Eu entrara para o tal trabalho junto a Carly, Luke e Matt. Tivera que esconder isso da minha família. Não podia mais sair com os meus antigos amigos. Na escola, eu vivia isolada. Mas eu havia feito uma escolha. Uma escolha difícil, mas a certa. Pelo menos era o que eu pensava.

O chefe de lá me aceitara sem problemas. Fiquei no galpão, identificando algumas coisas e fazendo alguns cálculos de armadilhas. Eu gostava disso. Ia lá quase que de segunda a sexta. Minha mãe estranhara, me perguntava o que acontecia. Obviamente eu não contara a ela que estava indo para a floresta, porque era praticamente proibido ultrapassar os limites das cidades sem noticiar ou pedir autorização ao governo.

Eu havia mudado. Mas eu não via isso. Para mim, eu continuava a mesma, tirando que agora eu armava armadilhas para os 7. Isso, até um dia que mudou tudo.

Eu e Carly havíamos sido escaladas para construir algumas armadilhas na floresta. Queríamos capturar um 7, para que ele nos dissesse onde os outros se escondiam e porque estavam tão interessados em tentar entrar nas cidades. As tentativas haviam se tornado maiores a cada dia, mas não entendíamos o porque. Até hoje isso ainda é um mistério para mim.

Carly decidira ir na frente, para vasculhar a área. Eu ficara atrás, montando algumas armadilhas. Ouvi então uma voz de um homem atrás de mim:

- Garota de cabelos cor de fogo. – ele sussurrou, como se quisesse fazer u feitiço com o meu nome.

Virei-me assustada. Nunca tinha realmente visto um 7 ao vivo e a visão era assustadora. Os olhos vermelho sangue dele estava me fazendo sentir mais medo do que eu já estava. Ele aproximou-se e eu fui chegando para trás.

- Eu me lembro de você. – ele falou.

- Eu não te conheço. – falei, pegando a minha faca que Luke me dera para eu me proteger. – Nunca te vi, não te conheço.

- Ah não? E essa cicatriz na sua nuca? – ele perguntou, apontando para o meu pescoço. Rapidamente coloquei a mão na nuca, bem no lugar do machucado, que agora virara uma cicatriz, quase como se eu tentasse esconder isso. – Sabia que era você. Não é sempre que temos uma pessoa com cabelos tão vívidos de vermelho.

Respirei fundo e perguntei um pouco assustada.

- Foram vocês?

Ele assentiu.

- Implantamos um pouco de nós em você. – ele disse e eu me alertei. Eu sabia do que eles estavam falando. Eles inseriram umas características em mim, ou seja, agora eu era além de uma 4, uma 7.

- Eu não sou uma 7, sou uma 4! – afirmei, mesmo sem ter certeza disso.

- Ah não?

- Não!

- Tem certeza? – ele perguntou com um sorriso convencido.

Comecei a ficar mais nervosa e irritada. Antes de que eu pudesse responder por mim mesma, a faca na minha mão havia ido para na garganta do homem. Dei um grito fino e olhei para o rosto dele. Vi-o movimentar os lábios, formando as palavras “Eu sabia” e depois morreu. Seu sangue escorria pelo gramado quando Carly chegou.

- Ouvi você gritar e... – ela disse e então percebeu o homem no chão. Como seus olhos estavam abertos, ela conseguiu ver que era um 7. Sorriu e disse – Está ficando boa nisso, Abby. – e me encarou. Parou de falar, apenas gaguejou – A-Abby...

- O que? – perguntei, ainda olhando para o homem. Olhei para o rosto de Carly e vi uma expressão de assustada. Pisquei e ela mudou a expressão de assustada para confusa – O que houve Carly? – insisti.

- É que os seus olhos... Eles... Eles estavam vermelhos. Como os dos 7. Mas deve ter sido apenas um efeito – ela falou. Não gostei de ouvir aquilo, mas sorri como se fosse algo engraçado, já que ela estava rindo.

Naquele dia tentei sair, ir embora, mas não pude. Então tive que continuar até o dia em que fugi. Aposto que Carly não ficara muito surpresa de descobrir que eu realmente era uma 7. Não sei porque ela nunca contou a ninguém, ou porque ninguém se interessara. Mas nunca tirei isso da cabeça.