A Escolhida escrita por Madu Oms


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

ALGUÉM ME DIZ, POR FAVOR, QUE AQUELA LINDA E MARAVILHOSA RECOMENDAÇÃO NÃO É SÓ MAIS UM FRUTO DA MINHA FÉRTIL IMAGINAÇÃO. Obrigada, Camila A, de verdade. Eu nem ia postar hoje, mas depois que eu vi a recomendação, mudei de ideia.
Eu revisei várias vezes o capítulo, até achar que ele estava perfeito o suficiente para postar aqui. Se acharem algum erro, me avisem nos comentários, por favor.
I hope you enjoy, guys. And merry Christmas (ou final de).



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– Concentre-se, Savanna. – Josh berrou do outro lado da casa de treinamento, enquanto erguia uma parede de água entre nós. Era a décima vez que fazia isso e que cobrava minha concentração, talvez sem perceber que eu estava cansada demais depois de tantas horas praticando. Suas últimas palavras foram levemente abafadas pela água. – Quero que transforme isso aqui em flores.

– E por quê isso nos ajudaria numa batalha? – é para isso que estou treinando, não é? Para uma batalha, acrescentei mentalmente e esperei que ele contra-argumentasse, mas não obtive resposta alguma. Fechei os olhos e tentei imaginar a parede de água em minha frente ficando rosa e ir formando o formato de flores, que caíam no chão lentamente. Coloquei as mãos na frente do corpo e as mexi levemente, como Josh havia me ensinado. – Não deu certo. Eu te falei.

– Mais uma vez.

Tentei levantar meus braços, mas mal conseguia me mexer. Estava treinando arduamente desde cedo, e minha energia estava mais esgotada do que os vários sacos de pancada que Josh me fez destruir com todos os tipos de armas que haviam no arsenal de Discente. Olhei para ele, quase implorando para poder descansar, mas sabia que jamais me deixaria repousar antes de atingir o objetivo de transformar água em flores. O que é muito útil, aliás.

– Não deixe que o cansaço te domine. Vai, você consegue. É só se concentrar.

Ele ergueu outra parede de água, dessa vez um pouco menor. Repeti os mesmos passos que ele me mandara fazer na primeira vez que tentamos. Levantei meus braços, sacudi-os levemente e limpei minha mente para conseguir pensar apenas na água se transformando em flores. Senti um leve incômodo na palma das mãos, mas não abri os olhos. Só soube que havia feito a coisa certa quando Josh se aproximou de mim e abaixou meus braços, já rígidos depois de tanto tempo na mesma posição.

– Pronto. Já pode admirar seu trabalho, Savanna.

Eu teria pulado de felicidade quando vi dezenas de flores rosas espalhadas pelo chão onde estivera a parede aquática, mas o leve incômodo nas mãos se transformou numa dor quase insuportável e eu caí, gemendo.

– Deixa eu ver. – Josh virou a minha palma esquerda para cima, e nela continha um hematoma formando um desenho que eu não conseguia decifrar. Josh pareceu ler minha mente quando continuou a falar. – É a marca do poder de Onum. Você não vai conseguir produzir nenhum feitiço com as mãos enquanto essas marcas não desaparecerem...

– Não entendi. – franzi o cenho.

Ele respirou fundo, como se eu fosse uma criança chata que estava testando sua paciência, mas sem conseguir fazê-lo explodir. Esse pensamento desapareceu quando Josh sorriu de um modo quase tranquilizador.

– Digamos que você ainda não está treinada o suficiente para conseguir usar seus poderes sem um canalizador.

– Canalizador?

– Uma varinha, por exemplo.

– Ah. – suspirei, dobrando os dedos apenas para checar se ainda conseguia movimentar as mãos.

Ele tirou uma pequena garrafa de vidro com um líquido amarelo do bolso e pingou algumas gotas nas minhas palmas.

– O que é isso? – perguntei.

