Estávamos sentados no terraço do prédio antigo em que morávamos em Chicago. Naquela noite de verão, a cidade dos ventos fazia jus ao apelido com uma fresca brisa que bagunçava meus cabelos.

Eu estava sentada no colo de Edward, com o mesmo short jeans e blusa de banda que eu mesma cortei e que usei o dia todo, só havia colocado um casaco leve por cima. Meu quase marido também não havia se trocado, vestia os mesmos jeans e camiseta branca, com seus coturnos pretos e velhos. Ele só havia vestido a jaqueta de couro por cima, antes de subirmos para o terraço.

Eu tentava domar meus cabelos, com meus dedos e um retalho de tecido que eu havia achado largado em nosso apartamento, mas Edward insistia que meu cabelo estava bonito assim, completamente bagunçado pelo vento.

— Deve estar com um nó do capeta aqui atrás.- resmunguei, passando os dedos pela parte de trás da cabeça. Edward riu silenciosamente e puxou o maço de cigarros do bolso. Eu bufei e levantei do seu colo, me sentando ao seu lado e á favor do vento.

— Você é tão chata.- ele resmungou, tendo o cuidado de não derrubar o cigarro que ele apoiara entre os lábios enquanto procurava o isqueiro. Ele sempre perdia o bendito isqueiro.

— Só não gosto de cigarros. Nem de pessoas que fumam, geralmente. Acho feio.- alfinetei, como sempre. Ele me ignorou, ainda tateando os bolsos. Rolei os olhos e enfiei minha mão dentro de sua jaqueta, pegando o isqueiro de seu bolso interno e o estendendo para ele. Edward resmungou algo que não entendi, mas não era um obrigado.

Com mais cuidado do que o necessário, ele ascendeu o cigarro e colocou o isqueiro de volta ao bolso. Dessa vez o da calça.

Ele tinha uma certa devoção pelo isqueiro, apesar de eu não entender muito bem. Era um isqueiro de fluido, já enferrujado com uma desgastada bandeira da Inglaterra e o logo dos Rolling Stones. Acho que era do pai dele ou coisa assim. Eu sempre soube que Carlisle tinha um passado pesado por entre os anos 60/70. Ele meio que ainda se orgulhava disso.

Esse era um dos motivos pelo qual eu nunca entendi como ele conseguia sempre perder o maldito isqueiro. Mesmo que entre suas próprias roupas.

Edward tragou olhando para o horizonte, e logo virou a cabeça para o lado, para soprar.

— Okay, eu tenho que admitir.- ri fraco, chamando sua atenção para mim. Ele tragou de novo, puxando um pouco as bochechas.- Você fica bonito fumando.

Eu quase podia sentir meu rosto corando, mas eu já havia parado de me envergonhar com Edward. Não tinha nem mais sentido. Ele virou o rosto de novo, soltando a fumaça para poder sorrir pra mim.

— Viu, eu sabia que você achava um charme o fato de eu fumar.- zombou. Rolei os olhos e tombei a cabeça para trás. Havia esquecido como meu namorado era convencido, era burrice dizer esse tipo de coisa para ele.

Ele se inclinou na minha direção, e roçou levemente seus lábios nos meus.

No inicio, eu achava nojento beijar Edward logo após ele fumar, ou enquanto ele fumava, mas namorávamos há oito anos e eu havia me acostumado. Eu até gostava um pouco, a mistura de menta e nicotina do seu hálito.

Ele prendeu meu lábio inferior entre os seus, fazendo uma leve pressão, enquanto eu fazia o mesmo com seu lábio superior. Mas logo pediu passagem com a língua e estávamos nos beijando avidamente. Definitivamente, eu amava menta e nicotina.

Nos soltamos com alguns selinhos, e Edward sorriu de canto, nos separando e tragando novamente.

— Você tem gosto de morangos e café.- ele sorriu, antes de soprar a fumaça para o lado. Eu ri, porque não havia comido nada perto do gosto de morangos hoje, embora tomasse muito café.

— E você de menta e nicotina.-observei, juntando meus joelhos para perto do peito e os abraçando, enquanto admirava o perfil de Edward tragando.

Ele soprou rapidamente, me olhando com olhos arrependidos.

— Desculpa. - ele disse, gesticulando para o cigarro entre os dedos. Eu pisquei demoradamente balançando a cabeça.

— Eu gosto. - sorri, apoiando a cabeça nos joelhos. Ele sorriu de volta, usando a mão livre para acariciar minha bochecha.

Ficamos em silencio enquanto ele terminava o cigarro, eu trocando olhares entre ele e o céu, enquanto ele admirava o horizonte e as luzes de Chicago.

— Jacob ligou hoje á tarde, quando você estava fazendo aquele trabalho da faculdade na casa de Ângela.- ele murmurou sem me olhar.

Jacob era meu melhor amigo de infância e não era segredo que ele e Edward se odiavam, principalmente depois que eu me mudei com meu namorado de escola para fazer faculdade á 33 horas da pequena cidadezinha de Forks, onde Jacob ainda morava com o pai e tinha uma oficina.

— Sinto falta dele. - comentei e vi Edward bufar enquanto encolhia o peito.

— É, o aspirante a Taylor Lautner também sente sua falta. - resmungou. Eu sorri e larguei minhas pernas, escorregando até mais perto dele e passando-as por seu colo.

— Mas,- comecei, sussurrando em seu ouvido.- Eu não gosto desses caras de Hollywood, você sabe. Eles são... Muito perfeitos. Superficialmente perfeitos.- puxei seu rosto para me olhar. – Eu prefiro meu Edward, com todos os defeitos que eu amo.- sorri. Ele riu e encostou seu nariz no meu, passando seus braços por minha cintura e me puxando de volta para seu colo.

— E sabe de uma coisa?- perguntei, ainda baixinho. Ele levantou as sobrancelhas em uma pergunta muda. – Se você quiser, eu grito para toda Chicago ouvir que, até de olhos fechados.- fechei meus olhos, sussurrando em sua boca.- Eu te acho mais bonito.

Pude sentir seu sorriso em meus lábios, e ele me pegou de surpresa atacando minha boca com a sua. Ali estava meu sabor favorito de novo.

Nos separamos após algum tempo, e Edward encostou sua testa na minha.

— Você é simplesmente perfeita para mim.- sussurrou sorrindo. Eu emaranhei meus dedos em seus cabelos, o puxando para mim de novo.

Logo descemos para o nosso apartamento, e nos amamos como sempre fazíamos. Éramos perfeitos um para o outro em todos os sentidos.

------------------------------------------Te acho tão bonito------------------------------------

Algumas horas depois, Edward levantou da cama e colocou sua cueca Box, indo até a jaqueta de couro e pegando o maço de cigarros. Mas ele continuou tateando a jaqueta, em busca de algo. Eu sabia o que era.

— Bella, você viu meu isqueiro?- perguntou. E eu, que estava sentada no meio da cama criando coragem para levantar e comer após nosso “Exercício” diário, simplesmente me joguei para trás, rolando os olhos.

— Eu juro que ainda prendo isso no seu bolso com uma correntinha Edward Anthony, juro.- resmunguei exasperada, enquanto indicava a calça jeans do outro lado do quarto.

Mas, mesmo quando me irritava e andava só de cueca branca pela quarto, procurando um isqueiro com o cabelo bagunçado e todo suado.

Meu Edward ainda era tão bonito...