Baby, Im Not Like The Rest escrita por caroolcardooso


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Essa (http://www.youtube.com/watch?v=Fy1FVIllb68) é a música que eles cantam, aconselho a dar play no momento que eles começarem a cantar, pois fica meio chato ler a tradução da música.. Boa leitura! (:



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            Luna estava sentada observando todos se divertirem, mas não sentia vontade de se juntar a eles. Aliás, já havia muito tempo que não sentia vontade de se misturar ou manter uma conversa longa com qualquer pessoa, ao mesmo tempo que orava silenciosamente para que alguém ao menos notasse sua presença ali e simplesmente lhe perguntasse se estava tudo bem. Sentia-se sozinha, mesmo estando cercada de adolescentes barulhentos comemorando o final das aulas nos três vassouras, em uma noite especial de karaokê.

            Estava sentada em uma mesa afastada, ouvindo um garoto do quinto ano cantar tão desafinado quanto um bode resfriado. Esboçou um leve sorriso e invejou a coragem ­­e despreocupação do garoto em frente às risadas dos colegas. Ela dava mais um gole em sua cerveja amanteigada quando alguém lhe interrompeu de seus devaneios.

– Tem alguém sentado aqui?

– Não – a garota disse esboçando um sorriso, mas sem levantar os olhos de seu copo – pode levar a cadeira.

– Bom, minha intenção era me sentar aqui, mas acho que acabei de ser expulso – o garoto soltou uma risada baixinha, esperando a reação da loira. 

            Luna levantou rapidamente a cabeça, encarando o garoto com seus imensos olhos azuis, quase não acreditando naquilo.

– Oi Neville! Me desculpa, eu não sabia que era você, achei que fosse mais um daqueles garotos pedindo cadeiras – ela sorriu meio envergonhada – É claro que você pode sentar.
            Neville a encarou com um sorriso bobo nos lábios, então puxou a cadeira e sentou-se ao lado dela, escondendo as mãos por baixo da mesa, para que a garota não as vissem tremer de ansiedade. Respirou fundo, e olhou para o garoto cantando no palco improvisado.

– Ele canta muito mal – comentou tentando parecer descontraído e se ajeitando mais confortável na cadeira.

– Gosto da atitude dele – a garota respondeu pensativa – e dos sapatos.

            Esse comentário fez Neville olhar instintivamente para os pés do garoto e viu que usava um par de tênis laranja e outro roxo.

– Mais sua cara, impossível – o garoto riu, laçando um olhar que Luna não pode decifrar – Você deveria ir lá cantar.

– Eu? – a loira arregalou os olhos e o encarou – Não, Neville, eu não sei cantar..

            O moreno sorriu e se surpreendeu ao ver que os olhos dela podiam ficar ainda maiores do que o normal, mas isso não os deixava menos bonitos e fascinantes.

– Qual é, Luna, eu já ouvi você cantando, tem uma voz linda – disse sorrindo, estava começando a ficar mais relaxado, talvez até um pouco confiante.

– Quando você me viu cantando? – a garota perguntou enrugando a testa com curiosidade, não conseguia se lembrar de nenhuma vez que cantara perto dele.

– Você vive saltitando pelos corredores da escola cantarolando, Luna – Neville sorriu ao vê-la corar e abaixar o olhar – Todos da escola já viram.

– Mas.. eu não posso cantar assim na frente de todo mundo, os nargulés invadem minha cabeça e me deixam confusa e eu estou sem meu amuleto.. – disse serena, levantando o olhar para encarar o moreno em sua frente. Ela achou que não fosse precisar de seu amuleto contra nargulés aquela noite, mas estava errada.

            O garoto não pode evitar uma risada. “Luna e suas criaturas mágicas”, pensou consigo mesmo. Queria ver a garota se divertindo, sabia que ela adorava cantar e tinha uma bela voz, muito melhor do que os garotos que estavam cantando no palco. Então teve uma ideia boa demais para dar errado.

