Once Upon A Prophecy escrita por Witch


Capítulo 2
Part I: Plan


Notas iniciais do capítulo

Não me perguntem por que adoro tanto dragões e aliás, não confiem muito no meu narrador ;x



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Acnologia já estava em pé quando Regina saiu correndo do templo. Ela não desperdiçou um segundo em se envolver numa fumaça roxa e aparecer nas costas do dragão.

- Vamos. Te contarei tudo no caminho.

Acnologia levantou voo sem exigir mais.

- O que aconteceu? – indagou o dragão. Ambos já se dirigiam ao mundo Seis.

Acnologia habilmente quebrou a barreira do mundo Zero, que se reconstruiria, e saiu no céu do mundo Seis. Em algumas horas, veriam a Torre Negra.

- Uma criança vai nascer. Uma salvadora. Ela vai iniciar a guerra contra o Conselho e eu vou ter que protege-la. Eles vão tentar mata-la, com certeza.

- E como faremos isso?

Regina suspirou.

- Pensei num feitiço de tempo. Parar o tempo para todos, exceto a garota, por 28 anos. Quando o feitiço quebrar, nós iriamos atrás dela ou algo do tipo. Estou confusa.

- Podemos chamar Morgana e Maleficent. Talvez, elas saibam.

- Pensei em convidar o feiticeiro do mundo Dois.

- Ele?!

- Eu sinto que ele tem algo com isso. Então, assim que chegarmos te mandarei para o mundo Um, Dois e Cinco. Quero que converse com eles pessoalmente e explique a situação. Se eu sair da Torre Negra, eles irão suspeitar.

- Como quiser, minha Rainha.

Ela suspirou. A imagem dos fios interligados não saia de sua mente.  A quem pertencia o outro fio? Acnologia? Não, o Tear não controlava os dragões, só humanos. Daniel, então? Não, também era impossível, o fio estava inteiro e Daniel estava morto. Só havia uma possibilidade.

- O que você viu? – indagou o dragão.

- Eles me mostraram o fio da minha vida, Olhos Vermelhos e ele estava conectado a outro. “Eternamente juntos e para sempre separados” ou algo do tipo.

Acnologia tremeria se ele pudesse.

- Enfim, fui avisada que se algo acontecer com esse outro fio,  não só o mundo, mas a minha própria alma estará em perigo. – soltou uma risada. – Eu com uma alma, Olhos Vermelhos, engraçado, não?!

- A quem pertence o outro fio?

Regina suspirou.

- Eu acho que pertence a criança que eu tenho que proteger.

- O que elas falaram?

Respirando fundo, Regina recontou tudo que acontecera desde que entrara no templo dos Destinos.

- A situação está tão desesperadora que os próprios Destinos decidiram agir. – comentou Acnologia. – Pelo menos, elas estão do nosso lado.

- Felizmente. – suspirou. O dia seria longo e Regina só queria dormir.

O sol começava a nascer quando Acnologia pousou no pátio do castelo e Regina se arrastou para a Torre Negra, iria escrever cartas antes dos julgamentos começarem. O dia seria longo e ela teria que esperar até o intervalo do almoço para tomar banho e comer algo.

Ser a Rainha Má da Torre Negra não era um trabalho fácil infelizmente.

-

Passou-se uma semana.

Acnologia viajara para os mundos Um, Dois e Cinco e entregara as mensagens. Maleficent e Morgana disseram que precisariam de um tempo para analisar tudo, mas que podia contar com a ajuda de ambas. Já o Mundo Dois... Bem, a resposta foi estranha. Nas palavras de Acnologia, Rumpel, o feiticeiro, dissera:

“A minha resposta será dada logo.”

E até então, não recebera uma carta, nem sequer um bilhete.

- O que ele está pensando? – indagou para Acnologia.

Os gritos não a incomodavam mais e no momento, seus guardas tentavam subjugar um dos criminosos que se debatia violentamente.

- Você tem sorte de que só vai trabalhar na lavoura, maldito. – gritou Claude tirando a espada.

- Eu sou da nobreza! – gritava -  Não vou trabalhar com esses malditos músicos e tratadores de cavalo!

Regina se levantou do trono. Os soldados se calaram e se voltaram para Regina.

- Eu mudo a sentença.

