Lost Memory escrita por Dri Viana


Capítulo 11
Chapter Eleven




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/305884/chapter/11

 Você é meu deus, minha religião
De joelhos eu te olho em reverência
Você pode pegar meu sangue, levar meus ossos
Meu coração é seu, eu me ofereço
Mas como posso sentir tanto sua falta se você está bem aqui?

(Miss You So Much— Miley Cyrus)

 ****

Um cheiro de rosas ao qual Grissom tinha a ligeira sensação de já ter sentido antes, invadiu seu olfato e o supervisor que havia acordado naquele mesmo instante, mas ainda permanecia de olhos fechados, não fazia idéia de onde aquele cheiro tão agradável vinha. Só sabia que ele era muito bom!

Abriu os olhos lentamente e descobriu a fonte daquele cheiro maravilhoso. Vinha dos cabelos de Sara que se encontrava dormindo com a cabeça sobre o ombro direito de Grissom, e bem agarrada ao corpo do marido.

Ao se deparar com ela dormindo daquele jeito tão íntimo com ele, o homem ficou sem ação momentaneamente. E somente depois de alguns segundos que teve alguma reação e conseguiu soltar bem devagar o ar que até então prendia em seus pulmões. Estático, ele não sabia o que fazer e nem queira se mexer para não acordá-la. Podia sentir perfeitamente a respiração da esposa de encontro ao seu pescoço e aquilo lhe arrepiou. Com todo o cuidado do mundo, conseguiu mexer o rosto só um pouco, de modo que fosse capaz de visualizar o de Sara.

Aquela era a primeira vez desde que acordara desmemoriado e descobria quem era aquela mulher para ele, que ficava assim tão próximo a ela... Tão próximo da sua esposa.

Enquanto a fitava lhe veio uma vontade súbita de tocar o rosto dela, mas assim como ficou em relação ao filho Matt, o supervisor também agora não se sentiu com coragem o suficiente para tal feito de tocar em Sara. Continuou somente a fitá-la.

De perto e com mais atenção, ele pode ter ainda mais certeza de uma coisa... Sara era linda! E tinha um cheiro delicioso.

Mais que de repente, ela começou a se mexer dando a impressão de que já ia despertar. Então Grissom fechou os olhos e ficou quieto para que quando Sara acordasse, pensasse que ele ainda estava dormindo.

E foi exatamente assim!

Sara abriu os olhos e a primeira visão que teve ao fazer isso, foi a do perfil do rosto de Grissom adormecido bem próximo ao seu. Um sorriso imperceptível escapou de seus lábios ao vê-lo tão perto e acessível a ela.

Por uma fração de segundos, a mulher chegou a acreditar que toda aquela história de amnésia repentina não passava de um terrível pesadelo e que agora tudo estava bem, em sua santa paz; que Grissom era o mesmo de sempre, e que assim que seu marido abrisse os olhos e lhe visse ali desperta, daria aquele sorriso bonito de sempre, diria o seu tão costumeiro "bom dia querida!", e depois a beijaria apaixonadamente como fazia toda vez que acordavam juntos.

Mas isso não aconteceria! Ela sabia que não! E doeu.

A lembrança da atual situação de Grissom lhe bateu na cara como um vento forte e Sara se deu conta de que tudo isso que ela queria que acontecesse não seria possível, pois seu marido realmente havia perdido a memória.

Suspirou com tristeza.

Seus olhos castanhos passearam por cada traço do rosto de Grissom, o qual era tão bem conhecido por ela. A mulher o fitava com amor e adoração, como se o marido fosse o ídolo amado e idolatrado, e ela uma simples e sonhadora fã apaixonada, que era capaz de tudo por seu ídolo amado!

E realmente, ela era capaz de tudo por ele!

Porque ele era mais que seu ídolo. Grissom era o seu amor, o homem da sua vida e o pai de seus filhos! Porém, desmemoriado por sabe-se lá Deus até quando.

Sem conseguir resistir ao fato de ter Grissom ali tão perto de si, já que desde que ele perdeu a memória se mantinha arredio e distante dela, Sara aproveitou aquele momento e com todo cuidado tocou o rosto do marido com uma das mãos fazendo uma carícia bem de leve para não acordá-lo. Só que, ela mal desconfiava que o supervisor já estava muito bem acordado.

E sem sequer desconfiar disso, a mulher começou a falar bem baixinho com Grissom.

 

— Tem sido tão doloroso pra mim ter que lidar com o fato de você não demonstrar mais o mesmo amor de antes por mim, Gil! - com as costas das mãos, ela continuava a tocá-lo com carinho e cuidado.

E o supervisor de olhos fechados ia só ouvindo as "confissões" da esposa.