– Sangue da mãe dos deuses. Um remédio muito útil para curar feridas que foram provocadas por um poder divino. No caso, seu próprio poder. – ele deu de ombros e me entregou o frasco. – Eu tenho bastante lá em casa, pode pegar essa garrafa para você. Vai precisar bastante daqui para frente.

Assenti, guardando o “presente” na minha bolsa.

– Josh?

Ele me encarou e eu percebi que, diferente de mim, não estava cansado depois de ter feito tantas paredes de água. Muito pelo contrário. Na realidade, parecia que aquilo só o deixou ainda mais ansioso para me ensinar a usar meus poderes corretamente. Me perguntei se aquele garoto não cansava nunca, mas a dúvida desapareceu quando me lembrei de como ele ficou depois de uma batalha em Nostrae da qual participou.

– Você não cansou por ter gastado tanto o seu poder?

Josh sacudiu a cabeça negativamente.

– É fácil fazer isso aí depois de tanto tempo treinando. Eu só me canso quando luto numa batalha que exige muito mais do que formar simples paredes de água. Quando meu poder precisa ser usado para outras coisas além de manipular líquidos.

– Minhas mãos quase ficaram pretas apenas porque tentei transformar sua água em flores. Estou tão cansada que não consigo nem mesmo ficar em pé. Você está treinando há mais tempo que eu e ainda não cansou. Como é possível? – teimei.

Ele, mais uma vez, sacudiu a cabeça.

– Você não tem noção de quanto tempo eu tenho de treinamento, não é?

Dei de ombros. Um garoto de quatorze anos não poderia ter tanto tempo de treinamento assim.

– Digamos apenas que eu estava presente quando foram fundadas as primeiras escolas.

Enquanto Josh ria, meus olhos se arregalavam tanto que eu cheguei a ficar com medo que escapassem da minha cara. Como era possível?

E então eu me lembrei do que ele havia dito na semana anterior, antes da nossa visita ao Palácio dos Deuses, quando ele me disse que os magos das trevas estavam novamente revoltados com os imortais – ou seja, os deuses e Electis que escolhem viver para sempre.

– Ah, não! Você é um imortal, Josh? – levantei-me e andei até ele, torcendo para que não tentasse desviar do assunto – pois nisso ele era mestre.

E quando eu pensei que Josh debocharia de mim, ele apenas deu de ombros e sorriu amarelo.

– Eu, assim como você, também achava que isso era algo bom. Sabe, ser eterno. Mas, depois de alguns anos, fui percebendo que é monótono e cansativo. Daria de tudo para jamais ter feito essa escolha.

– Há quanto tempo você tem quatorze? – perguntei, desviando levemente o assunto. Não queria nem pensar em como estaria agora se ele não tivesse aparecido em minha vida. Deuses, que coisa clichê.

– Desde que descobri que você tem quatorze, oras.

Corei levemente, e apenas torci para que ele não percebesse isso.

– Como assim?

– Os imortais podem assumir qualquer idade que quiserem. É um dos poderes que ganhamos ao escolher a eternidade, sabe? Não precisar ter a mesma idade para sempre. Eu levo alguns dias, mas consigo envelhecer ou rejuvenescer o quanto quiser.

– Mas como assim você tem quatorze desde que descobriu que eu tinha essa idade?

– Eu fui encarregado de procurar por Electis nos Estados Unidos. Já passei por todos os estados, e a concentração de escolhidos aqui era bem baixa... – ele deu de ombros. – Acho que você foi a décima que eu encontrei. Eu mudo de idade de acordo com os anos de cada Electi que eu devo proteger e treinar até que ele tenha os poderes desenvolvidos o suficiente para se virar sozinho.

Por um momento, pensei que entraria em desespero. Josh partiria quando eu estivesse poderosa o suficiente, então? Isso pode ser daqui alguns dias, falou a maldita da minha consciência. Depois do desespero passar, senti vergonha por ter corado, e isso só me fez enrubescer mais. Espantei os pensamentos e me concentrei em outra dúvida que borbulhava em minha mente.

– E quantos anos tinha antes de descobrir minha idade?

