Caixa Postal escrita por Evangeline


Capítulo 34
Capítulo 34: Saudade de falar seu nome.


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei extremamente decepcionada, por isso que eu demorei para postar. Vocês demoraram tanto para comentar o ultimo capitulo, e houve leitoras que sequer comentaram ainda. Eu só conseguir escrever este capítulo porque apareceram leitoras novas, o que me animou um pouco. Ç_Ç
Justamente por minha decepção, o capítulo ficou menor do que imaginei, e muito pior do que eu planejada, então sintam-se culpados(as). u-u



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Conversei com Sophia e Thiago. Conversamos muito, em torno de 4 ou 5 horas numa mesma conversa, com sempre a mesma questão: Vamos ou não, contar tudo à Juliana? Sobre a mãe dela te-la deixado por um acordo, sobre ela ter uma irmã gêmea e sobre a minha mãe... Bem, sobre a minha mãe foi uma discursão que tive com minha própria mente... Mas eu realmente acreditava que ela só devia saber de tudo quando se recuperasse, quando voltasse para casa...

Por outro lado, acho que isso tudo já ficou escondido por tempo demais, e que ela ficaria completamente irada se não contássemos logo. Mentir estava completamente fora de questão. Ah, mas que situação complicada.

Fazia duas semanas que ela estava no hospital. As queimaduras melhoraram visivelmente, ela parecia não sentir dor ao respirar, o braço já estava engessado, assim como a perna... Mas ela ainda não havia acordado, sequer aberto os olhos. Eu ainda fiquei dormindo no hospital, quando ela acordasse eu queria estar lá.

Bem, a minha mãe? Nos dois domingos que eu fui em casa meu pai conversou comigo sobre eu ter brigado com ela. Claro que ele me apoiou por um lado, mas por outro ele estava certo, ela é a minha mãe, eu não posso simplesmente gritar com ela e sair. Mas ela mereceu. Mesmo eu me sentindo cruel, eu não me arrependi de uma palavra sequer, não me arrependi de nada, nem do tom que usei. Eu acho que ela mereceu, eu não tenho como respeitar minha mãe como mãe, se ela nunca me respeitou como filho.

Eu estava em plena quarta-feira, mais uma vez sentado no sofá olhando a Juliana dormir. Eu não sabia bem se ela estava dormindo, mas pelo menos eu sabia que ela estava consciente. Ela conseguia apertar minha mão, e as vezes franzia o cenho. Sua pele começara a voltar a cor normal, ela até corava as vezes.

Ficar daquele jeito por duas semanas me fez pensar muito... De vez em quando Christiane e Charlotte ligavam para ter noticias, mas o Lucas me ligava todo santo dia. Perguntava coisas, e quando eu falava das reações dela e sabia de cor, quando eu falava sobre algum remédio que ela tomaria, ele sabia dizer se ela era alérgica, se ela não gostava, ou até mesmo se ela sequer já havia tomado. Me senti um inútil. Eu não sabia nada sobre ela.

 Me aproximei da cama e fiquei ali, como eu já havia feito inúmeras vezes, olhei seu rosto sereno, eu queria ver um sorriso nele.

Suspirei.

- Como vamos te explicar...? – Sussurrei. Segurei sua mão, como era de costume, e ela retribuiu ao aperto.  Aproximei meu rosto do seu e beijei sua testa devagar. O sol estava no céu, e entrava pela janela parcialmente, iluminando com um belo laranja amarelado todo o quarto...  Seu rosto estava lindo... mas até quando ela chorava desabafando em seu quarto ela me parecia mais bonita... Parecia mais viva.

Eu já havia cansado de me perguntar quando ela acordaria, mas o pensamento sempre me invadia.

Foi quando eu vi.

Finalmente, as pálpebras se mexiam.

Finalmente elas se abriram.

Se abriram muito pouco, piscaram algumas vezes até a pupila ficar pequena e sua isão se acostumar com a luz. Ela me olhou.

Ela sorriu.

Eu soltei um riso estranho e me apoiei na cama para vê-la melhor.

