Livro 1: Fogo escrita por Dama do Fogo
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem..
— É emocionante. Depois de cem anos, a guerra finalmente terminou, e tudo isso graças a Aang — Katara falou, segurando a mão do jovem Avatar.
— É graças a você, meu amigo — acrescentou Zuko, sentado na parte dianteira da cela de Appa.
— Eu não teria conseguido sem vocês — refletiu Aang, olhando para o grupo de aliados. — Katara me ensinou a dobrar a água, Toph me ensinou a dobrar a terra, Suki me ensinou a ter coragem e Zuko, além de me ensinar a dobrar o fogo, me ensinou a maior das lições: o perdão. — O jovem dobrador de fogo sorriu envergonhado.
— É isso mesmo, vamos excluir o Sokka, afinal, ele não fez nada por esse grupo — brincou o jovem emburrado, sentado no pescoço do bisão e guiando-o.
— E a você, meu caro Sokka, por ter me ensinado que não precisa ser sério para ser um guerreiro.
— Não sei se agradeço ou se me sinto ofendido — respondeu o jovem, e todos riram.
— Tá bom, se vocês já terminaram com todo esse lenga-lenga, eu gostaria de saber se ainda falta muito. Estou cansada de voar — queixou-se Toph.
— É verdade, eu também já não aguento mais. Está fazendo muito calor — concordou Suki, a guerreira Kyoshi, enquanto se abanava com o leque usado para luta. — Falta muito, Sokka?
— Não mesmo. Já consigo ver a prisão. — O aglomerado de ferro surgia entre as areias escaldantes do deserto.
— Zuko — chamou Katara. — Ainda não consegui entender por que você quis tanto vir libertar esses prisioneiros. Quero dizer, o que é tão importante para fazer o Senhor do Fogo deixar seu trono e vir parar nesse lugar?
— Não é nada, coisa minha — murmurou o jovem, abaixando a cabeça e ficando calado. A dobradora entendeu o recado e não continuou aquela conversa.
— É isso aí, galera, bem-vindos à prisão Zanghai — anunciou Sokka. — Se segurem. — Appa deu um mergulho e, ao se aproximar do solo, nivelou e pousou. Logo depois dele, pousaram as enormes aeronaves da Nação do Fogo.
— Por que construir uma prisão no meio de toda essa areia? — perguntou Katara.
— Porque é aqui que estão todos os dobradores de água que foram capturados desde o início da guerra — explicou Zuko, preparando-se para pular do bisão.
— Todos? Inclusive os da Tribo da Água do Sul?
— Sim, todos. — A voz do Senhor do Fogo morreu em sua garganta. Claramente havia tristeza em cada silaba pronunciada.
— Eu não acredito. Eu sempre pensei que eu fosse a última dobradora.
— Acredite em mim, não é — assegurou por fim Zuko. Quando o grupo se aproximou da entrada do lugar, foram cercados por vários dobradores de fogo.
— Como ousam impedir a passagem do Senhor do Fogo Zuko? — protestou Sokka, pondo-se à frente do jovem. — Quem é o responsável por isso aqui?
— Eu — anunciou um homem saindo do meio do grupo.
— Qual é o seu nome? — perguntou Sokka, forçando autoridade.
— Eu me chamo Koai — o homem respondeu após gaguejar.
— Koai, não é? Você está encrencado, meu camarada. — Sokka cruzou os braços a frente do corpo.
— Desculpe, é que não sabíamos que havia um novo Senhor do Fogo.
— Não foram avisados? — perguntou Toph.
— Não, senhorita — respondeu o homem, imediatamente se calando quando um soldado se aproximou correndo.
— Senhor, com licença. Chegou uma carta da Nação do Fogo, informando que o Senhor do Fogo Osai não está mais no comando. Agora o posto passou para seu filho mais velho, o Príncipe Zuko. — Os homens perceberam estar diante do novo rei e ajoelharam-se logo depois.
