POV James

A festa da Carol mal começou e eu já estou morrendo de vergonha! Todo convidado que chega vem falar comigo. E mesmo se não me conhecem, fazem algum elogio como: “Ah, que menino bonito!” ou “Você é o príncipe da Carol? Que gracinha!”. Estou me sentindo um cachorrinho na vitrine do pet-shop, que todos param pra olhar e ficam fazendo carinhas bobas e chamando a atenção.

Justin vem correndo até mim e aperta meus ombros.

- O que foi? – pergunto.

- Ele está aqui – ele diz ofegante.

- Quem? O Rick?

- Não, o Mick Jagger. É claro que é o Rick! – ele arregala os olhos como se fosse óbvio.

- E vocês conversaram? – Pergunto, ignorando seu comentário anterior.

- Sim... – ele abaixa a cabeça.

- E... – Espero para que ele complete a frase.

- E até agora nada.

- Como foi a conversa de vocês?

- Ah, ele perguntou como eu estava. E eu respondi que estava mais ou menos. Eu fiz a mesma pergunta a ele, e ele disse que se sente péssimo. Então ele pediu licença e foi falar com a Carol.

- Vocês vão se resolver – bato em seu ombro e sorrio.

Ele sorri e sai.

Me parece que todos os convidados já falaram comigo, então fico sem nada pra fazer. A música que está tocando é lerda, então saio do salão e fico do lado de fora. Tem uma piscina enorme e muito bem iluminada aqui. Só que está fechada. Fico andando em volta dela, e sou surpreendido por uma sombra. Me viro. A amiga de Carol me olha sorrindo. Acho que fiquei com ela no dia da festa. Ela se aproxima de mim com as bochechas rosadas e com as mãos entrelaçadas na frente da barriga. Ela para.

- Oi – ela dá um leve sorriso.

- Oi.

Ela suspira forte e olha pro chão.

- Não sei se você se lembra do que aconteceu na festa.

- Eu me lembro sim – começo a ficar sem graça.

- Uma amiga minha, que eu considerava uma das minhas melhores amigas saiu com o garoto que eu gosto. Ou gostava – sua voz vai se abaixando e ouço soluços baixos. Ela me olha de novo e vejo lágrimas nos seus olhos – Pensei... Que pudesse conversar comigo.

Espero que ela não esteja pensando que vai ficar comigo de novo, mas não quero machucá-la... Ela já parece muito triste.

Me sento em um banco atrás da piscina. Ela se senta ao meu lado e seca as lágrimas.

- Gostei muito do que aconteceu na festa... – ela me olha.

- Olha, eu...

Ela tenta se aproximar de mim, mas eu me afasto e me levanto.

- Não me leve a mal, mas... Eu já estou com alguém. E eu estou muito feliz. Sinto muito pelo que está acontecendo com você, mas... Acho que não posso fazer nada. – Passo a mão em seu cabelo – Sinto muito.

Volto para o salão e vejo Carol. Ah, ela parece tão feliz... Tão viva. Ela está realmente gostando dessa festa. Apesar dos pais não estarem aqui, ela está lidando muito bem com isso. Eu e Justin já cumprimentamos os convidados no lugar deles, então acho que ela já se acostumou com a ideia de não ter os pais aqui.

Acabo de me lembrar de que tenho que comprar um presente pra Carol. E vou fazer isso agora! Subo as escadas e remexo a bolsa da Carol procurando pelo meu dinheiro que eu coloquei lá. Pego o dinheiro e fecho a bolsa, mas ouço o celular de Caroline tocando e o pego. É a mãe dela. Sem vontade, atendo.

- Filha?

- Não. Ela está aproveitando a festa dela sem a senhora – desligo o celular.

Me sinto culpado por fazer isso. Mas espero que ela se sinta mais culpada por não ter ido à festa da própria filha! Ainda estou indignado com isso.

Desço as escadas, e sem que ninguém perceba, saio do salão e procuro a loja onde vou comprar o presente.

Assim que entro, todos os atendentes olham pra mim.

- Olá – digo sem graça. Essa não é uma roupa comum para se entrar em uma loja no meio da rua.

- Estamos fechando – uma das atendentes diz.

- Ah, por favor. Só quero comprar uma coisa.

Compro o que eu quero, e vou até outra loja. Pronto. Já tenho o que eu preciso. Olho no relógio. São 23h.

