Arme Madness Cientist escrita por Sei


Capítulo 5
Hotel


Notas iniciais do capítulo

Aqui mais uma capitulo novo, comentários *-*



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Hotel

                Seguimos no carro sem muita conversa. Ronan parecia olhar cada carro ao nosso redor com suspeita de transportar uma bomba, Lass dirigia focado no transito, e Lupus sentado ao meu lado no banco de trás parecia recuperar suas energias cochilando. Por algum motivo, senti vontade de fazer o mesmo e acabei fechando meus olhos e sem perceber, eu apaguei.

                - Acorda pirralha. - Uma voz incômoda zumbia no meu ouvido.  – Estou dizendo para acordar.

                Não importava o quanto o Lupus insistisse, eu não tinha a intenção de abrir meus olhos. Isso são maneiras de despertar uma garota? Ele precisa aprender bons modos. Ele continuou tentando até que por fim desistiu, tive que me segurar para não sorrir, provavelmente a esta altura ele deve estar muito irritado.

                - Nhaa

                Levantei em um pulo e acabei acertando minha cabeça no teto do carro me causando uma dor desconfortável. Não perdi meu tempo para fuzilar o loiro ao meu lado com meu olhar mortal de morte jurada. Ao invés de desistir como um bom menino, ele assoprou dentro do meu ouvido. Ah! Eu quero estrangular ele, e cada risada que ele dá me irrita mais e mais.

                - Arme. – Uma voz atrapalhou minha concentração furiosa.

                - O QUE É? – Sei que o Ronan não merecia isso, mas foi culpa dele.

                - Er... Chegamos. – Ele pareceu constrangido, quem poderia culpá-lo depois do grito que levou.

                - Muito boa, Arme. – Lupus por outro lado se acabava de rir, como alguém pode ser tão irritante?

                Não perdi mais meu tempo com ele e saí logo do carro. Mal percebi que já era noite. Não demoro a reconhecer o lugar; estávamos no centro da cidade, prédios de 20 andares, carros, poluição, enfim, a selva de aço. Pessoalmente eu não gosto, aqui existem muitas pessoas e isso me incomoda. Em frente a um hotel, Lass conversava em um celular. Eu não pretendia ouvir sua conversa, mas algumas palavras acabaram chamando minha atenção: Ponto de encontro, maga e segurança. De alguma forma eu sabia que essa conversa era sobre mim.

                - Vamos, já perdemos tempo de mais aqui parados. – Agora o Senhor diversão está sério.

                - Arme, não há nada a temer, sua segurança é nossa prioridade. – Lupus deveria aprender mais com o Ronan.

                Assim que Lass desligou o celular, entramos no hotel. Ele fazia o favor de nos guiar. De alguma forma, ele havia deixado sua espada no carro já que eu não conseguia entender de maneira lógica onde ele poderia ocultá-la em seu terno. Lupus, por outro lado, agarrou minha mão e deixou bem claro que não iria soltar. Já o cavaleiro do nosso grupo, agora usando um sobretudo azul que ocultava sua espada, andava mais afastado. Ninguém quis me explicar o motivo de subirmos pelas escadas ao invés de usarmos os elevadores em perfeito estado. Por fim, chegamos ao quarto.

                - Você primeiro. – Pediu Lass após destrancar a porta.

                Entrei no quarto sendo seguida pelos 3 homens. Definitivamente isso não é algo que uma garota direita deveria fazer e uma incerteza bateu em meu coração que gerou um sopro de medo. Com um pouco de esforço convenci a mim mesma que agora eu não podia mais voltar atrás, eu só posso avançar.

                Decidida, olhei para o quarto. Por algum motivo a luz já estava acesa, o que facilitou; Eu não queria trombar em algo as escuras ou ser agarrada por 3 homens desconhecidos e depois... bem, não importa. Voltei a observar o meu redor; O quarto em si era bem luxuoso, possuía 2 quartos, uma sala de estar e um banheiro. Tudo muito bem feito, sofás, um tapete, cortinas, uma televisão gigante, um homem usando um kimono em uma poltrona. Espera, mais um homem? Fixei meus olhos nele; Seu corpo não era franzino, seus cabelos eram lisos e prateados, parecidos com o Lass, porém seus olhos eram extremamente diferentes. Era tão avermelhado que me lembrou sangue, e aquele sorriso descontraído. Por algum motivo só de olhar para ele me irritou.

                - Ola, meu nome é Azin, fico feliz que tenha chegado até aqui em segurança, não parei de rezar por um único minuto. – Ele alargou mais seu sorriso, como consequência, eu fechei minha cara.

                - Deve ter sido muito difícil ficar aqui parado enquanto seus companheiros arriscavam suas vidas. – Sem perceber eu já tava defendendo os 3 que a menos de um minuto eu desconfiava.

                - Não faz ideia. – O sorriso sínico dele já me diz tudo.

                - Arme, alguém precisava ficar para assegurar o ponto de encontro. – Eu não sei se Ronan estava tentando defender o amigo ou apenas era ingênuo mesmo.

                - Não importa, onde está o banheiro? – Perguntei de forma autoritária.

