para ver no que dera e Fred abriu as mãos. Várias borboletas de papel saíram voando pelo jardim. Emm tentou agarrar uma delas desesperada e chegou até a guinchar. Depois elas estouraram, jogando mil pedacinhos de papel sobre a grama.

Bravo. — Lucy bateu palmas para Fred, que ria sem parar.

— O que significa isso?! — Filch surgiu dos corredores, com Madame Norra ao seu flanco. Emm rosnou para a gata de olhos vermelhos. — QUE SUJEIRA É ESSA? Que sujeira é essa? WEASLEYS! SNAPE! VÃO LIMPAR TUDO, LIMPAR TUDO!

Eles se levantaram correndo e saíram correndo, rindo até a barriga doer, com Filch gritando maldições ás suas costas.

Faltando quarenta minutos para a detenção com Hagrid, Lucy desceu para as masmorras. Já era noite, e todos estavam nas camas. Todos exceto que iria para a detenção. Ela evitou o máximo que pode Violet durante o dia, e faria o mesmo até não dar mais.

Ela parou e bateu na porta da Sala de Snape. Já invadira sua sala particular e até seu quarto, mas agora seria diferente. Ele a queria lá. Ela não sabia o porquê, mas ele queria.

Não demorou até ele abrir a porta, calado e seguir para sua sala particular. Lucy o seguiu, sem abrir a boca. Quando chegou á sala que já havia vasculhado, ele estava sentado na mesa redonda de madeira, onde um jogo de xícaras estava posto. Ele servia sua própria xícara calmamente. Chá? Sério isso?

— Sente-se.

Ela o fez, quieta. Snape bebericava sua xícara e a encarava, alternando. Quando ficou claro para a bruxa que ele não a serviria, ela mesma pegou o bule e derramou o que parecia ser chá de ervas sobre uma xícara pequena branca.

— E então? — ela pousou o bule e pegou sua xícara, sorvendo um pequeno gole. Incrivelmente, era bom. Era muito bom mesmo. Lucy imaginava todos os dias muitas coisas sobre Snape, mas nunca imaginou que ele pudesse fazer um bom chá.

— Você me perguntou mais cedo, por que fiquei tão irritado com sua... — ele parou — Atitude.

Lucy por um momento se lembrou da coluna ridícula no Profeta diário.

— Só pra você saber, eu não o fiz para chamar atenção. — ela disse rapidamente. E não o fizera mesmo. Depois, se lembrou do que ele dissera. — E você respondeu que...

— Sua mãe não ia gostar... — ele repousou a xícara e colocou as duas mãos na mesa, inclinando-se. Lucy arregalou os olhos, meio sem querer. — Sim.

Ele revirou Lucy com os olhos, depois tornou a se sentar normalmente. Ok, estou começando a achar que isso não foi boa ideia.

— E por que voltou nesse assunto? — ela ousou.

Ele inclinou a cabeça, como se já esperasse pela pergunta.

— Por que eu não me referia á Georgie. — disse ele, lentamente, quase como uma tortura.

Lucy parou por um instante e se sentiu estranha ali. O cheiro do chá subiu pelas suas narinas e então ela teve uma epifania. Jane.

— Ah tá. — ela não achou que fosse a melhor coisa a balbuciar no momento, mas foi o que lhe restara.

— Ela era imperceptivelmente vaidosa. — ele disse olhando para as paredes, como se não quisesse encarar Lucy — Nunca cortava os cabelos, nunca. Falava que cortar o cabelo, era como cortar seus próprios pulsos.

Lucy sentiu um arrepio percorrer seu braço. Ele estava falando de Jane. Estava mesmo falando dela. Ali, para ela. Por que ele queria. Nem em seus sonhos mais loucos imaginou aquilo. Ela deixou o queixo de abrir levemente.

— Não usava maquiagem para nada. Nem para as mais formais ocasiões. — ele sorriu. SORRIU. REALMENTE SORRIU. Lucy arqueou as sobrancelhas. — Era tão bonita que era quase difícil de acreditar. Nunca soube por que entre tantos garotos mais atraentes, ela me escolhera. — ele concluiu, com a voz muito baixa.

Lucy pensou em quando invadiu seu quarto. Em todos os retratos de Jane pendurados nas paredes. Ela comentaria algo do tipo “Por que você fala dela como se ela fosse um cadáver?”. Mas aquele era um momento muito raro. Snape estava realmente se abrindo com ela, falando de Jane. Era quase como um tesouro com que ela sonhava, algo que nunca poderia ter. E ali estava ele, lhe falando abertamente sobre a mãe.

— E sabe Lucy, eu vejo muito dela em você. — ele olhou diretamente para ela agora, ela pode sentir os dedos das mãos tremendo — Na verdade, apenas vejo. Por que quando você abre a boca, por Merlin. Não é nada como ela.

“Quando você cortou o cabelo, pensei que ela estava escapando. Pensei que ela estivesse... Fugindo do meu alcance. Por mais que a sua presença me irritasse por lembrar-me dela, foi algo que eu me acostumei. Apenas por ter a ilusão que ela estava aqui por algum momento. E quando você mudou sua imagem, me jogou na cara que não era ela. Era como se você estivesse gritando EU NÃO SOU ELA. E eu pensava que tudo dentro de você fosse diferente dela depois disso. Mas então, você fez aquilo. Protegeu a Srta. Violet, mesmo você e ela estando brigadas. E, eu percebi que, eu nunca faria aquilo. Ela faria.”

Lucy mal se segurava na cadeira de madeira quando Snape parou. Ele ficou muito, muito calado depois disso. Olhou para o relógio na parede e disse:

— É melhor você ir para a detenção, ou vai se atrasar. — como se nada tivesse acontecido. Como se ele não tivesse, nos últimos cinco minutos, revelado mais que Lucy podia aguentar. Mais do que ela esperava saber.

Ela anuiu mecanicamente, agradeceu o chá e correu até a porta. Depois, correu até a outra porta e correu pelas masmorras. Correu até suas pernas queimarem pela fadiga. Quando parou de correr, já estava descendo o barranco para a cabana de Hadrig. Ela olhou para trás e viu o castelo tomando o céu. Não sabia o que pensar.

— Lucy? — alguém a chamava. Ela reconheceu a voz. Era Violet.

Ela olhou para os cabelos desgrenhados e loiros de Violet, a poucos metros dela. Pensou em como aquilo soava distante, como todo o começo do ano. O começo daquela bagunça.

— Você tá legal? — ela perguntou, se aproximando. Lucy olhou para o chão, depois para os próprios pés e balançou a cabeça. Quando a levantou, Violet não estava mais tão distante.

Ela pode baixar então baixar aquela parede de gelo e terminar sua estranha corrida num abraço apertado.


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Notas finais do capítulo

PS: Se alguém aqui é da Corvinal, saiba que eu não tenho absolutamente nada contra a casa (até por que isso seria ridículo) nem a desrespeito nem nada do tipo, plmds.

Espero que tenham gostado ok?
Abraço
Clara