Rise Again escrita por Fanie_Writer


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Meus mockingjays rebeldes amados!!!

Antes de tudo, quero dedicar esse capítulo às lindas Fabi e Jean Grey pelas recomendações maravilhosas e que me deixaram verdadeiramente emocionada! Obrigada pelo carinho!!!

E, em comemoração ao Dia do Amigo e ao lançamento do 2º Trailer de Em Chamas (Assista aqui: http://www.jogosvorazesbr.com/assistam-novo-trailer-de-em-chamas-mostra-arena-tributos-e-muito-mais/), aí vai mais um capítulo de Rise Again para vocês!!!


Boa leitura!



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Na manhã seguinte eu me sentia completamente moído, com absolutamente todos os músculos do meu corpo doloridos e uma enxaqueca infernal.

Fiquei imóvel na minha cama por incontáveis minutos, apenas me concentrando em inspirar e expirar o ar.

Quando o latejar na minha cabeça aliviou o suficiente para que eu pudesse voltar ao trabalho, liguei para Effie para instruí-la sobre o que dizer à imprensa e como espalhar a notícia da falsa aparição pública de Katniss e dos tributos.

Tive que comparecer no hospital da Noz para uma verificação médica após o atentado com a máscara de gás, mas tentei correr atrás das 24 horas que fiquei desacordado pelo efeito tóxico e mais as horas de recuperação. Tanto do efeito do gás, quanto do efeito de Katniss em mim.

O médico me receitou algumas vitaminas, um tratamento com soro fisiológico para hidratar as vias aéreas e recomendou pegar leve no trabalho. Claro que eu não tinha tempo de obedecer nenhuma de suas orientações.

E mesmo que eu as seguisse, poderiam ajudar a melhorar apenas meu estado físico. Mas como eu trataria o meu estado emocional e a confusão que Katniss deixou na minha cabeça?

Se eu me permitisse, por apenas uma fração de segundo, fechar os olhos e reviver aquele momento ontem no meu quarto, eu conseguia sentir tudo de novo. Seu toque curioso, quente e macio, aliado ao rastro úmido de seus lábios na pele de minhas costas eram suficientes para me tirar o prumo.

E a última coisa que eu precisava hoje era perder o foco. Portanto, afoguei essa memória num canto escuro de minha mente.

Assim que saí do centro médico militar, fui para o refeitório onde sabia que encontraria a todos. No caminho, pedi pelo comunicador para me conectarem com Beetee, que me informou estar a caminho do Dois naquele instante.

- Bom dia a todos. – fui cumprimentando os tributos, que estavam sentados em uma mesma mesa, assim que cheguei – Por favor, queiram me acompanhar.

Minha mãe fez menção em se levantar da mesa onde ela estava sentada com a mãe de Katniss e as crianças, mas sinalizei que estava bem e sorri para reforçar que ela não precisava se preocupar.

Os Mockingjays me seguiram e eu os conduzi para a parte de trás do refeitório, cruzando pela grande cozinha que funcionava a todo vapor, pegando um túnel e descendo uma escadaria que nos levaria ao depósito de alimentos. De lá era possível pegar um entroncamento de túneis que levava para acessos a vários lugares da Noz e era utilizado tanto como rede de abastecimento, como opção de escape em uma situação de emergência.

Parei no depósito de alimentos, que continha vários tipos de grãos ensacados, vindos principalmente do Distrito 11, mas também de um pequeno setor de plantação no próprio Dois, fora da Noz.

- Eu trouxe vocês aqui para avisá-los que faremos a armadilha hoje.

- Mas tão rápido? – Nereu comentou.

- Tem certeza de que se sente bem pra isso? – Haymitch até pareceria genuinamente preocupado comigo, se eu não soubesse que ele estava julgando se eu estava em condições para algo tão arriscado.

- Esse atentado aqui dentro só prova o quanto precisamos acender as luzes para não continuar dando tiros no escuro. E não podemos mais perder tempo. Há essa hora Effie já está espalhando a notícia falsa sobre um discurso de Katniss com todos vocês na praça do Dois.

- Acha que os terroristas vão acreditar que isso é verdade? – Johanna perguntou.