- Poderia me dar uma caixa pra eu colocar isso? Não quero que ela veja o que é – peço.

- Claro – o atendente me dá uma caixa que o presente caiba.

- Obrigado – agradeço a saio da loja.

Volto ao salão e não vejo Carol. Está quase na hora das homenagens. E a valsa é logo depois. Ela deve estar trocando de vestido. Ah... Espero que gostem da nossa valsa. Ensaiamos por tanto tempo...

Subo as escadas e pergunto a Carol se ela já está pronta. Ela responde que sim, e eu digo pra ela esperar eu chamá-la. Desço as escadas e peço um microfone ao DJ. Chamo Justin e nós dois ficamos perto da escada. Passo o microfone para Justin, mas ele me devolve.

- Ah, não. Fale você. Estou muito nervoso – ele responde.

Posso ver mesmo que ele está nervoso. Sua boca treme enquanto ele fala. Pego o microfone e o ligo.

- Olá? – chamo a atenção de todos – Agradecemos muito a presença de todos vocês aqui. E sentimos muito por não ter a presença dos queridos pais da Caroline – ironizo a palavra “queridos”. – Por favor, eu peço uma salva de palmas a nossa princesa... Carol!

Os convidados começam a bater palmas, e Carol sai do quarto com o vestido branco. Ela está deslumbrante, e não para de sorrir. As palmas aumentam quando ela aparecem descendo as escadas. Ela vai chegando perto de nós e vejo seus olhos vermelhos. Ela já está chorando. Assim que ela chega ao final da escada, abraça o irmão, que também está chorando, e depois me abraça.

- Obrigada por tudo – ela sussurra em meu ouvido.

Ela fica no meio de nós dois e somos cercados de flashes.

- Antes de começar as homenagens, gostaria de entregar um presente a Carol – digo no microfone. Ela me olha assustada – Não te dei um presente antes, mas vou dar agora.

Entrego o microfone a ela, e vou até o canto do salão, onde deixei a caixa. Tiro de lá um buquê de rosas vermelhas. As favoritas dela. Me viro e os convidados começam a gritar de alegria. Vejo Carol boquiaberta e com os olhos arregalados. Me aproximo dela devagar e a entrego o buquê. Ela me olha chorando, e me abraça forte.

- Feliz aniversário, minha princesa – sussurro.

- Eu te amo – ela chora no meu ombro.

Minha expressão de alegria passa, e me sinto mal. Ela disse que me ama outra vez, e eu não sei o que responder. Ainda não sei o que sinto por ela. Solto do abraço e pego o microfone de novo. Carol abraça o buquê contra o corpo e não solta por nada.

- Vamos começar as homenagens agora. – Afasto o microfone por um instante – Quer ler? – pergunto a Carol.

- Não vou conseguir – ela chora.

Dou um risinho e volto a falar ao microfone.

- Carol escreveu algumas coisas para homenagear os convidados, então eu vou ler aqui. Já que vocês não entenderiam nada se ela lesse.

Os convidados, e até mesmo Carol e Justin riem do que eu disse. Pego o papel e começo a ler. Uma música calma de fundo começa a tocar.

- Meus pais, apesarem de não estarem aqui hoje por falta de consideração... – olho pra Carol espantado, e ela me manda continuar - Sabem que eu os amo. Espero que eles me amem, pois não parece... – paro de ler. – Próxima homenagem.

Alguns convidados ficam sem graça com esse texto, e outros até dão risadas.

- Meus avós, que já se foram há muito tempo, sempre vão estar no meu coração. Nunca vou me esquecer dos momentos felizes que tivemos juntos – vejo Justin e Carol abaixarem as cabeças, e continuo – E agora, estão tomando conta de mim onde quer que estejam. – Viro o papel e continuo a ler – Minha família é muito especial pra mim. Os amo e amarei independente de qualquer coisa. Gostaria de chamar aqui meus tios e tias para receberem uma homenagem.

Duas tias e dois tios de Carol aparecem, e ela os entrega caixas de presentes. Ela pede que eu deixe o buquê em cima da mesa, para que fique mais fácil pra ela segurar as caixas. Volto ao meu lugar assim que os tios delas saem.