                - Na porta à direta. – Ronan foi gentil para me explicar o caminho. – Azin já preparou uma roupa, então não precisa se preocupar.

                Eu quase não ouvi a última parte com a porta batendo atrás de mim. A primeira coisa que fiz foi trancá-la, e a segunda foi me enfiar embaixo da água quente gerada pelo chuveiro de roupa e tudo. Por fim cedi e desabei encolhida. Pode parecer patético, mas esta posição me acalmava e organizava minhas ideias. Repassei tudo que havia acontecido desde que eu acordei entrando em um tipo de transe. Meu corpo se mexia sozinho, removendo a roupa molhada, lavando meu corpo e minha cabeça, quando um surto de ideias me atingiu.

                - Controle, Criação, Degeneração e Evolução.

                Murmurrei essas 4 palavras. De alguma forma eu sabia o significado dos quatro códigos que formavam o algoritmo, mas como eu sabia isso? Como eu cheguei a essa conclusão? Não importa o quanto eu pense, quantas teorias eu tente fundar, nada lógico fazia sentido para explicar. Talvez eu apenas seja mais inteligente do que eu mesma imagine, ou simplemente seja algo que eu não havia reparado antes... ambos parecem mais possível do que o conhecimento simplesmente ter surgido na minha cabeça.

                Após meu banho minha cabeça ainda estava cheia, mas refiz minhas prioridades e decidi que por hora eu deveria escutar o que os homens na outra sala tinham a dizer. Para minha surpresa, a roupa que foi preparada com antecedência conseguiu remover qualquer pensamento sério de minha cabeça.

                - Eles devem estar brincando se acham que eu vou vestir isso.

                Um pavor correu minha espinha quando virei meu pescoço apenas para confirmar que minha roupa de outrora agora se encontrava encharcada. Por que eu me enfiei no chuveiro de roupa? Queria bater minha cabeça na parede por ser tão tapada; Aonde foi parar a cientista louca super calculista? Respirei fundo pegando a primeira peça de roupa que me deram; Uma calcinha roxa de rendas. Eu definitivamente vou matar alguem quando sair daqui.

                Com uma expressão nada feliz vesti a peça. A segunda era o sutiã também roxo com rendas, e para a minha surpresa, era do meu tamanho. Achei mais relevante não pensar em como eles conseguiram essa informação para a minha própria paz interior. A terceira peça do conjunto era uma meia acima do joelho que se ligava a uma outra peça a cima da calcinha por alças, era uma meia cinta para ser mais específica. Ao terminar, observei meu corpo no grande espelho ao lado do box. Era a primeira vez que eu vestia esse tipo de roupa, e por mais que eu não gostasse da ideia, havia sempre a curiosidade de ver o resultado. Para o meu espanto ficaram melhores do que eu esperava e até um pouco confortável. Talvez eu vicie em meia cinta.

                O resto da roupa, assim como as peças intimas, não eram nada convencionais. Uma saia de prega acima do joelho cheia de babados e com estampa xadrez com a cor roxa e preta. A blusa era do mesmo estilo com mangas longas. Para finalizar o conjunto, uma tiara com uma flor roxa no topo e sapatinhos também com pequenas flores roxas. Se eles sabiam até o tamanho do meu busto, por que eles não me deram um jaleco? Eu não conseguia parar de pensar nisso, quando por fim, terminei de me vestir.

                Assim que saí do banheiro, todos não desviavam seu olhar para a minha pessoa. Até mesmo Lupus, que tentava parecer indiferente deitado no sofá. Azin por sua vez, sentado numa poltrona com algum livro na mão, tinha o mesmo sorriso sínico. Que vontade de socar essa cara branca. Lass que estava sentado no sofá oposto ao Lupus, parecia confuso, diferente do Ronan; Mais um pouco e uma baba escorreria de sua boca aberta. Ele se encontrava em frente à janela. Andei por todos eles, fui até o mais folgado, e apertei o nariz dele com força.

                - O sofá é para sentar, se quer dormir, vá para o quarto! – Disse com determinação. O rapaz atendeu meu pedido sem reclamar, o que me surpreendeu, e acabei sentando em seu lado.

                - Eu não esperava esse seu gosto para roupas. Uma cientista louca deveria usar isso mesmo? – Me perguntou Lass.

                - MEU GOSTO? –Eu estava gritando muito nesse dia. – Foram vocês que puseram isso lá. – De repente todos os olhares se voltaram ao Azin.

                - Culpado. – Ele ergue a mão. – Eu apenas quis dar algo confortável para uma garota usar, não foi minha intenção causar constrangimento, eu sinto muito.  – Não acreditei em uma palavra, definitivamente não fui com a cara dele.

                - Arme, desculpe o Azin, ele não fez por mal, além do mais, eu acredito que você ficou ótima nessa roupa. -  Finalmente Ronan acordou para vida e resolveu se juntar a nós, sentando ao lado de Lass. Infelizmente ele continua ingênuo, tadinho.

                - Suponho que agora, finalmente, você vai poder me contar quem são vocês. – Eu focava Ronan de forma intensa, não ia o deixar fugir de minhas questões dessa vez.

