POV Melissa.

Dormi muito mal... Fiquei pensando á noite toda sobre o que aconteceu, tentei encontrar respostas para isso tudo ter acontecido, mas não achei nada. Talvez á culpa seja minha, talvez, se eu não tivesse vindo pra cá, isso tudo não teria acontecido.

[...]

Levantei mal da cama, estou me sentindo fraca, mal consigo andar... Fui até o banheiro, tomei banho e depois desci ás escadas. Jane já preparou meu café-da-manhã e para minha surpresa, Suzana esta lá e Nathaniel também. Quando ele me viu franziu á testa e veio até mim.

– Eu sinto muito... – ele disse me abraçando.

Olhei pra Suzana, mas ela esta olhando para suas mãos que estão em seu colo, me senti mal com isso e comecei á chorar, mas só depois que me afastei dele.

– O enterro vai ser hoje... Se não estiver se sentindo bem pra ir, posso ficar aqui com você. – ele disse.

– Não, eu vou, quero me despedir dela. – falei enxugando meus olhos.

– Tudo bem... Vá comer alguma coisa. – ele disse e fui até á cozinha.

Jane parece triste... Quando peguei o que ia comer, ela nem ao menos olhou em meus olhos. Algo á esta incomodando, mas não tenho ideia do que. Então comi minha torrada com um suco de laranja e depois voltei pra cozinha, Jane lavou pra mim e criei coragem pra perguntar.

– Você está bem? – perguntei e ela me olhou surpresa.

– Ah, sim... Por que? – ela perguntou e foi secar á louça.

– É que você está muito calada e... Triste, quero saber o porque, não gosto de vê-la assim. – falei, ela colocou o pano de prato em cima do balcão e me olhou nos olhos.

– Isso que você está fazendo com o pobre do Nathaniel não é certo... E também com Castiel... Pensei que você gostasse do meu filho. Pensei que não gostasse de magoar sua irmã. Por que está fingindo ser á namorada dele? Como se mentir fosse ajudá-lo. – ela disse e fechou os olhos com força.

– O médico disse que é melhor mentir por um tempo, quando ele começar á se lembrar conto pra ele á verdade, mas agora não é momento certo. – falei.

– Ele não vai se lembrar... Eles mentiram pra você, você precisa contar o quanto antes pra ele, pois se ele descobrir por outra pessoa... Você não pisa mais o pé nessa casa. – ela disse e arregalei meus olhos de surpresa... Então ela saiu da cozinha.

Não sei o que fazer... O que ela está querendo dizer com isso? Ele... Ele não vai mais se lembrar do que aconteceu antes? Que Suzana é a namorada dele e que sou só uma amiga?.

– Já comeu? – ele perguntou entrando na cozinha. Me virei assustada, mas depois me acalmei.

– Sim. – falei.

– Vai se arrumar que vamos te esperar. – ele disse e concordei. Subi correndo ás escadas, me arrumei e depois desci. Entramos no meu carro e Suzana dirigiu... Nathaniel ficou ao lado dela e eu atrás. Estou nervosa e me sento estranha, como se tivesse um enorme buraco em meu estômago... E não é fome.

[...]

Quando chegamos no cemitério, várias pessoas estão lá, incluindo meus pais. Eles vieram falar conosco, depois se abraçaram e foram falar com os outros que estão chegando, me sentei perto de uma árvore, bem longe de todos... E olhei para o céu... Esta nublado e o clima esta frio.

– O que está fazendo ai? – perguntou Iris se sentando ao meu lado.

– Só quero ficar um pouco sozinha. – falei.

– No lado mais estranho do cemitério? – ela disse e olhei pra ela que esta olhando ao redor, só tem nós duas ali, não da pra ver os outros de onde estamos e senti meus pelos dos braços se arrepiarem e aconteceu o mesmo com Iris.

Então escutei um barulho perto de nós, olhei para algumas árvores que estão perto de nós, mas não vi nada, só tive á sensação que alguém esta nos espiando, então Iris ficou de pé.

– Acho melhor voltarmos. – ela disse e concordei ficando de pé. Antes de nos juntarmos aos outros, dei mais uma olhada pra trás e vi alguém se mexendo atrás de uma das árvores... Quem será?.

[...]

Depois de enterrá-la, cada um foi colocando uma rosa em cima de seu túmulo... Chorei bastante e Iris me consolou. Depois começou á chover e ás pessoas começaram á ir embora, só eu fiquei ajoelhada em frente ao túmulo dela, Tate e os outros estão mal e decidiram ir pra casa, quero dizer algo pra ela, sento que ela pode me escutar, mas só consigo chorar.

– Sinto muito... – disse alguém atrás de mim. Quando me virei lá esta Castiel... Castiel. Então o abracei, ele me apertou forte e voltei á chorar mais forte... Ele voltou.

– Sinto muito por não estar aqui nesse momento tão difícil, fui tão egoísta. – ele disse.

– Não precisa se desculpar. – falei e ele beijou minha testa.

– Me contaram o que aconteceu com Nathaniel... E que você está fingindo ser namorada dele, por que ele não se lembra que estava com Suzana. – ele disse. Já até imagino quem contou.

– É... O médico disse que esse é o melhor pra ele, por agora. – falei.

– É... – ele disse, então colocou uma flor em cima do túmulo de Laura e sorri com isso.

