Caixa Postal escrita por Evangeline
Notas iniciais do capítulo
Eu recebi ameaças à minha vida. ò.ó JESUS, ME PROTEJA.
Corri o mais rápido.
Deixei tudo para trás.
Procurei saber onde era o hospital para onde havia sido levada.
Tentei ligar para Christiane e para Charlotte.
Tentei ligar para o pai dela.
Nada.
Meu desespero estava num nivel alto ao ponto de eu não sentir as lágrimas caindo, não sentir a chuva forte que caia, gritar para o taxista, ignorar os seguranças na entrada, gritar com as enfermeiras e com a secretária.
Os minutos se passavam como horas, e as horas como dias. O hospital era longe. Eu estava impaciente, desesperado, a garganta parecia não me obedecer, meu corpo tremia.
Precisei me acalmar.
Eu não podia perder a única faísca de alegria da minha vida.
Os corredores se fechavam ao meu redor, o ar faltava.
Eu precisava vê-la.
“O acidente de ônibus... onde... onde estão... os pacientes do acidente...?”
A mulher pareceu um pouco aliviada e falou algo sobre eu ser a primeira pessoa que chegou, mas eu não procurava saber nada sobre o que ela dizia. Fui levado por um corredor, até que um médico apareceu para mim e disse que eu precisava me acalmar. Eu não queria me acalmar.
- Todas as vítimas do acidente estão aqui, mas estão inconscientes, sóq muem acordou foi uma menininha de aproximadamente 6 anos que sentava-se em...
- Eu não quero saber. – Falei cortando o argumento do médico. – Doutor, me diga. Dessa altura – Eu coloquei a mão horisontalmente indicando a altura de Juliana -, cabelos cacheados e ruivos, tem olhos escuros porém verdes, sardas no rosto... Por favor Doutor. – Implorei.
Ele me olhou seriamente.
- Preciso da documentação dela. Vou procurá-la. – Ele disse me levando a sério. – Não podemos dar prioridade a ela, temos vários pacientes em estado terminal. Preciso que espere lá no hall, quando eu achá-la eu lhe informo mas tenho certesa que não poderá vê-la. Os pacientes chegaram a menos de duas horas e as enfermeiras devem estas banhando e colocando todos em quartos. Não tenho como lhe dizer se ela acordou, ou nada sobre a situação. – Ele me encarou por um tempo e eu engoli seco. – O ideal é que os responsáveis dela cheguem com a documentação. Ela, assim como todos os acidentados, provavelmente precisará de uma cirurgia e só podemos realizá-la com a permissão dos resposáveis. – Eu assenti.
Fiquei no hall de entrada esperando. Já era oito da noite e eu tentava ligar para o pai dela. Ligando para o telefone fixo chamava e ninguem atendia, o celular dele só dava caixa postal. Liguei para as amigas dela inúmeras vezes e também só caía na caixa postal.
Logo recebi uma ligação da minha Tia Dulce, atendi e vi que era Pedro.
- O HOUVE GAROTO, QUER ME MATAR?- Ele berrou ao telefone.
Expliquei a situação.
- Cara, tem que falar com o pai dela logo. – Ele disse.
- Eu sei, mas só dá caixa postal... – Falei impaciente coçando a cabeça e sem tirar os olhos do corredor por onde o médico poderia sair a qualquer momento.
- Ele mora na sua frente não é? Vou tentar entrar em contato, tenta falar com as amigas dela. – Ele disse e eu ouvi muito barulho do outro lado da linha. Logo desligamos o telefone e eu começei a ligar freneticamente para a Charlotte, mas não consegui. Começei a ligar para a Christiane e finalmente ela atendeu.
- Alô?
- Chistiane, é o Davi.
- Davi? Ahm, oi...
- Oi, olha, você ainda está na casa do lago?
- Ahm, sim, porque?
- Eu só quero saber... – me controlei para não gritar. - ... porque a Juliana pegou um ônibus sozinha. – Eu disse palavra por palavra, tremendo até o pé de nervosismo.
Ela percebeu a minha irritação.
- Ela disse ter descoberto algo sobre a mãe dela, e fez um telefonema estranho. Não quis nos contar nada e foi embora, sem mala nem nada. – Explicou.
- E vocês deixaram?! – Eu perguntei quase gritando.
- Olha, eu nunca faloi contigo garoto, não tem o direito de falar assim comigo. Agora me explica o que houve. – Ela disse ficando com raiva, o que me fez dar uma risada irônica.
- “O que houve”, foi que o ônibus que ela pegou capotou e explodiu. – Falei deixando escapar uma lágrima e mais uma vez gritando com ela. Eu a ouvi prender o ar.
- Dav...
- E agora – eu a impedi – Ela está em algum lugar desse maldito hospital, o pai dela está incomunicável e só vai poder ser tratada do jeito certo se tiver a autorização dos responsáveis e a documentação.
Ela pareceu mais relaxada, mas ainda sim muito tensa.
- E-eu... – Ela ia começar mas parou para falar com alguem e o telefone passou para outra mão, Charlotte pegou.
- Davi, eu estou com o celular dela. Se ela falou mesmo com a mãe dela, posso entrar em contato. – Disse Charlotte rapidamente.
Um turbilhão de pensamentos sobre “talvez não seja bom a mãe dela aprecer do nada.” Mas eu só queria um maldito documento e uma maldita assinatura!
- Ótimo, estou tentando falar com o pai dela. – Eu disse e lhe informei onde era o hospital antes de desligar e tentar mais uma vez falar com o pai dela.
Logo o Pedro me ligou de novo dizendo que o pai dela estava trabalhando e que ele disse que assim que saísse de lá viria ao hospital.
QUE IDIOTA DE PAI ESPERA PARA SOCORRER A FILHA QUE ACABOU DE PASSAR POR UMA EXPLOSÃO DE UM MALDITO ONIBUS?!!
Fui ao banheiro para lavar o rosto.
Já era quase dez da noite quando o médico finalemnte apareceu pelo corredor e eu corri até ele.
- Eu posso lhe levar até o quarto dela, rapaz. – Começou me fazendo suspirar aliviado. – Nós a sedamos por três horas, o sedativo vai durar aproximadamente mais duas horas, e não poderemos repetir a dose já que não sabemos se ela tem algum tipo de alergia.
- Obrigado, Dr. – Falei realmente agradecido. Ele me olhou um pouco compreensivo e me deu as costas, pedindo que eu o seguisse.
Subimos por um elevador até o sexto andar do hospital e ainda costuramos por vários corredores até parar diante de uma porta branca e ele sinalizar para que eu entrasse.
Abri a porta devagar e as lágrimas começaram a escorrer sem medo quando eu a vi. Fiquei ajoelhado diante da cama, sem conseguir tirar os olhos dela.
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huhuhuhu, como será que ela está...? XD