Bonjour, Paris! escrita por Baby S


Capítulo 3
Capítulo 3 Call me maybe?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/310078/chapter/3

 No aeroporto, tudo tinha sido bem tranquilo. Fizemos o check-in e entramos no embarque, já estávamos em cima da hora. Tudo culpa daquele trânsito insuportável de São Paulo. Eu posso morar aqui minha vida toda, mas nunca vou me acostumar a ele. Deu tempo de dar uma olhada no Duty Free e engolir um lanche. Naquele dia bati meu recorde de comer rápido. Tente comer um lanche do Bob’s em mais ou menos 5 minutos. Resultado: nada legal.

Depois de um tempo, nós finalmente conseguimos entrar no avião e nós ‘’acomodar’’ em nossos assentos. ‘’Acomodar’’ entre aspas mesmo, pois é impossível, pelo menos para mim, me sentir cômoda naquelas poltronas que pinicam e ainda por cima não são nada reclináveis. Eu invejo quem consegue dormir naquilo. O voo seria longo, por volta de 12 horas e eu precisava dormir, ou pelo menos tentar, porque ler aquelas revistinhas de avião pela quinta vez não é tão interessante.  Pelo menos, agora se alguém me perguntar quais são os pontos turísticos de Cuba, Peru, Bahamas e Bora Bora, eu sei responder.

Eu me viro para lá, mexo para cá, e nada de ficar confortável o suficiente para cochilar um pouco.

- Luana. – eu chamei baixinho.

- Hm... – é o que eu obtive como resposta. Agora me fala como ela conseguiu dormir naquela poltrona? COMO? Mistérios de Luana.

- Posso por a perna no seu colo? Está impossível de dormir assim. – eu pedi.

- Nã. – bela resposta Luana. Estava tão submersa no sono que não terminou de falar nem uma simples palavra de três letras.

Eu tentei fechar os olhos mais uma vez, quando fui obrigada a abrí-los por causa da luz vindo na minha direção. Quem era? A folgada da Alice, obviamente.

- Aliceee! Apaga essa luz, tem gente tentando dormir! – eu reclamei.

- Eu quero escrever no meu diário! Você sabe que eu não durmo em avião, morro de medo.  –  ela respondeu.

- Então pelo menos deixa eu ler? – eu perguntei, já metendo o nariz enxerido no diário dela, e ela o desviou.

- Sai pra lá! Vai conversar com a Mari, vai! – ela disse.

- Meninas, eu estou tentando dormir, com licença? – a Luana reclamou. – Dá para apagar essa luz? – pediu, mas já sabendo que seria em vão, pegou o tapa-olhos que a aeromoça deu no começo do voo, colocou e voltou a dormir, não, hibernar.

Eu já tinha tentado colocá-lo mas não dava, pinicava de mais. E só para me fazer invejar, a Senhorita Ursa Dorminhoca do meu lado, consegue dormir usando aquilo. Eu inclinei para a frente, olhei para a Mari que estava do lado da Luana, a Ursa, e sussurrei:

- Como ela consegue?

- Não faço ideia! – a Mari respondeu.

Depois de um tempo sussurrando com a Mari, a Luana finalmente acordou, mas só para pedir que calássemos a boca e tivemos que conversar por bilhetinhos, que na verdade eram pedaços da folha da revista.

O voo acabou, e a tortura também. E foi mais uma confusão para conseguirmos tirar todos os pertences das poltronas e daquele compartimento que fica em cima delas.  Quando conseguimos, descemos do avião agradecendo às aeromoças.

O aeroporto de Paris era grande e bonito, totalmente diferente do de Sampa. Mas, o que mais me chamou a atenção fora um espaço lá, com compridas cadeiras vermelhas curvadas, para quem tivesse que passar a noite no aeroporto, tivesse o mínimo de conforto. Eu achei a ideia bem legal, mostrei para as meninas e disse:

- Não seria o máximo passar a noite aqui, nessa sala de descanso? Olhem as cadeiras, que de mais! Eu sempre quis passar a noite em um aeroporto! – comentei.

- Ai, vira essa boca para lá! – a Mari repreendeu. Eu não sabia, mas depois eu desejaria não ter falado nada. Como dizem mesmo? ‘’As palavras têm poder.’’

Nós fomos pegar as malas, e por sorte não tinha fila, como em São Paulo. E foi aí que eu me dei conta e disse:

- Meninas, nós estamos em Paris!

- Uhuuuuuuuul! – todas nós falamos juntas. Era um sonho se tornando realidade. Tem como melhorar? Acho que não, mas com certeza tinha como piorar.

Depois de pegar as malas correndo, pois queríamos chegar logo no apartamento, fomos ao Duty Free de lá, que era muito mais interessante. Era muito bem iluminado, grando e cheirava a perfume e roupa nova. Nós já começamos as compras lá, e Mari fez a festa. Comprou um perfume para sua mãe e outro para seu pai, um lápis de olho para ela mesma, um batom para sua vó e uns chocolates para comermos do caminho. Só parou de botar objetos na sacola, quando a Luana falou que nós ainda iríamos em muitas outras lojas.

Nós estávamos na fila do caixa e Alice viu um caderninho na prateleira e lembrou:

- Meninas, onde está o meu diário?

- O quê? – eu perguntei, sem prestar muita atenção.

- O MEU DIÁRIO! EU ESQUECI O MEU DIÁRIO NO AVIÃO!!!! – exclamou, mexendo na sua bolsa freneticamente.

A Luana começou a rir, o que deixou a Alice ainda mais nervosa.

- O negócio é sério, eu preciso de encontrar esse diário! Tudo, eu quero dizer, tudo mesmo sobre a minha vida está lá e se eu deixar no avião um estranho vai ler! Vocês tão entendendo a gravidade disso? – perguntou, mas na verdade não queria saber a resposta. Que bom, porque sinceramente, eu não estava entendendo nada.

- Alice, não tem como, você esqueceu lá e não dá para a gente voltar! – a Mari disse.

- Ah, da sim!! Eu vou nos achados e perdidos e se preciso eu vou atrás daquele avião! Mas eu vou achar esse diário! – ela disse. E quando a Alice resolve uma coisa, pode acreditar, não tem volta.

Ela nos fez ir até os achados e perdidos e pagar o maior mico tentando fazer os caras entenderem que ela tinha esquecido o diário no avião.

- Diário! DI-Á-RIO! – a Alice dizia, na verdade, gritava na cara do homem que não estava entendendo nada. – Será que não tem uma pessoa nesse país que fale pelo menos inglês?

- Vamos, Alice. Conforme-se, você não vai mais ver seu querido diário. – eu tentei fazer ela aceitar o fato. A Alice resmungava, e nós ríamos da cara dela...

Mari quis fazer graça e tentar animá-la. Para isso, escreveu o número do telefone celular dela em um pedaço de papel e deu para o atendente do balcão de achados e perdido (que até que era bonitinho), fingindo que a mão dela era um telefone, levantou o polegar e o dedo mindinho e disse: ‘’ Call me maybe? ‘’. E nós fomos rindo e cantando Call me maybe da Carly Rae Jepsen, até o estacionamento onde a tia da Mari nos buscaria, e por sorte ela era brasileira, mas morava aqui fazia muito tempo, então falava português e francês.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem review, pf. :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bonjour, Paris!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.