Eu estava sentada no aconchegante assento do avião, a caminho de Manhattan, Nova York, ouvindo um pouco de U2 embaixo do ar condicionado. Parece algo perfeito e pacífico, se minha conversa com minha mãe antes de sair não tivesse sido tão pertubadora.

Minha mãe estava me enviando para morar na casa de minha madrinha, Anna, por um período de tempo que eu desconheço.

– Por que? - eu perguntei - eu fiz algo de errado?

Minha mãe me olhou com uma dor profunda estampada em seus olhos, e descobri que eu não fiz nada. Mas mesmo assim algo estava errado.

– Claro, que não, meu amor - ela disse - só acho que aqui no Brasil não há oportunidades em sua carreira de Antropóloga...

– Eu não tenho oportunidades em lugar nenhum com essa dislexia! - disparei.

– Diana essa dislexia é... Sua madrinha vai te esplicar quando você chegar em Nova York. Ela vai te explicar tudo!

– Tudo o que?

Minha mãe não me respondeu, apenas me abraçou bem forte, chorando junto comigo. Sei que ela não queria que isso acontecesse, mas quero descobrir o motivo. Eu tinha o direito de saber o motivo!

Uma voz feminina avisou que o voo estava terminando. Respirei fundo, o bservando o avião decolar.

Passou alguns minutos e o avião decolou. Desci do veículo junto de cerca de mil pessoas apressadas. Em meio a multidão era difícil não reconhcer minha madrinha Anna, com seus cabelos castanho-avermelhados que pareciam brilhar.

– Ei, caçadora - ela disse sorrindo. Esse era meu apelido, por causa do meu nome. Uma homenagem a Diana, a deusa romana da caça. De acordo com minha mãe, foi minha madrinha que escolheu meu nome, embora nenhuma de nós duas saibamos o motivo.

– Oi, Anna!

– Quer comer alguma coisa?

A ideia me pareceu ótima. Balancei a cabeça, animada. Enquanto caminhamos para a lanchonete fora do aeroporto eu estava disposta a tirar qualquer informação dela. Então percebi a coisa mais estranha, minha madrinha segurava um arco-e-flecha!