- Abby acorde. – falou alguém.

Abri os olhos devagar e percebi que estava ao redor de fumaça negra. Já estava de noite, ou pelo menos parecia. Eu apenas via tudo borrado, mas consegui distinguir quem estava na minha frente.

- Daniel? – perguntei.

Ele segurava a minha cabeça. Sentei-me e percebi que já havia bombeiros no local. A casa havia... Explodido. Não. Não, não, não, não podia ter acontecido isso.

- Oh meu Deus! – gritei. – Dylan! Mia!

Senti alguma coisa me segurando por trás, pensei que fosse Daniel, mas ele estava do meu lado. Virei-me e me deparei com Mia suada, chorando e me abraçando. Ela estava com um grande arranhão no braço esquerdo. Seus olhos verdes estavam brilhantes, talvez fosse o reflexo do fogo, ou talvez porque ela estivera chorando.

Agachei e a abracei. Ela chorava mais e mais e não queria me soltar, mas uma médica pediu para examiná-la e a deixei.

- Onde está Dylan? – perguntei para Daniel.

Ele ficou em silencio. Então ele virou a cabeça em direção a casa. Coloquei as mãos na boca e abracei Daniel. Por mais que não devesse fazer isso, eu precisava de um abraço.

- Agora vá ver se você se feriu. – ele falou indiferente.

- Daniel...

- Vá logo, Abby, pelo amor de Deus. – ele parecia REALMENTE indiferente com o acontecimento.

- Daniel, me olhe. – pedi. – Me olhe!

Ele se virou como se fosse obrigado a fazer isso.

- O seu irmão acabou de morrer, a sua irmã está ferida e você nem liga! – berrei para ele, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. – Será que você não entende? Você não tem praticamente ninguém e não pode mais deixar a sua irmã na responsabilidade dos outros, porque não tem mais ninguém!

Tentei ir embora, mas ele segurou o meu braço.

- Me solte, Daniel! – gritei com ele.

Ele então o fez e me deixou ir embora. No caminho vi Cloe estacionar o carro dela atrás do carro dos bombeiros. Nem sei como consegui sair de lá tão rápido.

Acho que meus pensamentos estavam tão embolados que nem percebi que já chegara na cidade. Só me dei conta de que não podia ter saído quando vi algumas pessoas me encarando.

Oh não. Com tudo isso que aconteceu esqueci. Estou sendo procurada. Fiquei ainda mais nervosa ao ver que um carro vermelho e azul estava parando a minha frente.

Corri e cheguei até um beco escuro e sem saída. Mas não adiantou nada. A polícia me achara. Como fui estúpida. Burra! E agora?

- Abigail Dounavan? – perguntou um policial com a voz conhecida.

Tentei ficar quieta, talvez ele nem me visse. Mas ele lançou a lanterna na minha direção e tive que fechar os olhos para não ser cegada pela luz.

- Nem adianta tentar fugir. – ele falou. Lembrei da onde o conhecia. Ele fora quem revistou o carro de Dylan quando me escondi lá.

Queria tentar fazer alguma coisa, mas só consegui dar um passo para trás e senti uma bala na minha nuca.