- Eles vão ter que acreditar. E é por isso que vamos fazer com que tudo pareça o mais próximo possível da verdade. Vocês serão levados com escolta reforçada até o Prédio da Justiça, para mostrar que vocês realmente vão fazer algo importante para precisarem de segurança reforçada. Do prédio, vocês serão conduzidos por uma série de túneis subterrâneos que sairão em um trailer que, aparentemente, seria destinado à equipe técnica de transmissão.

- Então será tudo transmitido ao vivo para o país? – Nereu perguntou.

- As equipes de filmagem dos veículos de comunicação entrarão na praça, mas nenhum equipamento estará ligado.

- Como você vai fazer com que jornalistas curiosos aceitem isso? – Haymitch perguntou.

- Se meus soldados não os convencerem a desligarem por bem, ainda tem sempre a opção de recolher as baterias e chips de armazenamento de dados. Além disso, vou providenciar para que alguns estejam infiltrados para garantir que tudo corra bem e nenhuma imagem do que faremos vaze.

- Isso é tão insano que chega a ser genial. – Nereu disse e sorri para ele.

- Tudo bem, e onde os brinquedos de Beetee entram nessa história? – Johanna foi quem perguntou.

- Vocês vão ficar dentro do trailer, com o espaço livre para se moverem quando os sensores holográficos forem ligados. O truque é fazer todo mundo acreditar que vocês realmente estão lá e o melhor: distante da escolta durante o falso discurso à nação. Qualquer atentado que vocês sofrerem, seja por tortura psicológica ou alguma tentativa contra a vida de vocês, vai gerar uma movimentação brusca de fuga no responsável, certo? Afinal, qual criminoso fica na cena aguardando ser preso? E é nesse instante que as Ratoeiras entram em ação. Vamos justamente forçá-lo a permanecer na cena do crime.

- Você disse no outro dia que há o risco de o campo eletromagnético das Ratoeiras suspenderem ou até incapacitarem o armamento das tropas que farão nossa segurança – Katniss se manifestou pela primeira vez, mantendo um olhar analítico e os braços cruzados sobre o colete de seu uniforme – E se o ataque for muito maior do que esperamos e seja necessário nos defender com armas?

- O treinamento de combate que vocês receberam de mim é requisito básico para qualquer militar integrar uma tropa de segurança como a que estará hoje com vocês. Se as armas de fogo não funcionarem, haverá armas brancas guardadas em pontos estratégicos por toda a praça para os soldados e no trailer, para que vocês se defendam. Mas isso se a situação sair do controle e for preciso que vocês se exponham à linha de combate.

- O que você quer dizer com a situação sair do controle? – Katniss perguntou.

- Quer dizer um ataque muito maior do que esperávamos e que possa incapacitar as tropas de segurança de uma maneira que não reste nenhum combatente além de vocês naquela praça.

Um longo silêncio perdurou por pesados segundos. Ainda era possível ouvir a cacofonia dos trabalhos na cozinha e até do refeitório, pouco acima de nós, mas dentro do depósito de alimentos estavam todos silenciosos.

- Aonde você pretende ficar no meio disso tudo? – Katniss perguntou com a voz muito baixa, como se temesse atrapalhar o pensamento de seus colegas.

- Vou ficar junto de vocês, mas também ajudando ao máximo Beetee com a Ratoeira. – menti.

Se era para dar o máximo de veracidade à situação, eu não poderia ficar dentro do trailer com eles. Além disso, quando as Ratoeiras funcionassem, seria mais fácil alcançar e até mesmo avistar o responsável pelo atentado se eu estivesse no palco, ao lado das imagens holográficas dos tributos, como aconteceria se toda essa situação fosse real.

Mas Katniss pareceu aceitar o que eu disse. Meu peito se apertou por causa da culpa por mentir para ela, mas me forcei a pensar que era para o bem de toda a operação porque eu sabia que Katniss iria fazer de tudo para me impedir de assumir um risco que ela consideraria desnecessário.

Ela balançou a cabeça, aceitando cada detalhe do plano e então olhou para o chão. Eu não sabia no que ela estava pensando, mas não pude deixar de notar no quanto ela estava calada nessa manhã.

- Se alguém tem alguma dúvida, esse é o momento de esclarecer. – ofereci após mais um instante de silêncio.

- A presidente está sabendo disso? – Haymitch se manifestou.

- Não que a ideia que eu tive de conseguir um informante será executada hoje.

- Isso não pode atrapalhar?

