Querido Paciente escrita por Dul Mikaelson Morgan


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Bom Resolvi que vou posta 2 capitulos por dia =] por mais que quase nem ter leitor mais quem sabe quando tiver tera bastante post então deixa eu parar de falar sozinha e posta o Ultimo de hoje kkk Boa leitura pra quem ler *-----*



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Quando a porta se fechou atrás da enfermeira Forbes, Klaus Mikaelson esforçou-se para ouvir al­guma coisa. Estava tenso, todo o corpo doía, a cabeça latejava e o silêncio parecia zunir nos seus ouvidos.

Por mais que quisesse relaxar, não conseguia. Nunca na vida soubera o que vinha a ser relaxamento. Desde o berço fora tratado como o herdeiro Mikaelson e tomara sobre si o fardo das expectativas dos pais. Perdera o pai aos vinte e dois anos e herdara, com a fortuna, uma série de obrigações que caíram como chumbo sobre seus ombros.

Tivera de alargá-los e fortalecê-los para poder suportar ta­manha carga. As tradições da família tornaram-no responsável pelos empregados de suas terras e pelos operários da fábrica.

Klaus jamais se descuidara de suas obrigações e responsabilidades. Pagara as dívidas deixadas pelo pai, tornara as terras mais produtivas do que nunca, a fábrica mais próspera, e au­mentara sua fortuna. Mas tudo isso por alto preço. Jamais se divertia. Não que tivesse renunciado conscientemente ao pra­zer, mas sempre o adiara para um futuro indefinido e agora mal se lembrava de que era possível gozar a vida.

— Não deixe nenhum homem, muito menos uma mulher, perceber que sabe mais do que você — o pai vivia repetindo. — Você está no topo. Ninguém pode superá-lo.

No decorrer dos anos Klaus aprendeu o valor desse conselho. E acrescentou: "Jamais deixe o mundo perceber que você tem medo". E como teve medo. Medo de não estar à altura do cargo que ocupava e medo de que as pessoas suspeitassem disso.

Mas nada o havia preparado para o medo que agora morava com ele. Um medo que o espreitava durante o seu dia mergu­lhado na escuridão. Que o assaltava quando ele dormia.

O medo enchia o vazio de sua vida. Medo de pesadelos. Medo do futuro, das pessoas que ele podia ouvir mas não podia ver, dos médicos, porque sabiam muito mais do que ele.

Enfermeiras apareciam, mas ele as expulsava com sua raiva e sua amargura. A enfermeira Forbes, entretanto, demonstrou que não capitularia. Sentira isso no seu modo de dirigir-se a ele e no seu tom de voz calmo e seguro. Ela era forte, tinha autoconfiança e lutaria com ele; o enfrentaria e discordaria do que ele dissesse.

Logo o gerente de sua fábrica iria chegar para fazer o re­latório semanal e receber as instruções de Klaus. Ele tentou manter a mente clara para demonstrar sua autoridade. Não devia pensar no que o futuro lhe reservava: anos de cegueira e paralisia. Se não reagisse, o medo o dominaria.

— Sra. Flemming...

— Me chame de Isobel, querida.

— Obrigada, Isobel. Meu nome é Caroline. — Ela sorriu ama­velmente para a governanta. — Desculpe se isso lhe causar muito trabalho, mas você poderia arranjar-me outro lugar para dormir? Preciso estar perto do meu paciente à noite.

— Há um cômodo em frente ao dele — informou a enfermeira com certa dúvida. — Mas não vem a ser um quarto, exatamente. É um closet.

No pequeno cômodo havia espaço apenas para a cama, um guarda-roupa, uma estante e uma cadeira.

— Está ótimo — Caroline aprovou. — O que importa é poder atender o paciente sempre que ele precisar de mim.

Isobel olhou para ela com admiração.

— Nenhuma das outras enfermeiras pensou nisso. Pelo con­trário, alegravam-se de poder ficar bem longe dele. O patrão não é um paciente dócil.

— Já notei que não é.

— Logo depois do acidente, achei que ele iria enlouquecer. Klaus sempre foi um homem tão ativo e, de repente, não pôde mais ver nem andar. Será terrível se... — Isobel não terminou a frase, como se não suportasse expressar o que estava pensando.

— Você é muito afeiçoada a ele, não? — Caroline perguntou, surpresa. Era difícil imaginar que alguém pudesse amar Klaus Mikaelson.

— Ah, sim — Isobel respondeu sem hesitar. — Ele é um homem correto e generoso. Sempre foi muito bom para nós. Quando meu Jonh perdeu o emprego na cidade, Klaus arranjou um lugar para ele na propriedade. Assim é kLaus ; ele cuida dos seus.