- Meus amigos... São malucos – ouço algumas risadas – Só fazem besteiras, mas sempre estão comigo quando eu preciso. Gostaria de chamar alguns amigos para receberem uma homenagem. Aos que não foram homenageados, não pensem assim. Os amigos que chamarei só vão estar representando todos vocês. – Digo os nomes dos amigos que ela resolveu homenagear e apenas vejo os amigos que ela chamou pra festa.

Ela entrega outras caixas pra eles, e vejo Rick lançar um olhar amigável pro Justin. Ele sorri em troca. A amiga de Carol me olha sem expressão, e se vira. Não vou me sentir culpado por isso. Seus amigos voltam pra onde estavam, e eu continuo a ler.

- Meu irmão. – Vejo Justin olhar pra ela surpreso. Dou um sorrisinho e continuo a ler – Ele me ensinou tantas coisas. Sou muito grata a ele. Amo o irmão que tenho, e não gostaria de ter nenhum outro irmão no mundo. Meu irmão é o melhor irmão que qualquer garota poderia querer.

Justin e Carol choram emocionados enquanto se abraçam. Os olho sorrindo e me afasto por causa das fotos. Carol vai até a mesa e pega uma caixa maior. Só sobrou uma caixa. Ela entrega a caixa ao Justin e eles se abraçam de novo. Volto ao meu lugar e leio o último texto.

- James... – olho pra ela e ela faz sinal pra que eu continue. Sem querer, gaguejo – D-depois de dois anos sem te ver, me surpreendi com o que vi. – Dou uma risadinha – Um garoto maduro, maior de idade, e mesmo assim muito engraçado e legal. Meu irmão tem o melhor amigo do mundo e ele sabe disso. – Meus olhos se enchem de lágrimas.

Ela vai até a mesa e me entrega a última caixa. A abraço e beijo seu cabelo com cuidado pra não tirar nada do lugar.

- Bem – volto a falar no microfone – Agora que as homenagens acabaram e já é... – olho no relógio – 00h! Acho que está na hora da valsa.

Peço ao DJ pra colocar a música que Justin e Carol vão dançar. Justin a ela até o meio do salão, e o pessoal que estava em pé, se afasta. Vejo as mãos dos dois tremendo e sorrio. Estão todos nervosos.

(N/A: Ouçam a música enquanto eles dançam! http://www.youtube.com/watch?v=q2WHo5bGRNw)

A música começa, e Justin a segura em seus braços, de acordo com a letra da música. Eles vão dançando lentamente ao ritmo da música. Eles estão conversando enquanto dançam. Vejo lágrimas nos olhos dos dois. Eles ainda estão tremendo. Justin a gira algumas vezes, e assim que a música vai pegando um ritmo mais rápido, eles começam a dançar mais rápido também. Não é tão rápido, mas não é devagar como antes. Justin a faz girar em seu colo e volta a dançar com ela. O refrão chega, e eles começam a dançar pelo salão. Sorrio satisfeito. A dança está ótima. Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Não tem como não se emocionar com essa dança. Chega à parte da música em que só tem melodia, e Justin rodopia Carol, rápido, pelo salão. Estou sorrindo feito bobo e os dois estão sorrindo e chorando enquanto dançam. A música se acalma de novo, e Justin a coloca no chão. Eles voltam a dançar, e Justin dá uma olhada rápida pra mim e diz algo como “obrigado”. Sorrio de volta e eles continuam dançando. Justin abaixa Carol e ela fica curvada enquanto ele a segura e a gira. A música vai acabando e o ritmo deles vai diminuindo. Ao final da música, Justin curva Carol, e a música acaba.

Os convidados começam a aplaudi-los e os dois agradecem cheios de vergonha. Justin vem até mim.

- Muito obrigado, cara! Mesmo! Se você não tivesse me convencido, eu não teria feito isso! Minha irmã está tão feliz... Obrigado mesmo – ele me abraça.

- Que isso, mano. Só fiz o meu dever – sorrio.

- Agora vai lá que é a sua vez – ele bate nas minhas costas.

Entrego a música ao DJ, e vou até o meio do salão ao encontro de Carol.

Justin segura o microfone e começa a falar.

- E a valsa não terminou por aqui! Ainda temos outra dança que eu estou muito curioso pra ver – ele sorri pra nós dois.

Olho pra Carol, e nós dois sorrimos. A música começa, coloco uma das mãos em sua cintura, e seguro sua outra mão.