Stefano Mitchel Especial De Natal. escrita por Butterfly


Capítulo 5
Capítulo 5




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Pouco a pouco a escuridão ia ganhando a luz. A luz do imenso salão de Andrômeda ia ficando claro aos olhos do Herdeiro de Poseidon que despertava aos poucos, estava acorrentado numa masmorra fedida, com poças de água parada e ratos bebendo aquela água. Os vidros das janelas estavam fechados trazendo o calor ao lugar, Kaede tentava se soltar ou até invocar a Daylight, mas aquelas algemas eram douradas. Algemas que anulavam o seu poder.

-Gah... –Kaede não conseguia ficar parado, os pulsos já estavam em carne viva e inchados, o cheiro do sangue seco ainda era forte.

-Pode tentar o quanto quiser. –Andrômeda surgiu ao lugar, um sorriso satisfeito estava estampado em sua face. –Eu adoraria ver você se estrepar todo, ver você agonizando sozinho e implorando ao tempo pra não morrer. Porque não me dá essa maravilhosa visão agora?

-Ha. –O de cabelos azuis deu uma risada arrogante. –Andrômeda, essa sua aparência bela não me engana.

-Nada se esconde de você não é pequeno?-A aparência da mulher tomou forma da sua verdadeira, totalmente morta segurando o queixo do menor com uma das mãos. –A minha vontade é de arrancar essa sua pele e jogar pros vermes da terra, ou melhor, sua cabeça só pra não ter de olhar pra essa sua carinha fofa, tão irritante.

-Minha cara fofa é mais perigosa do que pensa. –Virou o rosto fitando o olhar pro chão sujo, a mão dela ainda segurava o queixo, somente a mão. –E trata de tirar a sua mão de mim, ela fede.

-Eu bem que queria te matar, mas não seria divertido. –A mulher saia deixando o jovem de cabelo azul na masmorra. –Pelo menos não feito por mim. –Foi a última coisa que Kaede conseguiu ouvir, seguido de um bater de porta ao longe.

Stefano passava pelo lugar, olhando em cada canto sem deixar escapar detalhes e teria de ficar mais atento, se quisesse se salvar e salvar a Rafael e impedisse Andrômeda de fazer o que ele ainda não sabia. Ao pensar que o jovem estaria hipnotizado ele estava liberado pra andar em qualquer lugar, desde que não pusesse os pés pro lado de fora.

Esquente, esquente...
Esquenta.
Até ouvir o seu grito, o seu implorar.
Enquanto sua carne queima nas chamas do inferno.

O jovem de olhos vermelhos ouvia a voz de Andrômeda como se fosse um verso de um poema, um poema sombrio e macabro. Apenas por uma fresta da porta aberta, via-se a mulher numa biblioteca com aquela mesma aparência morta, debruçada sobre um balcão de madeira com um livro grande.

-Poseidon vai pagar caro, pena que Anfitrite já esteja morta. –Falava consigo mesmo. –Mas, não tem problema. Já aquele verme de cabelo azul é o suficiente. –Deu uma risada baixa.

Stefano correu muito rápido, até estar no salão se recostando em uma das paredes. O coração estava acelerado e uma expressão de pânico estava estampada em seu rosto, se perguntando como Kaede havia sido capturado e o mais importante: Como iria salvá-lo?Uma ânsia de vômito tomou conta do seu estômago o empurrando até o jovem vomitar ali mesmo no chão.

-Cof cof. –Limpou um filete de saliva que escorria pelo canto da boca.

 Em God Academy os herdeiros com a equipe escalada já saíram, Christopher havia ficado para proteger o lugar juntamente com os outros herdeiros caso os ataques acontecessem de novo. Os outros entraram no portal e foram transportados para África, agora saber o caminho para onde Andrômeda estava escondida. Fora de questão.

-Que venham. –Tâmara emanou a sua daylight, com a energia prateada que canalizou por todo seu corpo sumindo concentrada na palma da sua mão como uma esfera. –Lobas prateadas.

A energia se multiplicou caindo ao chão tomando a forma das lobas, que apareceram sentadas no meio da vila.

-Encontrem Kaede. –Ordenou com um lenço xadrez que Kaede gostava de usar no pescoço, as lobas o cheiraram e imediatamente obedeceram correndo pela vila separando-se, farejavam o chão procurando rastros do herdeiro de Poseidon.

-Também vou ajudar. –Martin assobiou e um falcão de penas vermelhas desceu dos céus, pousando em seu braço. –Acompanhe as lobas, mas nada de flertar hein.

-Martin para de palhaçada. –A morena cruzou os braços.

-Ouviu a madame. –Deu uma risada baixa liberando o falcão, voando aos céus acompanhando a busca.

-Chave ocular. –Um dos olhos do leque de Kamilyana brilhou, o olhando por ele dando uma visão azul e pegadas brilhantes com um azul mais forte. –Pessoal, ele foi por aquela direção. –Apontou ao longe.

-Como sabe?-Martin perguntou.

-Por que é azul, a cor do Kaede. –Respondeu. –Se fosse você seria vermelho.

-Como seria eu, e a Mandy?Ela também é vermelha.

-Eu sei diferenciar as cores, minha chave ocular não é daltônica.

-E do Stefano seria preto. –O ruivo caiu na risada.

-Ele disse preto. –Um dos moradores gritou enquanto os outros encaravam os herdeiros começando a correr atrás deles com enxadas, tochas e machados.

-PEGUEM ELES...

-Tinha que ser você. –Tâmara revirou os olhos enquanto corria.

