A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 11
Capítulo 11 – Depois da tempestade, vem sempre...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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No caminho do trabalho, Sally não acreditava no que seus olhos registravam. A tempestade na madrugada foi tão forte que arrancou árvores, palmeiras e postes. Os quiosques na calçada da praia estavam destelhados e vários foram inundados pela água. Inclusive o quiosque que ela trabalhava. Dalila já estava lá, foi mais cedo para abrir o caixa, mas não se deu ao trabalho de fazer isso.

Rapidamente, Sally se prontificou para ajudar a limpar o local e jogar fora tudo o que foi estragado. No final da tarde, com o prejuízo já calculado, o dono do quiosque decidiu que não poderia manter todos os funcionários trabalhando, pelo menos não nas próximas semanas que ele levaria para receber o dinheiro do seguro e reformar o lugar.

Sally foi dispensada. Somente Dalila permaneceu no trabalho, porque era ela quem fazia a contabilidade e sabia como o quiosque funcionava.

Dalila sentia muito por Sally, pois ela precisava daquele emprego.

— Tudo bem, eu compreendo. – Ela se despediu da amiga e foi para o chalé. Lá teve uma segunda surpresa desagradável. Como as outras garotas foram dispensadas do trabalho, elas não tinham mais como pagar pelo chalé, e por isso iriam embora antes do final do verão.

— Mas eu não posso pagar sozinha pelo aluguel.

— Porque você não pede dinheiro para o bonitão do seu namorado? – Beth perguntou, e Lara sorriu maliciosamente, insinuando outras coisas a qual Sally decidiu que não iria perder seu tempo ouvindo.

Ela foi trabalhar no restaurante, mas antes disso, prometeu ao proprietário que buscaria todas suas coisas no final do expediente. Ele concordou. E como combinado, no fim da noite Sally estava na rua, com duas malas e uma caixa onde guardava seus objetos pessoais e suas sacolas de conchas. Não havia lugar para onde ir. Aliás, somente um lugar ao qual poderia pedir abrigo.

— Sally? – Dalila abriu a porta. – O que... – Ela não precisou dizer nada quando viu as malas no chão. Imediatamente Dalila a ajudou entrar e arrumou um espaço para guardar as malas da amiga. – O apartamento é pequeno, eu sei, mas fique aqui quanto tempo desejar.

— Será apenas até o final do verão. Também posso ajudar a pagar o aluguel.

Combinaram de fazer a divisão das contas no outro dia, porque já estava tarde. Sally ficou no sofá, e conseguiu dormir mais tranquila, porém não teve um sono tão calmo. De manhã, ela levantou antes que Dalila e preparou o café. Tomou um banho e decidiu caminhar pela cidade, já que não teria um turno da manhã para cobrir no quiosque.

Ao virar a esquina, viu Poseidon do outro lado da rua, carregando um saco com pães e uma garrafa de leite. Rapidamente ela escondeu-se, colando seu corpo no muro, como se pudesse evitar que fosse vista.

Por sorte ele não a viu. Na hora do almoço, Sally trocou de lugar com uma colega, para ficar na cozinha, e assim não precisaria servir no salão, mesmo que fosse perder as gorjetas. E no fim da noite, decidiu finalmente aceitar a carona do cozinheiro. Dessa forma, fugiu de todas as possibilidades de encontrar-se com o homem que desejava esquecer.

Mas a única coisa que Sally não conseguia abrir mão era de um passeio na praia. Ela amava ouvir as ondas cobrindo a areia, lhe dava paz. Tal paz que não seria fácil de alcançar naquele momento.

Sally reconheceu o homem em pé no alto do rochedo. Ele estava observando o mar, parecia que estava conversando com alguém. A visão de Poseidon deixou-a triste. Ela afastou-se rapidamente para não dar motivos para seu coração amolecer.

Passaram-se cinco dias desde então, Sally recebeu um atestado médico para cuidar de sua saúde. O que achava ser uma simples gripe, parecia algo muito mais grave. Ela sequer conseguia se levantar do sofá. Com pena da amiga, Dalila a ajudou deitar em sua cama de solteiro, pelo menos durante o período em que ela estivesse no trabalho. Foram dois dias de folga, e quanto Sally retornou ao restaurante, sua vaga já havia sido preenchida por uma outra pessoa.

Não deram nem tempo para implorar pelo trabalho.

Na praia, Sally caminhou na direção dos rochedos, ela não sabia mais para onde ir, ou o que fazer. Talvez fosse hora de abandonar aquele lugar. Mas seus pensamentos foram interrompidos quando ouviu uma buzina de carro. Virou-se e reconheceu Calyce no volante do automóvel. Ela não queria parar, pois precisava de um tempo sozinha para pensar. Mas a mulher parecia decidida em conversar. Ela deixou o carro e tirou seus sapatos para caminhar na areia.

Calyce parecia ainda mais bonita ao correr na areia até alcançá-la. Sally tentou não se sentir humilhada diante da beleza daquela mulher. O que ela queria ali? Esfregar na sua cara que Poseidon poderia ter qualquer mulher que desejasse?