- Juliana... – Falei passando a mão por seu rosto. – Bom dia dorminhoca. – Eu falei baixinho brincando. Ela abriu um pouco mais seu sorriso fraco.

- Bom Dia. – Ela falou baixinho. Eu suspirei aliviado. O mesmo sorriso, a mesma voz, os mesmos olhos hipnotizantes. Ela suspirou. Tinha o sorriso fraco, nostálgico, o olhar era baixo, meio cansado.

- Vai dormir de novo? – Perguntei ao vê-la piscar lentamente algumas vezes.

- Paguei minha cota de pelo menos dois dias. – Ela falou me fazendo soltar aquela risada estranha de novo.

- Como se sente? – Perguntei. Ela parou por um instante para analisar o quarto.

- Atrasada. – Disse e eu ri novamente. – E com fome. – Disse.

- Agora que finalmente acordou, posso pedir pra enfermeira trazer comida. – Eu falei e puxei a poltrona para perto dela, ficando de mãos dadas.

- Quanto tempo se passou? – Ela perguntou.

- Duas semanas.

Ela parou um longo tempo, como se estivesse formulando mais perguntas.

- Onde está a garotinha? – Perguntou em seguida me deixando confuso.

- Garotinha?

- Sim, no acidente eu abracei uma garotinha, para o fogo não pegar nela. – Falou um pouco devagar. Isso explicava porque suas costas estavam abundantemente mais queimadas que o resto do corpo.

- Eu não sei, você lembra como ela era? – Perguntei. – Se souber, podemos perguntar às enfermeiras. – Ela assentiu lentamente com a cabeça.

- Você deve querer perguntar muita coisa... – Falei depois de suspirar. Ela voltou o olhar para mim.

- Você está aqui. – Disse me deixando sem palavras. Depois de algum tempo, ela ainda me olhava seriamente. – Por duas semanas. Você esteve aqui. – Continuou. Não eram perguntas, ela só me mostrou que sabia.

- Por quê? – Perguntou. Eu desviei o olhar e corei. É uma pergunta que eu acho que não devia precisar responder. Voltei o olhar para ela.

Depois de tanta demora minha, ela finalmente sorriu.

- Obrigada. – Disse com a voz doce que eu senti tanta falta.

Permanecemos daquele jeito apenas encarando um ao outro. Depois de algum tempo, percebi que eu fiquei com sono. Fazia quase quatro dias inteiros que eu não dormia.

- Eu estava com saudades. – Falei dando um meio sorriso.

POV Juliana ON

Eu podia até ter corado.

- Do que? Eu estive aqui deitada esse tempo todo. – Falei vendo-o sorrir depois que falei.

- Da sua voz, dos seus olhos e do seu sorriso. – Falou sem hesitar. Eu abri um sorriso idiota que o fez sorrir. Desviei o olhar.

- Eu também estava. – Falei. – Com saudades de abrir os olhos, e de controlar meu corpo... De falar com você. – Falei por fim. Ele sorriu.

Parecia querer dizer algo, mas ficou quieto. Bem, eu também queria falar algo, mas preferi ficar calada também. Ele apoiou a cabeça na minha cama e ficou me olhando pelo canto do olho com um meio sorriso... Eu estava com tanta saudade daquele meio sorriso, daqueles olhos negros, daqueles cabelos bagunçados. Eu suspirei e o vi fechar os olhos lentamente, até que ele dormiu.

Pousei a mão que recebia soro, e não a engessada, em seus cabelos, acariciando lentamente. Vi seu sorriso se desmanchar, anunciando que seu sono estava ficando mais pesado. Sorri parcialmente e fiquei observando-o dormir.

Agora que finalmente consegui tomar o controle de meu corpo, eu ficaria todo o meu tempo olhando para o Davi.

- Davi. – Falei por pura e simples saudade. Saudade de falar seu nome.


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Notas finais do capítulo

Eu só posto mais capitulos quando vocês tiverem em mente que esta fic não é movida a UM ou DOIS comentários, e sim a vários comentários.