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Ponto de vista Melanie

Abri os olhos assim que o despertador tocou ao som de ‘’Oppa Gangnam Style’’. Eram exatamente 7:30 da manhã. Queria muito continuar na cama e voltar a dormir, mas não podia fazer isso. Eu tinha coisas importantes para fazer.

Levantei-me da cama, indo para o banheiro e escovando meus dentes. Tomei um banho rápido e em seguida passei a prancha no meu cabelo. Já estava quase saindo do banheiro, quando ouvi um celular tocar. Era o de Sam. Ela já havia se levantado e provavelmente estava tomando café. Olhei na tela do aparelho e aparecia ‘’Freddienub chamando’’. Apertei em ‘’atender’’, sem hesitar. Quem quer que fosse não iria me reconhecer, já que nossas vozes eram completamente iguais.

– Alô? – Atendi, finalmente.

– Sam? Me desculpe te ligar a essa hora, eu te acordei?

– Não, eu já estava acordada. – Respondi meio confusa. Queria perguntar quem era, mas se o fizesse estaria me entregando como Melanie. – Então... O que você quer?

– Queria pedir desculpas pelo o que aconteceu ontem. A situação com a minha mãe. Te prometo que vou fazer a cabeça dela para aceitar o nosso namoro.

Meu coração acelerou por um momento. Ele disse namoro? Fiquei pensando sobre isso por alguns segundos, até que Freddie me chamou novamente do outro lado da linha, tirando minha atenção da suposta relação entre os dois.

– Ah, sim, entendo. Está tudo bem, Freddienub.

– Freddienub? Me chama assim ás 8:00 da manhã? – Ele riu.

– Bom, é o nome que aparece na tela do celular da Sam... Quer dizer, no meu celular.

– Colocou Freddienub na sua agenda telefônica? No meu está ‘’Amor’’.

– Nossa. – Me espantei. – Então, como eu devia te chamar?

– Pode me chamar de amor, docinho, bebê ou qualquer coisa desse tipo. – Ele riu novamente e parou quando percebeu que eu não falei nada. – Estou brincando, pode me chamar de Freddie mesmo.

– Tudo bem então, Freddie.

– Espera um minuto. Você aceitou? Você disse que tudo bem me chamar de Freddie? O que aconteceu com a Samantha Puckett que eu conheço?

– Ela... Ela... Está subindo as escadas agora! Ahn, eu preciso desligar, Freddie. Depois nos vemos. – Desliguei o telefone imediatamente e fui correndo para minha cama, fingindo que estava fazendo qualquer outra coisa.

– Pensei que já tivesse ido embora. – Sam mencionou, sentando-se em sua cama.

– Como assim?

– Eu ouvi seu despertador ás 7:30. Oppa Gangnam Style? Jura?

– Eu gosto dessa música. – Levantei-me e peguei meu celular, mexendo em qualquer aplicativo para tentar disfarçar a minha conversa com o suposto namorado de Sam.

– Bom, se você não vai embora, eu estou indo.

– Mesmo? Vai aonde?

– Não é da sua conta, é?

– Eu só fiz uma pergunta, você devia aprender a parar de ser mal educada.

– Argh. – Ela suspirou. – Estou indo visitar um... Amigo. Enfim, um conhecido meu. – Ela forçou um sorriso. – Satisfeita? Agora me deixa em paz. – Pegou seu celular e fechou a porta do quarto.

Eu tinha muitas coisas para resolver naquele dia sobre minha festa de aniversário e não podia deixar nada me atrapalhar. Mas confesso que fiquei curiosa para saber onde Sam estava indo, talvez ela fosse visitar o tal Freddie. Deixei todas as coisas de lado e a segui. A festa não importava mais naquele momento.

...

Sam pegou um táxi e eu esperei que ela saísse para pegar o carro de Kim. Eu já tinha carteira de motorista, mas mesmo assim meu pai insistia em me dar um carro apenas quando eu fizesse 17 anos.

Contudo, segui o táxi que levava Sam até que ele parou em frente a uma casa que eu conhecia muito bem. Era a casa de Kate. Mas, o que Sam estava fazendo ali?

Ponto de vista Sam

Assim que saí do táxi, peguei meu celular. Não queria tocar a campainha da casa dele para não chamar a atenção de qualquer um que estivesse lá dentro. Aquela visita precisava ser completamente discreta.

