POV James

Acordo com uma dor de cabeça horrível e me sento na cama às pressas.

- Ai! Ai! – seguro minha cabeça. Parece que se eu não fizer isso, ela vai explodir. Aperto os olhos com força. Quando a dor diminui, me levanto da cama.

Abro os olhos e vejo tudo rodando e me seguro pra não cair. Assim que a tonteira passa, vou até o banheiro e me olho no espelho. Caralho. Estou acabado! Sinto vontade de vomitar e me abaixo na privada. Assim que me ajoelho, começo a vomitar. Vomito muito.

- Merda – sinto que não vou mais vomitar e me levanto. Dou descarga e tomo um banho rápido.

Volto pro quarto e arrumo minha cama. Olho no relógio. São 13h. Desço pra almoçar. Já que vomitei tudo de ontem, meu estômago está vazio. Assim que desço as escadas, vejo Justin sentado na cozinha com os cotovelos na mesa e com as mãos no cabelo. Sua expressão é de preocupação. Vou até ele.

- O que foi, cara? – pergunto.

- Eu sou gay.

- Como é que é? – franzo a testa.

- Eu sou gay! Eu descobri isso ontem. Meu Deus, estava tão claro... – não deixo ele terminar de falar.

- Espera, cara. Deixa eu ver se eu estou te entendendo. Você disse que é gay? – ele assente – Por quê?

- Vou te explicar a história – ele começa a falar – Tudo começou no jogo da garrafa. Você começou a passar mal quando a garrafa parou em mim, e depois no Rick, o amigo da Carol. O pessoal ficou insistindo pra irmos mesmo assim, então fomos. Entramos no banheiro e começamos a conversar. Ele perguntou quantos anos eu tinha, se eu estava solteiro e disse que eu sou muito bonito. Ai eu perguntei se ele é gay, ele disse que sim, mas ninguém sabe. Então ele perguntou se podia fazer uma coisa. Eu perguntei o que, e ele me beijou. Então... Eu deixei. E continuei beijando ele. Eu estava tão nervoso, mas era tão... Natural. É a mesma coisa que beijar uma garota. Só que com um pinto entre as pernas. Isso é estranho pra você? Ouvir isso do seu melhor amigo? – ele olha pra mim.

Abro a boca, engulo a saliva e o respondo.

- Cara, se você acha que é gay, eu não me importo. Você vai sempre ser o meu brother – sorrio pra ele.

Ele dá um sorriso enorme e me abraça forte. Abraço-o e ficamos um tempão abraçados.

- Cara, valeu mesmo. E-eu só não sei como vai ser a reação do pessoal quando acordarem amanhã, e perceberem que tudo foi real.

- Eles viram vocês se beijando? Não. Então é só dizer que não rolou nada. Vocês só entraram no banheiro e ficaram três minutos conversando.

- Tudo bem... Cara, sério. Não tenho como te agradecer mesmo.

- Pelo que? – rio.

- Por me aceitar do jeito que eu sou.

- Mesmo se você descobrisse que é um E.T, eu não ia parar de falar com você, seu babaca – rimos e nos abraçamos de novo.

Justin... Gay? Não vou enganar a mim mesmo, já pensei nessa hipótese. Mas nunca imaginei que seria sério mesmo. Deve ser por isso que nunca namorou com uma garota. Nunca teve vontade. Não sou preconceituoso nem nada. Acho bem normal. Já até beijei um cara quando eu tava bêbado uma vez. Mas nunca contei isso pra ninguém. Nem pro Justin. Não sei por quê. É tão normal quanto uma garota, como Justin disse. Já pensei na hipótese de ser bi, mas... Eu tava bêbado.

- Afinal... Você pode ser bi, não é? – tento fazer nós não ficarmos em silêncio.

- Eu não sei... Fiquei a manhã toda pensando nisso. Mas eu dispensei a Kate na festa.

- Tudo bem, você é definitivamente gay – digo e nós rimos de novo.

Almoçamos e passamos a tarde jogando videogame.

- Po, cara. Já são 16h. A Carol ainda não acordou? – pergunto.

- Vai lá ver pra mim se ela tá acordada, por favor? É a minha vez no jogo – ele não tira os olhos da tela.

Subo as escadas e bato na porta da Caroline. Ninguém responde, eu abro a porta, entro e a fecho. Olho pra cama e ela não está lá. Passo a mão por cima da cama já feita e olho pra frente.

- James? – Carol pergunta assustada. Ela está enrolada apenas com uma toalha.

- C-carol? – gaguejo nervoso – Desculpa, não sabia que você tava tomando banho! Eu só subi pra te acordar, porque você tava demorando.

- Tudo bem – ela dá um sorrisinho – Bom dia... Ou boa tarde – ela ri.

- É – rio – Boa tarde – vou até ela e a beijo.

James, controle-se! Você está apenas de bermuda. Nem cueca você está usando! Controle-se! Meu subconsciente briga comigo.

