Endless Love escrita por Brave


Capítulo 1
Youll always be my endless love




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- Thalia! – Percy me chamou – Aqui!

Fui em direção ao meu meio-primo que conversava animadamente com Annabeth, Grover e Nico. Dei os parabéns ao filho de Hades por seu aniversário e elogiei a decoração em seu palácio do submundo. Na verdade, não estava com vontade alguma de ir a uma festa, especialmente no submundo – aonde os mortos iam.

- Que saudade! – Disse Annabeth ao me abraçar.

Sorri para ela, mas logo fiquei séria ao ver outra pessoa passar.

- Aquela não é a Silena Beauregard? – Perguntei sem entender.

- É sim, o meu pai liberou alguns mortos para vir aqui hoje – Nico respondeu com um sorriso orgulhoso – Nós até que estamos nos dando bem ultimamente.

Parei de prestar atenção na conversa. Meus olhos vagavam pelo palácio inferior procurando por algum fantasma também conhecido. Encontrei vários, mas nenhum que eu queria.

- Lia? – Voltei para Annabeth – Ele não está aqui, eu já procurei.

No fundo de seus olhos cinza, eu pude ver aquela menininha assustada que nós encontramos. Nós.

Thalia, por Zeus! Não existe mais “nós”!

Mas ainda existia ele. Em cada suspiro, em cada passo... Ele estava lá. Martelando bem lá no fundo da minha alma, me lembrando de que só existia ele em minha vida. O meu primeiro e único amor, que, apesar de tudo, nunca me deixou. Esteve sempre aqui. Mesmo eu não querendo.

- Thalia, quanto tempo! – Cumprimentei Silena com um sorriso, sem saber se podia tocar uma morta ou não – Eu estava mesmo querendo falar com você!

Me assustei quando ela pegou minha mão e a puxou. Sua mão, gelada como a morte, segurava firmemente na minha, me puxando para fora do castelo. Me deixei guiar, sem realmente me importar se ela estava me levando para o Elísio ou para dar um oi para o meu avô Cronos.

Começamos a nos distanciar cada vez mais do castelo e mal conseguia escutar a musica que tocava, mas, pelo lado que seguíamos, percebi que não veria meu avô, mas estávamos nos aproximando de um lugar que parecia o paraíso, algo que me lembrava de Beatles e risos.

– Feche os olhos.

Ela sussurrou no meu ouvido tão docemente, que não pude negar. Maldita filha de Afrodite e seus poderes. Ela continuou a me puxar e às vezes eu tropeçava, mas de algum modo ela me segurava. Paramos e escutei sua voz dizendo um baixo “abra-os”.

Estava definitivamente no paraíso. A grama brilhava de tão verde e tinha um canteiro de flores mais a frente. Flores exóticas, provavelmente únicas. O céu era limpo e relaxante. O lugar até me dava sono de tão calmo. Algumas pessoas corriam, brincavam e outras até faziam show, mas nenhuma atrapalhava o prazer da outra. Um lugar totalmente do Submundo que eu conhecia.

Meu olhar vagou para um menino loiro sentado perto de um lago.

– Vocês tem muito que conversar– Silena falou antes de sair.

O garoto se virou em minha direção.

Reconheci-o imediatamente.

A razão pela qual eu convenci Lady Artêmis me deixar ir ao aniversário do meu primo no mundo inferior.

– Thalia? – Ele foi o primeiro a falar, sua voz saiu surpresa e ao mesmo tempo alegre.

– Luke... – Disse num suspiro em meio um sorriso.

Ele se levantou e caminhou em minha direção, ele parecia mais alto e até mais jovem como se morte tivesse feito bem pra ele. Me perdi naqueles olhos, me lembrando de tudo o que passamos juntos. Primeiro, me senti segura como se nada pudesse me derrubar ou atingir, depois me senti triste e deixei umas lagrimas escorrerem por meu rosto, me deixando relaxar no calor de seus braços.

– Eu... Senti sua falta – Ele sussurrou no meu ouvido

– Eu também senti Luke, eu também – Ele lentamente secou uma das lagrimas que teimavam em cair.

– Não chore, lia, por favor, não chore.

– Eu estou tentando...

– Só pare, por favor, eu não aguento ver você chorar...

- Por que você fez isso, Luke? Por quê? – Ele não respondeu, apenas mordeu o lábio meio envergonhado.