-Esquenta não, eles esquecem daqui a pouco. –O ruivo respondeu.

-E ainda ri, faço minhas as palavras da Tâmara. –Mandy corria juntamente com os outros.

A masmorra fedida onde o herdeiro de Poseidon esquentava lentamente, no inicio tinha sido difícil de notar, porém agora a temperatura era insuportável. Até mesmo os ratos e outras pequenas criaturas que ali habitavam saiam pelas frestas das paredes, até mesmo o menor ser vivo sabia que se ficasse ali acabaria cozinhando.

O ferro quente tocava em suas feridas causando queimaduras de terceiro grau, pedaços de sua carne grudavam nas algemas, até o suor já se esgotava, parando de descer por seu corpo. De nada adiantaria gritar, Kaede mordia os lábios sentindo sua pele começar a se desfazer.

Talvez fosse o calor intenso que estava começando a mexer com sua capacidade de raciocínio, contudo o oriental soltou uma risada baixa, seguida por uma gargalhada alta de puro deboche.

– Isso é divertindo pra você Poseidon? Aproveite o teatrinho! – Disse meio alucinado pelo calor, sua visão começava a ficar turva e borrada.

A temperatura do lugar estava esfriando e ficando mais fresco, Andrômeda surgiu em sua frente.

-Confortável?

– Tem medo de se queimar? – Provocou, ainda sentia vontade de rir daquela criatura deplorável.

-Impressionante na sua situação você consegue provocar. -A mulher ria, estava no momento em sua bela forma. -Mas tudo bem, será a última vez que vou olhar pra sua cara, e ele também. -Deu espaço pra Stefano entrar até ele parar atrás de Andrômeda, apenas fitava Kaede preso ali.

– Você fica melhor com a outra cara, é menos feia. – Ver o herdeiro de Hades ali mexia com o menor, no entanto, não era hora de demonstrar isso, não agora. Uma resposta arrogante seria sua melhor defesa.

-Dói não é?Ver a pessoa que você ama. -Abraçou ao moreno. -Com outra pessoa, ele será perfeito para abrigar a alma do meu Perseu. Jovem, bonito e poderoso.

– Blá, blá, blá... Te ouvir é mais doloroso que a tortura.

-Stefano deixe-o aí por enquanto no frescor, se a Daylight dele evaporar não adiantará muita coisa. -Andrômeda seguiu seu caminho, Stefano foi logo atrás piscando o olho pra Kaede numa forma de dizer "não estou hipnotizado".

O jovem de cabelos azuis deu um sorrisinho, tinha entendido o recado.

-Stefano você é um jovem bem bonito e interessante. -A mulher seguia com ele até parar na porta da entrada das escada que dava pras masmorras. -Não era você. -Se virou. -Você também nunca me enganou, não sabia que esse lugar todo é anti daylight, ele estava sugando seu poder o mandando pra masmorra fritando aquele moleque.

-O que?

Gazes começaram a surgir de buracos na parede, Stefano tentou escapar, mas sem sua daylight era impossível.

-Um presente de Hades. -Sorriu enquanto via o jovem Stefano que caia tentando prender a respiração, quando ela diz "presente de Hades" é porque o tinha há muitas eras. -Enxofre de cérbero. -Chutou a cara de Stefano que desmaiou, a última imagem que teve antes de desmaiar foi Andrômeda fitando a si, com a verdadeira e monstruosa aparência.

Já era noite e finalmente depois de muita correria e dor nos pés, os Deuses resolveram apagar a memória dos Africanos e os Herdeiros a se hospedar em um Hotel.

-O Martin conseguiu um quarto só pra ele. -Kamilyana levantou-se da cama. -Vou tomar um banho. -Entrou no banheiro.

-Preocupada com o Kaede não é?-A ruiva Mandy fitou a Tâmara.

– Um pouco, eu sempre cuidei daquele moleque. – Deixou-se na cama usando os braços como travesseiros e cruzando as pernas.

-E qual a minha participação nisso?-Deu uma risada baixa. -Lembra de como ele era quando chegou na academia?Ele tentava imitar o Martin em tudo.

– É, mas pelo visto serviu pra alguma coisa. Hoje ele tem um preparo melhor do que muitos exibidos da academia.

-O Martin serviu pra alguma coisa.

-EU TO OUVINDO HEIN. -A voz de Martin foi ouvida do outro quarto.

-Olhe. -Mandy extendeu a mão revelando o anel de Stefano. -Ele deve ter deixado cair, como recado sabendo que um de nós viria atrás dele. Devia estar querendo entregar ao Stefano. -Deu um palpite. -Achei na floresta.

– É possível, o Erva não é tão burro quanto parece, só as vezes. – A herdeira de Artemis concordou, fazendo um comentário que geraria uma briga se Stefano pudesse ouvir.

-E se ele tivesse deixado o anel em God Academy de propósito?

– É uma teoria.

-Espera aí, as suas lobas poderiam ter detectado algum cheiro estranho. -Mandy levantou-se de sua cama sentando na de Tâmara. -Conheço pouco dos cachorros, quando um cachorro coça o focinho é porque sentiu cheiro de algo podre, algo morto... Será que...?-Levantou a sobrancelha dando a entender a sua dedução. -Eu vi uma de suas lobas fazer isso.

– Vamos seguir essa pista amanhã, a gente não ajuda nada perambulando por aí como um bando de zumbis. – Tâmara se enfiou debaixo das cobertas, se acomodando. Precisava pensar com calma sobre as evidencias.

-Amanhã é véspera de Natal. -Respondeu. -Só espero resolvermos isso o quanto antes.


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