Mudança De Vida escrita por lovelikepercy


Capítulo 14
Inico da missão


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse capitulo eu dedico para 7 pessoas muito especiais: Emely Lawrence e Little L (e pelos comentários e ideias) pelas lindas e perfeitas recomendações e tambem para Diana, cacast99 e Giih Ômega por todo o apoio em relação à fic. E, não posso esquecer, da linda Paulis (Ellie J stark) que fez a minha capa.
Ok, eu sei que falta muita gente, mas se eu fosse ficar citando, ia demorar a eternidade. O que eu quero dizer é: obrigada a todos por estarem lendo, comentando e me mandando mps com ideias e pedidos
OBRIGADA!



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Assim que decolamos, eu não consegui resistir um grito de alegria. Cassie me olhou, assustada, mas ao perceber que eu estava sorrindo, ela entendeu. Nate estava no pegasus que ia na frente, e olhou para trás. Sua expressão foi claramente: ah-cale-a-boca.

-Você sabe aonde vamos? – perguntei para Cassie, gritando.

Desde que saímos de Nova York, eu estava tentando ao máximo evitar encostar em sua pele pálida. Apesar de não parecer nada morta, a pele de Cassie era filha como a de um cadáver. Um cadáver bem bonito.

- Montreal. – ela respondeu, gritando. – Canadá. – completou, como se eu fosse burra.

                Quem não sabe que Montreal é no Canadá? Talvez alguém que nunca tenha saído de casa. Os cabelos dourados batiam em meu rosto, o que me incomodava. Concentrando-me, fiz uma barreira de vento entre nós duas. Com os truques que Thalia me ensinou (sobre controlar a respiração e pegar a força do vento e não minha) não fiquei cansada com esse pequeno feito.

                O restante da viagem foi quieto. Nem eu falava nada e nem ela. De vez enquanto, olhava para o lado, onde o pegasus de Avis e Aidan voava. Todas as vezes peguei Avis admirando Cassie, mas sempre que me percebia olhando para ele, virava para frente. A coisa que eu sempre sonhei havia acabado de acontecer: eu havia beijado Simon. E, mesmo assim, ver o jeito que Avis olhava para Cassie me deixava um pouco irritada.

                O sol estava se pondo quando chegamos. Nate havia assumido a posição da frente, então quando fez com que seu pegasus começasse a planar para descer e pousar, o resto de nós fez o mesmo. Enquanto eu estava no céu, a temperatura estivera muito baixa, então eu havia feito uma barreira de ar quente ao redor de todos os pégasus para nos manter quente. Quando chegamos ao solo, a bolha se desfez. O frio me pegou de surpresa, apesar do sol brilhar no céu,  me obrigando a vestir o casaco preto que Simon havia me dado.

                Pousamos no meio de um monte de flores e plantas. Para todos os lados, haviam pessoas com câmeras nas mãos e tirando fotos de tudo, até mesmo de formigas. Deus, como eu odeio turistas. Nenhum deles pareceu perceber a nossa presença.

- Jardin Botenique. – Cassie falou, fazendo com que todos nós a olhássemos. Sempre que ela falava, era algo importante, já que quase nada saía daquela boca. – Estamos no jardim botânico. – ela traduziu, nervosa com todos os olhares nela.

- E por que pousamos em um jardim botânico? – perguntei, para Nate.

- Peg disse que estava ficando cansada. Ela disse que se continuasse voando, ia despencar do céu. O jardim botânico era o único lugar com uma planície grande o suficiente para 3 cavalos alados pousarem. – ele respondeu, indiferente.

                Ninguém parecia saber o que fazer a seguir, com a excessão de, é claro, a senhora perfeita Cassie. Ela andou até um guardinha e falou alguma coisa em uma língua diferente. O guarda respondeu, sorrindo. Parecia encantado com ela. Como se ela fosse grande coisa, pensei.

- Merci bocu, monsieur. – ela falou, por fim e andou até nós.