— Por quanto tempo mais será que você ainda vai ficar assim sem se lembrar de nada Gil?... Sem se lembrar da nossa família, dos nossos amigos, de si mesmo e... Do nosso amor. - ela fez uma pausa, pois a voz embargou. A ausência do amor do marido era algo que doía demais nela. Grissom sempre foi amoroso com ela e agora não era nem sombra disso. — Sinto falta de como você era antes comigo... e principalmente, sinto falta do seu amor!... Fica bom logo, Gil, pra que esse pesadelo termine e a nossa família volte a ser a mesma de antes.

Sara parou de falar e Grissom que continuava de olhos fechados sentiu-a levantar a cabeça de seu ombro e logo depois o que ele sentiu foi o toque sútil dos lábios dela em seu rosto num beijo casto.

— Eu te amo e vou estar aqui com você sempre, meu amor! - ela murmurou ao afastar seus lábios da maçã do rosto do marido.

Depois disso, Sara saiu da cama sem fazer muito movimento para não despertar Grissom. Foi até o banheiro escovar os dentes; de volta ao quarto vestiu seu roupão florido por cima da camisola e saiu do cômodo para ir preparar o café da manhã e esperar Shirley que já estava quase para chegar a casa.

Assim que ouviu a porta do quarto bater, Grissom abriu os olhos e encarou o teto com tristeza.

— Meu Deus, como posso ter esquecido uma mulher que me ama tanto assim?

Um nó se formou na garganta do homem e seus olhos se encheram de água.

— Ela me ama tanto, mas eu não consigo me lembrar dela e nem desse amor... Por que isso foi acontecer comigo?

Uma vontade de chorar veio só que ele não chorou. Não podia negar que as palavras de Sara mexeram com ele. Doía ver que fazia alguém que demonstrava amá-lo tanto daquele jeito, sofrer por não conseguir lembrar-se de sentimentos apagados por sua memória.

Talvez por hora não fosse possível para ele acabar com aquele sofrimento todo, já que não vinha nada de sua vida em sua cabeça. Porém, a partir de agora tentaria ao menos amenizá-lo sendo mais presente com aquela família que era SUA. Iria aproximar-se mais ainda deles para que assim, quem sabe, não voltasse a se lembrar de cada um e de tudo mais de sua vida. Ele tinha que lembrar. Cedo ou tarde, mas tinha! Por Sara... Pelos filhos deles... E por ele mesmo!

Pensando em tudo aquilo e nas palavras de Sara, Grissom ainda permaneceu deitado na cama por um bom tempo até resolver se levantar de lá. Calçou os chinelos, foi até o banheiro, fez sua higiene matinal e saiu do quarto; desceu as escadas que davam para sala e se encaminhou para a cozinha à procura da esposa a fim de saber se ela já se sentia melhor do resfriado. Decidiu não contar a ela que tinha ouvido suas "confissões". Faria daquilo um segredo só seu e dela, claro, sem que este fato fosse do conhecimento da mesma.

Chegou a porta da cozinha e encontrou Sara tomando café.

— Bom dia! - ela enviou um meio sorriso ao marido.

— Bom dia!... Se sente melhor, Sara? - ele quis saber se aproximando dela.

— Sim! - o fato de ter despertado ao lado dele tinha sido seu melhor remédio. —... Obrigada por ter cuidado de mim ontem e passado a noite ao meu lado, Gil!

— Não tem de quê! - ele sorriu todo tímido do jeito exato que Sara tanto gostava e que ele nem se lembrava.

Um silêncio se fez presente enquanto o casal ficou se olhando. Permaneceram nisso alguns segundos até serem interrompidos pela chegada de Shirley.

— Bom dia! - a empregada cumprimentou os patrões e de cara notou um clima entre eles.

— Bom dia, Shirley!

Os dois responderam juntamente.

— Pelo que vejo a senhora já está bem melhor.

— Sim, Shirley, já me sinto bem melhor.

— Graça a Deus! Ainda teve febre?

— Até a hora em que estava acordada, eu não tive mais febre. E se tive, deve ter sido de madrugada enquanto dormia então não sei.

— De madrugada, você também não teve febre, Sara - Grissom comentou.

Shirley olhou para Sara buscando uma explicação. Não que sua patroa tivesse que lhe dá quaisquer satisfações, mas havia ficado curiosa a respeito daquilo. Contudo, não veio nada de Sara, então Shirley, buscou o que queria em Grissom.

— Desculpa a intromissão, mas como o senhor sabe disso? - a empregada que não era boba, já fazia uma pequena idéia da possível resposta para tal pergunta, porém para ter certeza se era mesmo àquilo que achava, questionou seu patrão.

Grissom ficou meio sem jeito com a pergunta de Shirley, mas mesmo assim respondeu-a.

— É que eu dormi no quarto com a Sara e durante a madrugada me acordei duas vezes pra verificar sua temperatura e felizmente ela não teve mais febre.

