O Despertar escrita por Beel


Capítulo 7
Capítulo 6 ~ Sono profundo.


Notas iniciais do capítulo

Voltou a ser o Dray a narrar.



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     Andando pelos corredores da casa, no qual eu achara que não havia fim, tentei procurar retratos ou quadros, mas não achei nenhum que me lembrasse de nada, havia várias fotos da Glaucy com pessoas desconhecidas e maioria das fotos estava com a Brooke, as duas sempre sorrindo, também havia pinturas famosas que eu acho, somente acho que eram replicas, vi a famosa pintura ”O Grito” e senti um arrepio nos braços, sempre tive medo daquela pintura, vi também a “Monalisa” e percebi que o sorriso da Glaucy era mais encantador. Passo em frente a um espelho e me olho, eu estava todo acabado, mas mesmo assim a camisa verde-água e a bermuda branca me caíram bem. Continuo andando e me imagino em casa deitado na cama, comendo a janta que minha mãe fizera e depois indo dormir... Ouço um latido que interrompe meus pensamentos, tento seguir o barulho e graças a Deus encontro a Ruffy, ela estava balançando o rabo, não me lembro em que parte da conversa ela fugira ontem, mas sei que ela foi rápida para fazer isso. Eu a peguei, a ergui para olha-la nos olhos e perguntei:
      – Você me entende? – Ela assentiu balançando a cabeça e eu franzi o cenho.
     – Pode me levar ao quarto da Glaucy? – Ela novamente assentiu e também lambeu minha bochecha, eu a botei no chão e a segui.
      Tentei seguir andando rapidamente, mas se fizesse isso ela me deixaria para trás, então corri lentamente atrás dela, ela andava naquela velocidade com a elegância de uma cadela quando anda, suas orelhas cor de mel balançava ao vento. Vejo que ela para em frente ao um quarto após passar cerca de uns dois minutos correndo atrás dela. Entro no quarto sorrateiramente e vejo Glaucy deitada na cama e agradeço baixo por ter entrado no quarto certo.
     – Obrigado. – Me dirijo a Ruffy e ela saiu correndo batendo as orelhas novamente no ar, ela parecia satisfeita quando a agradeci.
     – É aqui onde nossas vidas começarão a mudar? Dizer, a nossa não, hum... Ficou estranho, tipo só a minha... Ta-anto faz... – Gaguejei e senti o sangue subir a cabeça.
     Esperei alguma resposta como “Não existe “nossa” na frase que você disse” ou alguns xingamentos que prefiro não citar, mas não ouvi nada, infelizmente nada. Sentei-me ao lado dela e peguei a mão dela.
     – Você podia dar uma resp... – Tudo em volta de mim se escureceu de novo, então percebi que tinha entrado na mente da Glaucy.
     Vi novamente aquela porta branca e em volta tudo preto, a luz da porta machucava os meus olhos, mas não tanto como da primeira vez, acho que já estou me acostumando com isso. Como sempre a porta me sugou. Eu estava esperando a Glaucy vir falar comigo, ou me esperando perto do lugar, mas tudo desta vez foi diferente, não parecia ser uma memória o local onde estávamos, parecia ser somente um local devastado, escuro, mas nem tanto, pois havia vários prédios, árvores e casas pegando fogo, havia também vários escombros no chão. Decidi andar um pouco e procurar algo, caminhei evitando os escombros do chão para não tropeçar, depois de um tempo ouço um barulho de alguém chorando, sigo o barulho e vejo uma garota sentada em cima de um grande escombro, ela estava com suas mão no rosto encobrindo as lagrimas, seus cabelos eram loiros, mas a luz do fogo os deixava em um tom laranja, suas roupas que já foram brancas estavam sujas e um pouco rasgada. Então gritei o único nome que veio a cabeça.
     – Glaucy. – Não sei do motivo por eu gritar o nome dela, não era ela, não podia ser ela.
     Ela tentou controlar o choro e parou de soluçar, mas as lagrimas continuavam a descer, ela olhou para mim, mesmo estando longe pude perceber seus olhos dourados e sua íris estava afinada como a de um gato.
