Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 7
O Entendedor das almas dos Seres Sobrenaturais




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Meu coração disparou tão forte que parecia saltar do peito. Fugi dali tão rapidamente, que sentia os músculos da minha cauda doerem, não me lembro de ter nadado tão velozmente em minha vida antes. A água batia em meu rosto, enquanto eu cortava os recifes próximos, espantando peixes e pequenos crustáceos, até finalmente parar para me abrigar em um local que julgava seguro.

Não fiquei próxima a embarcação, escondi-me em meio as algas altas. Logo imaginei o que estariam dizendo a bodo do “Libertá”, estariam planejando caçar-me? ou talvez me esperando com os arpões prontos quando eu voltasse?. Todas as idéias mais absurdas e devaneios confusos passaram em minha cabeça naquele momento. Pensava como voltaria para lá, se é que voltaria depois dessa.

Por entre as algas que se moviam com a maré, eu podia ver a silhueta escura do navio ao longe. Acalmei-me, tentando ordenar os pensamentos, porém minha mente contínuamente persistia em voltar naqueles que me preocupavam, tornando-os ainda mais medonhos em minha imaginação. Naquele momento, só conseguia enxergar duas opções; primeira, abandonar aqueles piratas e nunca mais chegar perto do “Libertá” novamente, salvando-me assim de ter um fim sombrio e incerto. Ou segunda; continuar próxima a eles, arriscando-me a ser morta, porém no entanto saciando minha curiosidade e gana de aventura, a qual eles pareciam ter o poder de despertar em mim. Se eu fosse mais esperta, talvez tivesse escolhido a primeira opção, mas eu não o fiz.

Esperei o anoitecer para me aproximar novamente do navio, a lua era minguante, e iluminava pouco a água, o que significava mesmo risco para mim. Queria ouvir o que diziam para averiguar minha situação com mais clareza, ter certeza se havia um motivo de preocupação real perante aos homens daquela embarcação.

–Mas eu vi ! -O marinheiro que havia mergulhado insistia, enquanto os demais riam dele.

–Já disse Jasper, deve ter sido apenas uma foca...-O contrameste deu de ombros, enquanto acendia seu cachimbo na chama da lamparina, que iluminava o convés com sua luz fraca e revelava o contorno negro das sombras dos homens.

–Uma foca com cabelo loiro ?- Jasper rebateu, com olhos sérios -Eu sei o que eu vi, e não era um golfinho, nem um dugongo, e muito menos uma foca ! Era uma mulher, pelo menos...da cintura para cima...- ele revelou hesitante

–Está querendo dizer que você viu uma....sereia ? -Lucius perguntou, levando em conta a seriedade da narração de seu companheiro

–Você não está caindo nessa conversa, não é ? -O imediato perguntou fitando-o, incrédulo -Ele só está inventando isso porque ficou com raiva do capitão, por ele tê-lo mandado mergulhar para averiguar. Não há sereia nenhuma.

–Está bem... -concordou Jasper irônico -Então como você explica as jóias virem parar no convés do navio novamente após terem caído no mar, Thomas ?

–Um mistério não serve de explicação para outro. Na minha opinião, você anda escutando muitas histórias de pescadores nessas tavernas em que frequenta. -O homem respondeu, não convencido.

–E mesmo que fosse uma sereia, por que ela devolveria as jóias ? -O contramestre indagou, rindo deboxado, antes de dar mais uma baforada em seu cachimbo.

–Mas ela não devolveu todas, usava um colar de rubis no pescoço. Justamente o qual está faltando no montante. -Jasper ajuntou

–Mas não era ela a boa samaritana que devolveu tudo? Partindo deste princípio, por que haveria de roubar uma ? -Thomas perguntou sarcástico, tomando um gole do líquido que havia dentro de uma garrafa que pousava em suas mãos.

–Não sei, talvez se achasse no direito de ter pelo menos uma pequena parte, já que recuperou para nós as outras que já se dávamos por perdidas completamente. -Jasper deduziu.

–Ora, ora, além de pirata, é um entendedor da alma de seres sobrenaturais...Você é uma caixa de surpresas, Jasper! -O imediato provocou, rindo dele -Quem sabe na próxima vez você não nos diga qual o motivo psicológico do Kraken destruir navios...-Thomas disse provocador, fazendo os demais homens rirem

–Pois bem, se não acreditam em mim, o azar é de vocês!-O pirata levantou-se irritado- Eu vou provar que ela existe ! -Ele virou-se, afastando-se dos homens

–Boa sorte na pescaria ! -Thomas exclamou rindo, acompanhado dos outros, que partilhavam do mesmo gosto em irritar Jasper, devido a natureza fantástica de sua narrativa.

Fiquei tranquila ao ver que a maioria deles não acreditara no relato do homem ao meu respeito, mas temia que Jasper se empenhasse mesmo em caçar-me. Mas de qualquer forma, a idéia superdimencionada que eu tinha da situação, não se revelara tão ruim assim, e decidi por fim, manter-me junto a eles. Dobrando os cuidados, é claro. Ficaria de olho naquele pirata, assim ele não me pegaria desprevenida.


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