                - Seria mais seguro se você não soubesse, porém, eu te fiz uma promessa. – Ele parecia travar uma batalha interna.

                - Ah, que saco! Fala logo para ela de uma vez, a vida segura dela já era. E, de qualquer jeito, eu acredito que posso protegê-la. – Lupus se meteu no meio de uma forma irritada, o que me surpreendeu. – Nós somos os Royal Guards.

                - Royal Guard... você que dizer, aqueles Royal Guard? – Tenho certeza que, por um momento, meus olhos se arregalaram de surpresa.

                - Exato. – Confirmou Ronan.- Eu e o Azin somos Royal Guards de Canaban. – Esse é o nome do outro continente atravessando o oceano assim como o reino que lá governa. Mas, o que eles estão fazendo em Serdin?

                - Tanto Lupus quanto eu somos Royal Guards de Serdin, no momento estamos trabalhando meio que unidos. – Lass pareceu ler minha mente.

                - Esperem, pelo pouco que sei os Royal Guards, diferentes das outras autoridades, só interferem em caso que afetam a segurança do reino em si. Por que quatro de vocês, de reinos diferentes, estão aqui em uma mesma sala comigo? – Eu estava assustada com a resposta, mas precisava saber.

                - O pirralha, eu já lhe disse que sua vida nunca mais vai ser a mesma. Você tropeçou em um segredo muito maior que ambos os reinos, por isso nós quatros estamos aqui. – Lupus, como sempre, irritante.

                - Arme, aquele algoritmo que você completou tem um poder imenso, ele é conhecido como Equação anti-vida. – Por que esse loiro não podia ser gentil como o Ronan?

                - Se isso era algo tão secreto e perigoso, por que então deixaram em todo lugar da rede praticamente? – Minha pergunta fazia todo o sentido.

                - Fedelha, você ainda é muito ignorante e também muito especial. – O que esse loiro quis dizer com isso?  – Antes mesmo dos reinos atuais existirem, a equação anti-vida também já existia, e ninguem foi capaz de completá-la. Entende onde queremos chegar?

                - Arme, o quê ele quer dizer é que ninguém no mundo acreditava que alguém pudesse completar essa equação. – Até mesmo o mais cavaleiro de todos parecia estar tendo problemas para me explicar a situação. - No mundo, existem aqueles que procuram poder da equação, eles acreditam que mesmo incompleta ela já daria “poder” a eles. Ficariam satisfeito apenas se metade do algoritmo fosse decifrado. Porém, completar o próprio, era algo que nem mesmo eles acreditavam ser possível.

                - Mas eu o completei. – Desde quando eu me tornei a senhorita óbvio?

                - Graças a isso você pôs um alvo na sua cabeça para o mundo todo e se tornou um perigo potencial para todos os reinos. – Lass sabia ser objetivo, tenho que admitir.

                - O que sabemos da equação anti-vida é seu poder, em resumo; quem a tiver terá poder para dominar ou destruir o mundo. Em outras palavras, quem tiver você, terá o mundo. – Com palavras, o rapaz à minha frente me fez entender a situação em que me encontro.

                - Mas eu só a completei, eu posso passa-la toda para o papel e entregar para um de vocês. – Eu não acredito que vai ser tão fácil assim, mas eu preciso tentar.

                - Como você decifrou algo tão complexo se não consegue decifrar nossas explicações? – Me perguntou Lupus.

                - Talvez porque você não tenha sido claro o bastante. - Devolvi em um tom irritado.

                - Somente uma pessoa pode ter a equação anti-vida. Mesmo se você colocasse ela sobre a mesa, qualquer outra pessoa não conseguiria ler, ou mesmo entender, ela se tornaria apenas rabiscos. – Ao terminar ele suspirou cansado, acho que a explicação foi muito para o seu cérebro pequeno.

                - Em outras palavras; Apenas eu posso ler e apenas eu posso usar ela na pratica? – Apesar de eu já ter usado parte de seu poder. Eles não precisavam saber sobre o caso.

                - Finalmente entendeu. – O rapaz irritante bateu palmas sorrindo, por algum motivo ele me fez parecer uma lesada, o que me irritou.

                Finalizamos a conversa e assim me retirei para o quarto com o pretesto de repousar. Mas, na verdade, eu queria mesmo era refletir sobre toda a informação que eu havia recebido. Os eventos do mesmo dia me fizeram crer na autenticidade da mesma e nos perigos. Eles mesmos haviam dito que eu era um tipo de ameaça em potencial, o que me leva a crer que, cedo ou tarde, eu posso acabar estando na lista de alvos. Eu acredito que nenhum reino hesitaria em tirar minha vida para salvar o mundo. Isso me preocupa, eu não quero ver eles como meus inimigos, se bem que não me importaria com o Azin, mas a ideia daquele loiro irritante sendo... simplesmente não posso engolir isso.

                E, acima de tudo, o mais importante; a equação anti-vida era minha e só minha. O poder do mundo estava em meu corpo. O poder para dominar tudo e a todos, o que eu deveria fazer com esse poder? E como eu deveria usá-lo?


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Notas finais do capítulo

PS: o próximo capitulo ta muito bom *-*



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