A Escolhida escrita por Madu Oms


Capítulo 17
(2) Prologue


Notas iniciais do capítulo

Ok, está aqui o capítulo.



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Prologue

— Você luta feito uma menininha. — Avril berrou, sorridente. Tive que conter a minha vontade de responder “deve ser porque eu sou uma menininha”. — Precisa aprender a ter garra, Savanna. Seus poderes supremos não te salvarão em todas as guerras.

No fundo, eu sabia que ela tinha razão. Os feitiços que havia aprendido e os meus poderes mágicos herdados de Onum poderiam salvar minha vida, mas não eram o suficiente. Afinal, quando a magia começasse a se esgotar, tudo o que me sobraria eram as facas, adagas e espadas. E com uma dessas três armas eu precisava me familiarizar.

Tentei aparar o golpe de Avril que vinha em direção ao meu rosto, mas não fui rápida o suficiente. Minha pseudo-arma voou longe, e eu não fiquei com os olhos abertos tempo suficiente para ver o estrago. A lâmina da escolhida de Sione era grande, pesada e podia quebrar uma simples adaga com o mais fraco dos movimentos. Torci para que a arma estivesse inteira. A minha, quero dizer. A da Avril com toda a certeza estava.

— Parece que eu venci. — abri os olhos apenas para revirá-los, e observei Avril dando de ombros. — Mais uma vez.

— Foi pura sorte. — retruquei.

— Sim, claro. Pura sorte que você não saiba lutar nem contra uma criança de cinco anos. Pura sorte que sua adaga seja ótima e agora esteja em pedacinhos. É tudo pura sorte.

Droga, pensei, correndo em direção á adaga. O cabo e lâmina estavam separados, ambos trincados de uma forma que eu soube que não teria conserto. Tive vontade de berrar com Avril, mas não adiantaria nada. Ela estava certa.

— Você poderia ter golpeado com menos força. — suspirei, segurando os restos mortais de minha ex-arma. — Pelo menos a adaga ainda estaria viva.

— Ah, vamos. Há dezenas de espadas maravilhosas te aguardando no arsenal. Você pode ir lá pegar uma quando quiser. — Avril sacudiu a cabeça, como se aquilo não fosse um problema. — Além disso, uma simples faca de quinze centímetros não seria páreo para as espadas de quase um metro e praticamente inquebráveis que os Luditors carregam. Um golpe daqueles negócios quebra não só a sua adaga, mas também sua mão. E ainda podem trincar o osso do seu braço.

— Você está sendo dramática.

— Não estou, Savanna. — Avril rolou os orbes. — Você lutou contra os Luditors dias atrás. Você sabe que eles carregam aquelas armas mais mortais do que veneno de cobra. Tente lutar contra um deles usando essa adaga. Vai se dar mal.

— Eu lutei. — quase berrei. — Eu lutei contra três deles e os matei.

Pude perceber que Avril estava super disposta a continuar a discussão, mas preferiu encerrá-la antes que esta tomasse outro rumo.

— Foi engraçado ver você convocando a adaga da dimensão deles... — ela deu um sorrisinho cínico. — Você fez uma cara de nojo impagável.

— Ah, sim, claro. — derramei sarcásmo em minha frase. — Tenho certeza disso.

Eu e Avril ficamos nos encarando durante alguns minutos, e não era necessário ser muito observador para sentir o ódio que emanava de nós duas. Sua bipolaridade e extrema chatice, quando combinadas com minha falta de paciência e facilidade para se irritar, podiam mostrar-se extremamente explodíveis. Castell gostava de dizer que nós duas nunca deveríamos ser deixadas num mesmo lugar, juntas, sem nenhuma outra pessoa por perto. Eu concordava plenamente com ela.

E se Josh não tivesse entrado naquele exato momento, com certeza uma batalha teria se iniciado.

— Vocês não conseguem ficar muito tempo juntas sem brigar, não é?

Confesso que ouvir sua voz fez minha raiva se dissipar. E provavelmente ao ver como eu corei, a raiva de Avril também desapareceu.

— Agora sim... — ela aplaudiu, largando a arma no chão.

— Do que você está falando? — franzi o cenho.

— Nada, nada. Só é interessante como você fica calma quando está perto do Josh. Acho que ele tem esse poder... — ela esticou o pescoço para vê-lo atrás de mim. — Não é, galã?

Diferentemente de mim, Josh não corou.

— Aquantis é o deus da purificação.

— Mas ele não tem nada a ver com calmaria súbita. Essa deveria ser uma virtude de Onum.

— Não é porque eu sou uma escolhida de Onum que preciso ter todas as suas virtudes, Avril. — intervim, sentindo a “calmaria súbita” desaparecer.

— Estranho... Isso aconteceu comigo.

— Sione é charmosa, elegante e delicada. Tem certeza de que herdou tudo dela, querida?

Josh tossiu para disfarçar a risada. Se foi isso ou a minha indireta, eu não sei, mas um dos dois foi responsável pelo rubor ecxessivo no rosto de Avril.

— O que você quer dizer com isso, Savanna, meu amor.

— Eu quero dizer que...

— Que está na hora de voltar para casa. — Josh me interrompeu. — Não queremos uma guerra se iniciando aqui.

Eu adoraria que uma guerra se iniciasse aqui, pensei, a imagem de minha mão espremendo o pescoço leve e delicado de Avril se estampando em minha mente. Realmente adoraria.

— Vem logo, Sav. — ele me puxou pela mão para fora do centro de treinamento, parando na porta apenas para dizer: — Tchau, tchau, delicadeza de mamute.

Acho que deveria ter prestado atenção na reação de Avril – que provavelmente foi algo bem próximo do choro –, mas estava ocupada demais pensando ei, eu estou corando? Por que eu estou corando? Que coisa ridícula, corar é coisa de menininha apaixonada.

Mas e se você for uma menininha apaixonada?, minha consciência ponderou.

Ah, cale a boca.

Torci para que Josh não tivesse lido meus pensamentos. Não seria agradável que ele soubesse que minha consciência achava que eu estava apaixonada. E não seria agradável que ele descobrisse que eu achava que era uma garotinha apaixonada.

Deuses.

Uma garotinha apaixonada? Sério?


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Notas finais do capítulo

Não sei quando vem o próximo, ops. Beijos.



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