                Todos pareciam impressionados, até mesmo Nate. Aidan murmurou algo como “que diabos?”, mas foi Avis que falou em voz alta:

- Você tem benção de Afrodite. Sabia que havia notado algo diferente. – olhei para ele, confusa. Quando ele entendeu que eu não entendi uma palavra que ele disse, explicou: - Os filhos de Afrodite conseguem falar em francês naturalmente. E, olha. – ele apontou para Cassie. Ao redor dela, havia uma áurea rosa. A garota pareceu assustada, por um momento, mas ao ver que todos estavam sorrindo (menos eu, que ainda não entendia nada) – Ela está, como posso explicar, irradiando beleza.

- Bem que eu podia ter uma benção dessas. – murmurei, com inveja.

- Como se você precisasse. – Aidan resmungou, meio irritado.

                Eu não havia dito nada que pudesse tê-lo irritado, então atribui isso ao fato dele ainda estar com ciúmes de Simon. Olhei novamente para Cassie. Ela parecia mesmo mais bonita que nunca, de uma forma natural. Quando percebeu meu olhar, a garota corou.

- Ele disse que a saída era por ali. – Cassie falou, tentando mudar de assunto. Ela apontava para um aglomerado de turistas que se dirigia à saída.

- Então iremos por ali. – disse Nate apontando na outra direção.

- Por quê? – eu e Avis perguntamos ao mesmo tempo.

- Por ali é a floresta. – Aidan respondeu, antes que Nate abrisse a boca para falar. – Não teríamos lugar para ficar na cidade, muito menos para guardar os pegasus. A floresta é a melhor opção.

                Sendo assim, todos nos dirigimos para a floresta, liderados por Nate. Ao que parece, ele havia assumido o controle. Por onde passávamos, os turistas olhavam encantados para Cassie. Posso jurar que um ou outro tiraram fotos. Ela andava olhando fixamente para frente, tentando ignorar tudo isso.

Durante 15 minutos, andamos em silêncio, até que finalmente chegamos ao limite do Jardim Botânico. Uma imensa cerca elétrica fazia limites entre o jardim e a floresta. Ela se estendia para os dois lados até o limite da vista. Fiquei parada, esperando que alguém fizesse alguma coisa, mas nada.

- Ahn... Anya? – Avis chamou.

- Sim? – perguntei, me virando para ele. Todos me encaravam, esperando algo. – O que foi?

- Você pode… Bem... – ele começou a falar.

- Ah, pelo amor dos Deuses. – Nate interrompeu; - Cerca, conheça Anya, filha de Zeus. – ele apontou para mim e depois para a cerca. – Anya, conheça a cerca elétrica.  Isso mesmo que você ouviu: e-l-é-t-r-i-c-a.

- Ah. – fiz, entendendo o que ele quis dizer.

- Filho de Poseidon? – Aidan chamou. – Olha pra lá – disse apontando para o céu e Nate olhou. – Ta vendo aquilo pequenino?

- Não. – Nate respondeu, ainda olhando para onde Aidan havia apontado.

- Ótimo. É exatamente o numero de pessoas que pediram seu conselho. – ele falou, secamente. Se virou para mim e falou, ainda um pouco grosso: - Seu pai controla a eletricidade. Desliga isso, ok? Ok.

                Apesar dele ter sido um pouco grosso, eu sorri pelo fato dele ter me defendido de Nate, que por sinal estava furioso. Algo realmente já havia acontecido entre os dois, só me faltava descobrir o que. Voltando para a realidade, perguntei:

- Como?

- Eu sei lá, você que é a filha de Zeus. – rele respondeu, dando de ombros.

Mesmo sem saber o que fazer, eu cheguei perto da cerca e tentei me concentrar no barulho que ela fazia. Quando fechei os olhos e comecei a contar até 10 (como Thalia me ensinou), foi como se eu tivesse sido eletrocutada. Mas não de uma forma ruim, sabe? Era como se eu estivesse ligada à cerca. Podia sentir as ondas de eletricidade correndo pela cerca, ou será pelo meu corpo? Levei a mão a até a cerca e a outra até a minha espada.