— Desculpe, senhor. Como viram, por estarmos bem afastados da civilização, as notícias demoram um pouco mais a chegar — explicou o líder, fazendo uma reverência. — A que devemos a honra da sua visita, senhor?
— Aang — respondeu Zuko, dando passagem ao jovem.
— Eu me chamo Aang, sou o Avatar. Esse, como todos já sabem, é o novo Senhor do Fogo. Estes são Katara, Sokka, Suki e Toph — Ele apontou para os animais. — E esses são Appa e Momo.
— Ei, não se esqueça do Falquito — interveio Sokka, com o falcão em seu ombro. — Não é uma coisinha linda?
— É claro, aquele é o Falquito, nosso mensageiro — explicou Aang, sorrindo. — E todos nós estamos aqui para libertar os prisioneiros — concluiu.
— Como é? — perguntou Koai, surpreso.
— A guerra acabou, amigo. Não há mais razões para ter prisioneiros. Por isso, libertem todos — ordenou Zuko.
— Sim, senhor — concordou o comandante, fazendo uma nova reverência. — Não ouviram? Libertem todos os prisioneiros. — Os soldados imediatamente se dissiparam para seguir as ordens supremas.
— Preciso fazer uma coisa — anunciou Zuko, sério.
— Iremos com você — ofereceu-se Aang.
— Desculpe, amigo, mas preciso fazer isso sozinho — o dominador de fogo abaixou a cabeça.
— Não esqueça, somos uma equipe agora. Nada de estar sozinho, cabeça quente — Toph respondeu, passando o braço pelo pescoço de Zuko e o fazendo encolher para que ela conseguisse. Não conseguiu deixar de sorrir. Tinha amigos verdadeiros agora e tudo tinha valido a pena.
— Está bem — concordou Zuko. — Mas se querem mesmo vir comigo, terão de ficar quietos e sem perguntas.
— Concordamos — respondeu Aang, por fim.
O grupo seguiu pelos corredores da prisão, até chegarem a uma parte extremamente escura, onde várias celas já estavam sendo abertas. Seguiram para uma das últimas daquele corredor, com Zuko guiando a equipe.
A porta rangeu alto e, quando abriu, todos puderam ver a silhueta de uma mulher, sentada no canto da cela e abraçada aos joelhos. Ela respirou profundamente e então se levantou em um pulo. No mesmo instante em que ela se pôs de pé, o cântaro de Katara começou a sacudir e se abriu, metade da água que saiu dele prendeu Zuko na parede e a outra metade se congelou no formato de uma lança.
— Eu jurei, por tudo nessa vida, que da próxima vez que você estivesse em minha frente, eu te mataria sem nem ao menos questionar — falou a jovem de longos cabelos castanhos, da cor dos de Katara e olhos tão azuis quanto os dela. A sua expressão era de raiva e ao mesmo tempo tristeza.
— Mayumi, espere — falou Zuko.
— Me dê um bom motivo para não fazer isso agora mesmo.
— Porque a vingança nunca resolveu nada — respondeu Aang, pondo-se entre a faca de gelo e Zuko. — E eu sei do que estou falando.
— Isso não tem nada a ver com você. Caia fora.
— Tem tudo a ver comigo, ele é meu amigo — Aang não havia se movido nenhum centímetro sequer.
— Então você é igual a ele — falou a garota, dividindo a faca em duas, uma para Aang e uma para Zuko.
— Ah, já chega — Toph fez com que o chão prendesse as mãos e os pés de Mayumi, forçando-a a se ajoelhar. As estacas de gelo se tornaram água e Katara as guardou outra vez. — Você que pediu.
— Solte-a, Toph! Já não bastaram esses anos na prisão? Ela é uma mulher livre agora — falou Zuko. A dobradora de terra respirou fundo enquanto abaixava as mãos. A jovem foi solta.