– Fica aqui, vou buscar algo que vai espantar os nargulés – disse levantando–se e lançou um sorriso radiante para a loira, que ficou sentada sem entender o que o garoto iria fazer.

– Neville..! Onde você vai? – tentou gritar, mas o garoto já havia saído de seu campo de visão, estava cheio demais para que ela pudesse encontrá-lo, e se tentasse ir atrás, provavelmente perderia seu lugar.

            Esperou ansiosamente, batendo os dedos na mesa e balançando seus pés incontrolavelmente. Havia outro garoto cantando no palco agora, razoavelmente melhor que o primeiro, mas era popular, o que fazia com que todos cantassem junto. Luna bebeu o resto de cerveja amanteigada que havia em seu copo e perdeu seu olhar ali. Não conseguia pensar direito, estava nervosa, os nargulés haviam começado a invadir sua mente.

– Vão embora nargulés! – choramingou colocando o rosto entre as mãos. Desejou que o moreno não tivesse apenas usado aquilo como uma desculpa para se afastar, como todos faziam.

            Cada minuto se passou como se fossem uma eternidade até que Neville voltou com dois copos na mão. Colocou-os em cima da mesa e sentou-se.

– Desculpa a demora, a fila estava terrível – sorriu empurrando um copo para Luna – Beba, isso vai espantar os nargulés.

– O que é isso, Neville? Eles vendem poções para afastar os nargulés aqui? Eu nunca vi uma dessas! Você sabe do que é feito? – perguntou com um sorriso no rosto, obviamente animada, observando o conteúdo do copo.

– Não faço ideia do que seja feito, Luna, mas beba, vamos ver se funciona, vou beber junto com você – o garoto sorriu, tomando o outro copo pra si. Perguntou-se o que a loira faria se descobrisse que aquilo era Whisky de Fogo, não uma poção anti-nargulés.

– O cheiro é forte, deve ter algo como muco de minhoca, ou bagas de visco, o que você acha?

– Eu acho que talvez seja alguma erva mágica da Noruega, não parece? – o garoto sorriu, aquela garota o fascinava, mesmo com tantas peculiaridades.

– Pode ser! Vou pesquisar mais sobre isso quando for pra casa, tenho alguns livros sobre ervas da Noruega...

– Vamos fazer um brinde?

– Vamos, ao meu amigo Neville – Luna sorriu levantando o copo ao alto – Você é meu amigo, não é?

            O garoto ficou parado por um momento, não era bem essa reação que ele esperava da loirinha, muito menos aquela pergunta repentina, aquilo partiu-lhe o coração. Não queria ser seu amigo, queria mais.

– Mas é claro! Um brinde à minha amiga Luna! – levantou seu copo e bateu ao da garota, sorridente –  e que os nargulés se mantenham longe de sua mente – acrescentou, olhando fixamente naqueles enormes olhos azuis, o que a fez corar levemente.

            Os dois beberam o conteúdo dentro dos copos, sentindo o calor invadir seus corpos, como se queimasse.

– Nossa, acho que isso deve espantar até o sinistro, de tão forte que é – a garota disse fazendo uma careta e rindo em seguida – mas me sinto muito melhor!

            Neville riu, segurando para não contorcer o rosto também, tentando parecer mais forte, mas não teve muito resultado. Os dois riram por alguns segundos, sem saber o que dizer, até que o garoto resolveu tomar uma atitude.

– Vamos, Luna, vem comigo! – ele se levantou, pegando a mão da garota e a puxando. O Whisky aquecera seu corpo e foi como uma recarga de coragem. Sentia-se confiante agora. Não estava acostumado a beber, não era nem um pouco forte em relação à isso, já sentia uma sensação de felicidade sem motivos.

            Neville puxou a garota pela mão, tentando vencer a multidão de garotos enfurecidos e tomando cuidado para não tropeçar em nenhuma cadeira ou mesa que ficasse a sua frente.

– Neville, vai mais devagar! Eu ainda não aprendi a atravessar objetos! – a garota gritou entre risadas, sentia-se bem com a poção anti-nargulés, pensou em comprar um pouco antes de ir embora.

