Jogos Vorazes por Cato escrita por AmndAndrade


Capítulo 22
Capítulo 22 - O castigo


Notas iniciais do capítulo

Meu agradecimento sincero à Lady S, que recomendou a fic. Também à Nitty, Vanessa, Myca, My, Larissa, e todo mundo que leu, favoritou e comentou. Sério, eu não podia ter tido uma recepção melhor aqui no site ♥ Capítulo pra vocês...
Boa leitura!



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            Sei que a história dos olhos é um castigo. Tenho certeza que sim. Bestas ou bestantes são animais geneticamente modificados pela Capital. Sei que podem advir da mistura de vários animais, mas as que mais aparecem nos Jogos são essas, bestas-lobo ou simplesmente bestas. Sua carga genética é formada em grande parte pela carga de lobos, mas inclui ainda carga de raposas e de macacos. Se bem me recordo, esse tipo de bestante que me persegue agora corre mais que um lobo normal, caça como uma raposa e raciocina e equilibra-se como um macaco. Prestei uma atenção especial a elas quando as estudei e tenho certeza absoluta que seus olhos não têm nenhuma característica humana. Ao contrário, são mutáveis à luz: na claridade, a genética de águia é ativada e no escuro ativa-se a genética de coruja.

            Nada de olhos humanos, de qualquer jeito.

            Estou correndo numa velocidade absurda há mais ou menos meia hora e meu coração bate tão rápido que sinto que ele vai falhar a qualquer momento. Meu tórax dói pela respiração acelerada e meus pés estão me matando. Meu corpo está bem protegido pela roupa, mas meu rosto é constantemente cortado por galhos e eu já não me importo com isso. Não me importo com nada. Preciso salvar minha pele.

            As bestas são incrivelmente rápidas e saltam pelos troncos com uma facilidade invejável – sem contar que se apóiam perfeitamente nas patas traseiras. Ouço sons agudos e lembro que é assim que elas se comunicam. Sacar a espada e enfrentá-las seria nada mais que suicídio nessa situação. Preciso ir para um lugar alto e de fácil escalada. Então começo a correr em direção a Cornucópia.

            Droga, eu não agüento mais correr. Parece que peito vai se abrir e que meus músculos da perna vão romper pelo esforço. Minha cabeça lateja e gira como se eu estivesse de cabeça para baixo e sei que vou cair assim que parar de correr. Simplesmente não posso parar.

            Com certo alívio, finalmente alcanço a planície que cerca a Cornucópia. Meus pés latejam e o suor faz com que a malha agarre-se ainda mais à minha pele. Vejo os brasinhas parados. A garota, Catnip ou alguma coisa assim, está com o arco em posição. Conquistador – ele está vivo e bem! – segura uma faca e está em posição de ataque. Ela solta uma flecha que vai em direção ao meu peito, mas esta cai em seguida e eu mal sinto o impacto. Bendita roupa. O Conquistador grita qualquer coisa, mas eu não entendo nem quero entender. Eles me encaram com cara de idiota enquanto eu passo por eles sem dar um pingo de atenção. Meu objetivo, minha única esperança, é o grande chifre dourado à minha frente. Não me importa que eles estejam correndo atrás de mim. Imagino que tenha corrido por quase uma hora e não suporto mais cinco minutos de esforço.

            Agarro uma das arestas do chifre serpenteado e a adrenalina joga todo peso do meu corpo para cima sem mesmo que eu me dê conta do movimento. Tropeço em direção ao topo do chifre e então caio de joelhos, em seguida deitado. Estou ofegante e o suor de meu corpo só faz com que eu deslize com mais facilidade enquanto vomito na borda. Puxo o ar de um jeito desesperado e parece nunca ser o suficiente. Agora sei qual a sensação de uma convulsão. Meu corpo se move para frente e para trás e eu quase engasgo com meu vômito nas várias vezes em que tento puxar o ar. Estou com câimbras e tento livrar-me delas esticando o corpo. O metal está quente demais e começa a queimar minha bochecha, então tento virar o corpo enquanto a brasinha grita para que o Conquistador suba.

            Posso ver que as bestas começaram a ser erguer sobre as patas traseiras e escuto o som das garras afiadas e imensas riscando o metal.

– Elas – digo, ainda arquejando – conseguem escalar? – finalizo.  