- Effie me disse que ela está em reunião com seus ministros e secretários hoje. Quando a notícia chegar até ela, já teremos terminado de interrogar o informante, ou até os informantes.

- Então pode ser que isso dê certo. – Haymitch sorriu de lado e foi o primeiro gesto amigável dele para mim em meses. A última vez foi o aceno que ele deu ao sair do meu quarto no prédio do governo no Capitol, após a conversa franca que tivemos.

Fiz um aceno com a cabeça para ele e me voltei para os outros.

- Se ninguém mais tem dúvidas, vocês estão dispensados. Reúnam suas equipes de preparação e sigam com a tropa de escolta para o Prédio da Justiça daqui há uma hora. Encontro com vocês lá.

Em uma situação normal, eu teria batido continência e os soldados teriam respondido. Mas eu não sentia mais à vontade para manter esse tipo de formalidade com os Mockingjays.

Então me virei e segui de volta ao refeitório, com eles me seguindo. Deixei eles se reunindo para contatarem pelos comunicadores os membros de suas equipes de preparação que não estavam no refeitório, mas antes de sair olhei uma última vez para Katniss.

Ela estava na mesa com nossas mães e as crianças, puxando Fin para o colo enquanto dava atenção para um desenho que ele lhe mostrava enquanto Prim também tentava captar sua atenção para alguma coisa que falava, puxando-a pela borda do colete de neoprene. Enquanto comentava o desenho de Fin, Katniss se virou para Prim e ajustou a touca que a garota usava contra o frio, mas que escorregava em seus olhos.

Foi com essa imagem que eu segui até o Centro de Comando para acompanhar o andamento da operação e, quando o aerobarco de Beetee chegou ao Dois, fui ao encontro dele.

Os preparativos na praça já estavam em ritmo avançado – graças à eficiência de Effie Trinket – e as pessoas que passavam pelo local já percebiam que algo importante aconteceria ali. A neve que forrava o chão já se misturava à movimentação da lama dos pés dos curiosos e de quem trabalhava para o falso pronunciamento.

Depois de algum tempo, furgões e vans da imprensa começaram a chegar, mas eu já havia providenciado tudo para que houvesse o mínimo de tumulto e desentendimentos possíveis. A praça já estava cercada de equipes de segurança e, os soldados responsáveis por receberem os jornalistas, os encaminharam para uma tenda montada não muito longe do trailer onde os tributos ficariam.

Poucos minutos depois, pessoas saíram da tenda. Quem estava com cara amarrada e murmurando era nitidamente jornalista e certamente tinha odiado passar pela revista de baterias e cartões de memória. Os outros, que carregavam câmeras filmadoras e ajustavam suas credenciais em silêncio e com o olhar atento a tudo que acontecia ao redor, eram soldados infiltrados.

Faltando cinco minutos para o prazo combinado para a chegada dos Mockingjays, fui informado pelo comunicador que os tributos estavam a caminho.

Ainda faltava terminar de ajudar Beetee a instalar duas das quatro Ratoeiras, mas me levantei e ajeitei o uniforme. Chequei se tudo estava em seu devido lugar, e pendurei no ombro o meu super arco.

- Por que não passa um pouco mais de perfume também? – Beetee comentou sem desviar os olhos da instalação da Ratoeira.

- Hã?

- E penteia o cabelo. Está espetado dos lados. – ele disse com um sorriso zombeteiro me olhando por cima do aro de seus óculos e eu rolei meus olhos, embora não conseguisse conter o sorriso.

Quando vi o comboio militar se aproximando da praça, percebi que minha mão voou para minha cabeça num gesto involuntário, ajeitando o cabelo antes de recolocar o quepe no lugar.

Mas parece que Beetee estava apenas tirando uma com minha cara – de eterno melhor amigo apaixonado – mesmo.

Effie Trinket foi a primeira a descer, com Cressida às suas costas e sua equipe de filmagem que fingia estar gravando tudo.

Logo em seguida, os tributos desceram. A essa altura, a praça já estava com muita gente, que se aglomerava para ver o que estava acontecendo e eu torci para que a notícia já tivesse chegado até os terroristas.

Katniss foi a última a descer e me surpreendi ao vê-la com seu arco Mockingjay no ombro.

Quando ela me viu, seu olhar caiu para o arco que eu também carregava e ela sorriu. Mas então ela piscou, como se tivesse levado um choque e sua expressão voltou a ficar séria.

