- Como você entrou aqui? Como descobriu que eu estava aqui? – pergunto a ele, enquanto me levanto. Meu corpo inteiro dói, mas, se eu quero realmente fugir e acabar com isso tudo de uma vez, terei que ignorar tal coisa.

- Abby, digamos que o seu caso se tornou público. – ele disse – Digamos também que a segurança daqui é muito fraca.

Encarou-o por meio segundo e depois me dou conta. Dylan não está mais vivo. Sinto um aperto no peito ao lembrar disso, mas perguntou a ele uma outra coisa:

- Onde você deixou Mia? – já que Dylan ano está vivo, Mia não poderia ter ficado sozinha, no meio do nada, já que a casa deles também fora destruída.

- Como eu já disse, o seu caso se tornou público. E os 4 parecem que se sentem muito mal ao mentir ou esconder algo de alguém, então achar a sua casa não foi uma coisa muito difícil. – ele falou, dizendo “4” de uma maneira que me deixou meio desconfortável. Abriu a porta de ferro. Passamos por cima do segurança caído no chão, com sangue escorrendo pela sua cabeça.

A cena me deu ânsia de vômito, então desviei os olhos e continuei a perguntar.

- Falou com os meus pais?

- O que você acha? – ele virou-se para mim, agarrando a minha mão e me levando pelo corredor escuro. Dou um sorriso torto para ele e logo que ele solta a minha mão para poder correr, sigo-o, mesmo sentindo minhas pernas ficarem mais fracas a cada passo que dou.

Quando estamos no meio do corredor, ouço sirenes e as luzes começam a ficar vermelhas. Minha respiração fica mais acelerada e estou mais nervosa também. Não sei o que vai acontecer agora, mas Daniel parece me dar um pouco de calma. Apenas um pouco.

Ele percebe o meu olhar e ouvimos passos acelerados se aproximarem. Não, não podem me pegar. Não podem.

- Venha aqui. – ele diz e me puxa para atrás de caixas grandes de ferro. Não sei o que ele planeja fazer, já que não podemos ficar aqui por muito tempo. Assim que ele arrasta uma das caixas por poucos centímetros, vejo que há uma abertura na parede.

- Foi por aí que você entrou?

- Sim, mas não foi por aqui que entrei nesse lugar. – ele diz, não entendo muito bem, mas reconheço que não há tempo para perguntar sobre o que ele está falando. – Você não é claustrofóbica, é?

Nego com a cabeça e ele assente, como se quisesse dizer “ótimo”. Retira as grades que fecham a saída e pede para eu entrar. Me encolho e vou engatinhando o mais rápido que posso pelo túnel escuro. Ratos passam por mim a toda hora, mas tento ignora-los. Quando finalmente viro para a direita, ouço as grades sendo colocadas no lugar.

Olho novamente para frente e vejo um feixe de luz iluminar o túnel. A poucos metros de mim está a saída. Engatinho cada vez mais rápido, até conseguir achar a abertura. Ela também contém grades, mas elas estão soltas, o que facilita o meu trabalho. Assim que saio do buraco, percebo o quanto estava quente lá dentro. Ou o quanto está frio aqui.

Agora sei o que Daniel quis dizer com “Não foi por aqui que entrei nesse lugar”. Ele não entrou diretamente para dentro do instituto (ou prisão, como eu gosto de chamar). Ele entrou por alguma abertura ou alguma coisa do tipo, pois o túnel dá direto a uma sala.

Pelo quadro e pelas coisas que estão nela, sei onde estou: na sala do médico.

Engulo o seco e espero Daniel chegar. Por sorte não há ninguém aqui, então quando ele chega, o barulho das grades sendo recolocadas ecoa na sala inteira. Não sei porque alguém colocou aquele túnel ali, pois eu não consigo imaginar o médico engatinhando por ele.

- Pronta para ir embora? – ele pergunta. Confirmo com a cabeça, queria abraça-lo, pedir desculpas pelo o que eu disse alguns dias atrás, mas não há tempo para isso.

Não só porque temos que fugir. Ou melhor, “tínhamos”. Pois assim que dou um passo a frente, a porta se abre e quatro guardas armados entram, apontando suas armas extremamente grandes para nós.