Tento me soltar dela, mas ela envolve os braços no meu pescoço e então eu coloco meus braços em sua cintura. Levamos um susto com duas batidas na porta e ela sai correndo pro banheiro. Eu corro até a porta e a abro.

- Achei que você tinha morrido – Justin diz – A Carol já acordou? É a sua vez no jogo.

- Ela já acordou sim. Eu entrei aqui, mas ela tá no banheiro. Vou jogar – desço as escadas correndo e Justin desce devagar atrás de mim.

Sento no sofá e continuo jogando. Alguns minutos se passam e eu perco a vontade de jogar.

- Ah, cara. Vamos fazer alguma coisa. To entediado – reclamo.

- O que vamos fazer? – ele pergunta.

- Sei lá. Podíamos ir no shopping ver um filme com a Carol.

- Tá. Então vamos? – ele se levanta.

- Vamos. Vou trocar de roupa. Enquanto isso você fala com a Carol. Ai depois você troca.

Subo as escadas, entro no quarto e coloco uma camisa descente, uma cueca, claro, e uma calça jeans. Calço um sapato qualquer e abro a porta. Justin está esperando do lado de fora pra entrar. Ele entra e eu fico lá em baixo no sofá esperando os dois. Carol desce as escadas primeiro, me dá um beijo rápido e se senta do meu lado. Ela colocou uma calça jeans, uma sapatilha e uma blusa caída de um lado só.

- Está linda – sussurro no ouvido dela e beijo seu cabelo.

- Você também.

Ouço a porta do quarto do Justin abrindo, e me separo rapidamente da Carol. Justin desce as escadas e Carol o observa atentamente.

- O que foi? – pergunto baixo.

- Ontem aconteceu uma coisa na festa – ela responde olhando pra mim.

- Ele já me contou. Não aconteceu nada no banheiro.

- Ah – é a única coisa que ela responde.

Nos levantamos e vamos até o carro. Justin tranca a porta de casa e senta no banco do carona. Ligo o carro, e vamos pro shopping.

Chegando lá, Carol reclama de fome. Vamos até a praça de alimentação e ela compra um lanche no Mc Donald’s. Temos dificuldade pra encontrar uma mesa. Mas assim que achamos, nos sentamos e ela come o lanche. Ficamos conversando, e assim que ela termina de comer, vamos até a bilheteria do cinema.

- Caralho, tá cheio! – me espanto.

- Claro, hoje é sábado – Justin diz e entramos na fila.

- Que filme vamos assistir? – pergunto.

- Qualquer um – Carol responde.

- Quer mesmo que eu diga pra mulher do caixa: Me dá duas inteiras e uma meia pra qualquer filme? – brinco com Carol.

- Besta – ela sussurra.

- Me chamou de que? – finjo estar com raiva e ela afasta meu rosto com a mão. Seguro a mão dela e dou uma mordida.

- Ai! – ela ri, e eu continuo mordendo a mão dela.

Justin nem percebe o que estamos fazendo. Está distraído olhando pro nada.

- Justin – chamo sua atenção – Você não pode ficar assim pra sempre. Entendeu? Você já sabe o que você é. Não fique assim. Alguma hora você se acostuma, mas, por favor, não fique calado pra sempre. Não gosto de ver você assim – sorrio fraco pra ele.

Ele dá um sorriso torto em resposta, e nossa vez na fila chega.

- Boa tarde – Justin fala com a mulher do caixa – Vamos querer duas inteiras e uma meia pro filme...

- Amanhecer parte dois – Caroline sorri.

- Sério mesmo? – perguntamos juntos.

- Sério – Carol olha pra moça do caixa – Por favor – e sorri de novo.

- Tudo bem – Justin revira os olhos e nós pagamos. A moça do caixa nos dá os ingressos – Obrigado – Justin agradece e saímos.

- Vamos ter que ver esse filme mesmo? – pergunto.

- Sim. Vocês vão gostar – ela diz.

A sessão é daqui a 10 minutos, então entramos na sala e ficamos esperando.

O filme começa. O começo é muito chato, mas do meio pro final começa a ficar interessante. Não posso beijar Caroline porque Justin está aqui. Isso que me deixou bolado. O filme acaba e saímos da sala.

- Gostei do filme – digo.

- Eu disse – Carol me olha sorrindo – E você, Justin?

- Também. Foi bem legal – ele sorri fraco. Ele não deve nem ter prestado atenção no filme. Bato duas vezes nas costas dele e dou um sorrisinho.

Ficamos no shopping por mais alguns minutos, e depois decidimos voltar pra casa. Chegamos em casa e Justin sobe pro quarto e Carol e eu ficamos sentados no sofá. Dou um beijo nela e ela apoia a cabeça no meu ombro. Ficamos assim até Caroline reclamar de dor no pescoço e ir pro quarto. Me deito no sofá e acabo dormindo.