Eu não entendi o que foi isso, mas também não tinha tempo para sofrer com o quanto Katniss ficou distante de mim depois disso.

Acompanhei eles até o Prédio da Justiça, na minha melhor atuação de comandante preocupado com algum atentado.

Depois que eles entraram, orientei para que ficassem no prédio até que terminássemos de instalar as Ratoeiras e déssemos o sinal para que eles seguissem para o trailer.

Antes de sair, percebi que a extensa tropa de segurança responsável pelos tributos contava com o Tenente Iran Blake, que aproveitou a primeira oportunidade que teve depois das minhas instruções para se aproximar de Katniss.

Ela, como já vinha acontecendo, não ofereceu mais resistência nenhuma à aproximação dele. Antes de sair, ainda ouvi o riso fraco dela em resposta a algum gracejo dele.

Respira, se concentra e tenta não arrancar a cabeça dele.

Eu não podia me distrair com o ciúme que voltava a tomar conta de mim e também não podia deixar que esse ciúme me fizesse cometer alguma idiotice que pudesse voltar a deixar as coisas tensas entre mim e Katniss.

Não depois do que ela fez comigo ontem e no meu apartamento no Capitol.

Voltei a ajudar Beetee a terminar de instalar as Ratoeiras. Os dispositivos eram bem simples quando os projetamos para realmente pegar os ratos que roíam as fiações do laboratório no Treze, mas para essa situação Beetee precisou melhorá-los.

O campo eletromagnético criaria uma barreira ao redor da praça que manteria todos nos lugares. Corríamos sim o risco de nenhum equipamento funcionar dentro do campo, especialmente armas de fogo, mas quando o terrorista fizesse um movimento brusco para tentar escapar, os sensores de reação das paredes do campo formariam uma espécie de bolha eletroestática que o manteria preso assim que se aproximasse da parede do campo.

Funcionou bem com os ratos do laboratório, então tínhamos grandes chances de que isso funcionasse também com os terroristas antes de toda a multidão presa dentro do campo junto conosco entrasse em pânico e ocasionasse uma reação em cadeia nos sensores da Ratoeira.

Esse era um plano arriscado e que tinha grandes chances de dar errado e gerar um contra ataque mais duro dos responsáveis por esses atentados. Mas eu contava com o instinto de autopreservação de quem tentasse atacar hoje, que o faria fugir assim que atentasse contra a imagem holográfica de Katniss antes da reação do restante da multidão.

Talvez até déssemos sorte de esse terrorista fugir sem sequer perceber que atentou contra uma imagem holográfica, o que tornaria tudo ainda mais fácil de ser detectado pelo dispositivo da emboscada.

- Ouch! – afastei a mão quando tomei o choque que me distraiu de meu raciocínio.

- Está tudo bem? – Beetee veio me socorrer.

- Está sim. Acho que estou ansioso demais com tudo isso.

- Vai verificar então as coisas com as equipes de segurança. Deixa que eu termino isso aqui.

- Tem certeza?

- Tenho.

Dei uma última olhada em Beetee, mas ele sabia bem o que fazia e suas mãos trabalhavam com mais agilidade do que as minhas. Pela junção de suas sobrancelhas, vi que ele também estava tão ansioso como eu, mas não quis admitir e lidava melhor com isso também.

Quando ele me avisou algum tempo depois por seu comunicador de que todas as Ratoeiras estavam instaladas, avisei para que as equipes de segurança ficassem em posição e transferissem os tributos para o trailer.

Pelo Holo, segui o percurso que eles faziam pelos túneis subterrâneos graças aos sinais transmissores dos oficiais das tropas. Além disso, a cada minuto eu pedia atualizações.

Quando eles chegaram ao trailer, fui discretamente até a ala da imprensa como se estivesse orientando os jornalistas, mas avisei aos soldados à paisana para ficarem atentos à movimentação no perímetro.

Quando entrei no trailer, os oficiais de tropas já auxiliavam Effie e Cressida a instalar os sensores holográficos nos pulsos, tornozelos e pescoço dos tributos.

Tentei não olhar estranho e torcer a cara para a roupa bizarra de Effie Trinket. Eu tinha que reconhecer que ela vinha desempenhando suas funções com eficiência e profissionalismo, mesmo com aquele penacho de pavão artificial na peruca e uma roupa que desafiava toda a mecânica de movimento do corpo humano.

