Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 30
Revelações




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Os homens de Richard arrastaram-me embarcação a dentro, rindo e divertindo-se com meu medo, enquanto acariciavam meu corpo com suas mãos imundas. Debatia-me, tentando me desvencilhar de seus braços, porém de nada adiantava. Me jogaram dentro de uma cela escura no porão da embarcação, e fecharam a mesma com um cadeado grande e enferrujado.
-Espero que goste da sua estadia, minha bonequinha -o mesmo homem que falara antes comigo do convés disse rindo, mandando-me um beijo por entre as barras da cela antes de se afastar juntamente com os demais piratas.
Encolhi-me em um canto, trazendo a cauda para próximo do corpo, abraçando a mesma com os braços, e deixando a cabeça cair entre eles. Chorei em silêncio no escuro do porão, no qual eu não podia ver um centímetro a frente dos olhos, devido ao breu da noite que acabara de cair. O frio era intenso devido a umidade do local, e eu tremia sem parar, em certo ponto, já nem sabia mais se tremia devido ao frio ou se devido ao medo. De qualquer forma, não importava. Eu podia ouvir apenas o som de ratos caminhando ao meu redor e do mar batendo na madeira do casco, que rangia com a movimentação do navio. Meu medo crescia cada vez mais ao pensar no que seria feito de mim por aqueles piratas.
Presa naquele lugar, não conseguia ter uma noção exata de tempo, porém sei que uma hora ali parecia durar uma eternidade. Muitas coisas passaram na minha cabeça naquela noite a qual eu passei em claro, entre elas, a figura de Jasper. Ele tinha razão o tempo todo, Richard era mesmo um homem perverso, e eu fora uma tola de confiar nele. O pior de tudo era que agora talvez eu estivesse destinada a jamais vê-lo novamente.
Quando um pouco da claridade do dia começou a penetrar no interior do porão, pude ver melhor como era o interior do local no qual eu estava. Fora da cela, eram guardadas as provisões e mantimentos, além de vários barris e caixotes com munição e armas. Além da cela em que eu estava, havia também uma outra ao lado, a qual se encontrava vazia.
Sobresaltei-me assustada, ao ouvir o som de passos vindos da escada que dava ao porão. Logo vi surgir dois homens, que se aproximaram da cela.
-O capitão quer vê-la. -um deles disse fitando-me, enquanto abria a cela.
-Pode dizer a ele que eu não quero vê-lo. -falei, me mantendo afastada deles
-Eu diria, se você tivesse algum poder de escolha aqui -ele entrou na cela, segurando o meu braço e pegando-me no colo, enquanto eu me debatia.
O outro o ajudou a me levar até o convés, onde ambos me jogaram no chão em frente ao capitão.
-E então, dormiu bem ? -Richard perguntou com um sorriso irônico no rosto
-Vai pro inferno !- disse com a raiva crescendo dentro de mim
-Acho que isso quer dizer "não"... -ele riu debochado, ignorando-me
-O Jasper tinha razão sobre você. -disse, interrompendo-o -O tempo todo, ele dizia a verdade.
-E o mais patético é que você não acreditou, não é ?...e ainda por cima, ficou com ciúmes da noiva morta dele -o capitão riu
-Morta ?-perguntei confusa
-Sim, Melinda morreu poucos meses antes do casamento deles. Depois disso, o covarde do Jasper ingressou na primeira tripulação que encontrou e foi embora para onde não fosse assombrado com as lembranças dela...que ridículo !
-Então...ele não tinha uma mulher em terra. -afirmei
-Tirando eventuais meretrizes, não. -o pirata disse, tentando atingir-me
-Mas não importa. Ele não as amava. -revidei
-E você acha que ele a ama, rabo de peixe ?! Olhe para si mesma. Você é uma aberração.
-Acho que não capitão, você mesmo sabe que não...Você sabe que Jasper virá atrás de mim, não sabe ?- sorri, fitando-o
-Você anda ouvindo muitas histórias fantasiosas por esses mares menina, isso não acontece na vida real...Ele não virá. Na verdade, ninguém virá. Você é minha agora...
-Veremos...Espere e verá. Ele vai vir. -afirmei, fitando-o séria
Richard riu, dirigindo a palavra a seus tripulantes.
-É melhor deixarmos a dama com suas fantasias...- os demais riram em seguida -Pois bem, agora vamos ao que interessa...-ele se virou novamente a mim -Você fará o seguinte queridinha, mergulhará e pegará todo ouro e prata que encontrar nos destroços do Libertá e trará para mim. Simples.
-E como pretende encontrar o navio no fundo do mar ? -perguntei
-Sei exatamente as coordenadas do local que ele afundou, e quando chegarmos lá, seu trabalho começa. Mas para que não fique tentada a fazer alguma bobagem, ficará acorrentada ao mastro. Senhores...-ele fez sinal para que os dois homens me acorrentassem.
Prenderam algemas de ferro grossas ao redor dos meus pulsos, e essas estavam presas a base do mastro principal por uma corrente curta, a qual me impedia de abaixar os braços, forçando-me a ficar sentada sempre em uma mesma posição. Tentava mover-me, porém meus movimentos estavam reduzidos. Os demais piratas que trabalhavam no convés, se valiam disso para mexer comigo sempre que passavam perto. Divertiam-se com aquilo, como se fosse uma brincadeira, e eu ficava enojada toda vez que um deles encostava sua mão em mim. Richard nem ligava, e ria da minha raiva dos homens, enquanto comandava o timão, conduzindo o Destiny em direção ao naufragado Libertá e a sua fortuna submersa.


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