     – Fuja! Não quero te machucar.
     – Glaucy... – Andei um passo em direção ao local onde ela estava e ela em resposta recuou um passo e perdeu o equilíbrio e quase caiu, mas ela se restabeleceu.
     – Fuja! – Dessa vez sua voz ecoou por todo o local.
     – Não conseguiria fugir daqui mesmo se quisesse, não sei como fazer isso.
     – Dê um jeito, não está dando mais para segurar... – Sua voz parecia mais estridente e bem mais firme, parecia quase um rosnado de um tigre... Isso deve ser um sonho, só pode, eu estava cansado e nem percebi quando cai no sono. Talvez se eu gritar alguém que esteja acordado possa ouvir e me acordar talvez...
     – Vá logo! – A cor dos seus olhos ficaram mais intensas, mais do que da ultima vez.
     Senti minha mão doer um pouco e Glaucy olhou para a mão que eu toquei antes de estar aqui.
     – Ruffy. – Deu um sorriso e juro por Deus que ela ronronou igual a um gato. – Ele vai separar... – Ela parou de falar e apertou os braços contra a barriga e caiu de joelhos, ela abriu a boca como se tivesse gritando, mas não ouvi nada.
     Comecei a ficar invisível, mas antes de desaparecer por completo eu gritei.
     – Juro que virei te buscar, ou te acordar ou seja lá que f...
    Contemplei a porta mais uma vez, mas desta vez eu senti uma mão me tocando nos ombros e ouvi uma voz dizendo “Talvez seja melhor não me acordar, eu acordo de mal humor.”. E mais uma vez a porta me sugou, sabe qual é a sensação de ser puxado por ela? É como você estivesse girando no ar e indo e começasse a cair em direção ao um chão branco que brilhava e parecia que se você olhasse muito iria fica cego.
     Quando eu “voltei” vi que tinha uma lagrima no olho da Glaucy, mas fora isso nenhum movimento do corpo, nem um soluço, nada, só uma lagrima que escorria pelo seu rosto. Vi a Ruffy mordendo minha mão, parece que ela não gosta desses troços de memória, ou seja lá o que for. Olhei para o relógio de pulso e vi que eram 6 horas e voltei a andar pela casa atrás de comida, estava com fome, com o corpo doendo, mas não sentindo sono. Hoje o dia já começou bem e agora depois do café da manhã iremos ao centro de tudo e acho que o dia não melhorará, tento pensar em um nome para o local onde vou e escolho Central, pois é simples. Depois de alguns minutos andando achei a cozinha, foi a maior felicidade do dia, na geladeira tinha tudo que você pensasse, peguei um copo de leite e um pacote de biscoito de chocolate no armário, o básico, já que eu era visita. De repente umas 7 pessoas entraram na cozinha correndo e um deles gritou:
     – Saia daqui garoto. – Disse o que parecia ser o chefe.
     – Ham? – Fiquei confuso, não entendi nada, quem eram eles? Por este motivo fiquei parado. Uma mão me puxou do meio deles e me arrastou para fora da cozinha.
     – Quem é você? – Falei me alterando por causa do susto. Viro-me e vejo que era a Brooke quem me puxara. – Quem eram eles?
     Brooke estava vestida com uma camisa branca e um short branco, tinha um enorme laço branco na cabeça, esse laço prendia seu espeço cabelo negro em rabo de cavalo que ia até metade das suas costas, ela estava calçada com um all star branco, no seu pescoço havia um colar dourado com um pingente de um ankh, se não me engano é um hieróglifo egípcio que significa vida, por isso não a reconheci de primeira, nunca tinha a visto de branco, sempre preto.
     – Sou a Brooke. – Ela falou rindo. – Eles são os cozinheiros, acredite, eles ficam muito bravos quando alguém os atrapalham. – Ela disse apontando para um deles. – Graças a Deus eles não perceberam você.
     – Brooke, tenho que falar com você, é meio urgente, eu acho.