- Chegou o momento. – eu disse chamando a atenção de todos – Quando Cressida der o sinal, as portas do Prédio da Justiça serão abertas e Effie deverá se mover para que sua imagem holográfica vá até o microfone para fazer o anúncio. Em seguida, os Mockingjays aparecerão para a multidão e farão o discurso conforme o combinado. Continuem com o teatro normalmente até que o terrorista se manifeste.

- E se não acontecer nada, Comandante? Existe algum Plano B para o caso de os terroristas não estarem a fim de atacar hoje?

É claro que a provocação veio do Tenente Blake.

- Eles vão atacar, Tenente Blake.

- Como pode ter tanta certeza? – ele semicerrou os olhos, como se estivesse disposto a lançar suspeitas sobre mim.

- Qualquer um aproveita ao máximo a oportunidade que tem de se aproximar de Katniss Everdeen. Com eles não vai ser diferente.

Dizendo isso, dei as costas para ele e fui verificar com Effie e Cressida os detalhes da aparição e como elas deveriam orientar os tributos sobre os movimentos gestuais que tornariam tudo o mais verídico possível.

Quando estava prestes a sair, voltando pelo túnel, senti alguém tocar meu ombro. Quando me virei, Katniss olhava para meus pulsos e tornozelos.

- Você não vai colocar seus sensores?

Me aproximei dela e ajustei um dos fios do sensor em seu pescoço enquanto pensava numa resposta.

- Vou sim. Eu só tenho que dar uma última varredura antes de autorizar o início do evento. – disse sem olhar em seus olhos – Fiquei feliz de ver que você trouxe seu arco.

- É... Você também trouxe o seu. – ela indicou com um movimento de queixo.

- Espero que não seja preciso que você use o seu.

- E nem você o seu. – ela retrucou e então afastou minha mão para longe do fio do sensor. Seus olhos percorriam toda a extensão do meu rosto agora, analisando minha expressão – Você não vai ficar aqui conosco, não é?

- Não posso. Tenho um trabalho a fazer.

- Onde?

- Junto com minhas equipes de segurança.

- Onde, Gale? – ela repetiu a pergunta com mais firmeza.

Respirei fundo me concentrando para não deixar ela ler a verdade em meus olhos. Mas eu sabia que ela já tinha sacado que eu não ficaria em um local seguro.

- Apenas faça o que Effie e Cressida mandarem e não se preocupe comigo.

- Está meio difícil não me preocupar com você depois de você levar um tiro e ser intoxicado e agora estar disposto a ficar na linha de frente em mais um atentado!

- Por acaso não confia em mim?

Katniss sugou o ar com força e balançou a cabeça em negativa.

- Não é isso. Você sabe que não é questão de não confiar em você.

- Então o que é?

Ela ergueu o queixo, como se buscasse as palavras certas no teto. Quando não encontrou, voltou a me olhar com raiva.

- Então vai. – ela empurrou meu peito com força – Vai fazer o seu eficiente trabalho de tentar cometer suicídio.

- Isso tudo o que eu estou fazendo é para te proteger.

- Eu sei. E sou grata por isso. Mas por que você não pode ficar aqui conosco, onde é seguro?

Então era isso? Essa crise toda era por que ela estava preocupada demais comigo?

- Eu não posso, Katniss.

- Então da próxima vez, pelo menos tenha a decência de dizer isso de uma vez ao invés de mentir para mim.

Fiquei encarando suas íris cinzas, que cintilavam num misto de raiva e súplica. Ela me encarou de volta e não pude deixar de notar que seu pescoço estava vermelho.

- Será que vocês dois podem deixar para discutir a relação em outro momento? – Haymitch grunhiu ao nosso lado. Só então percebi que o trailer estava silencioso demais e que todo mundo prestava atenção em nós dois.

- Haymitch está certo. Falamos disso depois. – me virei para sair em direção à entrada do túnel, mas acabei voltando para olhar para ela uma última vez. – Se cuide.

- Se cuide, você. – ela retrucou entredentes e quando sustentei seu olhar por mais um segundo, vi que havia alguma coisa a mais que a incomodava. Mas ela se virou em direção a Effie e Cressida e não me deixou vê-la uma segunda vez.

Segui até o Prédio da Justiça pelo túnel subterrâneo e, quando verifiquei se estava tudo em seu devido lugar, avisei para que Effie preparasse todos para a entrada.