Caroline não fez nenhum comentário. Sabia muito bem como Klaus Mikaelson cuidava dos seus.

Durante algum tempo Isobel falou sobre a família Mikaelson.

— Restam poucos agora — lamentou. — Apenas Kaus, o irmão, Kol, e a irmã, casada, que mora na Austrália. Kol está em Londres atualmente.

Caroline recebera notícias de Kol pela última enfermeira que cuidara de Klaus. Era um alívio saber que não iria en­contrá-lo na mansão.

Ainda se lembrava das palavras ofensivas que lhe dirigira e da amargura no rosto dele quando se separaram. Kol acreditara no irmão e pensara mal dela tão facilmente. Como era possível?

Caroline afastou as lembranças e continuou a ouvir a governanta.

— Temos esperanças de que logo haverá aqui uma família novamente. Assim que Klaus ficar bom irá casar-se com a srta. Bonnie.

— Bonnie Bennett ? — Caroline perguntou, sem se conter.

— Sim. Você a conhece?

— Apenas de nome.

A família Bennett era uma das mais importantes da ci­dade. Já naquela época Kol mencionara que Bonnie seria a esposa de Klaus. Ela, sim, estava "à altura" da família Mikaelson.

— As duas famílias são amigas há anos e todos nós sempre achamos que Klaus acabaria se casando com uma das moças Bennett — Isobel acrescentou.

— E se Klaus não quiser casar com ela?

— Ele pode escolher Katherine Pierce ou uma das Gilbert — respondeu Isobel, mencionando as duas famílias proprietá­rias de terras mais ricas da localidade. — Terra se casa com terra. Dinheiro com dinheiro. É assim que sobrevivem as gran­des famílias há séculos.

A governanta deixou-a e Caroline olhou ao redor, percebendo que seus poucos pertences cabiam naquele pequeno armário. Algumas peças de roupa, dois uniformes, alguns suéteres, duas calças Jeans. A roupa íntima era branca e prática, sem rendas ou bordados.

Sua maquiagem também não era elaborada. Seus livros mal ocupavam uma parte da estante: alguns romances policiais para os momentos de descanso, e vários livros médicos. Gostava de estar a par dos avanços da medicina.

Caroline detestava acumular coisas. Não havia mesmo muito o que adicionar na sua vida. Uma vida insípida. Um coração destruído.

O espelho na parte interna da porta do guarda-roupa refletia a imagem de uma mulher jovem, eficiente, sem enfeites e com ligeira tensão nos lábios. As duas pequenas rugas que come­çavam a se formar entre as sobrancelhas falavam das longas noites de estudo, de dias de trabalho cansativo, de anos sem férias, sem emoções, vazios.

Entretanto, sua pele tinha o viço da juventude. As feições eram regulares, os lábios cheios e bem-feitos, os cantos revelando certa sensualidade. Com um pouco mais de vida e entusiasmo, aquele rosto seria considerado lindo. E, se os grandes olhos azuis bri­lhassem cheios de amor e riso, ela seria uma mulher irresistível.

Mas o amor e o riso tinham morrido para ela muito tempo atrás.

Lembranças afloraram novamente à superfície, agora com cenas que a ofuscavam. Tentou combatê-las, sabendo que depois só lhe restariam a angústia e a dor. Não conseguiu.

O jantar era em sua homenagem. Kol estava muito feliz, certo de que Klaus acabara cedendo e concordara com o casamento. Ela procurava não dar ouvidos à voz instintiva que teimava em repetir que Klaus Mikaelson jamais cederia. Estava intrigada. Com medo. Conjeturava sobre o que Klaus poderia estar planejando.

No dia da festa, vários funcionários de um bufe chegaram e começaram a preparar a sala de jantar. Em meio àquela agitação, os dois irmãos foram para o escritório de Klaus e tiveram uma discussão violenta.

— Não foi nada, querida, uma simples divergência de opinião. — Kol tranquilizou Carol quando ela quis saber o que havia acontecido. — Vá arrumar-se e fique linda para esta noite.

Mas as palavras dele não a convenceram. Carol continuou apreensiva.

Mas o jantar transcorreu num clima alegre. Os convidados foram gentis com Carol. Terminado o mesmo, alguém sentou-se ao piano e um baile foi improvisado. Ela e Kol dançaram e todos aplaudiram o jovem casal.

Então Klaus convidou-a para dançar. Aliás, o convite soara mais como uma ordem.

Carol surpreendeu-se ao constatar que ele dançava muito bem. Teria até apreciado aquele momento se não estivesse tão tensa.

— Sorria — disse ele. — Esta é a sua noite de triunfo.

— Não me sinto triunfante. Apenas feliz. Amo Kol real­mente. Gostaria que você acreditasse em mim.