Liguei para ele, avisando-o que eu já estava no portão. Ele assentiu e disse que iria abrir a porta para mim. Esperei ansiosa do lado de fora. Sabia que não era certo o que eu estava fazendo, mas precisava resolver essa situação.

Olhei para o celular de novo e não vi nenhuma chamada de Freddie. Estranho. Ele sempre me ligava. Pensei em ligar para ele, talvez alguma coisa tivesse acontecido, mas pensei bem e era melhor assim. Eu não queria me sentir culpada falando com ele ao telefone enquanto estava prestes a fazer algo escondido dele.

Parei de pensar nessas coisas quando ouvi o portão se abrindo. Meu coração se acelerou e uma tremenda vontade de sair correndo dali consumiu meu corpo. Mas eu não podia fazer isso. Tinha que dar um jeito nisso tudo primeiro.

– Olá. – Ele me cumprimentou com um sorriso.

– Oi. – Tentei sorrir também.

– Bom, vamos entrar. Não tem ninguém em casa, minha irmã saiu para fazer compras e meus pais estão no trabalho.

– Tudo bem. – Entrei em sua casa. Por fora, parecia ser pequena, mas eu estava completamente enganada. A sala de estar era enorme e a casa aparentava ter uns 3 andares ou mais.

– Então... Como conseguiu meu número para me ligar? – Ele perguntou, sentando-se no sofá enquanto eu fazia o mesmo.

– Procurei no celular de Melanie.

– Ela tem meu número? – Seus olhos brilharam.

– Tem, mas não se ache tanto assim, Gibby. Melanie não é um anjo, como você pensa.

– Eu sou apaixonado por ela. – Ele olhou para baixo.

– Eu sinto muito. – Falei, tentando fazer com que soasse consolador. – Bom, eu não estou aqui para falar dela. Estou aqui para falar do que aconteceu... Você sabe. Do beijo.

– Eu já te pedi desculpas milhares de vezes! E eu nunca iria pensar que você era a namorada do Freddie!

– Eu sei, eu já entendi que você me confundiu com a Melanie. Mas Freddie nunca vai entender isso!

– Ele iria entender se você tivesse contado no primeiro momento.

– Não tente jogar a culpa em cima de mim, você também é culpado!

– Culpado? Quem está escondendo isso dele é você, Sam. Você viu o jeito como você agiu ontem na casa dele? Foi ridículo.

– Você também está escondendo isso dele, não adianta negar.

– Eu contei para ele, naquela mesma noite. Eu lhe disse que tinha beijado uma garota pensando que era a menina por quem eu estava apaixonado, mas não era. Ele até riu, você sabia? Você pensa que o conhece, mas não faz ideia!

– E você por acaso disse a ele que a menina que você beijou era a namorada dele? Aposto que se dissesse isso, ele não iria achar nem um pouco engraçado.

– Eu não sabia que você era a menina de Washington, eu não fazia a mínima ideia!

Coloquei a mão na cabeça. Querendo ou não, Gibby estava certo. Eu não devia ter escondido isso de Freddie.

– Tudo bem, tudo bem. Você tem razão. – Admiti. – Como vamos fazer para contar á ele?

– Vamos contar amanhã, juntos. Tenho certeza de que ele vai entender.

– Argh. – Bufei. – Ok. Eu vou indo então. Amanhã vamos na casa dele e contamos. – Levantei-me do sofá.

– Isso. Não precisa ter medo. Freddie vai entender completamente.

– Espero. Bom, já estou indo. Tchau.

– Tchau, até amanhã. – Demos um aperto de mão e em seguida eu saí de sua casa.

Ponto de vista Melanie

Peguei o carro de Kim e fui imediatamente para casa. Cheguei lá em pouco tempo e antes de Sam. Eu simplesmente não acreditava no que tinha escutado. Sam namorava mesmo aquele Freddie, que por sua vez era melhor amigo de Gibby. Era incrível como tudo de encaixava.

Não sei se consegui ouvir a conversa toda, mas ouvi o suficiente para saber que Sam e Gibby iriam contar no dia seguinte para Freddie que haviam se beijado. Ah, mas seria uma pena se alguém contasse antes, não é mesmo?