Assim que ela me retornou que estava tudo pronto, sinalizei para que as portas da frente do Prédio da Justiça fossem abertas.

Como num passe de mágica, a imagem de cada tributo apareceu ao meu lado e eu sinalizei para que os soldados os escoltassem como se eles realmente estivessem ali.

As pessoas na praça vibraram ao ver os tributos, sem perceber que tudo não passava de projeção tecnológica.

O holograma de Effie caminhou até o microfone do palanque montado e iniciou seu discurso de introdução, como se realmente estivesse falando a toda a nação. Ela relembrou os trágicos fatos recentes e se apresentou como nova Ministra de Comunicações. Não necessariamente com tanta formalidade, já que seu timbre sempre irritante estava ainda mais vibrante quando ela disse a última parte.

- Diante do último atentado, que chocou a todos nós com cenas horripilantes da brutalidade que fizeram com nosso amado Plutarch, nossos diplomatas resolveram trazer uma mensagem de paz a toda a nação. Representando os Mockingjays, a nossa querida Katniss Everdeen.

Effie anunciou com seu tom sempre cantarolado e a multidão aplaudiu aguardando o holograma de Katniss avançar até o microfone.

De perto era possível ver as linhas luminosas da projeção digital que transmitiam a imagem de Katniss. Ela virou o olhar em minha direção como se realmente estivesse ao meu lado, me olhando com a mesma raiva e súplica que eu vi antes.

Mas o que chamou minha atenção foi o quanto ela era linda, mesmo naquele uniforme pesado, mesmo em projeção digital e mesmo com raiva por eu estar tão exposto enquanto ela estava seguramente guardada.

Acenei com a cabeça para ela e falei em meu comunicador ordenando às equipes para se prepararem, mas de um jeito propositalmente indiscreto. Se o terrorista estivesse lá, ele entenderia que era apenas um movimento normal de um chefe de segurança.

Katniss respirou fundo e cumprimentou a multidão que se aglomerava na praça do Dois e então se virou para as câmeras, falando à nação.

Não prestei atenção ao seu discurso falso porque vasculhava a praça a espera da menor movimentação que indicasse a localização de um possível terrorista.

Mas, mesmo com toda a minha preparação e minha atenção, não soube dizer de onde a granada lançada contra o palco veio.

A única coisa que tive tempo de fazer foi me jogar o mais longe que consegui da detonação.

Fiquei caído no chão da praça, com pedaços do palco ainda voando contra meu rosto. Minha cabeça zumbia e eu não conseguia ouvir nada. Senti o gosto metálico de sangue e a ardência de algum ferimento na minha testa.

Mas mesmo zonzo e surdo por causa do impacto da detonação, me forcei a levantar para agir, antes que a multidão saísse do choque inicial e entrasse em pânico.

Busquei por meu arco e puxei uma flecha por cima do ombro. Tive um pouco de dificuldade em posicioná-la no arco na primeira vez, mas tentei de novo vencendo a fraqueza e o acesso de tosse pela fumaça e corri para leste, onde pensei ter visto um bolsão eletroestático se formando na parede do campo eletromagnético que formava uma cúpula sobre a praça, isolando-a do restante da cidade.

Alguns soldados desavisados empunhavam suas armas, mas como esperávamos, elas não funcionaram.

Senti um líquido quente escorrendo por minha orelha, mas não me preocupei em tocar para saber que era sangue.

Ao invés disso, apertei o passo até que avistei um grupo de soldados com armas brancas empunhadas contra o a bolha da Ratoeira.

Beetee me alcançou, ficando em meu caminho e mantendo suas mãos estendidas.

- Deu certo? – ouvi minha voz. Mas a julgar pela maneira como ela saiu abafada, apenas um de meus ouvidos funcionava normalmente.

- Deu, mas é melhor você ir procurar ajuda médica primeiro. – Beetee tentou me empurrar.

- Não, eu quero ver esse desgraçado.

Passei por ele, ainda com o arco empunhado e me aproximei da bolha.

Nesse instante, a multidão já começava a entrar em pânico e o campo de força estava aprisionando quem tentava ultrapassá-lo. Em breve entraria em colapso e desativaria, mas já não importava mais. Beetee disse que deu certo. Capturamos o terrorista que daria as informações que precisávamos!

