Crônicas De Um Casal Assassino escrita por Alexandria Manson


Capítulo 6
Capítulo 6- Matheus




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/303828/chapter/6

Matheus dormia um sono sem sonhos no sofá de Beatriz, quando ouviu gritos vindos das profundezas da casa. Sonolento, analisou o cômodo onde estava, e sentiu uma vertigem quando colocou seus pés no chão.

— Beatriz? — perguntou Matheus. Os gritos cessaram por um momento, cedendo seu lugar a um choro lamentoso.

— Bea? — perguntou novamente Matheus, antes de se aventurar pelos corredores escuros e sombrios daquela casa pequena.

Ao entrar no quarto de Beatriz, encontrou um espelho estilhaçado. Pedaços de vidro e gotas de sangue se espalhavam pelo quarto inteiro, até um canto escuro onde um dobermann gigante lambia as lágrimas salgadas de sua dona.

Matheus se apressou em entrar no quarto, segurando os punhos cerrados de Beatriz. O sangue que se encontrava em cada centímetro de suas mãos era a prova de que Beatriz havia socado o espelho em um ataque de raiva. Raiva ou mágoa? Eu não saberia responder, pensou Matheus.

— Beatriz, me explique o que diabos aconteceu aqui. ­— disse ele, tentando empurrar o dobermann do colo de Bea.

— E-eu tive um sonho. C-com meu irmão, Matheus. — Beatriz nunca pareceu tão frágil a Matheus. As palavras trêmulas pronunciadas fizeram Matheus se lembrar do dia anterior.

“Eu tive um irmão. Não te contei porque não é importante.” Bea, Bea... Como posso estar do seu lado e me sentir tão distante?

— E em que parte desse sonho você acorda, quebra seu espelho e fica com feridas terríveis na mão? — perguntou sarcasticamente Matheus.

Beatriz ofereceu seu melhor olhar de “não é hora para brincar comigo” e respondeu:

— Eu não sei.

Poucas palavras, poucas explicações. Olá, Beatriz.

Matheus se empenhou em limpar e enfaixar as feridas de Beatriz. Arrumou seu quarto enquanto ela ficava abraçada com o dobermann. Sentou-se ao seu lado quando terminou seu ato de gentileza não agradecida.

— Bea, você vai me contar o que aconteceu com seu irmão? — arriscou Matheus, obtendo apenas um olhar como resposta. Depois de minutos em silêncio, Beatriz respondeu:

— Ele morreu. Por minha culpa.

Matheus percebeu através das lágrimas de Beatriz que só obteria isso naquela ocasião. Quase nove anos se passaram desde que Rafael estava morto, e o acontecimento continuava enterrado em Beatriz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!