— Quem são vocês e por que o defendem dessa forma? Não sabem que a Nação do Fogo prendeu todos os dobradores? — Os olhos da jovem se encheram de lágrimas em seguida.
— Sabemos — falou Katara, aproximando-se dela.
— Então, como podem dobradores estarem do lado de alguém como ele? — encarou a dominadora de água. Havia muita tristeza naquela mulher.
— A guerra acabou, Mayumi — respondeu Zuko.
— Eu não falei com você — respondeu ela rispidamente, limpando o rosto com as costas das mãos.
— Escute. Se você não acredita no Zuko, acredite em mim.
— E quem é você, para que eu possa te dar um voto de confiança?
— Eu me chamo Aang, sou o último dobrador do ar e o Avatar.
— O Avatar? — o jovem assentiu e ela abaixou a cabeça em sinal de respeito. — É uma honra conhecê-lo.
— O que é isso, não precisa — Aang olhou para a menina e Zuko coçou a garganta. O monge desviou o olhar para o amigo e ficou sério de repente, perdendo a cor vermelha que tomou suas bochechas. — Quanto tempo você esteve aqui? — falou o garoto, sorrindo desconcertado.
— Quatro anos, um mês e vinte e dois dias.
— Muita coisa ocorreu nesse período. Nós também não confiávamos no Zuko — o avatar concluiu. Katara interveio, se pronunciando ao invés do namorado.
— Isso era o certo a se fazer, ele tentava nos matar a cada minuto — falou Sokka, coçando a cabeça e levando uma cotovelada de Suki.
— Mas o Zuko se redimiu e hoje é um excelente Senhor do Fogo, respeitado por todos e um grande amigo. Eu não sei o que ele fez a você, mas peço que lhe dê uma segunda chance — Aang se calou.
— Eu não posso perdoar — Mayumi abaixou a cabeça. — Eu sei que eu deveria acreditar em você já que é o Avatar, mas quando eu penso que foi por causa dele que eu vim parar aqui e que foi por causa dele que eu me afastei da minha família, eu sinto uma vontade enorme de fazer uma loucura. — Ela respirou profundamente, olhando de soslaio para o jovem Senhor do Fogo. — Não vou matá-lo, por sua causa Aang, mas perdoar, isso eu não farei nunca — ela cumprimentou a todos na sala e saiu apressadamente.
— Mayumi — falou Zuko, fazendo menção de ir atrás dela, mas foi impedido por Katara.
— Eu vou falar com ela — a jovem respirou fundo, olhando para todos naquela sala, e saiu pelos corredores para encontrar a prisioneira a poucos metros da saída. — Ei, espere. Precisamos conversar.
— Desde que o nome do Senhor do Fogo não entre no assunto.
— É exatamente sobre ele que quero falar.
— Então pode esquecer — ela novamente deu as costas e continuou caminhando em direção às escadas.
— Zuko podia ser mal e cruel antigamente, mas acredite, ele mudou. Ninguém odiava mais ele e a Nação do Fogo do que eu e, no entanto, hoje o defendo com toda a minha força — Katara segurou no ombro da jovem. — Não importa mais o que a Nação do Fogo fez com você, apenas perdoe. É uma nova era no mundo e olha, isso aqui já esteve muito pior.
— Eu nasci na Nação do Fogo e ela sempre me acolheu. Quem me feriu foi ele — Mayumi virou-se de súbito. Parecia haver chamas em seus olhos.
— De que forma?
— Esqueça, não quero falar nisso — respondeu, fazendo menção de voltar ao seu caminho.
— Oh, meu Deus! Você e o Zuko já foram namorados.
— Sim — Mayumi respirou fundo. — Há muito tempo, antes mesmo dele ter aquela cicatriz. Que, a propósito, como aconteceu?
— Eu vou deixar que ele mesmo lhe conte como a conseguiu. Temos assuntos mais urgentes agora. O que o Zuko fez de tão grave?
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beijinhos!