- Graças a deus! – exclamou o nobre com lágrimas nos olhos.

- Sua sentença será cinco anos como guarda no portão do Forte do Tritão.

Os soldados não riram, nem piscaram. Alguns engoliram seco.

- Guarda? – indagou o homem rindo. – Acho que posso me acostumar com isso. Melhor do que um fazendeiro.

Os empregados ao redor engoliram seco. Killian, que acompanhava Claude, sentiu um calafrio percorrendo sua espinha. Ele teve o azar de ver pessoalmente o estado do corpo de um guarda do Forte que fora capturado por um tritão e bem, ele jamais se parabenizou tanto pela decisão de aceitar o duelo.

Pessoalmente, Killian preferiria mil vezes ser fazendeiro do que enfrentar o Forte e pelo estado dos outros soldados, ele sabia que não era o único.

A Rainha sorriu e voltou a sentar no trono.

- Claude.

O soldado engoliu seco e empurrou o homem para a saída.

- Você não sabe o que fez, infeliz. – resmungou.

Ninguém em sã consciência aceitaria o Forte ao invés da fazenda. Muitos ali, de fato, desistiriam do posto de soldado para serem fazendeiros. E o tolo do nobre saia rindo, completamente satisfeito de passar de criminoso a soldado.

- Próximo. – disse a Rainha. – Será o último antes da pausa para o almoço.

Os homens comemoraram, cansados e famintos.

Acnologia se levantou. Suas escamas negras avermelharam. Seus olhos estavam fixos nas portas.

- Gold! – vociferou.

Antes que Regina pudesse se levantar e dar alguma ordem, as portas da Torre Negra se abriram e Rumpel acompanhado do dragão dourado entraram na sala de julgamento. Killian sacou a espada e avançou contra o feiticeiro, mas outros soldados o seguraram.

- Não faça isso! – disse um deles. – Se você o atacar, a Rainha será obrigada a te executar. – dizendo isso o empurrou para a parede de pedra. – Não faça isso, Killian.

O homem parou de investir, mas seus olhos queimavam a figura imponente do velho feiticeiro.

- Ah, Regina!  - exclamou com um sorriso malicioso.

Ele vestia calças de couro, uma blusa branca de linho e mangas compridas e um colete negro. As botas faziam pouco barulho quando se chocavam com o chão.

-  O que faz aqui? – indagou Regina se levantando. Acnologia tinha as escamas vermelhas e Gold o olhava com superioridade. – Entrar na Torre Negra é um castigo punível com a morte!

- Ir até o Mundo Zero também. – respondeu o feiticeiro. Olhou ao redor. Todos os soldados e prisioneiros o olhavam com medo. – Posso ter um momento com você, apenas? Creio que Acnologia poderia mostrar ao meu Gold onde conseguir comida por aqui, ele está faminto.

Gold grunhiu e Acnologia olhou para sua Rainha.

- Acho que nós dois precisamos conversar, a sós.

Regina assentiu.

- Pausa para o almoço. – declarou. – Todos os meus soldados estão dispensados. Devolvam os criminosos para as celas. Assim que eu terminar meu lanche, eu os chamo.

Envolveu-se numa fumaça roxa e desapareceu do trono, reaparecendo logo em seguida na terceira porta, que levava para a sala de reuniões.

- Venha. – disse para Rumpel. O feiticeiro piscou para Killian enquanto passava pela fila de soldados seguindo Regina.

- Tem algo decente para se comer aqui, Acnologia? – indagou Gold, presunçoso e velho como sempre.

O dragão negro bufou.

- Siga-me.

Os soldados saiam do salão apressados. Queriam comer o máximo possível antes do retorno da Rainha. Os dois dragões não agiram diferente. Ambos levantaram voo assim que saíram da Torre e sumiram no céu.

Regina trancou a sala de reuniões. Seria só ela e Rumpel conversando.

- A armadura do mundo Seis combina com você. – disse Rumpel a examinando.

Regina forçou um sorriso. A armadura do mundo Seis era pesada, mas era mais confortável que os espartilhos que tinha que usar quando criança. Cora não gostaria nada daquela roupa, a armadura que mais lembrava escamas negras de dragão, a calça de couro negra e justa, os cabelos longos e presos num rabo de cavalo. Cora sempre detestou tudo que fosse “masculino” no corpo da filha e dizia que por causa de  roupas assim Regina nunca casaria. Bem, pelo menos Cora acertara a última parte.