Na noite anterior, Thalia e eu havíamos descoberto algo. A minha espada não era uma espada comum. Além do fato de sempre voltar para o meu bolso, havia um motivo para ela ser a arma de uma filha/filho de Zeus: ela retinha a eletricidade que você quisesse. Quando você precisasse de forças, você podia retirar dali. Era como um energético, só que mil vezes mais potente.

Com a mão na cerca e a outra na espada, eu controlei a força contida na cerca e fiz com que a eletricidade de lá fosse para a minha espada. No mesmo momento, eu me senti mais forte e ao mesmo tempo mais fraca. Quer dizer, eu como pessoa, estava mais forte. Mas eu estava ao mesmo tempo conectada com a cerca, então me senti fraca, vazia. Toda a eletricidade da cerca tinha ido embora.

- Bizarro. – Nate sussurrou, claramente impressionado. – Como você...

- Eu não sei. – menti. Eu sabia exatamente como havia feito aquilo.

- Bom trabalho, Anya. – disse Avis encostando a mão no meu ombro. Aquele simples toque fez com que várias ondas de eletricidade corressem pelo meu corpo.

                Na parte mais baixa da cerca, havia um furo. Não era grande o suficiente para que nenhum de nós passássemos, mas Aidan cuidou disso. Sussurrando algumas palavras, ele fez com que o buraco aumentasse de tamanho.

 – Agora é só passar. – ele se contorceu para passar por debaixo da cerca e chegou do lado da floresta. – Sua vez, Anya.

                Eu já estava na metade do caminho quando eu ouvi passos. Olhei na direção do barulho e vi dois guardas correndo na nossa direção, enquanto um deles gritava:

- Ei! Vocês aí! O que pensam que estão fazendo?

- Como eles trouxeram cavalos aqui para dentro? – o outro guarda perguntou, com uma expressão tão confusa que me fez sorrir.

- Passem logo. Eu vou dar um jeito neles. – Nate falou, com um sorriso no rosto. Por um momento eu fiquei com medo que ele usasse sua espada, mas então vi uma pequeno lago à alguns metros de distância.

                Quando eu estava do outro lado, junto de todos os outros, menos Nate, olhei para ele. Havia fechado os olhos, se concentrando. Os guardas estavam a apenas um metro dele, quando Nate abriu os olhos e fez um movimento para frente com as mãos. Uma pequena onda saiu do meio do lago e quebrou em cima dos guardinhas, que caíram nos chão e soltarão várias palavras em francês, que eu suspeito serem palavrões. Rindo, Nate passou pela cerca.

                Os pegasus estavam ainda do outro lado, sem terem espaço para passar por baixo. Apesar de a cerca ser baixa o suficiente para passarem por cima, as várias árvores impediam que eles pegassem impulso para voar. Por sorte, nós tínhamos Aidan.

- Olha, isso vai me deixar muito fraco. – ele avisou. – Eu odeio dizer isso, mas eu vou precisar de você, Nate. Quando eu disser já, eu preciso que você diga para os pegasus que passem pela cerca.

- O buraco é pequeno demais. – Nate falou.

- Eu sei. Eles não vão passar pelo buraco. Só confie em mim. – Aidan falou.

                Com uma das mão para frente, Aidan andou até a cerca. Quando sua mão encostou-se à superfície de arame, ele começou a recitar algo. Parecia interminável e os guardinhas já estavam se recuperando. Eu ia apressá-lo, mas Aidan terminou de falar. O pedaço da cerca em que Aidan encostava começou a ficar dourado. No começo, era apenas aquele lugar, mas logo uma grande área também estava.

- Já. – Aidan falou, quase sem forças.

                Nate não disse nada, mas os cavalos começaram a andar hesitantemente até a cerca. Um deles encostou o focinho na parte dourada e, adivinhe só? Seu focinho passou pela cerca. Foi aí que entendi o que Aidan havia feito. Ele havia tornado a cerca em algo permeável. Quando todos os pegasus passaram, Aidan disse duas palavras e a cerca voltou ao normal e ele caiu no chão, desmaiado.

