The Magic Shield Of King escrita por Caroline Lemos


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Ao Aron, o irmão que eu pude escolher, pra quem essa história foi escrita. Espero que gostem tanto quanto eu apreciei escrevê-la.



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Samuel corria o mais rápido quanto suas pernas lhe permitiam. Queria alcançar o tio de qualquer maneira. Não poderia deixa-lo entregue à sorte em uma batalha sem seu escudo mágico. A criança não tinha real noção do que aquelas batalhas realmente significavam. Não aparentava ter mais do que sete anos de idade.  Quando finalmente chegou aos estábulos estava ofegante. Suas pequenas mãozinhas seguravam com força o pesado escudo. Era admirável sua força para carregar um objeto tão pesado desde o castelo até ali. Ficou parado, impaciente, até que um dos criados deu-lhe atenção.

-Preciso de um cavalo – disse, firme. A visão era no mínimo cômica, mas o criado não ousou rir do pequeno príncipe. Apenas preparou o cavalo com que a criança costumava sair para caçar com o Rei, enquanto Samuel aguardava com impaciência. O criado ajudou-o a subir e entregou-lhe o escudo, voltando em seguida aos seus afazeres, sem dar maior importância ao fato. Sem perder tempo, Samuel cavalgou até a entrada do reino, chamando a atenção dos habitantes do povoado. Para o alívio de Samuel o Rei e seus cavaleiros ainda não haviam partido. Os homens ouviam atentamente ao discurso do Rei e saudavam-no com suas espadas e gritos de animação quando este os instigava a fazê-lo. Samuel teve muito orgulho do tio. Se algum dia fosse rei, queria ser exatamente como ele. O garoto se aproximou devagar de onde estavam, atraindo algumas risadas. Manteve-se firme em seu objetivo mesmo que estivessem zombando dele. O tio sorriu quando o avistou. Os cavaleiros deram espaço para que passasse, fazendo uma curta reverência ao pequeno príncipe.  Sir. John, o braço direito do Rei Aaron, ajudou a criança a descer, entregando-lhe de volta o escudo.

-Você não pode ir sem o seu escudo mágico, tio. – Samuel disse ao Rei, ofegante. O jovem Rei sorriu ao ouvir as palavras do sobrinho. Lembrava-se ainda do dia em que dissera a ele que aquele escudo era mágico, para que o pequeno parasse de chorar com medo de que Aaron não voltasse vivo da guerra como seu pai.

-Sorte minha que tenho você para me lembrar – ele sorriu, pegando o escudo e ajeitando-o em seu próprio braço. –Mas você sabe que não deve sair sozinho do castelo – ele repreendeu-o. O garoto ruborizou. Realmente tinha sido estúpido de sua parte sair sozinho sem avisar as criadas que lhe cuidavam. –Agora volte para casa antes que a rainha dê por sua falta. – Aaron riu. Sabia que sua irmã teria um ataque se soubesse das furtivas fugas do filho. Já era difícil o bastante ela ter de tomar conta de todo um reino quando ele saia para a guerra e ainda tinha de se preocupar com as peripécias de Samuel. De fato, depois que ficou viúva a Rainha nunca mais fora a mesma. Andava também ocupadíssima procurando uma boa esposa para Aaron, ao que o jovem Rei considerava uma completa besteira. Se havia um costume com que não concordava era casar-se com alguma princesa que trouxesse uma boa aliança para o reino. Pelo menos não tinha o fardo de gerar um herdeiro, uma vez que o pequeno Samuel, sendo filho da rainha, era o próximo na linha de sucessão. O rei despertou de seus próprios pensamentos ao avistar a criança afastando-se de onde estavam, na direção do castelo. Deu uma boa olhada em seu escudo e sorriu consigo mesmo, virando-se para seus cavaleiros.

-Hora de partir. – ele disse e seus homens bradaram em uníssono, erguendo suas espadas.

O pequeno príncipe teve uma breve e tranquila viagem de volta para o castelo. Era muito mais fácil cavalgar sem o peso do escudo e o desespero de que não chegasse a tempo de entrega-lo ao tio. Com a certeza de que o Rei estaria protegido pela mágica do escudo, Samuel sequer importou-se com as lamentações de sua tutora, que tentava inutilmente discursar algo sobre “não se meter em encrencas”. Felizmente a mulher não chegou a relatar à Rainha seu passeio matinal.

Nos dias que se seguiram Samuel ia todos os dias importunar a mãe para saber notícias de Aaron. Já estava impaciente pela demora, sentindo um misto de medo e saudade. Medo de que não voltasse e saudade das histórias que ele contava e de sua habitual luta de espadas. Sabia que o tio sempre o deixava ganhar as lutas, mas jamais contara isso a ele. Em uma manhã fria de inverno o pequeno levantou-se cedo da cama para espiar a neve. Era a primeira vez que nevava naquele ano e adorava o jeito como as casas do povoado ficavam cobertas de branco. Vestiu-se depressa e saiu em disparada pelos corredores, esbarrando em alguém que vinha pela direção contrária. Ao olhar para cima e perceber quem era a criança abriu um largo sorriso, abraçando o homem pelas costelas.

-Eu sabia que você voltaria – Samuel sorriu para o Rei.

-Eu trouxe um presente para você – Aaron respondeu, desembainhando uma pesada espada. A criança arregalou os olhos, maravilhada com a beleza do artefato. Nunca havia visto uma espada tão bonita quanto aquela. O Rei entregou-a ao príncipe, que mal conseguia suportar o peso da espada. – Ela é mágica.

-Má-mágica? – o menino gaguejou. Seus pequenos olhinhos verdes brilhavam.

-Assim como o meu escudo – ele sorriu. – É para você ganhar suas próprias batalhas quando crescer. - O menino olhava, curioso, para os complicados relevos desenhados no cabo. Mais do que seu tio, o Rei era como uma espécie de herói para o pequeno Samuel.

~

O príncipe cresceu e passou a lutar em suas próprias batalhas para defender o reino que um dia seria seu. Agora sabia que a espada não era mágica como imaginava na infância, mas tinha sua própria certeza de que a verdadeira magia do artefato estava na bravura daquele que lhe dera a espada. Nunca antes aquele reino tivera a sorte de contar com um Rei corajoso e de tão bom coração como seu tio. Se Deus lhe permitisse a graça de viver o bastante para assumir o trono, tudo o que Samuel desejava era poder ser bravo e leal como o Rei Aaron.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?
Estava pensando em transformá-la em uma longa. Alguém aqui leria?



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