— Acredito, embora preferisse não acreditar — Klaus ob­servou. — Já lhe ocorreu que Kol não é o homem que você imagina que ele seja?

Carol sorriu.

— O que foi? Qual é a graça?

— Agora entendo o que, exatamente, o preocupa.

— É mesmo? Nesse caso, precisamos ter uma conversa. Ele saiu do salão de música e levou-a para a biblioteca.

— Pode continuar. Você disse que entende o que me preocupa — ele falou com certa ironia.

— Sim. Você acha que estou iludida a respeito de Kol. Que penso que ele é perfeito. Sei que não é. Assim como eu também não sou, nem você. Mas, sejam quais forem os defeitos dele, eu o amo mesmo assim. Quando se ama realmente, ama-se a pessoa por inteiro até com suas faltas, porque essas faltas fazem parte da pessoa amada.

— Você pensa que sabe tudo!

— O que eu sei é que amo Kol. Ele também me ama e nada poderá nos separar. Nem mesmo você com seu poder e sua autoridade — ela replicou, exaltada.

— Que simplória! Criança idiota! — Klaus exclamou, irri­tado. — Deus, dê-me paciência!

Ele segurou-a pelos ombros e encarou-a. Nesse instante ou­viram a voz de Kol, vinda do hall. Klaus ficou tenso e, de repente, apertou Carol em seus braços e seus lábios apossa­ram-se dos dela, esmagando-os.

Segundos depois Kol estava à porta da biblioteca, lívido e fora de si.

— Sua vadia, mentirosa! Golpista, falsa, interesseira! — ele acusou-a, aos gritos. — Confiei em você, pensei que me amasse, mas seus olhos estavam voltados para um prêmio maior, não?

Carol tentou protestar e explicar o que tinha acontecido, mas não teve chance. Kol não a ouviu.

— Eu a amava. Seria capaz de dar a minha vida por você e, assim que viro as costas você corre para os braços de meu irmão. O que mais vocês dois estão tramando?

— Nada! Kol, por favor, ouça — Carol suplicou. — Não é o que você está pensando.

— Não? Pois para mim está tudo muito claro. Oh, Deus, como vocês puderam fazer isso comigo?

No hall os convidados puderam ouvir aquelas acusações, testemunhando a vergonha de Carol.

— Por favor, deixe-me explicar — ela suplicou entre soluços.

— Não quero mais ouvir a sua voz. Não quero mais vê-la. Saia da minha frente.

— Basta! — Klaus interveio. — Você está certo, Kol. Agora, saia. Tudo terminou.

— Sim, terminou, Carol — Kol concordou, a voz embar­gada. — E eu pensei que ficaríamos juntos para sempre.

Ele virou-se, subiu a escada correndo. Carol seguiu-o, mas a porta fechou-se no rosto dela. Encostando-se na parede, ela deslizou para o assoalho, soluçando, desesperada.

Não poderia dizer quanto tempo tinha ficado ali; por fim, ouviu Klaus dizendo que os hóspedes tinham ido embora. — você fez de propósito — ela acusou-o entre as lágrimas.

— É verdade. Vamos, levante-se.

Colocando as mãos sob os braços dela, Klaus ergueu-a do chão. Ela acompanhou-o porque era só o que podia fazer. Só contava com Kol naquela casa e ele estava contra ela.

— Arrume sua bagagem. Você partirá amanhã cedo — Klaus avisou-a.

Carol tentou agarrar-se a uma leve esperança de ver Kol antes de partir, mas de madrugada ouviu o carro dele passando debaixo de sua janela. Correu para abri-la e teve tempo de ver o homem que amava se afastando.

Kol saía da sua vida para sempre; ia desiludido, imagi­nando que ela havia traído o amor de ambos.

Na realidade, a traição viera do irmão dele. Klaus a beijara à força, sabendo que Kol iria entrar na biblioteca a qualquer momento. Oh, por que Kol não entendera aquilo? Por que acreditara tão facilmente que ela seria capaz de um compor­tamento tão indigno?

Klaus insistira em levá-la à estação. Ela deixara para trás todos os presentes que recebera, dos mais valiosos aos mais simples.

E com eles deixara sua juventude, seus sonhos, suas espe­ranças, seu amor e a crença de que o mundo era bom.

Roubaram-lhe tudo isso.

Diante do espelho, Caroline observou seu rosto tenso e triste e entendeu pela primeira vez como esses acontecimentos a haviam tornado uma mulher vazia.

Fechando a porta do guarda-roupa abruptamente, deixou o quarto e desceu a escada, indo para a cozinha.


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Notas finais do capítulo

Bom e isso por hoje amanhã tem amis com certeza.
ps: e isso que dar não viajar no final de ano kkkk