            A pedidos da loira, o garoto segurou um pouco sua empolgação e diminuiu o ritmo, chegando à frente da mulher que cuidava para aquilo não virar uma bagunça.

– Olá – disse a mulher gentil – gostariam de cantar algo?

– Sim – respondeu o garoto – minha amiga vai cantar – disse por fim, por mais que a palavra “amiga” ainda não lhe agradasse.

– Neville! Eu não vou cantar sozinha! – Luna choramingou, puxando-lhe pela a mão.

– Por que não cantam os dois juntos? – a mulher sorriu atenciosa, o moreno não conseguia entender como ela ainda podia estar de bom humor tendo que lidar com tantos adolescentes juntos, deveria estar sendo muito bem paga.

– ISSO! Canta comigo, Neville! Por favor! – a loira pediu ficando nas pontas dos pés para poder encarar o moreno, que era muito mais alto que ela.

            Não sabendo como recusar um pedido desses, principalmente vindo dela, o garoto aceitou, sorrindo, o que faz a garota comemorar com palmas e pulinhos.

– E o que vão cantar? – a moça perguntou com um sorriso torto – Se não tiverem uma música em mente, tenho uma que ficaria perfeita.

            Os dois garotos se entreolharam, não tinham pensado nesse detalhe. Nenhum deles tinha nada em mente.

– Qual? – perguntou o garoto um pouco apreensivo, rezando para que fosse uma que soubesse a letra.

Give your heart a break, que tal? – a moça sorriu, lançando um olhar doce aos garotos.

– EU AMO ESSA MÚSICA! Você conhece essa, Neville? – Luna sorriu, apertando-lhe a mão e entrelaçando os dedos com os dele, sem ao menos perceber o que estava fazendo.

            Um calafrio passou pelo corpo do garoto à atitude da loira, sentiu o chão escorregando de seus pés, respirou fundo, tentando voltar à realidade.

– Sim, sim, conheço sim – gaguejou as palavras, ainda nervoso e sorriu ao ver o semblante radiante da garota.

– Então vocês são os próximos! – a mulher sorriu, e os garotos se afastaram, encostando-se à parede ao lado do palco, esperando sua vez.

            Suas mãos estavam separadas, mas próximas uma da outra. Luna se remexia impaciente nas pontas dos pés e analisava as vigas de madeira do teto. Neville mordia o lábio inferior e tentava lembrar a letra da música para não passar vergonha ao lado da loira.

            Então, o garoto que cantava desceu do palco e a moça acenou-lhes com a cabeça para subirem. Dessa vez, foi Luna que puxou o garoto pela mão para cima do palco.

– Pronto? – perguntou baixinho.

Alguns garotos começaram a rir insanamente, o moreno petrificou ao ouvir alguns deles gritarem coisas como “Di-Lua Lovegood”, “Vamos lá Lunática!” ou “Neville, não bote fogo no palco!”.

– Não dê ouvidos a eles, feche os olhos – ambos fecharam os olhos, e então a música começou. A primeira deixa foi de Luna, que começou cantar, ainda de olhos fechados.

No dia em que te conheci

Você me disse que nunca se apaixonaria

Agora que entendo você

Sei que era medo na verdade

Agora estamos aqui, tão perto

E ainda tão longe, não fui aprovada no teste?

Quando você perceberá

Querido, que eu não sou como o resto?

Neville respirou fundo e se juntou a ela, suas vozes ecoavam pelo lugar, a plateia havia se silenciado.

Não quero partir o seu coração

Só quero dar um tempo ao seu coração

Eu sei que você está assustado, é errado

Como se você fosse cometer um erro

Só temos uma vida para viver

E não temos tempo para desperdiçar, para desperdiçar

Então, deixe-me dar um tempo ao seu coração, ao seu coração

Deixe-me dar um tempo ao seu coração, ao seu coração

Oh sim, sim

 

Nesse momento, ambos abriram os olhos, e os azuis ríspidos da águia encontraram os castanhos profundos do leão.