Fui para o meu quarto e esperei pacientemente Sam chegar. Quando ela chegou, foi tomar um banho, deixando seu celular em cima da cama. Não pensei duas vezes e peguei o aparelho, discando o número de Freddie.

– Alô? – Ele atendeu.

– Freddie? Preciso que você venha na casa do meu pai, hoje mesmo. Tenho uma coisa importante para lhe contar.

– Nossa, assim você me assusta. Que horas você quer que eu chegue?

– Pode ser agora mesmo, mas vem rápido.

– Tudo bem, já estou indo. – Ele desligou.

Desci as escadas rapidamente e esperei em frente ao portão por uns vinte minutos, até que vi um menino moreno se aproximando. Realmente, era muito bonito.

– Ahn, Sam? – Ele me olhou de cima a baixo, estranhando minhas roupas de marca que sua namoradinha nunca usava.

– Errado. Tenta de novo.

– Ah, você deve ser a irmã dela. Melanie, não é isso? Prazer, sou o Freddie. Um... Amigo. Ela está?

– Amigo? – Gargalhei. – Eu sei de tudo, Freddie. Sei do namoro de vocês dois. E sei de outras coisas também.

– Eu... Preciso ver a Sam. Urgentemente.

– Ah, você não precisa. Quem te ligou, fui eu.

– Como assim?

– Eu peguei o celular da sua namoradinha e te liguei, avisando para você chegar aqui o mais rápido possível. – Sorri.

– Por que você fez isso? – Ele perguntou meio confuso.

– Porque eu preciso te contar uma coisa. – Aproximei-me dele. – Meu pai fez um jantar de boas-vindas para Sam, não foi?

– Foi, um jantar que Sam odiou, provavelmente porque você não parava de irritá-la.

– Mesmo, Freddie? Tem certeza de que foi por isso que ela odiou?

– O que você quer dizer?

– Eu quero dizer que seu melhor amigo, Gibby, agarrou sua namoradinha nesse jantar.

– Isso é mentira, Gibby nem conhecia Sam, só conheceu ontem.

– Não, Freddie. Gibby sempre gostou de mim, desde quando éramos pequenos. A sua irmã, Kate, é minha melhor amiga. Eu a chamei para vir ao jantar e ela trouxe o irmão. Ele tentou me agarrar, mas eu não deixei, então ele resolveu agarrar Sam. E ela correspondeu ao seu beijo. Eu vi com meus próprios olhos. Você não achou que os dois agiram de um jeito estranho quando estavam perto de você? Ou que a própria Sam agiu de um jeito estranho depois da noite do jantar?

– Isso não faz sentido.

– É claro que faz, Freddie. Quer uma prova? Aqui está. – Peguei meu celular do bolso e mostrei para Freddie as fotos que eu havia tirado no momento em que Sam foi à casa de Gibby naquele mesmo dia. – Isso aconteceu hoje. Sua namorada está te traindo com seu melhor amigo.

– Eu... Eu não acredito.

– Não acredita? Ou não quer acreditar? A prova do que eu estou falando está bem na sua frente, Freddie. Você está sendo feito de bobo, enquanto Sam se diverte com Gibby.

– Eu vou pra casa. – Ele falou com lágrimas nos olhos. – Preciso raciocinar. E, ahn... Obrigado. Por me mostrar isso. Não era exatamente o que eu queria ver, mas... Obrigado.

- De nada. Só te mostrei isso porque não gosto quando Sam machuca as pessoas. Sabe, ela sempre me feriu, com suas palavras. Sempre me xingou e eu só queria ajudá-la. – Olhei para baixo, forçando algumas lágrimas.

- Eu vou ter uma conversa séria com ela amanhã.

- Tudo bem. – Limpei as lágrimas dos meus olhos.

- Acho que vou indo. Tenho que pensar um pouco.

- Você precisa. E, por favor, não conte para Sam que eu te contei isso. Sabe-se lá o que ela pode fazer contra mim, não é mesmo?

- Eu não vou contar, prometo.

- Obrigada. Bom, tchau Freddie. Fique melhor.

- Tchau. Você também. – Ele saiu, segurando as lágrimas nos olhos. E eu, sorri vitoriosa. Sam estava exatamente do jeito em que eu esperava vê-la. Enrascada.