A vida sem ele tinha sido tão inútil. Não era uma vida, mas sim uma semivida. Onde tudo se limitava a comer, respirar, dormir e sorrir. As caçadoras começaram a ter medo de mim, por ser tão fechada.

- Vem - Ele pegou em meu pulso – Vamos aproveitar o nosso dia juntos.

- Só me responde, ok? - Puxo com força.

- Vingança talvez... Ou o fato deles ter terem te tirado de mim.

- Ninguém nunca me tirou de você, Luke.

- Posso te fazer uma pergunta, também? – Assenti – Por que você virou uma caçadora?

- Tem certeza que você não sabe? – Desviei o olhar, mas ele me puxou de volta.

- Então... Sem garotos? – Perguntou, levando as mãos ao meu rosto. Segurei seus pulsos e os afastei de mim.

- Sem garotos. – Confirmei.

- Merda – Ele murmurou baixo.

- Merda? O que é Castellan? Queria me beijar? – Provoquei.

- Isso são modos de uma caçadora falar? – Ele brincou.

- Eu falo do modo que eu quiser... Mas você não me respondeu.

- E se eu quisesse? Você me impediria? – Luke perguntou chegando perigosamente perto.

- Talvez - Ele mordeu o labo de forma extremamente sexy - Me beija logo idiota – Revirei os olhos.

Luke sorriu vitorioso, por um momento achei que ele fosse me beijar, pois ele passou um braço pela minha cintura e acariciou meu cabelo com nossos corpos colados.

- Nós temos o dia hoje pra isso, pra que a pressa? – E se afastou.

Passamos o dia conversando sobre nada e sobre tudo. Às vezes eu apenas me aninhava em seus braços e aproveitava a brisa relaxante. De vez em quando, algumas crianças passavam correndo. Suas risadas me faziam soltar pequenos sorrisos. Há tempos não me sentia tão leve, tão pura assim...

Enrolei uma pequena mecha azul do meu cabelo. Estava quase desbotando, mas ainda estava colorida. Assim como eu. Mesmo sentindo que estava quase morta, ainda existia algo colorido dentro de mim. Ou fora de mim, mais precisamente do meu lado, me abraçando.

De ímpeto, me virei para ele. Luke, como todas às vezes, me encarava com aqueles lindos olhos azuis. Senti minhas bochechas queimarem um pouco. Nossos narizes se chocaram, mas nem eu, nem ele, fizemos menção de nos virar. Luke era gelado, assim com Silena, mas tinha algo que o mantinha quente.

- Por que não para de me observar? – Perguntei num sussurro.

- Porque eu tenho medo de piscar e te perder de novo – Ele respondeu no mesmo tom.

- Você nunca vai me perder, Luke. Nunca.

- Lia, você é uma caçadora agora.

Antes que Luke Castellan fizesse algum tipo de brincadeira de mau gosto típica de um filho de Hermes, selei nossos lábios com um singelo beijo. Luke passou a mão pelo meu pescoço e a emaranhou em meus cabelos, aprofundando o beijo. As minha seguiram para o seu peito, puxando-o mais para perto.

Não sei quanto tempo passou e também não me importei. Só aceitei me separar dele quando realmente precisava de ar. Afinal, ainda estava viva.

Luke parecia impassível, lógico, ele não precisava de ar como eu.

Quando eu já podia respirar novamente, Luke me beijou de novo. Dessa vez, mais arduamente. Sua língua percorria os cantos de minha boca como se lembrasse de cada detalhe da mesma. E, talvez, ele lembrasse.

Quando precisei parar de novo por minhas necessidades humanas, Luke liberou a minha boca, mas não tirou a sua de mim. Continuou beijando meu pescoço e dando leves chupões. Ao invés de me ajudar a respirar, eu fiquei ainda mais sem ar.

- Vem, - Ele sussurrou na minha orelha, mordendo a mesma – Quero te mostrar um lugar.

Meio frustrada, me deixei ser guiada por Luke até um lugar bem mais afastado. Não tinha ninguém por perto e ninguém parecia prestar atenção na maravilhosa cachoeira. Algumas pedras pareciam ter sido esculpidas por Hefesto, de tão perfeitamente moduladas. Nos sentamos na mais próxima da água corrente. Os respingos gelados espirravam em meu corpo ainda quente, me dando calafrios. Luke, percebendo isso, me abraçou. Novamente, fui envolvida por seu calor. Ao contrário de Silena, ele não gelava a morte. Mas queimava a vida e a tentação.

