POV Davi ON

Argh. Aula de Geografia. Sabe, se tem um professor que eu odeio é esse daí. Esse tal Leôncio tá mais para professor de política, tem que ver em época de eleição.

Quando o sinal tocou, finalmente, todos saíram da sala, ficando apenas alguns grupinhos de garotas. Ficaram só ela mesmo, porque eu saí assim que pude.

Não gosto de ficar em lugares públicos, digo, eu estava na escola, mas eu não gosto de ficar onde tem alguem por isso que eu geralmente fico atraz da escola, na lateral do ginásio, mas pelo lado de fora. Já me chamaram de fumante de maconha por sempre ir para lá, mas pouco me imoporta, eu sei que é mentira.

Coloquei as mãos nos bolsos e caminhei até lá. Bem, ao sair do prédio da escola, em direção ao pátio, os alunos podem escolher uma entre suas opções: a) continuar em frente e ir para o pátio, que eera lotado; ou b) virar a direita e ir para a "ultima mesa" ou para o "cantinho da maconha". Esse ultimo aí era exatamente para onde eu queria ir, até que vi um certo tumulto no pátio.

As pessoas ficavam cochichando e olhando para a "ultima mesa" como se tivesse um Alien lá.

A verdade é que nunca ninguem ia para a Ultima mesa, a não ser que estivesse num encontro. Seja daqueles romanticos para casais, ou daqueles onde a gente apanha mesmo. Eu já fiquei no meio de uma briga na ultima mesa, mas geralmente são mais discursões entre meninas.

Olhei em direção a ultima mesa e vi que hoje tinha alguem lá. Estava de costas para todos nós, mas eu via que era uma garota. Eu soube de primeira que não era aluna pois tinha cabelos volumosos e longos, cacheados e ruivos. A única ruiva da escola, ruiva falsa, era Giovanna, do nono ano, e ela tinha um certo ódio por cabelos cacheados.

Vendo todo aquele drama dos alunos, pareciam um bando de macacos secando uma banana, decidi acabar com aquilo.

Eu sabia que se as pessoas achassem que ela me conhecesse iam parar na hora de secá-la. Afinal, eu era inconfiável e pegador, mas eu também era um dos caras que mais colocavam medo ali.

Caminhei pelo gramado até subir o degráu da Ultima mesa. Lá tinha um guarda-sol de palha, portanto aquela luz maldita não estava me atrapalhando. Era só luz mesmo, claridade, porque o dia estava pesado, nublado. Eu olhei para a garota por certo tempo, ela não estava me vendo. Não era pra menos, estava de olhos fechados.

Reparei que ela tinha a pele clara, mas não pálida. Tinha sardas no rosto, na região do nariz e das bochechas. Ela tinha os cabelos bem cacheados, e os cachos eram muito bem definidos e não eram pequenininhos nem grandes, eram mais ou menos cachos com o diâmetro de um dedo. Dava vontade de colocar o dedo lá e ficar brincando com os cabelos dela. Eram realmente peculiares e lindos.

Depois de alguem tempo olhando para ela, temi que estivesse dormindo e logo praguejei.

Ela abriu os olhos um pouco assustada e me olhou.