— Você fez isso?

Sara parecia surpresa em ouvir aquilo.

— Sim.

Os olhos astutos de Shirley perceberam um olhar diferente de seu patrão para Sara. Grissom não parecia mais desviar o olhar da esposa como fazia com frequência nos dias anteriores. Dessa vez enquanto falava com Sara, o homem mantinha o olhar na esposa e aquilo pareceu um bom sinal para a empregada.

Ao menos o resfriado havia feito algo mudar no comportamento de seu patrão para com a esposa dele!

Que assim continue!, Pensou Shirley.

 

~~~0~~~~

O resto do dia na casa foi tranquilo. Como havia combinado consigo mesmo, Grissom passou a maior parte do tempo o mais próximo possível dos filhos e também de Sara. E a mulher percebeu isso.

Inclusive em determinado momento do dia, ela até chegou a comentar com Shirley o "novo" comportamento mais próximo do marido. Chegando a compará-lo um pouco ao do Grissom de antes. Shirley chegou a concordar com isso e ainda afirmou que já não era sem tempo, Grissom estar se aproximando da família. E que talvez as coisas ficassem mais fáceis de lidar daqui por diante com Grissom mais próximo. Sara ficou contente com essa possibilidade, mas isso ainda não era exatamente o que ela queria. A mulher queria mesmo era seu marido sendo o mesmo de sempre e com suas lembranças de volta à mente. Mas por hora já estava feliz por ele pelo menos está começando a se importar com a família, como demonstrava sua aproximação deles.

Já à noite, quase perto das dez Grissom foi ao quarto de Sara após ter colocado Matt para dormir, e passado no quarto de Jully para lhe dar "boa noite". Viu a esposa vindo da suíte do quarto já vestida com a camisola de dormir.

— E o Matt? - ela o questionou já que o menino havia ficado com o pai na sala vendo TV.

— Dormiu e eu o levei para o quarto dele.

— Ele devia estar com bem sono pra não assistir todo o filme, que tanto gosta.

O homem viu a esposa puxar as cobertas da cama ao mesmo tempo em que falava com ele, e inevitavelmente, a questionou:

— Você já vai dormir?

Ele ainda não estava com sono e queria conversar com ela sobre a ida da mulher ao psiquiatra. Eles ainda não tinham tido oportunidade pra falar a esse respeito.

Sara o olhou de soslaio pela pergunta feita.

— Ainda não. Estou sem sono. Vou apenas me deitar e assistir um pouco de TV enquanto o sono não vem. Mas você deve está querendo dormir não é? Aqui... - ela pegou o travesseiro dele da cama e estendeu o objeto ao marido. — ... Seu travesseiro. Eu me esqueci de levá-lo lá para o quarto de hóspedes.

Ela queria muito que ele dormisse ali de novo com ela, ter acordado junto a Grissom tinha sido muito bom, mas Sara sabia que isso não aconteceria de novo, não por agora. Ele só dormido ali por conta do filho deles que não queria que ela dormisse sozinha, porque estava doente. Com certeza, agora, que ela já estava melhor, seu marido voltaria a dormir no quarto de hóspedes que ele agora considerava como dele.

Grissom meio sem jeito pegou o travesseiro da mão de Sara. Por incrível que pareça não queria dormir longe dela, não mais. E assim que ela largou o travesseiro e passou perto dele para ir até o closet do quarto busca algo, Grissom a deteve, segurando delicadamente em seu pulso, e para surpresa de Sara lhe pediu:

— Eu quero dormir aqui com você de novo. Posso?

Ela pensou ter ouvido errado aquilo.

— Você quer dormir aqui mais uma vez?

— Na verdade quero passar a dormir aqui todas as noites a partir de hoje. Você disse que esse quarto também é meu então, quero dormir no... Nosso quarto se isso não te incomodar, é claro.

Ela sorriu, apreciando o fato do marido se referir ao quarto como "deles" e não somente "dela". E se aproximando de Grissom, ela tocou seu rosto.

— Como eu já disse antes... Você nunca vai me incomodar, Gil. E se quer dormir no nosso quarto, pode dormir. Não há qualquer problema nisso pra mim, querido!

— Obrigado!

— Não tem que me agradecer isso! - ela tirou a mão do rosto dele e já ia se afastar, mas Grissom a impediu, segurando suas mãos nas dele.

— Quer me dizer mais alguma coisa?

— Quero que saiba que vou fazer todo o possível pra me lembrar de você e dos nossos filhos, Sara. A partir de agora vou tentar ficar o mais próximo possível de vocês.

— Fico contente por isso e saiba que estou aqui com você... Sempre, Gil! Como juramos no dia do nosso casamento: "Na alegria e na tristeza... Na saúde e na doença... Até o último dia das nossas vidas!".


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bjs e ate



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lost Memory" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.