Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 21
Mistérios do Mar




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A tarde avançou rápido, e eu novamente não obtive sucesso em encontrar outra embarcação, após mais várias horas de procura no oceano. Quando voltei até eles, o sol já estava se pondo no horizonte, em um espetáculo de cores e contrastes.

Jasper olhava para o mar sério, ignorando a vista do pôr do sol, sentado no chão do bote com a mão na água, apenas vendo as sombras formadas por ela no azul que agora se tornava negro, com a escuridão que chegava. Enquanto isso, os outros conversavam assuntos pouco importantes para fazer o tempo passar.

–Não fique assim por causa do capitão, ele quer apenas te chatear...- Lucius disse para Jasper em tom baixo, sentando-se próximo a ele

–Não estou assim por causa dele... -o pirata disse, fitando brevemente o amigo

–É por causa da Solara, imagino -Lucius percebeu

–Me preocupa o fato dele querer se aproximar dela -revelou Jasper sério

–Não se preocupe, quando chegarmos ao porto ele na certa vai esquecer dela e procurar uma que tenha pernas...-disse o outro, tentando tranquilizá-lo

–Espero que tenha razão -Jasper concordou

Me aproximei mais deles, ainda me escondendo embaixo do bote, para ouvir o que diziam mais de perto. Neste momento, minha cauda bateu de leve no casco produzindo um som abafado, porém não tão alto que desse para ser percebido por eles.

–Eu tenho, afinal...-Lucius dizia continuando a conversa, quando Jasper o silenciou, cortando o que ele iria dizer.

–Pode sair daí, Solara- Ele disse dando duas batidas no casco da pequena embarcação, percebendo que eu estava ali escondida. -Sei que está aí. Ande logo.

Apareci, apoiando-me na pequena embarcação.

–Como sabia que era eu ? -perguntei, fitando-o

–Ou era você, ou um peixe bem descuidado bateu a cauda no barco - ele disse, esboçando um sorriso -E como eu sei que eles geralmente não o são, a opção que restava era você.

–Está insinuando que sou mais descuidada que um peixe ? -perguntei sorrindo, fingindo indignação

–Eu não disse isso -ele defendeu-se

–Mas pensou -revidei

–Você lê pensamentos agora ? -o pirata indagou, fitando-me com um sorriso provocador

–Não, mas os seus não são muito difíceis de adivinhar... -revidei rindo -Quer saber, eu devia deixá-lo sem jantar por causa desse insulto

–Você nos arranjou algo para comer ? -Thomas perguntou esperançoso, colocando-se na conversa

–Claro, não pensaram que eu iria deixá-los morrer de fome, não é ? -comentei

–Para alguns aqui esse fim não seria uma má idéia...-Richard comentou, olhando de soslaio para Jasper

–Concordo plenamente - ele revidou, devolvendo o comentário

–Bom, quem sabe para vocês, mas eu estou faminto -disse Antonny para cortar o clima pesado

–Então nesse caso... bon apetit -joguei uma espécie de bolsa trançada feita de algas dentro da embarcação -Abram

Eles logo abriram e viram seu conteúdo.

–Ostras- disse Antonny sorrindo ao abrir

–Espero que gostem, foi o melhor que deu para arranjar -comentei -A não ser que queiram peixe cru...- brinquei

–Não, ostra está bom -disse Lucius, pegando uma delas e abrindo-a com a faca, comendo em seguida

Os outros fizeram o mesmo.

–Aceita ? -Jasper me ofereceu uma

–Não obrigada, eu já jantei. -agradeci, recusando

–E o que sereias jantam ? -Antonny perguntou curioso

–Os mesmos frutos do mar que vocês comem normalmente, com o detalhe de que eles apenas não estão cozidos -respondi

–Deve ser horrível... -Thomas comentou

–Nem tanto assim, peixe cru até que não é ruim...-respondi sorrindo

–Quem sou eu para questionar o paladar de uma sereia ? -ele riu

Após os rapazes terminarem de comer o que eu havia trazido, nós continuamos conversando por alguns minutos, até eu indagar animada:

–Vocês querem ver algo muito legal ? -perguntei sorrindo

–Ora, por que não? -Antonny concordou

–Claro, querida -Richard afirmou em seguida

–Ok, então não tirem os olhos da água -falei sorrindo, antes de mergulhar novamente.

Nadei até o fundo onde passsei a mão sobre as algas azuladas que cresciam sobre o recife, as quais com toque começaram a brilhar, dando para ver o efeito luminoso de fora d água. O escuro da noite, e a lua no céu estrelado sem nuvens, faziam o brilho das algas ainda mais belo e intenso, iluminando o leito do oceano ao redor do bote.

Subi a superfície novamente, onde vi os piratas observando de dentro da embarcação a água que se iluminava com a luz fluorescente emitida pelas algas.

–É lindo, não é ? -perguntei sorrindo, boiando de costas, admirando a luminosidade. A luz iluminava minha cauda fazendo minhas escamas reluzirem. -Essa é a vantagem de estar em alto mar; poder ver coisas incríveis que os outros jamais veriam estando seguros em terra...

–Tem razão -Jasper concorda fitando-me, enquanto eu nadava próxima ao bote.- Há coisas na vida que vale a pena se arriscar somente pelo prazer de poder apreciá-las de forma plena e única...

Pude perceber que ele não falava somente do brilho luminescente na água, se referia também a mim. Seu olhar para mim era verdadeiro, diferente de todos os marinheiros que eu já havia visto no mar, ele tinha algo sincero e genuíno em si.

Hoje, enquanto espero meu fim, aquele olhar se repete incansávelmente em minhas lembranças. Quem dera se pudesse voltar atrás e dizer tudo o que deveria ter dito, quem sabe talvez, se fizece isso, eu não estaria tão amargurada aqui hoje devido aos erros que cometi. Apenas espero que um dia eu ainda possa ter a chance de repará-los. No entando, se o destino não me permitir, eu o aceito em paz, com a certeza de que pelo menos fiz algo certo; ajudei aqueles piratas.


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