- E o que posso fazer por você? – indagou.

- O que?! Não vai me convidar para esse magnífico banquete? – apontou para a mesa, já decorada com as comidas para o almoço.

Regina forçou um sorriso e pediu licença para ordenar que um dos empregados trouxesse mais pratos e uma taça.

Rumpel começara com perguntas tolas, sobre a quantidade de criminosos a cada dia, sobre Killian Jones, como estavam as taxas de execuções, se o clima no Mundo Seis estava tão instável quanto no mundo Dois, se ela atenderia o casamento da Princesa Snow com o Príncipe David, se já tinha contatado Maleficent e Morgana sobre os recentes problemas relacionados ao Conselho. Por fim, no meio do jantar, Rumpel finalmente foi até o assunto principal:

- Eu também tenho grande interesse na queda do Conselho. – comentou tomando um gole de vinho. – Eles estão lá há muito tempo. Eu acho que precisamos alterar os Anciões, colocar pessoas novas lá com uma nova mentalidade de governo, se me entende. A alienação dos mundos Um, Cinco e Seis é um desperdício de talento. Ainda mais no governo atual e não estou elogiando a toa. – Ele depositou o garfo e a faca no prato. O almoço ainda não estava terminado e Regina soube que ele falava sério. – Você tem um exército enorme e leal. Eu vi como aqueles homens te olham. O mundo Seis é um completo mistério para todos nós, acho que até para vocês próprios e Acnologia não é o que podemos chamar de inofensivo.

Regina tomou um gole de vinho. Ouvia pacientemente.

- Maleficent domina os Sprouts! – exclamou – Aquelas coisas... Essas bestas de fogo são contadas como histórias de terror no mundo Sete! E eles existem! E são controláveis! Já imaginou uma batalha no território de Maleficent? Terrível! Eu acho que Igneel consegue ser mais cruel em batalha do que o meu Gold ou o seu Acnologia. Mas, de todos, o mais terrível território para atrair uma batalha seria o mundo Um, o mundo das águas e dos Reis dos Mares. Oh, Morgana conseguiria facilmente destruir exércitos só os atraindo para lugares normalmente usados para a caça.

- Aonde pretende chegar? Eu sei bem como os nossos territórios são terríveis e brilhantes ao seu próprio modo, mas não sei o que você ou o mundo Dois tem com isso.

- Temos mais do que você imagina, dearie. – se inclinou para frente como se estivesse prestes a contar um segredo. – Eu também visitei o mundo Zero e conversei com as três faces do destino. Eu as vi, talvez, uma semana antes de você e creio que temos um pensamento em comum no momento.

- Que seria?

- Uma maldição para parar o tempo até a criança crescer.

Regina também se inclinou.

- O que os destinos te falaram?

Ele soltou uns risinhos, como se estivesse escondendo um segredo e de fato, estava.

- Muitas coisas. Interessantes, de fato, mas assustadoras. Elas me falaram que a sua execução acordaria o monstro da revolta do mundo Seis; me disseram que Morgana se mataria na manhã seguinte a sua morte, pois ela seria a próxima; me disseram que Maleficent morrerá com uma espada fincada no coração e Igneel explodiria tudo em tristeza e ódio; me falaram que meu mundo entraria em colapso e a minha morte também foi bastante... Desagradável.

Ela abriu um meio sorriso.

- Normalmente, as mortes são desagradáveis..

- Normalmente. – ele retribuiu o sorriso – Mas eu não pretendo morrer tão cedo. Tenho uma promessa a cumprir e tenho um conselho para destruir. Podemos não nos dar bem, Rainha do Mundo Negro, mas temos o mesmo objetivo: destruir o mundo Sete, mas nenhum de nós pode fazer isso sozinho. Precisamos da profecia.

Regina reclinou em seu trono.

- Passei a semana pensando sobre como fazer isso. Como parar o tempo sem alertar o Conselho e sem interromper o crescimento da criança, mas não consigo chegar a uma conclusão.

- Conversou com Morgana ou Malecifecent, talvez?

Regina negou.

- Irei logo. Morgana me visitará em meus sonhos logo, eu posso sentir. Já Maleficent virá trazer uns prisioneiros pessoalmente e conversaremos. Pedi que elas pesquisassem o máximo possível por um jeito de resolvermos isso.

Ele abriu um sorriso vitorioso.

- Eu posso ter exatamente o que você precisa.

Regina o olhou seriamente. Devia acreditar? Rumpel nunca foi favorável ao mundo Sete e ao conselho, mas ele nunca se mostrou contrário a eles.

- E qual seria seu preço?

- Um favor. – foi a resposta vaga. – No futuro, quando a profecia se cumprir e o Conselho cair, eu quero ser um dos Anciões. Tenho boas ideias para o futuro! – exclamou soltando mais risinhos.

Regina pensou. Colocar aquele homem no poder seria tão terrível quanto o atual Conselho? Talvez, mas ela não queria pensar demais. Não importa o que, ela só queria o mundo Sete no chão e o Conselho atual morto. O resto não importava, ela só ligava para o Mundo Seis.

- Certo. Podemos fazer isso. Duvido muito que existam outros feiticeiros cuja habilidade seja superior a sua.

- Concordo! – respondeu com uma animação infantil e bateu as mãos. – O meu plano, Majestade, é bem simples: os magos do Conselho são talentosos, mas extremamente arrogantes e orgulhosos. O que eu pretendo é explorar essa superioridade deles.

- Como?

- Fazer o feitiço de congelar o tempo no mundo Sete. Com a origem do feitiço tão perto, eles vão se culpar o tempo inteiro. Eu os conheço. Venho  estudando aqueles arrogantes por anos e sei como pensam. São tão inteligentes e tão idiotas ao mesmo tempo. Se fizermos o feitiço em qualquer um dos nossos reinos, mesmo quando a maldição acabar, eles saberão facilmente de onde veio o feitiço e poderão nos culpar antes de termos tempo o suficiente de reagirmos. Então, vamos dividir e conquistar, eu já espalhei as minhas sementes de discórdia e bem, eles fazem isso bem melhor do que eu jamais poderia fazer. – terminou com os risos.

- Mas se fizemos no mundo Sete, a criança será afetada... A não ser, que você pretenda tirá-la da mãe antes disso.

- Exatamente. – bebeu o resto de vinho. – Os pais farão uma grande festa para comemorar o nascimento da criança. Nós iremos. Eu pegarei a criança e a transportarei ao mundo Zero, onde a maldição não atingirá.

- Quem cuidará dela?

Rumpel abriu um sorriso cruel.

- Isso já é trabalho dos Destinos.

- Então, recuso. – bebeu também o resto da taça.

- Está preocupada com o destino da criança?

- Ela é a esperança de derrubar o Conselho, então me desculpe por me preocupar com a minha única chance de destruir o mundo Sete.

- Ah! – exclamou. Abriu um sorriso cruel e se voltou para a Rainha. – Então, não tem nada a ver com o fio do destino de vocês duas estarem interligados?

Regina se inclinou para frente com violência.

- Quem te disse isso?! – vociferou.

- Os Destinos. Eu vi, com meus próprios olhos, os fios de suas vidas, separados, porém eternamente interligados.

Ela sentiu seu rosto de contorcer entre raiva, dor e surpresa. Malditos destinos!

- A garota ficará bem. Os destinos precisam dela viva e o mundo Zero é lar de muitas criatura.

Ela o olhou com surpresa e ele só abriu um sorriso.

- Você confia em mim?

- Nem um pouco. – respondeu sinceramente.

- Pense bem na minha proposta e me responda. Temos ainda alguns meses, mas não demore demais. Há coisas a serem feitas e providências a serem tomadas.

Ele fingiu se levantar, mas parou quando a Rainha fez uma pergunta:

- Como a prepararemos para destruir o Conselho? Como teremos certeza de que ela se tornara a Salvadora? E como você tem certeza de que pegará a criança certa? Por que pelo que me lembro, os destinos me falaram que somente me avisariam sobre  criança quando ela nascesse e você me parece saber bem mais do que eu.

Rumpel se acomodou novamente na cadeira e ele tinha que admitir que elas eram bem confortáveis. As comidas tinham sido esquecidas bem como os julgamentos.

- Bem, uma pergunta de cada vez! – exclamou com um sorriso – A criança escolhida será o produto do amor verdadeiro, uma criança cuja magia seja herdada, assim como você, Majestade.

- Vários outros são como eu.

- Sim sim, claro! – disse – Mas, essa criança é especial. Ela já foi profetizada há muito tempo e eu tenho certeza de que Morgana te falará melhor disso do que eu.

- Morgana sabe?

- Viviane sempre foi uma profetiza notável. Não duvido que Morgana tenha herdado esse traço esplêndido dela. Os destinos não falham. Eu sei quem serão os pais da criança e sei que o casamento já está marcado. Vou deixar que Morgana discuta com você sobre os pais.

- Você está falando de Snow, não é?

Rumpel apertou os lábios.

- Eu não queria que você soubesse isso por mim.

- Os destinos a mencionaram demais para significar nada. – respondeu. Estava imensamente mais calma do que Rumpel esperava. – Estive tentando fazer as pazes com esse pensamento por dias. Eu esperava que não fosse verdade, mas pelo visto... Não sou tão sortuda assim.

- Bem, eu não esperava que sua reação fosse tão tranquila. – continuou. – Enfim, sim, a criança, a salvadora, será a filha de Snow com o príncipe David.

Regina torceu os lábios. Estava em conflito. Salvar a filha de Snow?

- Vou continuar com o meu plano. Não temos que decidir nada agora.

Regina assentiu.

- Continue.

Rumpel abriu um sorriso.

- Escute-me bem e com cuidado.

--

- Cantar?! – indagou Acnologia surpreso e furioso – Você não tem que fazer nada para eles! – vociferou.

Os criminosos se encolheram na sala de julgamento e os soldados soltaram risos. Killian estava gostando do trabalho de soldado e já tinha feito amizade com Claude e vários outros. O pirata estava se adaptando bem a vida no mundo Seis. Os fracos e bondosos não sobreviviam muito e o pirata sabia bem das leis do mais forte. Afinal, o mundo Dois não era diferente do mundo Seis ou Cinco. Todos eram miseráveis lutando para sobreviver.

- Não, eu não tenho, mas não vejo outra saída.

Risos. Olhos vermelhos e olhos castanhos se dirigiram para a origem do som. Um rapaz ria sem parar, era o próximo a ser julgado, os guardas o olharam com ódio e Killian franziu as sobrancelhas. Louco era aquele que fazia piada ou comentários desrespeitosos sobre a Rainha.

- Então, a Rainha Negra canta?! – exclamou e começou a rir. Outros criminosos abriram sorrisos, mas não se deixaram rir. Não mesmo. Os olhares dos guardas eram mortais.

Killian abriu um sorriso. Estava curioso. O salão ficou silencioso e o rapaz ria. Não conseguiu evitar o arrepio que sentiu quando o dragão se levantou. Os olhos vermelhos fixos no rapaz. O pirata andou instintivamente para trás, esperava que o dragão cuspisse fogo e torrasse o estúpido e louco condenado, mas o que aconteceu foi ainda mais surpreendente.

- Do que está rindo, infeliz? – indagou o dragão furioso.

O rapaz parou de rir e olhou ao redor, pela primeira vez percebeu que ninguém achará tanta graça quanto ele.

- O dragão negro fez uma pergunta. – disse Killian. Olhou para Claude, que fez um gesto positivo com a cabeça.

- Eu... Eu... – o rapaz tremeu. Não que alguém o culpasse, Acnologia era grande, negro e nada gentil.

Regina só esboçou um sorrisinho, mas ficou em silêncio. Acnologia era um guardião orgulhoso.

O dragão não esperou o rapaz elaborar e num movimento rápido, como o de uma cobra, ele deu o bote. O criminoso não teve tempo de sequer gritar, mas conseguiu se debater algumas vezes na boca de Acnologia até o dragão o jogar para cima e o engolir com uma bocada.

- Mais alguém?

Silêncio.

Os soldados começaram a rir, enquanto os criminosos se encolhiam. Killian abriu um sorriso surpreso e se virou para o dragão negro que examinava o salão. Soltou umas gargalhadas como os outros. Havia algo incrivelmente excitante em ser aliado de algo tão poderoso! Killian sabia melhor do que a maioria o que os dragões eram capazes. Gold, o dragão dourado, destruíra não só seu navio pirata, Jolly Roger, mas todos os seus companheiros. Não houve momento pior em sua vida do que ver tudo que conhecia queimando e Gold rindo.

