Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 13
Capítulo Treze




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Olho para trás e vejo Adrian.

– Veio conferir o que dissemos? - Diz ele com um pequeno sorriso em seu rosto.

– Estava conhecendo nosso novo lar. - Respondo, ríspido. Parece que nada tira essa felicidade que esse cara tem no rosto. - Como viemos parar aqui?

– A hora em que o carro parou, eles estavam saindo daqui. Nos abrigaram e a senhora, que se chama Sílvia ajudou você com esse ferimento. - Ele chega ao meu lado e olha para os mortos que circulam ali perto. - Você não acha estranho um grupo como esse estar sobrevivendo?

– Não. - Percebo que o que ele diz tem sentido, mas não quero aceitar as suposições dele. - Eles me ajudaram, e outra, eles estão nos abrigando aqui. Se não fossem eles, não passaríamos de comida pra esses canibais.

– Tem razão. - Ele passa as mãos na cabeça. - Mas mesmo assim acho estranho. Estou descendo, você vai ficar por aqui mesmo?

– Sim, estou precisando pensar um pouco. - Vejo ele indo em direção á escada. Sento-me, fico pensando e revivendo momentos bons que já tive em minha vida.

Passada algumas horas, vejo que o céu está fechando; muitas nuvens escuras estão se formando e um vento gelado começa a soprar. Desço as escadas e vou até onde eles estão. Chegando lá vejo que o barbudo e Sílvia estão dormindo. Donovan está em um canto local. Enquanto Adrian e  Evandro escutam meu pai contar suas histórias do exército.

– Acho que vai chover. - Digo, e no mesmo momento escuto o som de um trovão. Ao ouvir o barulho Sílvia acorda assustada, mas o outro nem se mexe, talvez seja o efeito da bebida.

– É só chuva, Sílvia. - Explica Evandro. - Pode descansar.

– Se junte a nós Richard. - Chama meu pai. - Estava fazendo o que lá em cima?

– Estava pensando, você bem que poderia me ensinar a atirar logo.

– Também tinha pensado nisso, mas não tivemos tempo ultimamente. Quando voltarmos ensinarei você, e os outros também. - Diz meu pai. - Já passou da hora.

– Mas como? Os tiros podem atraí-los! - Digo.

– Tenho duas armas com silenciador. Podemos usá-las. Apesar de que elas não são muito silenciosas como mostram nos filmes. Mas acredito que pela distância de onde é a casa, não irão escutar os barulhos.

Estou de volta à cobertura do depósito, mas dessa vez Adrian, Evandro e meu pai me fazem companhia. Podemos ver fortes trovões precedidos por relâmpagos que iluminam tudo a nossa volta. Vejo mais a frente, a dois quarteirões exatamente, uma concessionária de carros. Cutuco o braço de meu pai e aponto para ela, e pelo sorriso em seu rosto não preciso dizer nada. Começa a cair a tempestade. Estamos todos encharcados, mas não descemos, pois uma forte mudança acontece após o começo da chuva. Os mortos começam a caminhar em direção onde os raios caem. Vemos então a única chance que temos.

– Vamos rápido! - Meu pai nos chama.

Descemos rapidamente as escadas. Enquanto Adrian conversa com Donovan, meu pai e eu os ajudamos a arrumarem as suas coisas.

– Vocês não aceitam vir com a gente? - Pergunta meu pai. - Você concorda Adrian?

– Claro, eles nos ajudaram. Podemos retribuir.

– Não! - Sílvia responde. - Meu marido pediu pra procurarmos o estádio. Vocês nos ajudariam mais se arrumassem um carro pra gente.

Adrian levanta-se.

- Tudo bem. Vocês merecem bem mais que isso. Eu busco.

– Mas ainda devem ter muitos zumbis lá fora, você está louco? - Falo. Vejo que eles estão decididos a ir mesmo, ele caminha até a porta.

– Tem uma concessionária a dois quarteirões a esquerda daqui. - Avisa meu pai.

– Me espera. - Somos todos surpreendidos, é a voz de Donovan. Que não tinha dito uma palavra se quer nas últimas horas. - Estou louco pra matar esses monstros do inferno. - Vejo o mesmo olhar de quando ele saiu de casa.



* * *





Já se passaram mais de vinte minutos e nada deles voltarem, penso em subir novamente no telhado pra ver se eles estão voltando. Mas escuto o som de um carro encostando á frente do depósito. Ao abrir a porta vejo Donovan e Adrian em um Doblô Adventure. Jogamos os pertences deles no carro, mas a chuva não para; Adrian e Donovan vão matando os zumbis que não param de aparecer. Eles entram no carro e agradecem.