                Avis e eu corremos na direção de Aidan, que na hora da queda bateu com a cabeça muito forte no chão. Eu não sabia nada de primeiros socorros, mas Avis trabalhava na enfermaria, o que me deixou um pouco mais tranquila. Bom, tinha me deixado até eu ver o rosto de Aidan. Estaav tão pálido quanto uma folha de papel.

- Eu preciso de néctar. – Avis falou, levantando um pouco a cabeça de Aidan. Cassie entregou uma garrafa para ele, que deu para Aidan. No mesmo momento, a cor voltou ao rosto dele.  – Nate, me ajuda a colocar ele na Peg.

                Juntos, Avis e Nate levantaram o corpo de Aidan e o colocaram no pegasus preto, Peg. Para ganharmos mais um pouco de tempo, Nate fez com que outra onda acertasse os guardas, que já estavam perto da cerca. Aproveitando a oportunidade, todos nós entramos na floresta, deixando a cerca para trás.

                Quanto mais penetrávamos na floreta, mais frio eu sentia, apesar do casaco. Andamos sem direção por 20 minutos e eu já não aguentava mais. Estava com dor por todo o corpo e cansada. Fora estar preocupada com Aidan, que ainda não havia acordado.

- Dá pra gente parar aqui? Meus pés estão cansados. – pedi.

- Só mais uns cinco minutos, eu sinto água por perto. – respondeu Nate, friamente.

Ele estava certo, chegamos em um lago. Não era muito grande, mas também não era pequeno. Ao redor dele, haviam flores e várias árvores mais altas. O lugar era lindo, mas o que tinha de bonito, tinha de frio também. 

- Vamos acampar aqui. – Nate decidiu. – Aqui teremos água e espaço suficiente para fazermos um acampamento e uma fogueira.

                Mais uma vez em equipe, Nate e Avis tiraram Aidan de Peg e o colocaram com cuidado no chão. Nem Nate e nem Avis pareciam ter nada um contra o outro, eram somente indiferentes. Avis abriu a mochila de Aidan e lá de dentro tirou duas cabanas desmontadas.

- Uau. – falei, impressionada. – Como isso coube aí dentro?

- Aidan é muito bom com magia. Ele fez um fundo falso. – Avis respondeu, parecendo orgulhoso do amigo.

- Precisamos de uma fogueira. – falei, mudando completamente de assunto. É que o frio estava congelante. Todos, menos Cassie, pareciam sentir o mesmo. – E comida.

- Eu vou caçar. – Avis falou.

- Eu busco lenha. – eu e Nate falamos ao mesmo tempo.

                Nós dois nos olhamos, irritados. Eu não queria ter que ficar e cuidar de Aidan, por medo de algo dar errado e não saber o que fazer. E sabia que Nate não iria querer ficar lá, caso Aidan acordasse. E fora o fato que cuidar de alguém que você odeia deve ser estranho.

- Vamos os dois. – falei por fim. Nate não parecia gostar da ideia, mas eu também não estava muito alegre.

- Eu posso montar as barracas e cuidar de Aidan. – Cassie falou, o que não me deixou nem um pouco feliz. O fato de que Cassie podia ser o primeiro rosto que Aidan veria quando acordasse me deixava irritada.

- Certo. – Avis concordou. – Todos voltamos para cá em 30 minutos. Cassie, qualquer coisa tem néctar na minha mochila.

                Eu e Nate começamos a andar em direção á floresta, sem dizer nada. Íamos pegando pedaços de madeira mais secos. Reparei que vez ou outra, Nate me olhava, mas tentei ignorar. Juro que tentei.

- O que foi? – perguntei, por fim. Ele ficar me olhando já estava me deixando nervosa.

- Eu só estou tentando entender o que você tem de tão demais. – Nate respondeu, dando de ombros.

                Parei de andar e encarei o garoto, incrédula. Por que ele tinha sempre que arrumar um jeito de ser insuportável? Ele era metido, arrogante e inconsequente. Fora isso, ele não tinha nada demais. Certo, ele era bonito. Muito bonito. Mas e daí? Avis também era e não era por isso que ele andava por aí dizendo coisas como aquela.