Avancei à frente dos soldados que montavam guarda ao redor da bolha, mas senti meu estômago afundar ao reconhecer a pessoa que estava presa dentro dela.

- Vocês têm certeza que é a pessoa certa? – perguntei por cima do ombro, sem conseguir desgrudar os olhos daquele rosto que todos conhecíamos tão bem.

- Temos sim. Quando a bolha o capturou, o campo eletrocutou isso.

Um soldado jogou uma bolsa para perto de mim e granadas enfumaçadas saltaram para fora.

Olhei de novo para o rosto que agora eu desprezava e vi suas expressões se contorcerem exatamente como o prisioneiro da primeira invasão de rede fez.

Lancei a flecha contra a bolha e imediatamente puxei mais uma, aproveitando o pequeno vão que se formou pela explosão na parede eletroestática pela primeira para atingir o terrorista no ombro.

A dor o fez parar com a tentativa de suicídio e ele caiu no exato momento em que o campo ao redor da praça se desfez.

- Gale, eu posso explicar! Não é nada disso o que você está pensando!

- Levem esse rato para o Corredor. – virei o rosto para o outro lado para não ouvir as súplicas de Garry Collins, braço direito da presidente Paylor, enquanto ele era algemado e levado pelos soldados.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, as notas finais de hoje vão ser um pouco diferentes. Não vou comentar o capítulo, mas sim deixar um aviso.

Conforme eu avisei no espaço disponível para avisos no início da Fic, essa história tem como "shipper" Gale e Katniss. Eu não viso o romantismo o tempo todo, até porque não é esse o objetivo dessa fic, mas o casal principal é Gale e Katniss.
Como vocês já viram, eu não descartei o Peeta porque ele é um dos poucos personagens de triângulo amoroso que conquistou o meu respeito e eu até admiro o sentimento que ele tem pela Katniss na história de Suzanne Collins.
Mas, repito, o casal principal é Gale e Katniss.

SE VOCÊ NÃO SE SENTE CONFORTÁVEL, POR FAVOR, SIMPLESMENTE NÃO LEIA A HISTÓRIA.

Não precisa ficar me mandando MP aqui no Nyah, ou postando comentários no meu Facebook dizendo o quanto a história é ruim por ter como foco o Gale. Não gosta, SIMPLESMENTE, não leia.

Eu sempre respeitei todos os Teams de todas as sagas que eu gosto e acompanho, então eu exijo o mínimo de respeito também, ok?

E só pra esclarecer, quem me faltou com respeito não foi nenhuma das Team Peeta que até agora está acompanhando e deixando seus reviews com suas opiniões que eu tanto admiro e respeito. O mais bizarro dessa situação desrespeitosa é que quem veio me encher os pacová nem é leitor assíduo (ou se é, nunca se manifestou, apenas acompanha para encher o saco mesmo!). Aliás, uma das cidadãs disse que só sentiu curiosidade para ler minha fic porque disseram para ela que minha história era muito parecida com a dela. DETALHE: A pessoa escreve uma fic que é Team Peeta em todos os aspectos.

Whatever, However, Whoever... Eu pensei bastante em escrever ou não essa nota e, no fim, achei necessária. Quem me conhece, sabe que sou uma pessoa calma, que evita ao máximo qualquer confusão e que, mesmo com os comentários contrários no Facebook, ainda tentei ser respeitosa e educada, tentando explicar a temática da Rise Again pra ver se as pessoas mudavam de ideia. Mas enfim... Com gente mau educada e desrespeitosa não há diálogo, né?

Mais uma vez repito que não foi nenhuma das leitoras Team Peeta ativas aqui que fez qualquer coisa. Pelo contrário, vocês sempre expressam suas opiniões de um jeito que me deixa surpresa e gratificada pela participação de vocês!

Lamento o infortúnio de tratar de um assunto tão chato desses em um capítulo tão cheio de tensões!!! kkkkkk

Espero por seus palpites, hipóteses e comentários a respeito do que aconteceu e do que vocês acham que está para acontecer.

Postarei o capítulo 25 até sexta-feira que vem!

Um grande abraço a todos vocês, meus leitores mockingjays rebeldes!!!

(E não esqueçam de acessar ao link do novo trailer de Em Chamas, caso ainda não tenha visto!!! Vale muito a pena ver uma ou 63799238390 vezes!!!! ;) kkkkkkkkkkkk)