No domingo, você foi para casa sozinho

Havia lágrimas em seus olhos

Eu liguei para o seu celular, meu amor

Mas você não respondeu

Luna juntou-se a ele, os dois cantavam sem medo e sem inseguranças. O whisky já havia tomado conta de seus corpos.

O mundo pode ser nosso se quisermos

Podemos tomá-lo se você segurar a minha mão

Agora, não há volta

Querido, tente entender

Não quero partir o seu coração

Só quero dar um tempo ao seu coração

Eu sei que você está assustado, é errado

Como se você fosse cometer um erro

Não quero partir seu coração

Talvez eu possa aliviar a dor, a dor

Então, deixe-me dar um tempo ao seu coração, ao seu coração

Deixe-me dar um tempo ao seu coração, ao seu coração

Você pode aguentar até certo ponto,

Dê um tempo ao seu coração

Deixe-me dar um tempo ao seu coração, ao seu coração

Oh sim, sim

Quando terminaram, todos estavam em silêncio, boquiabertos. Os garotos no palco engoliram em seco e se entreolharam rapidamente. Mas então, o silêncio foi interrompido por uma explosão de assovios e aplausos.

            A garota corou violentamente e, colocando uma mecha dos longos cabelos louros atrás da orelha, agradeceu timidamente e desceu quase correndo do palco improvisado, Neville em seus calcanhares.

            Um abraço súbito de Luna fez com que as pernas do moreno bambeassem, não sabia o que fazer, os braços ficaram imóveis ao lado do corpo, sentiu o rosto queimar. Quando a loira o soltou, ainda estava atordoado e forçou um sorriso para não parecer tão idiota.

– Você foi incrível – o comentário deixou a garota encabulada, que voltou os olhos para os pés.

– Sua voz é muito bonita, Neville – ela comentou baixinho.

            Por um momento, os dois garotos ficaram em silêncio, sem saber o que falar, ou o que fazer, apenas olhando para baixo, a procura de algo para quebrar o clima pesado que havia ficado.

– Hm, que tal mais um pouco de whi.. poção anti-nargulés? – ele falou, sorrindo.

– EU ADORARIA! Será que posso comprar um pouco pra levar pra casa? – Luna já estava empolgada novamente.

– Não acho que seja uma boa ideia – o garoto ficou pensativo, não queria que a loira se encrencasse – é bem forte e acho que eles não vendem quantidades grandes pra viagem.

– Hm, então vamos aproveitar enquanto estamos aqui!

            Neville comprou mais duas doses de whiskey de fogo enquanto Luna perdia seus pensamentos na janela mais próxima, observando as estrelas. Quando o garoto voltou, os dois brindaram novamente e beberam a poção para afastar nargulés, porém sentindo mais efeitos do que da vez anterior.

– Acho que essa poção tem efeito cumulativo – a loira sorriu, sentindo seu corpo aquecido – Vamos dar uma volta? Parece estar uma noite tão bonita lá fora...

– Claro! – o moreno sorriu com a ideia de ficar sozinho com a garota, então os dois saíram dos Três Vassouras e sentiram uma leve brisa morna atingi-los.

            O céu estava sem nuvens e a lua crescente brilhava fortemente no céu, juntos com as estrelas, que formavam belos desenhos no céu negro. Neville sentiu o mundo girar, e enroscou os dedos nos de Luna, o que fez com que sua visão se estabilizasse um pouco.        

            A garota olhava para cima, sorrindo, estava feliz por estar com o moreno, não se sentia tão bem ao lado de alguém havia meses, talvez mais. Sabia que podia confiar nele, seu coração lhe dizia isso. E o menino compartilhava desse sentimento. Nunca pensou que se sentiria a vontade ao lado de qualquer garota, até que conheceu Luna.

            Eles continuaram andando pela noite, sentindo a brisa morna em seus rostos e apenas com a presença um do outro, o mundo parecia completo.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenham gostado de ler tanto quanto eu gostei de escrevê-la! Deixem reviews e me digam o que acharam!



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