–Então, qual a caçada?

Mal posso acreditar que estou indo em uma caçada com eles, estou tão animada. Já tinha ido a uma caçada antes, mas eu fui de metida e curiosa mesmo, agora é oficial, eles tinham me chamado para uma caçada! Quero dizer, eles foram meio que obrigados já que eu não posso ficar sozinha, mas não importa, eu vou caçar!

-Uma assombração do outro lado do estado, os ossos estão no porão da casa que o defunto e a família moraram. –Sam me explica.

-E o que vamos fazer?

-Salgar o corpo e queimar.

-Só isso? É só o que vocês fazem? Achei que teria mais aventura...

-Você chegou no fim da caçada – Sam diz com aquele sorriso encantador. Sorriso encantador? Sério Katherine Stanford? O que está acontecendo com você?

–Então é só chegar lá, tacar fogo no cadáver e pronto?

-Esperamos que seja só isso.

***

Chegamos na entrada de uma casa grande e velha, do tipo mal assombrada de filmes, só que essa era mesmo mal-assombrada. E ainda está muito escuro e frio, realmente estaria apavorada se não estivesse com os caçadores, não que eu não esteja com medo, estou um pouco, mas estar com os dois me conforta, mesmo depois deles terem tentado me matar.

Saímos do Impala e pulamos o muro da casa já que os portões estão trancados por cadeados gigantes.

-Pegue isso - Dean me entrega um revólver.

Eles me ensinaram como usar uma arma dois dias atrás, eu já tinha uma ideia de como se usava, eu havia visto em filmes, mas eles me ensinaram o modo certo de segurar pra o tiro ser preciso.

-Aqui tem balas de sal? Assim como pra demônios?

-Sim. – Dean confirma indo em direção a casa macabra.

-Demônios e espíritos são a mesma coisa?

-Não, demônios são seres do inferno, mas possuem muitas semelhanças com espíritos – Sam me explica enquanto anda ao meu lado. Ele é muito alto, tenho que olhar bem pra cima pra olhar seus olhos, isso que eu não sou baixa, tenho cerca de 1,70 m, mas o cara é grande tipo um carro, além de ser forte também.

Enquanto olho pra ele e não olho para onde ando eu tropeço em uma alguma coisa que estava no meu caminho e Sam me segura. Rio e agradeço um pouco sem-jeito. Estamos quase chegando quando eles param abruptamente. Dean vira e coça a cabeça.

- Bem, o fantasma só ataca mulheres, então Katherine deveria entrar na frente. A não ser que você queira ir Sam.

Sam dá um sorrisinho e diz:

-Não sei se é seguro ela entrar sozinha, o cara mata sem piedade.

-A garota pode sumir a hora que quiser. E Kath é bem esperta não é? – Ele fala dando um sorrisinho sacana.

- Sou sim – falo devolvendo o sorriso – o que devo fazer depois de entrar lá? É só chegar lá e ficar distraindo ele?

- Isso, mantenha ele longe do porão –Dean me diz.

- Tem certeza que quer fazer isso? Pode ser perigoso – Sam fala preocupado.

- Não se preocupe Sam, eu voltarei – digo virando as costas.

–Vá ao porão primeiro, ele vai estar lá, mas leve ele para fora do porão. – Dean segura meu braço e me diz, entregando uma lanterna que eu seguro com a mão livre, depois entrega um celular – ligue quando achar o porão, o número está discado.

Coloco o celular no bolço da minha jaqueta de couro preta, é a única que tenho agora que o último demônio que me encontrei ficou com a outra.

-Achem o corpo rápido. –É só o que digo virando as costas novamente e ando em direção à casa.

Não era bem o que eu esperava, vou ser a isca, claro que eu não ia ser uma das caça-fantasma, já foi muito me trazerem até aqui, mas para uma segunda primeira vez até que está bom, vou ter um papel importante em tudo isso.

Chego em frente a porta e respiro fundo. Giro a maçaneta e abro a porta de uma vez que faz uma barulheira típica de casa velha. Estranho a porta não estar trancada, ainda mais porque ao entrar vejo que ainda tem alguns móveis aqui. Ligo a lanterna e entro.

Não faço ideia de como chegar ao porão, além está muito escuro aqui dentro, só essa lanterna não ajuda muito.

Depois de muito tempo rodando a casa toda e me cagando de medo finalmente acho o porão, que é ainda mais escuro que o resto da casa, além de cheirar a podre.

Pego o celular e ligo pra Dean.

-Achei o porão, só falta o cara aparecer – digo ao colocar o telefone no ouvido. Mal posso ouvir a resposta de Dean porque o chiado que vem do celular é muito alto, então desligo e mando uma mensagem.

Finalmente achei o porão, estou esperando o fantasma assassino agora.

Desço as escadas rapidamente para o caso do fantasma retardado querer me jogar de lá eu já ter descido e aponto a lanterna para todos os lados em busca de alguma aparição, mas não tenho sucesso. O celular vibra e me faz dar um pulo. É uma mensagem de dos meninos.

Tudo bem, avise quando pudermos entrar.

É a resposta deles. Deixo uma mensagem pronta para quando o espírito aparecer eu não perder tempo escrevendo.