— O que quer? – tentou ser rude, mas Sally não conseguiu transparecer o que desejava.

— Sinto muito se estou atrapalhando sua caminhada. – Calyce tirou os fios dourados de seu rosto. Ventava bastante. – Pensei que pudéssemos conversar em algum outro lugar mais reservado.

Sally olhou ao redor, não havia uma alma viva perto delas.

— Fale o que quiser aqui mesmo. – foi direta, mas completou. – Por favor.

— Tudo bem. Já faz alguns dias que tenho ouvido as lamúrias do meu chefe, porque ele percebeu que você está fugindo dele.

— E porque ele mesmo não está aqui falando isso?

— Sabe como são os homens, teimosos e cabeça dura. – Ela sorriu, tentando quebrar o gelo.

— Não, Senhorita Calyce, eu não conheço bem os homens. Os únicos que conheci me enganaram ou me usaram de má-fé. – Sally cruzou os braços. Foi a primeira vez que ela realmente conseguiu dizer algo com a mesma entonação que pensara, desejara e deveria ser interpretada.

— Sinto muito, senhorita Jackson. – De repente, Calyce mudou sua postura.

— Não quero mais falar sobre seu chefe, ou seja lá isso que vocês tem. Posso ser uma mulher de vinte e três anos sem muita experiência. Mas não sou tão ingênua quanto aparento.

— Espere... – Calyce curvou os lábios, ela não estava compreendendo até onde Sally queria chegar. – Não esta dizendo que Poseidon e eu temos algum tipo de ligação amorosa, está?

— Se parece tão óbvio, porque me pergunta?

Calyce começou a gargalhar, e quando parou, fez uma careta de desprezo.

— Posso te garantir que ele não é, definitivamente não é, um amante, namorado ou sequer tivemos qualquer tipo de ligação física. Só de imaginar, não, só de falar nesse assunto, fico enjoada.

— Mas mesmo assim não justifica o fato dele ser casado.

— Ele foi casado. Coisas de gente importante, para manter as aparências.

— Mas eu não sou uma mulher de ficar as sombras de um homem que mantém suas aparências. Não posso me ligar a alguém assim. Sinto muito, tenho que ir, essa conversa já esta indo longe demais.

Sally correu, deixando Calyce para trás. Ao chegar no apartamento, ela queria contar as tristes novidades, mas foi surpreendida com um arranjo de rosas vermelhas. Dalila entregou-lhe o cartão, curiosa com o que estava escrito. Mas Sally não quis ler.

No outro dia, chegaram mais flores, dessa vez orquídeas, e depois, margaridas, até o final da semana o apartamento era uma extensão da floricultura local. Sally entregava os cartões para Dalila e sentava na janela da sala, segurando uma flor nova do arranjo que chegava. Ela pensou todos os dias em ir pessoalmente levar de volta as flores, mas foi a primeira vez que alguém fizera tal gesto, mas como foi discutido com Dalila uma noite, ela tinha medo de que aquilo fosse apenas um capricho de homem.

— Se um homem caprichasse tanto assim por mim, eu que estaria feliz.

— Eu só gostaria que ele viesse pessoalmente e me dissesse tudo o que sente. A verdade, nada mais do que isso, eu quero. – Quando ela terminou de falar, a campainha tocou. Sally foi abrir a porta, porque da última vez Dalila quem abriu. Era um novo arranjo de flores.

— Copos de leite. Esses aqui ficariam bem bonitos num vaso de vidro. – Comentou, percebendo que nesse último faltava o cartão.

— Anotado... – disse uma voz vinda do corredor. – Da próxima vez, eu irei mandar trazer um vaso de cristal.

— Eu disse vidro.

— Vidro. Tudo bem, vidro também é bom. – Poseidon entregou a última flor da floricultura, uma rosa amarela.

— Rosa amarela, é a minha rosa favorita. – Ela sorriu, sentindo o coração amolecer e o rosto esquentar.

— Por isso é a última. Vim trazer pessoalmente sua flor favorita, e aproveitar para dizer uma coisinha. – Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça e esperou ser convidado para entrar. Como o convite não veio, decidiu começar a falar assim mesmo. – Soube da confusão que houve com Calyce, eu peço desculpas. Ela é uma jovem formidável, mas sinceramente, eu prefiro as morenas.

Sally não conseguiu segurar o sorriso, mesmo que seu desejo fosse manter-se séria. Mas ele continuou falando:

— E ela também não sorri como você. Além de outros meros detalhes que não são importantes no momento. Eu vim aqui pessoalmente para perguntar uma coisa importante e vou adiantando que não tem nenhuma relação com sorvete.

— Então sobre o que é?

— Vim convidá-la para caminhar comigo na praia.

Sally olhou para Dalila, que a incentivava ir, sacudindo as mãos.

Ela não precisava de torcida para responder a pergunta, mas foi bom para dar o primeiro passo.

— Acho que uma caminhada não vai me fazer mal.


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Notas finais do capítulo

Assim como eu, deve estar cansado de ver a Sally se ferrando né? KKKK
O que vcs acham que ela merece? Não vale nada pervertido =X
Beijoss