- Acho que já temos lenha o suficiente. – falei, ao invés de dizer tudo que pensava. Meus braços estavam cheios de galhos, assim como o dele. – Vamos voltar, certo?

- Olha, não foi isso que eu quis dizer. – Nate falou, parecendo envergonhado. – Você não entendeu o que eu quis dizer.

- Então me explique. – falei, me sentando no chão. – Ainda temos vinte minutos.

                O garoto sorriu, como se eu fosse louca. Apesar disso, se sentou na minha frente. Reparei que seus olhos verdes eram exatamente da mesma cor que o mar e seus cabelos pretos tão bagunçados como o mar em dia de ventania. Ele era mesmo um filho de Poseidon.

- O que eu quero dizer é: todos os garotos parecem ser atraídos para você. Acho que eu nunca tinha visto Aidan babando por uma garota antes. Em geral, elas que babam por ele. As filhas de Afrodite fazem fila para ter um momento com ele. E Avis? Ele nunca quis nada com ninguém. E mesmo assim, ele te olha como se você fosse a menina mais bonita do mundo. – ele explicou. Seu último comentário, sobre Avis, me fez levantar a sobrancelha – Não é que você não seja bonita, porque você é, mas é como se você tivesse um imã que todos os garotos conseguem sentir, menos eu.

- Talvez você seja gay. – falei, rindo.

                O rosto de Nate ficou duro, como se ele tivesse levado um soco. Parecia realmente ofendido, como se chamar alguém de gay fosse um xingamento.

- Foi uma piada eu não quis realmente dizer que...

Fui interrompida por um barulho esquisito. Imagine 30 avestruzes gritando ao mesmo tempo. Era mais ou menos isso.

- Não se mexe. – Nate mandou, com a mão indo para sua espada.

Ouvimos de novo o barulho. Vinha do céu. Olhei para cima e vi dois monstros gigantes. Suas asas, cabeça e bico eram de ferro. Meu olhar se voltou para Nate, que, ao contrário de mim, parecia muito calmo.

Ignorando o conselho de Nate, tirei a minha espada da bainha e fiquei em pé. Por um momento, Nate pareceu que ia me matar, mas por fim ficou em pé e tirou a espada da bainha. Sua espada era completamente verde e bem maior que a minha. Parecia mais pesada que o meu corpo inteiro. Aquela espada combinava perfeitamente com seus olhos.

- Se prepare. Você chamou atenção para nós. – ele falou, mantendo os olhos fixos nos monstros, que agora desciam na nossa direção.

                Os dois monstros investiram contra Nate, que se esquivou em um movimento rápido, que parecia impossível, dado em conta sua altura e o peso da sua espada. Até esse momento, elas não haviam percebido a minha presença. Mas eu quebrei um galho com o pé e uma delas se virou para mim e voou na minha direção, com seu bico abrindo e fechando. Seu hálito era horrível, parecido com peixe podre. Em um movimento de puro reflexo, levantei minha espada e enfiei em sua boca. O esperado era que ela fizesse “puf” em poeira dourada, como todos os monstros que eu havia enfrentado. Ao contrário disso, tudo que fez foi urrar de dor e voar para cima.

                Nate gritou de dor. Olhei mais uma vez para onde o animal havia ido, mas não havia nem sinal dele. Olhei ao redor, procurando por Nate. Ele estava mais para o meio da floresta e havia deixado a clareira em que eu estava. Durante sua luta com o monstro, havia provavelmente tido que ganhar espaço. Estava deitado no chão, com a ave voando por cima e o bicando em várias partes.

                Corri em sua direção e quando eu estava perto o suficiente, levantei a mão e concentrei-me na energia ao redor de mim. O céu estava sem nuvens alguma, eu gastaria muita energia fazendo raios. Mas o vento estava favorável. Fiz com que o vento tacasse o monstro em uma árvore. Ele bateu com força e caiu de barriga no chão. Usando o vento para chegar mais rápido, enfiei minha espada em suas costas. Pó dourado. A sensação era muito boa.