Ele me fitou durante alguns segundos, mas não respondeu. Por um instante eu desejei conseguir ler mentes, apenas para poder arrancar a informação que queria sem precisar esperar por sua disposição para me contar. Seria muito mais fácil assim.

– Ler mentes não é assim tão legal. – Josh falou.

Arregalei os olhos mais uma vez.

– Consegue ouvir meus pensamentos?

Ele levantou os braços como se estivesse se rendendo, e então, sorriu.

– Consigo ouvir os pensamentos de qualquer um que me interesse. Inimigos, amigos, Noimosynis, deuses... Desde que a pessoa não saiba como fechar sua mente, é claro.

– Como eu aprendo a ler mentes?

– Não se concentre nisso agora. Vamos continuar o treinamento, ok?

Eu tive vontade de mandá-lo para aquele lugar, mas sabia que pensar nisso bastava. Josh não se cansava tão rapidamente, mas eu estava exausta e precisando de um descanso mais do que qualquer outra coisa.

– - -

No dia seguinte, Josh não apareceu. Eu estava tão acostumada com seus sumiços que nem me preocupei em descobrir se ele estava ou não bem. Provavelmente havia cansado de aprender a mesma coisa pela décima vez – só os deuses sabem quantas vezes ele não passara pela oitava série – e resolvera fazer algo mais interessante.

Sentei-me na mesma cadeira de sempre, lá no fundo, com Rebeca resmungando na minha frente.

– Matemática. Que matéria mais desnecessária! Quer dizer, até a quarta série ela pode até ser meio útil. Mas, me diga, querida Savanna: por que eu preciso saber fazer equações, hein? Consegue se imaginar numa entrevista de emprego e uma das perguntas ser “calcule o valor de x, considerando que um elevado ao quadrado mais quarenta e sete é...” – começou ela, ditando uma equação tão complicada que preferi ignorar.

É tão Rebeca ficar reclamando a aula inteira.

O professor Ben entrou na sala acompanhado de um garoto que, automaticamente, fez minha amiga calar a boca.

E só mais tarde eu pude perceber que também havia me calado, junto com todas as outras garotas da sala.

Ele tinha os cabelos castanhos bem aparados, um bronzeado típico da Califórnia – o que fez com que eu me perguntasse porque ele havia saído de sua cidade praiana para viver em Stonewood – e um sorriso tão perfeito que eu quase me perguntei se não era algum deus menor.

– Esse é Cristopher Lound, novo aluno na escola, blá blá. – disse Ben com um tédio quase compreensível, levando em consideração a matéria que ele escolhera para dar aulas. – Veio da Cali... É da Califórnia, Lound?

– Sim. – ele respondeu, a voz rouca e melodiosa.

– É. Cristopher veio da Califórnia e vai estudar aqui. – Ben voltou a encarar o novato. – Pode escolher onde quer se sentar. Rápido, se possível, pois eu quero dar a minha aula.

O encanto pelo garoto passou quando ele começou a andar em minha direção, e eu percebi que seus olhos, antes dourados e brilhantes, estavam escurecendo a cada passo que dava. Passando de dourado para castanho, de castanho para marrom escuro e de marrom escuro para preto em apenas alguns segundos.

Senti um arrepio na espinha quando ele se sentou na carteira vazia no meu lado e deixou que seus olhos pesassem em mim.

Rebeca sorriu maliciosamente.

– Esse é meu. Tudo bem para você?

Eu não consegui evitar o medo que me veio ao pensar na minha melhor amiga e o novato dos olhos que mudam de cor juntos.

– Não me importo. – respondi, por fim, torcendo para que ela desistisse dela com a mesma velocidade que havia desistido dos outros garotos que já rotulara como seus.

Algo dentro de mim me dizia que Cristopher Lound não era um rapaz comum.

E, nossa, como eu estava certa.


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Notas finais do capítulo

Alguém quer chutar o motivo pelo qual nossa querida Savanna reclamona não gostou do Cris? Tipo, eu gosto dele. Mas deve ser porque eu o criei.
Quero mudar a sinopse. Alguma ideia?
Good bye.