Ainda estava com um pouco de frio, graças à água a nossa frente. Era realmente uma visão linda, mas ainda não entedia porque Luke tinha me levado para lá, sendo que estava tão bom onde estávamos...

- Com frio? – Assenti – Quer que eu te esquente? – Ele sussurrou, deixando seu hálito quente entrar em choque com o meu pescoço.

Olhei ao redor. O lugar estava realmente deserto.

Não pude responder, Luke começou a depositar carinhos beijos pelo meu pescoço e subiu até o meu rosto e, quando finalmente alcançou a minha boca, me deu um beijo intenso, como os últimos.

Ele me deitou na pedra e beijou algumas partes do meu corpo que a roupa não cobria. Isso estava me deixando louca. Eu tinha que me lembrar de alguma coisa, não tinha? Alguma coisa sobre Artêmis e um juramento... Ah, sim! Eu tinha jurado à Lady Artêmis que abriria mão dos garotos! Luke me beijou de novo e acariciou a minha barriga por baixo da roupa. Me esqueci do que tinha que lembrar, não deveria ser tão importante.

x-x

Pisquei demoradamente e olhei ao redor. Encontrei Luke deitado sem camisa em uma pedra em frente à cachoeira. Eu segurava a minha blusa em frente ao corpo, coloquei-a rapidamente, antes que Luke acordasse e me vista exposta daquele jeito. Massageei as têmporas e deixei um sorriso escapar quando me lembrei do que tinha acontecido antes de adormecer.

- Me avisa se eu te machucar – Foi a ultima coisa que ouvi antes de ser preenchida pela melhor sensação já experimentada.

Luke me completou de uma forma que ninguém havia jamais feito – física e psicologicamente. Um morto me fez sentir viva novamente.

Voltei a deitar na pedra. Estava em uma temperatura agradável, nem tão gelada, nem tão quente.

Fiquei observando Luke dormir, por um segundo, me senti presa numa musica do Aerosmith. Comecei a pensar que teria que ir embora, no que Artemis diria e em mais mil coisas. Nem percebi Luke acordando e vindo se sentar ao meu lado.

– Bom dia – Ele disse me puxando para um beijo.

Me desvencilhei de seus lábios contra a minha vontade. Minha mente estava clara agora. Uma caçadora. Sem garotos. Nunca.

– Eu tenho que ir, Luke.

- Não... – Ele pediu, mas não dei ouvidos.

- Eu sou uma caçadora, Luke – Falei mais para mim mesma do que para o loiro.

Arrumei minhas roupas e olhei ao redor. Não conseguia ver uma saída naquele que chamam da Paraiso. Estava presa.

Luke se aproximou por trás e deixou um beijo em minha testa. Tirou o cabelo do meu rosto e roçou o nariz um pouco abaixo dos meus olhos, pedindo permissão para me beijar. Ele abriu os olhos, que estiveram o tempo todo fechados e me fitou.

Pude ver meu reflexo em sua íris azul. Via a minha expressão dentro dela.

- Eu te amo, Thalia – Ele sussurrou, sem desviar o olhar.

- Eu sempre te amei, Luke. E sempre, sempre, sempre, vou te amar.

- Você é uma caçadora, Thalia – Ele repetiu, lacrimejando – Eu estou morto. E você... Você é imortal.

Abracei-o, querendo sentir seu corpo contra o meu. Querendo segurá-lo em meus braços. Me aninhar em seu peito, procurando proteção, como quando fazia quando nos conhecemos e éramos atacados por monstros. Só queria saber que Luke Castellan estava ali. Comigo. Que ele era real.

Ele me guiou até onde deveria ser a “saída” e eu senti algumas lágrimas ameaçando cair. Abracei Luke pela ultima vez. E deixei-o tomar meus lábios, me roubando um ultimo beijo.

Durante o caminho de volta, senti seu hálito em minha boca e seu cheiro em minhas roupas. Se fechasse os olhos, quase conseguia projeta-lo ao meu lado. Quase.

Percebi como agi como uma tola apaixonada perto de Luke, mas não me importei, porque só uma coisa importava: aquele que significava tudo para mim, o meu eterno amor.

x-x

- Você me decepcionou, Thalia.

Lady Artêmis exercia a forma de uma mulher adulta. Seu tom de voz era rude. Seu olhar era penetrante.