- Anya! – Nate gritou, atrás de mim.

                Mas já era tarde. Antes que desse tempo de eu me virar, o outro monstro me atacou por trás e me atirou para longe. Eu teria caído com muita força, mas deu tempo de eu fazer o vento diminuir a queda. Levantei-me rapidamente e corri para a árvore mais alta que vi. O monstro começou a me seguir, sem pensar muito, guardei minha espada e comecei a escalar a árvore. O vento me ajudava, servindo de apoio para que eu subisse. O monstro bateu a asa, voando ao meu encontro. Por sorte, eu havia feito um belo estrago nela e ela estava mais lenta que eu. Quando estava quase no topo, fiz a coisa mais suicida que consegui pensar: gritando e agitando os braços, pulei em cima dela. O monstro era tão grande que cai no centro dele.

                Durante a minha queda, meu braço esquerdo bateu em sua cabeça de metal e a dor me atingiu com força. Para piorar minha situação, o monstro começou a se balançar para me derrubar. Segurei firme com minha mão direita e ignorando a dor, usei a mão esquerda para tentar chegar até a espada. O monstro se balançou mais, guinchando e explodindo de raiva. Desisti de tentar chegar até a espada e levei minha mão esquerda até as penas, onde segurei com força.

- Diabos! – gritei, com dor.

                Quando olhei para baixo, Nate não estava mais lá, só havia um rastro de sangue. Comecei a ficar desesperada. Não havia como vencer esse bicho sozinha. Até que uma ideia maluca surgiu na minha cabeça. Eu estava no ar. Estava voando. Estava em meu território. Concentrando-me nas correntes de vento ao meu redor, fiz ela bateram contra as asas do monstro. Ele teve que fazer um grande esforço para não cair no chão. Esforço inútil. Mais uma rajada de vento e o monstro estava no chão. Fiquei em pé em suas costas e tirei a espada da bainha. Em um único movimento, enfiei nas costas do bicho. E “puf”. Pó dourado.

- Anya... – Cassie começou a falar, atrás de mim.

- Isso foi demais! – Avis completou, correndo na minha direção.

                Ele ia me abraçar, mas eu recuei e cai no chão. Dessa vez, não foi porque eu estava fraca, mas porque meu braço doía como nunca. Avis pareceu perceber, porque olhou preocupado para ele.

- Acho que você quebrou. – ele falou. Tocou no meu cotovelo e começou a levantar meu braço, o que fez com que eu soltasse um grito. – É. Completamente quebrado.

                Me deixando completamente surpresa, ele me pegou no colo como se eu não pesasse mais que um saco de batatas. Com Cassie carregando a madeira atrás de nós, andamos até o acampamento. Chegando lá, Avis me colocou deitada dentro de uma das barracas, que estavam prontas.

- Cassie, pegue um pouco de néctar para mim e a minha mochila. – Avis pediu. – E vá dar uma olhada em Nate. Vê se a ambrosia já fez efeito.

                Meu braço parecia ter sido arrancado, de tão forte que estava a dor. Não consegui evitar as lágrimas e isso fez com que Avis se abaixasse ao meu lado e sussurrasse:

- A dor já vai acabar, eu prometo.

                Cassie entrou na barraca, trazendo um pedaço de ambrosia e a mochila de Avis. Ela colocou no chão e disse:

- Nate já está melhor e Aidan já acordou.

                Ouvir isso me fez sorrir. Saber que Aidan estava bem era ótimo. Meu sorriso durou pouco, porque Avis mandou que eu comesse a ambrosia. O calor se espalhou pelo meu corpo e senti a dor indo embora. Não foi por isso que meu sorriso saiu do rosto, mas sim porque Avis tinha que imobilizar meu braço. Fazer isso fez com que a dor voltasse e eu quase gritei de dor.

- A ambrosia não cura ossos quebrados, desculpa. – Avis falou, parecendo triste por mim. – Agora tome isso. – ele me entregou uma pílula azul.

                Assim que tomei, tudo ao meu redor tremeluziu e então sumiu. Eu entrei em um sono sem sonhos.


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