            Não obtenho uma resposta de nenhum deles; eles também não sabem, pra ser sincero. Ouço sons mais agudos e ponho-me meio sentado, observando enquanto eles tiram qualquer conclusão sobre as bestas. Parecem extremamente surpresos. Algo cintila no pescoço de uma besta que avança e vejo o cordão cravado de diamantes, desenhando um número 1 em seu pescoço. Louro e com os olhos de Glimmer.

            Não sei por que, mas meus olhos buscam incessantemente pela besta de número dois. Até que encontro os olhos verde-escuros em algum lugar dali, a pelagem escura e sedosa. O lobo que tem os olhos de Clove rosna para nós e isso faz com que eu vomite mais uma vez enquanto ainda recupero o fôlego. A brasinha acerta a garganta de Glimmer e ela cai no chão, fazendo o chifre tremer. Eles estão concentrados em alguma coisa e consigo escutar parte da conversa entre os uivos agudos das bestas.

            – São eles. São todos eles. Os outros. Rue – foi esse o nome que Thresh disse? – e Cara de Raposa – quem é essa? – e... todos os outros tributos – a garota diz. Ele responde qualquer coisa, mas sua voz é tão baixa que mal consigo escutar. Minha pulsação acelerada funciona quase como protetores de orelha.

            As bestas agora lançam seus corpos contra a Cornucópia, fazendo-a tremer. Começo me apoiando pelo antebraço e escuto a garota gritando.

            – Mata ele, Peeta! Mata ele! – diz, então agora sei o nome real do Conquistador.

            Aproveito o momento em que ela atira em uma besta que dá um salto impressionantemente alto para ficar de pé e puxar Peeta para mim. Ele está mancando então tenho de dividir minha força entre a chave-de-cabeça e segurá-lo para que não caia. Ele golpeia meu braço numa fraca tentativa de que eu o deixe respirar. Mas sei que não posso matá-lo assim, não agora. Ele é minha única opção de barganha contra a garota que arfa e aponta uma flecha na direção de minha cabeça.

            Então eu simplesmente rio.

            – Atire em mim e ele cai comigo.

            Vejo que suas sobrancelhas se uniram por frustração e seus dentes se cerram por ódio. Regulo a força de meu braço para que o garoto não morra de imediato, mas ele já começou a amolecer. Talvez jogá-lo em cima dela quando ele finalmente ceder não seja má idéia. Sorrio da forma mais confiante que posso, mais para intimidá-la do que por realmente ter chegado a uma conclusão.

            Então sinto um toque extremamente leve sobre minha mão direita. O Conquistador desenha uma diagonal e em seguida outra, formando um X nas costas de minha mão.

            Merda.

            É um desses momentos em que tudo acontece rápido demais. Em um segundo, estou segurando um garoto quase asfixiado e no outro, estou escorregando em seu sangue depois que sua maldita companheira me deu uma flechada na mão.

            Ele cai ao meu lado, mas ela o segura para que não caia. Porém não há ninguém para me segurar enquanto caio em direção ao que possivelmente significa minha morte.

            Assim que meu corpo toca o chão, o ar escapa totalmente de meus pulmões. É mil vezes pior que quando caí daquela droga de árvore no dia das teleguiadas, porque assim que tento me mover sinto uma dor dilacerante em meu cóccix. Só quando a besta-Thresh salta em cima de mim que me lembro de onde estou e do que tenho que fazer. Ouço grunhidos de dor e demoro um pouquinho até perceber que o som fantasmagórico sai da minha própria boca. Pensando em Catherine e lutando contra a dor que se estende até meu quadril, apóio meu ombro na Cornucópia e golpeio as bestas o quanto posso com minha espada escondida. Consigo matar duas ou três, mas há várias outras. Várias. Então, como se seguissem ordens, elas se afastam para deixar passar uma não tão grande, de pelagem escura sedosa.

            Fico meio sem fôlego quando os olhos verde-escuros se aproximam de mim. Imagino com certo horror se ela se lembra de alguma coisa. Por um instante, perco-me naqueles olhos. Estou arquejando quando ela ainda fixando os olhos em mim, ergue o punho de garras afiadas em minha direção.

            Então, uma após a outra, as bestas pulam em cima de mim.



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Notas finais do capítulo

Awn, eu não quero ir, gente. Sério. Mas depois daí, só o epílogo e a fic termina... Awwwwwn!! D: