Ouvi mais um “uau” lá da piscina, e depois um barulho de água. Bom, tá ne.

– Ju, ele falou que você era muito gostosa, ai eu dei uma lição nele pra você tá? – Ouvi a voz do Dudu gritando. Olhei para trás, ele estava na beirada da piscina, rindo da cara do Felipe – Porque você agora é só minha, e eu não aceito dividir – ele fez biquinho e riu.
Eu não disse nada, só ri.
– Mas eu não to mentindo tá – Felipe berrou pendurado na piscina. Eu devo ter ficado igual a um camarão de tão vermelha. Não conseguia falar nada, apenas rir – sim, sou besta.
– Não liga pra esses idiotas tarados, senta aqui com a gente – Larissa falou, rindo também. Me sentei na cadeira de frente a elas. Ficamos conversando um pouco, e eu fiquei sabendo da vida de todo mundo praticamente (qq). Aquelas meninas pareciam ser daquelas “populares” que sabem tudo de todos. E, por incrível que apreça, consegui conversar normalmente com elas. Apesar de minha “insocialidade” (n/a.: eu inventei essa palavra tosca tá ) eu conseguia conversar e tal. Só faltava a oportunidade, é.
Estávamos conversando, e chegaram mais dois garotos. Um deles, era loiro, tinha o cabelo curto meio arrepiado, e o outro era moreno, e tinha o cabelo um pouco grande, com alguns cachinhos. Será que o Dudu só tem amigos bonitos, ou é só eu que acho isso?

– E ai? – eles chegaram gritando, e um deles já foi correndo pular na piscina. Meninos...
– E ai Leo? – Felipe falou, fazendo aquele mesmo toque secreto estranho.
– Oi meninos! – Letícia falou, abanando pra eles. Eles olharam, e depois desviaram os olhos para mim, os dois.
Um deles saiu da piscina, e eles vieram até nós.
– E então, quem é a amiga gata de vocês? – o garoto molhado falou, olhando pra mim, e me lançando um olhar 43 (tenso) qq.
– É a Julia, ela é amiga do Duds. – Letícia falou.
– Prazer Julia, sou Lucas. – ele olhou pra mim e pegou em minha mão.
– E eu sou Léo – o garoto loiro falou, pegando minha outra mão. As meninas estavam rindo.
– Liga não, o Lucas é o maior xavequeiro do mundo. – Letícia falou, caindo na gargalhada. Eu dei uma risada, mas logo senti meu rosto ferver, ou seja, eu estava ficando vermelha.
Eles se sentaram, e ficaram conversando com a gente. Eu percebi que já havia visto todos os que estavam presentes na escola. Só espero que esqueçam que eu existo e não venham falar comigo amanhã.
Depois de conversamos bastante – na verdade eu mais escutava que falava ne – eles pararam, e os meninos se olharam um na cara do outro.
– Estão pensando o mesmo que eu? – Lucas falou.
– Acho que sim B2! – ele riu. (n.s.: eu me lembrei de um desenho que eu amava quando era pequena, Bananas de Pijamas, que tinha o B1 e o B2. Tá, eu sei, sou idiota pra caramba HAHAHAHA) .
Olhamos para eles assustadas.
– HORA DO CALDO! – Léo berrou, e eles se levantaram. – Duds, barra ai que a gente leva elas! – eles estavam rindo. E nós, lógico, gritando.
O Lucas me pegou no colo, e olhou para minha cara. Eu estava gritando e batendo as pernas no ar, então ele correu comigo, e pulou na piscina, assim como todos os outros.

– Poxa! Sobrei sem mulher – Dudu resmungou já dentro da piscina, rindo.
– Fica bolado não, sua hora vai chegar. – Felipe disse.
Ficamos lá mais um tempo, e então resolvi sair, minha mãe estava na porta, juntamente com Emílio.
– Julia?! – ela berrou. Todos nós olhamos, inclusive as meninas. Emílio olhou para uma delas, Larissa, e logo deu meia volta e saiu. Minha mãe perguntou o que era, e ele rodou a mão, num símbolo de “depois”.
– O que foi mãe? – perguntei
– Vamos embora! – ela berrou. Ah, pela primeira vez na minha vida, eu não queria ir embora, mesmo estando de biquíni, ou no meio de garotos, mas, por incrível que pareça, eu estava me divertindo.
Sai da piscina, e fui até minha mãe, tremendo de frio.
– Oi mãe?
– Vamos embora.
– Já? Nem almoçamos ainda...
– Você não almoçou ainda, agora vai comer em casa.
– Espera aí, quantas horas? – fiz uma cara de assustada.
– Quatro e meia?
– Nossa... – resmunguei baixo,
– Vamos, se enxugue. – ela me entregou uma toalha.
Me sequei toda, e vesti minha blusa e minha calça por cima do biquíni mesmo. Fui até a beirada da piscina, em despedir do pessoal.
– O que foi Ju? Por que tá de roupa? – Felipe perguntou.

– Vou embora.
– Nossa, pensei que ia ficar até mais tarde. – Dudu resmungou.
– Não, infelizmente. – falei – vou indo, foi um prazer.
– Prazer... – Lucas resmungou.
– Lucas, seu idiota! – Larissa falou dando um tapa no braço dele de leve.
– Gente, to falando serio, minha mãe tá defensiva e vai me matar se eu não for, ela já até saiu – olhei pra trás, ela não estava mais lá na porta – tchau mesmo. – sorri de canto.
– Tchau Ju. Então, amanhã me passa seu telefone lá na escola? – Larissa falou, sorrindo. O sorriso dela era de dar inveja, MESMO. Ao contrário do meu.
– Opa, eu também quero! – Leo gritou.
– Fica quieto Leonardo. – Leticia falou empurrando ele.
– Passo – dei um sorrisinho - Tchau, obrigadão mesmo – falei me virando. Voltei, e olhei pra Dudu – Tchau Dudu.
– Tchau MINHA Ju – ele disse, dando ênfase na palavra minha.
Sai dali, e passei pela sala. Depois passei pelo corredor de novo, prestando atenção pra confirmar se não estava perdida. Cheguei no jardim da frente, aleluia.

– Anda Julia! – minha mãe disse dentro do carro. Fui até ela, passando reto por Emilio e abrindo a porta do carro. – E não se esqueça de se despedir do Emilio – ela falou me encarando. Vida boa a minha, credo.
Me virei, e fui até Emilio.
– Tchau Es... – pausa – Emilio. – falei.
– Tchau Julia – ele disse me abraçando. Só não entendo por que, “por acidente” ele colocou a mão na minha cintura, e não nas minhas costas. Idiota, assanhado. – Até a próxima – ele disse, sorrindo. E sim, eu estava morta nesse momento.