Ele ainda podia ouvir os gritos de Milah...

Balançou a cabeça, de repente furioso. Odiava dragões, mas ser aliado de um não seria tão ruim assim, ainda mais se pudesse descobrir como matar Gold durante o tempo de servidão ao mundo Seis. Olhou novamente a Rainha sentada no trono de ferro, o rosto impassível e sem emoções, o dragão negro pairando como um familiar demoníaco sedento de sangue.

Abriu um sorriso. A lealdade a Rainha no mundo Seis era quase contagiante e Killian se surpreendia todos os dias com os próprios sentimentos. Claude ria junto com outros soldados, enquanto a Rainha pensava no julgamento correto para outro pobre homem, mas pelo jeito que torcia os lábios, Killian soube qual seria o julgamento do homem.

- Forca. – ouviu um dos guardas sussurrar para um colega. O outro assentiu.

- Discordo. – comentou Killian. Os dois olharam curiosos. – Será trabalhar na fazenda. – afirmou.

- Como tem certeza?

- Ela ainda não mandou ninguém para lá hoje. Ele será o primeiro, mas não o último.

- Não sei. – respondeu o guarda tinha mantido silêncio até então. – Ele é nobre. A Rainha odeia nobres.

O pirata iria argumentar, mas a voz grossa do carcereiro ansioso os interrompeu.

- Sentença, minha Rainha?

- Trabalho. – respondeu. Killian sorriu. – Nos Lagos da Solitude. – sentenciou.

O sorriso sumiu do rosto de Killian e os outros dois guardas riram. O pirata tinha certeza de que o julgamento da Rainha seria trabalho forçado nas lavouras, mas estava errado. Aliás, ele sempre estava errado. Todas as vezes que achava que tinha entendido a Rainha, ela o surpreendia.

No começo, achara que ela, assim com Rumpel, só ligava para o precioso dragão e poder, mas mudara de ideia quando começou a perceber como o mundo Seis era cruel. Se a Rainha fosse menos do que aquele ser cruel e poderoso que ela pregava ser, o mundo seis entraria em colapso. Eles precisavam de um governante forte que só olhasse para o seu próprio povo. Que todos os outros mundos se explodam contanto que o mundo Seis prospere.

A Rainha podia ser justa e terrivelmente cruel. O tipo de governante perfeito para a terrível realidade que o mundo Seis enfrentava.

Killian notava as diferenças entre os mundos. O mundo Dois, local onde nascera e crescera, sempre foi rodeado de guerras. Guerras civis, guerras contra ogros, guerras entre os nobres, guerras entre terras, guerras e mais guerras. O pai de Killian morreu em batalha e o rapaz jurara jamais seguir esse mesmo destino de deveres e morte. Antes de o exército chegar à vila em que morava, Killian conseguira um lugar no barco velho e a chance de viajar pelo mundo sem se preocupar em ser alistado em guerras estúpidas e sem sentido.

O mundo Dois era um lugar ruim por que as pessoas os transformavam em tal. Melhor, seus nobres. Imbecis mesquinhos que financiavam batalhas e discórdias desde, provavelmente, a própria existência humana. Já o mundo Seis era um lugar tão ruim por puro azar. Havia criaturas enormes e terríveis se escondendo em cada sombra, ele próprio já dera de cara com um tritão e pelos deuses, ele não pretendia repetir a experiência. Para alguém que passara a vida no oceano, Killian não se arriscaria das águas negras do mundo Seis.

Acordou de seus pensamentos quando Claude deu-lhe um leve soco no ombro.

- Perdido em pensamentos? Espero que não tenha nada a ver com a minha Rainha, pirata imbecil.

Oh, insultos. Deu um sorriso.

- Você nunca sabe. A Rainha passou muitos anos só com vocês e bem, soldados não são muito versáteis na arte de sedução de uma mulher.

Claude riu alto.

- E piratas são?! Ora, Hook, nem tente se justificar, maldito. Se somos ruins, vocês estão... – gargalhou.

 Hook era seu apelido. Tocou no gancho que substituía uma das mãos. Sentiu raiva novamente.

Rumpelstiltskin pagaria por aquilo.


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Notas finais do capítulo

O que acham? x3



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