– Obrigado.

– Não por isso, nós que agrademos por terem salvado nossas vidas. - Responde meu pai. - Ah, não se esqueçam de colocar gasolina. Os carros vêm com apenas cinco litros.

Entramos de volta no depósito. Temos que sair pela porta dos fundos que foi onde deixamos nosso carro. Mas ao sair, o carro não está mais lá.

– Vocês têm certeza que deixaram o carro aqui? - Pergunto, mas não consigo imaginar em como o carro desapareceu.

– Claro! - Responde meu pai. - O carro ficou aqui, junto com quase todas nossas armas. Pensei que os zumbis não sabiam dirigir.

– Culpa sua Charles! - É Adrian dizendo. - Eu disse para levarmos as armas, mas você estava preocupado demais com seu filhinho.

– Minha culpa? Eu disse que não queria que ele viesse conosco, mas você ficou insistindo com aquele papinho: ele tem que crescer.

– Olho para os lados e começo a ver mortos aparecendo conforme os relâmpagos iluminam tudo.

– Acho melhor discutirmos isso lá dentro, os mortos não se importam de quem é a culpa. - Digo, dou alguns passos para trás entrando de volta no depósito. Eles entram também, e fecham a porta. Analiso as armas que nos sobraram; A foice e uma Colt. 45 que está nas mãos de Adrian, Minha faca de açougueiro, duas granadas e uma Desert Eagle com Donovan, uma AR-15 com meu pai.

– Eu sabia que não podíamos confiar nesse grupo. - Lembro-me do que Adrian e eu conversamos. - Até comentei com o Rich sobre como esse grupo fraco estaria sobrevivendo, em minha opinião, eles são um grupo maior, e enquanto eles nos distraiam pedindo para buscar o carro, os outros roubaram o nosso, junto com nossas armas e munição.

– Tem sentido o que você disse, não podia ser antes da chuva, pois estava tudo cercado. Eu mesmo vi lá de cima. - Digo e acrescento: - Foi enquanto perdemos tempo buscando o carro pra eles.

– De quê vai adiantar quem roubou, ou que horas foi? O importante é sairmos daqui o quanto antes. - Diz meu pai, cortando a conversa e nos apressando.

– Cara, precisamos arrumar outro carro, e não temos muita munição também. - É Donovan quem fala. - Podemos buscar algum carro lá na concessionária.

– Vamos logo então. - Concorda meu pai.

Enquanto eles estão conversando, Adrian e eu pegamos garrafas pra fazer coquetéis; deixamos duas prontas pra uso e jogamos as outras dentro de sacos plásticos.

– Estão todos prontos? - Pergunta meu pai.

– Sim. - Donovan e Adrian se preparam pra sair primeiro, enquanto meu pai e eu vamos em seguida. Abrimos a porta e Donovan ataca os zumbis que estão mais próximos da saída com a faca; Adrian arranca a cabeça de dezenas deles em segundos. A chuva cai; está escuro, não podemos enxergar muito a nossa volta. Corremos atrás deles, ninguém está pensando em soltar nenhum tiro. Chegamos a frente da loja, o vidro está quebrado, após mais um raio de luz vejo que tem zumbis dentro dela.

– Escolha um carro logo, Don e eu cuidamos desses bichinhos. - Adrian e Donovan entram e vão matando os zumbis. Entro junto com meu pai.

– Vai filho, eu deixo você escolher. - Não estou acreditando, um simples gesto dele, mas que me deixa profundamente honrado.

Vejo muitos carros lindos; Ecosport, Crossfox, Gol, Vectra... Mas não posso escolher um carro pela beleza, mas pela resistência. Que seja bom no asfalto, mas seja ainda melhor off – road. Penso em escolher uma Hilux– sempre quis ter uma -, mas quando vejo a F250, preta, tração nas quatro rodas, Cabine Dupla XLT. Decido, é ela mesma que vamos ficar. É mais fácil pra colocarmos as armas e mantimentos na carroceria em caso de alguma emergência. Deve ser esse o motivo que meu pai estava com a S10.

– Vamos ficar com esse aqui! - Afirmo, entro e sento no banco do passageiro.

– Perfeita sua escolha. - Diz meu pai, entrando e sentando no banco do motorista. Adrian e Donovan sentam atrás. Disparamos para a saída.

– Pare o carro! - Ordena Adrian, ele acende um Coquetel Molotov e joga dentro da concessionária, que explode e começa a pegar fogo. - Aqui ninguém mais vai ter carro nenhum.

Ele deve estar louco da vida; sem moto, sem a Montana, e fora seus entes queridos.


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