– Melissa, nós já estamos indo... – disse meu pai e parou quando viu Castiel. Minha mãe olhou surpresa pra ele e depois pra mim.

– Nathaniel quer te levar pra casa. – disse minha mãe.

– Ok. – falei tentando controlar minha voz que quer falhar.

– Não demore. – disse meu pai olhando com certa raiva para Castiel e então eles foram embora de mãos dadas... O que isso significa? Será que eles estão juntos novamente?.

– Acho melhor eu ir... A gente se vê depois. – ele disse beijando minha testa. Queria beijá-lo nos lábios, mas achei que esse não era o melhor momento.

– Ok. – falei e então ele se afastou, andei na direção da entrada do cemitério e Nathaniel esta encostado no carro me esperando.

– Hey... Está pronta? – ele perguntou.

– Sim. – falei. entrei no banco do passageiro e ele á do motorista, fiquei surpresa por Suzana não estar ali e achei que, o mais adequado, seria se eu dirigisse, mas ele disse que estava bem.

A viagem me pareceu longa, mas chegamos bem na casa dele, quer dizer, na casa da amiga de Ambre... Eles estão lá temporariamente. Nós entramos e ela esta vazia, senti certo medo de ficar com ele ali, sozinha, sei que ele não me fará mal, mas estou com medo de magoá-lo se ele quiser fazer algo que acha que pode fazer, já que pra ele, nós somos namorados.

– Quer alguma coisa? – ele perguntou tirando meu casaco.

– Não, obrigada. – falei e sentei no sofá, ele ligou á TV e sentou ao meu lado. Colocou seu braço direito em volta de meu ombro e me puxou para mais perto dele, meu coração começou á bater mais rápido e estou me sentindo mal com isso, então me afastei... Ele olhou surpreso pra mim, pela cara dele deve ter achado que estou passando mal ou algo do tipo.

– Você está bem? – ele perguntou.

– Não... Quero ir pra casa, pode ser? – falei e ele parece triste com isso.

– Mas você pode ficar aqui, cuidarei de você, prometo. – ele disse se aproximando de mim.

– Quero ficar sozinha. – falei.

– Não é bom pra você ficar sozinha depois de tudo que aconteceu. – ele disse e o olhei.

– Mas eu quero. – falei.

– Suba e deite um pouco em minha cama, quando acordar te levo pra casa... Você só precisa... – ele ia dizendo, mas acabei explodindo.

– QUERO IR PRA CASA, POR FAVOR, ME LEVA PRA CASA. – gritei de olhos fechados, por que não consigo fazer isso olhando pra ele. Quando os abri, Nathaniel esta surpreso, então ficou de pé e foi até á porta, á abriu, mas depois á fechou de novo... Ele esta irritado.

– O QUE FOI QUE TE FIZ PRA ME TRATAR DESSA FORMA? – ele gritou e esta chorando também. Então tentei controlar ás lágrimas que querem sair, mas elas acabaram saindo.

– Nada... – sussurrei.

– Então por que está me tratando assim? – ele perguntou sentando-se ao meu lado.

– Sou eu... Eu estou fazendo algo muito ruim com você. – falei chorando.

– Não estou entendendo. – ele disse.

– Eu menti pra você. – falei e o olhei, ele esta me olhando surpreso.

– Mentiu sobre o que? – ele perguntou.

– Nós não somos namorados... Você namora á minha irmã... Antes de o acidente acontecer vocês iam morar juntos e cuidar do filho de vocês. – falei, ele me olha cada vez mais surpreso.

– Mas... Mas ela não me falou nada... Por que? – ele perguntou.

– O médico disse que não seria bom contarmos isso pra você agora, mas não aguentei mais mentir pra você. – falei. Ele então ficou de pé.

– Esqueci que ela era á minha namorada e também do meu filho? – ele disse olhando triste, pra mim.

–... Suzana perdeu o bebê antes da corrida de orientação, mas não quis te contar, achou que não era o momento. – falei, então ele se sentou no chão e voltou á chorar.

– Eu sinto muito. – falei e então sai de lá. Para minha sorte ou talvez azar, Ambre acabou de chegar, ela olhou assustada pra mim e depois entrou correndo na casa, entrei no táxi em que ela veio e pedi para que me levasse até á casa de Castiel.

[...]

Quando cheguei, Castiel esta vendo TV... Jane me olhou de cara feia e depois foi pra cozinha. Castiel me chamou para ir me sentar ao seu lado no sofá e o fiz.

– O que houve? – ele perguntou.

– Contei á verdade. – falei, ele desligou á TV e olhou pra mim.

– Do que está falando? – ele perguntou.

– Contei pro Nathaniel á verdade... Ele ficou arrasado... Foi horrível vê-lo daquela forma, mas não aguentava mais mentir pra, não tinha mais forças pra continuar mentindo. – falei chorando.

Ele então me abraçou, foi tão bom abraçá-lo, estava me sentindo tão mal sem ele por perto. Foi ele que me deu força pra contar á verdade á Nathaniel, se eu tivesse contado pra Nathaniel e Castiel não estivesse aqui, realmente não sei como conseguiria continuar respirando. Estava me sentindo tão fraca sem Castiel por perto... Estou tão feliz que ele voltou.

– Calma... Estou aqui. – ele sussurrou em meu ouvido. Essas palavras fizeram com que eu me sentisse melhor, me fizeram sorrir... Ele está aqui comigo e não vai embora de novo... Não, ele não vai.