Loki e Silvia observavam o cardápio em meio a beijos e carinhos. Loki realmente tinha certeza de nunca ter se sentido daquela forma e ele amava conhecer o amor. Silvia se sentia da mesma maneira. Embora ela já tivesse gostado de outras pessoas antes, ela nunca tinha se apaixonado assim. O problema era que ela continuava não enxergando a amplitude de seus sentimentos.

Tudo estava bem, eles estavam felizes. Mas por quê as coisas não podiam ficar como estavam? Loki ergue o olhar para a porta somente para ver quem estava na frente da trajetória da luz que emanava do lustre acima da porta. Foi instantâneo.

– Aaaahhh – Loki gritou de dor, levando as mãos à cabeça, apoiando-se com os cotovelos sobre a mesa.

– Loki, o que foi? O que houve, mais lembranças?

– É tudo! Ah, minha cabeça!

Loki se levanta, de frente para Thor. Havia ódio em seu olhar. Ódio por lembrar tudo que sofrera quando viveu com seu irmão e seus pais, ódio por lembrar de todos os planos malignos que tinha em mente, ódio simplesmente por lembrar. Ele não queria lembrar, estava tendo uma vida com Silvia e morria de medo de lembrar de uma vida infame que vivera antes de conhecê-la, mas agora Thor apareceu. Mais uma na sua conta, Thor, ele pensava. E o pior, toda aquela personalidade má estava voltando à tona.

Silvia estava confusa. Vendo Loki e o outro loiro com roupa esquisita se olhando tão fixamente, ela tinha certeza que ele era uma peça chave do passado de seu amor. Será que finalmente ela teria chance de saber quem Loki era? Ela tinha medo, mas também curiosidade. Estava mais confusa do que nunca!

– O que faz aqui? – Loki pergunta, com os dentes trincados, para Thor.

– Vim para derrotar Thanos e levar você de volta à Asgard, irmão. Nem pense em fugir. Sei que você tem planos nos pergaminhos, não se livrará tão fácil das minhas mãos.

A essa altura, o pessoal que estava no restaurante já tinha dado um jeito de sair, com medo daqueles dois estranhos.

– Você nunca conseguiu me pegar sem que eu quisesse, Thor. Desista – o tom de ódio se foi, deixando apenas uma expressão calma, calma de modo aterrorizante.

– Sabe que eu não costumo desistir – então ele olha rapidamente para Silvia – Quem é ela? Está a mantendo como refém? Certo, não era bem isso que parecia, olhando daqui, mas...

Loki fica nervoso e, como saída, resolve agir como agia antes de perder a memória, mesmo sabendo que Silvia provavelmente não o entenderia. Era necessário.

– Ela? É só uma mortal, não se preocupe.

“Uma mortal”? O que ele era, então? E por que ele a estava tratando assim, de repente, com tanto desprezo? Silvia franziu o cenho.

– Como assim “só uma mortal”, Loki? O que está havendo?

Ela mordera a isca e Loki respira fundo, tentando manter-se concentrado.

– Fique fora, Silvia! Você não tem nada a ver com isso.

– Não tenho? Mas e... tudo? Nada significou pra você?

– Garota, vá embora se não quer sofrer as consequências! Suma! As coisas mudaram, querida – ele falou com ironia – não tem mais que ficar na minha cola!

– Você é um louco! Você é completamente louco! – Silvia sai do restaurante correndo e segurando as lágrimas até sair do alcance da vista de Loki. Ele lembrara de tudo e, como ambos temiam, não era uma coisa boa. Silvia correu de volta ao seu refúgio de pedras, era o único lugar que tinha para ir.

No restaurante, o ódio de Loki estava explícito outra vez.

– Obrigado, irmãozinho. Mais uma vez você acabou com a minha vida!

– O quê?! Loki você... deixa pra lá. Tenho que manter você preso comigo até eliminarmos o Thanos. Vamos – ele puxou o irmão pelo braço e o levou de volta ao acampamento.

Loki não disse “olá” a ninguém quando voltou. Simplemente se meteu na barraca de Thor e se encolheu sobre o colchão improvisado com cobertas. Como na caverna, ele pensou. Que droga, Thor!