    – Tá, mas primeiramente vamos comer algo, você deve estar com fome. – Levantei a mão de modo que ela pudesse ver o pacote de biscoito que restava apenas 4 biscoitos. – Ah, você já comeu? – Levemente a sua sobrancelha se ergueu expressando duvida. – Até que você acha as coisas rapidamente, o assunto é sobre o que mesmo?
     – O assunto é sobre a Glaucy, depois que eu troquei a roupa fui ao quarto da Glaucy como avisei que faria, foi horrível achar o quarto dela nessa enorme casa, mas a Ruffy me ajudou a achar o caminho, a falar nisso como que vocês conseguem tanto dinheiro? E a Ruffy me entende a falar nisso. – Ergui um sorriso.
     – Seu pai cuidou de filhos de pessoas ricas e ele também era bastante renomeado por ser um ótimo médico e um cirurgião milagroso, os pais das crianças ricas que foram operadas queriam dar uma boa vida a elas, então doam dinheiro mensalmente, mas com o sumiço do Brake eles estão os retirando das casas e da escola, mas alguns pais confiam no Brake o suficientemente ou não querem novamente seus filhos em casa e o que isso tem a ver com a Glaucy? – Perguntou ao final da mini palestra.
     – A é, odeio esquecer de fazer as perguntas importantes primeiro das secundarias... – Afirmei. – Eu peguei a mão dela e a gente se “conectou”. – Fiz umas aspas no ar.
     – Você viu o que? – Perguntou.
     – Estava tudo escuro, parecia que ela estava perdendo a sanidade, se transformando pouco a pouco, mas as vezes ela se recuperava, os cinco meses pode ser muito para ela, parece que tudo estava caindo e ruindo... Ela precisa de nós. – Senti uma lagrima rolando no rosto, cocei para tira-la e disfarçar.
     – Na verdade ela precisa de você, você é o único que sabe onde seu pai estaria. – Ela me encarou, olhando nos meus olhos e sugando todo tipo de informação que eu podia ter.
     – Brooke eu nem sabia o nome dele. – Sustentei o olhar.
     – Na casa da minha avó? – Parecia mais uma pergunta do que uma resposta, mas era o único lugar que explicaria, meu pai gostava muito da sua sogra, pois ele não tinha mãe, igual a mim, quando ele nasceu a mãe dele morreu ou alguma coisa assim, não me lembro de todos os detalhes, pois minha mãe sempre chorava e se recusava a falar algo dele, para ela devia ser um assunto delicado e doloroso. Uma lágrima desceu no meu rosto, seguida de outra, estava perdendo todas as pessoas que eu tanto amara, primeiramente a minha mãe, que foi a primeira mulher que eu amei, logo em seguida veio a Glaucy que estava pouco a pouco sendo destruída por dentro. Desceu mais uma lágrima dos meus olhos. Brooke pareceu confusa, perdi o equilíbrio e me ajoelhei no chão, comecei a chorar e a soluçar, minha barriga doía, por isso eu a apertei. Por que essas coisas acontecem só comigo? Quem será a próxima? Brooke? Não, não deixaria. Sinto alguma coisa me puxar para cima pelas axilas e vejo que era Brooke que me levantava, seu cabelo estava na frente do rosto.
     – Vamos achar o meu pai, mas primeiramente vamos para a central, quero ser forte o suficiente, ao menos para me levantar sozinho. – Ela deu um sorriso de escárnio.
      Subi nas costas dela como de costume, por enquanto eu teria que ser um fardo nas costas da Brooke, literalmente, mas espero um dia ser um apoio para ela, Brooke foi andando calmamente pela casa e eu gritava nas costas dela chamando a Ruffy, depois de alguns minutos sinto um lagarto na minha cabeça e percebo que era ela.
     – Ruffy está presente, agora temos que falar com Dalton.
     – Teríamos que falar com ele de qualquer forma, ele é o atual presidente da Central, ninguém entra sem a autorização dele e muito menos sai de uma sede sem a autorização. – Brooke correu até o Dalton e falou algo para ele, ele assentiu e nos desejou boa sorte, e mandou eu tomar conta de não abrir a boca durante o percurso, pois teria a chance de engolir algum inseto e fez uma breve piadinha sobre isso.


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