O Sol despontava no Oriente. Thor não dormira mais nada naquela madrugada e, assim que o dia começou a surgir, ele tratou de acordar seus compahneiros de viagem. Todos, muito enraivecidos, se levantaram e se aprontaram para novamente ir atrás de Loki.

O deus do trovão estava enérgico. No momento em que todos estavam prontos para partir, Thor reparou em pegadas no chão. Estranho. As pegadas só poderiam ser de Loki, mas ele, como mestre dos disfarces, não deixaria pistas de seu paradeiro, a menos que julgasse não haver problemas se alguém o encontrasse.

– Ele quer que o sigamos – Thor anuncia e todos vão atrás dele.

Depois de um bom tempo caminhando atrás de pistas deixadas pelo astuto trapaceiro, Thor e sua equipe chegam aos destroços de uma casa.

– Mas que droga! – ele esbraveja – Ele me enganou novamente?! Isso já está me irritando! O que ele quer nos trazendo a destroços?!

– Thor! – Sif o chama.

– O quê?

– Novamente pegadas. Aqui no gramado. Olhe.

Thor foi até lá e viu outra vez as tais pegadas. Tornaram a segui-las, mas dessa vez por muito pouco tempo. Logo chegaram a uma queda de pedras que dava para um rio. Se Thor já estava enfurecido antes, agora estava prestes a explodir! Mas antes de esravejar, ele pensou que talvez Loki estivesse por ali, da mesma maneira que, havia pouco tempo, ele achou terem sumido as pistas quando, na verdade, só continuavam em outro lugar.

– Loki! Irmão, você está aqui? Loki! Se estiver, por favor, responda! Irmão? – ele gritava.

Sif e os Três Guerreiros procuravam-no entre os escombros da casa explodida. Que será que tinha acontecido ali? Eles não conseguiam deixar de pensar que Loki aprontara alguma. Sif olhava em volta de um modo que, se alguém que conhecia o outro lado da história a visse, causava raiva! Hogun, com seu ar sempre acusador para Loki, parecia bastante satisfeito ao ver “que estava certo” e Loki fugira para fazer suas maldades.

Em compensação, Volstagg e Fandral mantinham-se neutros, esperando qualquer pista promissora para ter alguma conclusão prévia. Thor não reparava em nada disso, só continuava a gritar pelo irmão.

• • •

A alguns metros dali, Loki sente como se tivesse terra em seus olhos, quando os abre assustado. Ouvira gritos, como se seu irmão o chamasse... Seria um sonho? Não, sonho não! Dormir e ouvir Thor era um pesadelo! Mas, depois de adormecer com Silvia em seus braços, ele duvidava muito que teria pesadelos. O que tinha sido aquilo, então? Ele ouve de novo, ao longe:

– Loki!

Droga, era real. Thor o encontrara. Silvia se move e ele puxa rapidamente algo para cobri-la, enquanto acaricia-lhe os cabelos, tentando preservar-lhe o sono. Sem sucesso. Silvia acorda com a mesma impressão de ouvir alguém chamando. Tensa, ela pergunta se pode ser perigoso.

– Não, querida – ele responde, dando um beijo casto em sua amada. – É só o idiota do meu irmão.

Eles ouvem passos. Loki cobre Silvia com uma das cobertas no chão no limite exato do tempo em que Thor aparece na abertura da caverna.

– Ah, você está aí. Que bom!

– Thor...

– Vamos, Loki. Devo levá-lo. Não me enrole mais.

– THOR! Eu não vou sair daqui! Olhe, eu deixei as pegadas propositalmente pra você seguir, mas precisava ser tão cedo?! Que droga!

– Er... desculpe, irmão. Eu sei, estou parecendo insensível, mas tente compreend... Espera! O que está havendo com você? Pensei que ela fosse “apenas uma mortal”...

Loki rola os olhos.

– Depois eu é que não tenho tato com as mulheres... Meu caro, você acha que eu a deixaria na presença de um imbecil como você? Mal tem sensibilidade pra notar que ela está aqui, ouvindo a nós dois, acha que eu permitiria que expusesse meus crimes contra você e seu ego gigante na frente dela? EU contei tudo. Eu contei as coisas como verdadeiramente são e não como você contaria: me fazendo de vilão!

Silvia ficou estupefata. Certo, Loki contou que seu relacionamento com o irmão não era dos melhores, mas ela não imaginava que cada encontro era uma briga.

– Desculpe, irmão. Eu... lhe esperarei lá fora – Thor sai, mais rápido que os raios que saem de seu Mjolnir.

Loki suspira, decepcionado.

– Não era assim que eu planejava acordar hoje...

– Está tudo bem. Só você estar aqui comigo já faz esse dia perfeito.

– Olha... Silvia... eu nunca entrei num relacionamento assim, tão rápido. Aliás, eu nunca tive esse tipo de relacionamento. Mas... eu simplesmente me sinto tomado por uma coisa que eu nunca imaginei que me tomaria. Eu jurei a mim mesmo que viveria minha vida toda provando o meu valor sem me distrair com as “bobas distrações do coração”. Mas aí eu encontrei você e não pude mais me manter fechado. Dizem que quem nunca se permitiu amar, quando é pego pelo cupido, se apaixona mais fortemente que qualquer poeta apaixonado. Bom, eu sou a prova de que isso é verdade. Gigantes de gelo também amam. Eu amo você.

Silvia nunca tinha ouvido declaração mais verdadeira em toda a sua vida. Sabe aquela música dos Backstreet Boys, As Long As You Love Me? Pois é, ela não se importava com quem ele era, de onde vinha, o que ele tinha feito, desde que ele a amasse. E amava, de corpo e alma, como nunca um gigante de gelo amou! Ela o amava também. Nunca tinha se entregado verdadeiramente a um homem, nunca tinha achado aquele a quem seu coração pertencia. Mesmo com alguns relacionamentos pequenos e até felizes, Silvia sentia que não havia na Terra um homem que se encaixasse perfeitamente no que ela desejava. E estava certa. Esse tempo todo, ele esteve em Asgard. Ela disse tudo isso a ele, ela expôs todo o sentimento que tinha no mais íntimo de seu coração. Ela deu seu coração a ele assim como ele deu seu coração a ela. Os dois, agora, eram como um, e Loki estava disposto a tudo, absolutamente tudo, para proteger aquele amor tão verdadeiro e eterno.