Engoli em seco e aguardei sua sentença. Claro que ela saberia o que aconteceu. Ela era uma deusa.

- Me desculpe, senhora – Ouvi minha voz pedir, sem realmente me sentir culpada.

- Desculpas? – Ela se aproximou – Você acha que fez algo errado Thalia?

Sabia o que a deusa queria ouvir com a sua pergunta. Sabia as consequências caso desse a resposta errada.

- Não, senhora. Não fiz nada de errado.

Ela respirou fundo e pegou seu bastão. Se afastou um pouco e me olhou com pesar nos olhos.

- Você foi uma boa capitã, Thalia Grace – Ela analisou, estendeu a mão livre.

Retirei a tiara prateada que usava e entreguei-a. Fechei os olhos em seguida. Esperando pela dor, mas ela não veio.  Não senti nada, na verdade.

x-x

- Thalia? – Abri os olhos, assustada – O que esta fazendo aqui? – Não respondi Nico, estava abismada por ter parado diretamente em uma das filas do Mundo Inferior  - Thalia, você... O que aconteceu? – Ele não me deixou responder – Vem, não precisa passar por toda essa burocracia.

Acompanhei meu primo por um lugar já conhecido. Quando entrei no Elísio de novo, senti uma paz quase palpável. Entretanto, também senti meu coração pesar. Quando encontrei o olhar de Nico, percebi que não voltaria mais. Não irritaria Percy e não o acertaria com meus raios novamente. Não abraçaria mais Annabeth e não correria para perto dela quando me sentisse mal. Decepcionei Lady Artêmis e quebrei meu juramento. Senti que poderia até chorar, o que raramente acontecia, mas não tinha mais lágrimas. Sem contar Jason. Meu irmãozinho. Nunca mais eu...

Não tive tempo para pensar nas coisas que não teria mais, fui chamada e meu corpo obedeceu à voz como um cachorrinho obedece ao seu dono. Virei-me inconscientemente para onde tinha ouvido meu nome não me dei ao luxo de prender a respiração, pois já não a tinha.

Ele estava mais bonito do que a ultima vez que o vi – como se possível. E me encarava com uma expressão confusa ao se aproximar.

- Adeus, Thalia – Me virei a tempo de ver Nico desaparecer ao se despedir de mim.

- O que ele quis dizer com “adeus”? – Luke se aproximara o suficiente para colar seu corpo atrás do meu e a boca no meu ouvido.

- Oi Luke – Disse sem humor

- Você esta fria – Ele observou encostando a bochecha em minha nuca.

- Você também – Ri, ainda sem emoção e me virei para beija-lo.

Sem juramentos. Sem caçada. Sem imortalidade. Apenas eu e ele.

- Você esta morta? - Ele perguntou interrompendo o beijo.

- É tão obvio assim?

- Thalia... – Ele começou, mas o calei com um beijo.

- Não quero falar sobre isso, me apresenta o lugar?

Ele me levou. Pegou na minha mão – um toque macio e quente, irônico não? – e me levou. Apresentou-me a umas pessoas, as outras já conhecia. Também me mostrou algumas bandas de rock antigas, avistei John Lennon tocando piano enquanto várias crianças sentavam em volta e o observavam fascinadas. Minha expressão não poderia ser muito diferente delas.

 - Imagine todas as pessoas vivendo em paz – Luke recitou – É estranho falar sobre a vida aqui embaixo.

- Aqui não parece ser o submundo – Comentei – É mais aconchegante que o Olimpo.

- O Tártaro é mais aconchegante que o Olimpo – Ele revirou os olhos e seguiu andando.

Corri um pouco para acompanha-lo, mas não me cansei. Não procurei pelo ar que não precisava.

- Como se sentiu? – Perguntei subitamente – Quando percebeu que não voltaria mais?

- Triste, mas tinha que me conformar. Hey – Ele chamou quando eu desviei o olhar, com dois dedos, levantou meu queixo para que pudesse olhar em seus olhos – Eu estou aqui.

- Eu estou com medo – Confessei – Annabeth... Percy... Jason...

- Eles vão entender.

- Não pude nem me despedir...

- Ninguém pode – Ele me abraçou – Eu te amo, lia.

Era a segunda vez que ele me dizia aquilo, mas teve maior efeito do que na primeira. Dessa vez, eu precisava disso. Precisava de algo para me agarrar. Afinal, só ficaria ali pela eternidade. Nada melhor do que ficar com o meu eterno amor.


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