Entrem agora!

Fecho o celular dando mais alguns passos atenta a cada micro barulho, então tropeço em algo. Depois de xingar baixinho aponto a lanterna para ver no que tropecei. Era uma cabeça. A cabeça de uma garota jovem e bonita. Dou alguns paços pra trás e vejo o corpo da garota um pouco mais pro lado da cabeça.

Tapo a boca para não gritar e giro para continuar a busca pelo porão quando duas pernas invade a luz da mina lanterna. Levanto a luz e vejo o espírito de um homem velho e barbudo com um machado em uma das mãos. No susto eu engatilho a arma e atiro nele, o fazendo sumir.

Mando a mensagem e me teleporto até o outro lado do porão.

O velho aparece no mesmo lugar que estava quando eu atirei nele, vem em minha direção e tenta me dar um golpe com o machado mas eu desvio e saio correndo para a escada, mas sou interrompida quando jogada na parede ao lado. Coloco a mão na cabeça e sinto algo líquido. Sangue. Atiro nele de novo e subo as escadas correndo.

Corro pelo corredor estreito e o barbudo aparece um pouco mais a frente, então me teleporto para depois dele. Quando vou entrar na sala de estar vejo Dean lá, então viro em direção a cozinha, com o fantasma atrás de mim. O velho aparece na minha frente e fica me olhando e rindo com aqueles dentes podres.

-Não fuja garota. – Ele fala rindo e vem na minha direção, então dou mais um tiro nele. Ele some por alguns segundos e aparece novamente. Já estou cansada disso, quando eles vão achar o corpo? Então o velho surge do meu lado e me dá uma machadada no estômago, o que dói muito, não só muito, dói demais, é como a dor da facada que levei outra vez, só que o machado é maior, mesmo não sendo tão afiado e não entrando tão fundo quanto a faca, já que agora estou com minha pele de mármore.

Me teleporto para o lado de Sam, não sei porque, mas foi a primeira pessoa ou lugar que veio à minha cabeça, e ao ver a cara de espanto dele logo volto para o fantasma porque o fantasma não pode saber que Sam e Dean estão ali.

Largo a arma no chão e tiro o machado da minha barriga. Corro em direção á janela e atiro o machado na rua. Ele não gostou nada daquilo, as coisas começaram a tremer e voarem por toda a cozinha.

- Como você faz isso? Como ainda está viva? – Seus gritos poderiam me deixar surda.

-Como pode ser tão estúpido? Matar garotas que nem conhece, não deve ter mesmo o que fazer. – Retruco só pra matar tempo.

Ele me joga um olhar feroz e quando acho que ele vai fazer alguma coisa ele pega fogo. Isso mesmo, ele pega fogo do nada e some. Fico um tempo olhando para os lados esperando pelo bote mas nada acontece. O celular vibra me fazendo soltar um ruído com o susto.

-Achamos o corpo, pode sair da casa, está tudo bem agora. – É a voz de Sam.

-Ok – digo apenas e desligo.

Abaixo para pegar a arma do chão e solto um de dor. Caminho lentamente até a saída da casa com a mão na barriga, como se isso fosse melhorar a dor que não era mais tanta, e ainda olho para todos os lados receosa.

Ao sair vejo eles guardando as armas no porta-malas, eles me veem vindo e eu entrego a arma, a lanterna e o celular que estava comigo.

-Fique com o celular, você vai precisar. – Dean fala me entregando o celular de volta.

-Valeu – digo sorrindo e coloco o celular de volta no bolço. Eles me fizeram deixar o meu antigo celular na minha antiga casa, assim como quase tudo o que eu tinha, levei comigo apenas duas malas e uma maleta pequena com roupas, maquiagem, produtos para o cabelo e coisas do tipo, na verdade não sei como fiz tanta coisa caber em tão pouco espaço.

Pensei que Sam estava olhando eu guardar o celular mas ele estava olhando para o corte na minha única jaqueta que aquele velho desgraçado fez.

- Ah, isso não foi nada, já está curando – digo me referindo ao ferimento.

-Ele machucou você? – Sam diz com olhar preocupado.

-Foi só um cortezinho, meu corpo é resistente esqueceu? – Digo para reconforta-lo, mas de cortezinho aquilo passou longe.

- Katherine ele poderia ter te cortado no meio – Sam insiste.

- Eu estou bem ok? – levanto a blusa para mostrar que o corte estava quase curado – olha, já está quase cem por cento, não é fácil assim de me detonar.

- Tudo bem, entre no carro – Dean fala girando rápido em direção a porta do motorista.

Entro e me acomodo no banco de trás. Isso tudo me fez lembrar meu pai. Lembrar da imagem daquele fantasma pegando fogo me faz sentir algo estranho, algo que sinto ás vezes quando lembro dele e mais recentemente de mamãe, mas não sei o nome exato para isso.

- Está tudo bem mesmo Katherine?

A voz de Sam me desperta.

-Claro, isso tudo foi divertido – digo com um sorriso falso. Não que não tenha sido divertido, eu realmente gostei, mesmo tendo sido quase cortada ao meio eu me diverti, é só que eu não sei o que aconteceu o que aconteceu com o fantasma da casa muito menos com meu pai.