The Paty escrita por Lyssia


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Um Natal de união, assim, a paz, a alegria e o amor serão consequências ^^



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Os vestidos longos, cheios e elegantes, balançavam ao ritmo da música, seguindo o corpo de suas donas, que por sua vez eram guiados por seus pares, sendo estes irmãos, noivos, pretendentes, maridos ou pais. Uma pequena orquestra tocava. Os garçons e as serventes passavam por entre os convidados servindo bebidas, enquanto na mesa repousavam todos os pratos natalinos do lugar, com o peru bem ao meio da mesa, recebendo seu típico destaque. Um pinheiro relativamente grande fora decorado, bem ao centro do salão, com bolas vermelhas e prateadas e pequenos anjos e pinhas de madeira.

Uma jovem húngara, cujos cabelos castanho-claros estavam soltos e enfeitados por uma bela tirara dourada, havia se sentado em uma mesa próxima à pista de dança, lugar onde conseguiu ouvir e ver com perfeição a orquestra habilidosa. Tomou um gole do champanhe caro, soltando um suspiro entediado. O pianista austríaco, Roderich Edelstein, observava-a quase que com encanto. Parecia que aquela bela mulher sempre lhe seguia, e sempre estava em uma das cadeiras mais próximas de onde tocava. Talvez ela estivesse apenas atrás de outra pessoa da orquestra. Mesmo que uma vez tenha aparecido em uma festa em que tocou sozinho, poderia ter achado que o outro homem, o que amava, estaria lá. Mas, ainda assim, não podia deixar de sentir-se esperançoso.

Já ouvira falar dela, algumas vezes. Raramente eram palavras gentis. Elizaveta Hedaevary era filha única de um nobre casal húngaro fabricante de vinhos. Com sua personalidade forte e às vezes pouco delicada, a morena assumira o papel de herdeira sem procurar um marido que tomasse suas decisões, seguiu em frente com os negócios da família com a virilidade que faltava a muitos homens, quase que dobrou suas riquezas e espalhou o nome Hedaevary pela Europa. Além disso, era uma mulher muito bonita, com feições contraditoriamente delicadas, cabelos castanho-claros cheios e olhos verdes chamativos e brilhantes.

Seu maior defeito, na opinião do pianista, era justamente a atenção que chamava. Elizaveta era uma figura conhecida e mal vista, que as mães orientavam os filhos a não se aproximar e os homens olhavam com desprezo e zombaria. Roderich, com seu jeito diplomático e discreto de um nobre aristocrata, não gostava da ideia de ser apontado na rua por não ter as companhias certas e esta era a principal razão de não ter falado com a moça até o presente momento. A outra era o medo de ter entendido tudo errado.

Porém, de alguma forma, quando já passava de uma da manhã e algumas pessoas se retiravam, o pianista abandonou se amado instrumento e foi a passos duros até a mulher. Ela, agora sem máscaras para impor respeito, parecia cansada. Empresários e empresárias como ela nunca paravam, afinal. Mesmo assim, ele não acreditava que fosse ser mais fácil construir um diálogo. Percebeu que estava certo ao parar em frente a jovem e receber um olhar duro como saudação. Pensou em sorrir, porém apenas manteve a face impassível e a olhou nos olhos.

– Posso me sentar com a senhorita? – perguntou com o tom macio, mas ao mesmo tempo firme, que tinha o costume de usar, recebendo um meio sorriso divertido como retribuição.

– À vontade, pianista. – o austríaco sentiu um reboliço de emoções ao ouvir a voz suave, que tão bem combinava com aquele rosto. Murmurou um “obrigado” e sentou-se, percebendo que a húngara mantinha o sorriso. Elizaveta pôs os cotovelos na mesa e apoiou o rosto em suas mãos entrelaçadas. – Diga-me... sabes quem sou, pianista? – Roderich sentiu-se desconfortável diante daquele olhar intenso, poderoso, começava a se arrepender de dar aquele passo.

– Claro que sei, senhorita Hedaevary. – viu o sorriso da mulher aumentar. Aceitou uma taça de vinho do garçom que lhe oferecia e tomou um gole, sem desviar os olhos. No fundo, sentia-se como uma presa que, se não cuidasse de observar seu predador, seria devorada.

– Isto é surpreendente. Não é comum que homens venham falar comigo. – sorveu um pouco de seu próprio vinho. – Sinto que estou em desvantagem, pianista. – e sorriu mais amigável. – Como te chamas?

– Roderich Edelstein. – respondeu, sentindo-se mais relaxado, pela primeira vez na noite.

Muito depois Roderich ainda se lembraria dos beijos com sabor de vinho, da macies da pele alheia, da textura sedosa dos fios castanho-claro, dos lábios que foram tingidos pelo vinho, das unhas compridas que passavam por seus braços magros, das mãos delicadas que se entrelaçavam com as suas longas e magras mãos de pianista. Elizaveta era uma perfeita tradução de poder e riqueza. Mesmo quando fora embora, com os cabelos desarrumados e um sorriso de moleque arteiro no rosto, ele ainda enxergava sua nobreza.

Ele soltou uma pequena risada quando, anos depois, via Elizabeta esbravejar e tentar acertar um velho amigo de cabelos brancos e olhos vermelhos. A lareira estava acesa, um pinheiro decorado e meias natalinas decoravam a sala. Poucas pessoas estavam ali, apenas amigos próximas e seus familiares. Roderich passou a tocar, no enorme piano de madeira escura, uma música qualquer. Depois daquela noite, e de algumas seguintes, ele entendeu que não havia porque se intimidar com o que os outros pensavam ou diziam. Aprendeu com Elizaveta que não havia problema deixar que falassem, enquanto ainda fosse você mesmo.



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Notas finais do capítulo

One-shot dedicada a Liri-chan (Lirium-chan), Haika (VampireWalker) e Kaori-sempai. Não se se irão gostar, mas foi com a melhor das intenções =x
Eu ia fazer um final bem trágico e triste, mas acho que o espírito natalino me contagiou e acabou saindo esse treco água-com-açúcar -q
Amanhã provavelmente eu vou postar algo mais dramático, então tudo bem XDDDDDDDDDD



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