Solitude Tenebris escrita por Aerys Silentread, AngelSPN


Capítulo 3
Terceiro Ato


Notas iniciais do capítulo

Boooom dia, gente! Sentiram muito nossa falta? :D sim, eu sei que demoramos ;___; mas a culpa é toda minha! O PC deu uns problemas, fiquei sem falar com a Angel, enrolei pra responder as reviews porque sou péssima nisso... Enfim! A maior bagunça. Agora meu PC ~lindo~ já está arrumado, e espero que ele não dê mais problemas, porque aí poderei ficar de boa aqui, conversando com a Angel e escrevendo os capítulos :D
Por falar nisso, gostaria de dedicar esse à todos aqueles que estão acompanhando e comentando: Elleart, Debi, Constantin Rousseau, Bela Talbot e joannabeth. Vocês são muito fofas! ♥
Sem mais enrolações, espero que tenham uma boa leitura ^^



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Dean fixou o olhar no espelho, havia algo a mais que um simples reflexo. Seu irmão sorria de uma forma perversa, sombria, quase assustadora. O loiro deu um passo para trás, sentiu a parede áspera de encontro à suas costas. Certamente não era Sam. Sim, só poderia ser alucinação. Estaria dormindo e tendo os pesadelos?

O Winchester conhecia aquela sensação e, por mais que desejasse “acordar” sabia que era impossível, pois não estava sonhando. Em questão de segundos todo o banheiro branco e limpo em que se encontrava foi ganhando um aspecto sujo e fétido. Sam desaparecera de sua visão. A casa acolhedora já não era a mesma, das paredes um líquido viscoso e escuro escorria densamente pelas paredes, as janelas estavam totalmente opacas e cobertas por uma película de limo. O ar parecia pesado, como se estivesse carregado de vapores tóxicos. Chegava a ser um pouco difícil de respirar. Os olhos verdes do caçador percorreram aquele lugar agora tão estranho para si, e seu coração disparou ao lembrar de Lisa na cozinha.

Sem pensar em mais nada, vestiu-se com a calça jeans mais próxima, e avançou o recinto. Cadeiras espalhadas e quebradas se amontoavam em uma porta de madeira quase podre. Ele gritou o nome da amada; uma, duas, três vezes, e só recebia de volta sua própria voz. Sua garganta estava queimando pelo esforço ao gritar desesperadamente por Lisa e Ben. E um cheiro nauseante invadia-lhe as narinas, parecendo queimá-las. Era pior do que o cheiro de carne entrando em decomposição; e ele sabia bem a comparação que estava fazendo. Dean vasculhou o lugar. Incrível. Era sua casa, mas, ao mesmo tempo, não era. Sentiu medo, algo em seu peito doía. A sensação de perda o invadia ainda mais. Ele não podia perder mais ninguém. Não, não podia. Lisa e Ben tinham que estar bem... Ele queria acreditar que estavam bem.

Lembrou do impala, de suas armas guardadas.

“Tenho que encontrar a garagem”. Dean pensou. Resolveu que agiria como sempre agira em uma situação de perigo. Com cautela, e como um verdadeiro caçador, começou a avançar, estava muito escuro. Uma melodia ecoou pela casa, era o som de um violino. Capturou toda sua atenção no mesmo instante. Não se lembrava de ter um violino na casa de Lisa; o som era agradável e fora do contexto daquela sinistra paisagem. Resolveu investigar de onde vinha. Dean passou a mão pela testa, secando o suor que escorria. Estava quente, muito quente. Quente demais.

Olhou para as escadas, cobertas por um tapete puído e de aspecto abandonado — o que não chegava a ser uma surpresa, mas ainda era estranho —, a melodia vinha do andar de cima. O ranger dos degraus sob seu peso denunciava sua chegada e amaldiçoou o ruído que ecoava. O Winchester colocou a mão no corrimão para melhor se apoiar, e arrependeu-se imediatamente, torcendo os lábios em repugnância ao sentir o contato com a gosma grudenta e morna que o cobria.

“Que diabos estava acontecendo?”

Limpou a mão em sua calça jeans rasgada nos joelhos, e continuou sua trajetória, o som estava cada vez mais próximo. Ao chegar no topo da escadaria uma porta dupla impedia sua entrada. Colocou a mão na maçaneta na tentativa de abri-la. Péssima ideia. Em um movimento brusco, tirou a mão da maçaneta que estava em brasa.

Dean olhou para a própria palma da mão chamuscada, ligeiramente avermelhada sob a fuligem que a cobrira. O som continuava em seu ritmo suave. O loiro observou melhor a porta a sua frente, percebeu que havia uma espécie de rachadura do lado direito da outra porta. Olhou ao redor em busca de algo para que pudesse forçar sua abertura. Resolveu descer e buscar alguma ferramenta, virou-se em direção aos degraus, olhou-os atentamente e não conseguia acreditar em seus olhos. Pelos degraus o liquido vermelho e viscoso descia densamente, cobrindo o tecido envelhecido do esquecido tapete como se fosse sangue.

“Porque não consigo me acordar, como das outras vezes?”. Dean caminhou com cuidado pelo corredor, desistira de descer ao avistar uma barra de ferro retorcida embaixo de um velho sofá rasgado. Aproximou-se da porta e forçou a pequena rachadura com a ponta da barra de ferro, um ruído de madeira quebrando e uma lasca caía ao chão, deixando parte do cômodo visível. Dean olhou para dentro pelo buraco que fizera, com o coração golpeando o peito, e o lábio ressequido. Sentiu o chão tremer sob seus pés. Era como uma respiração forte. E como um um tapa na cara, a verdade o atingiu.

A casa estava viva!

Em um acesso de fúria, medo e ódio, o Winchester acabou com o resto da porta. Não se importava mais com o barulho que pudesse fazer, ou com o que tudo significava, aquela situação estava matando-o aos poucos. Não havia percebido que a melodia havia sido bruscamente interrompida  quando jogou seu corpo contra o resto de tábua que estava em seu caminho.

Ele sentiu seu ombro reclamando pelo esforço que fizera. No entanto, Dean Winchester não se dava ao luxo de atender o pedido mudo de seu corpo. Enfrentou dores piores. O que era aquilo, comparado ao que vivia agora? Avançou com a barra de ferro com as duas mãos agarradas a ela. Antes que pudesse perder totalmente a sanidade, respirou fundo por duas vezes seguidas. Continuou perscrutando o local semi escuro, o candelabro acima de sua cabeça balançava de um lado para o outro com apenas três velas acesas, formando claridade e sombras gigantescas nas paredes cobertas de símbolos estranhos, em padrões grotescos.

A casa de Lisa não tinha um candelabro no segundo andar. Mas a casa de Lisa também não era viva, e nem simplesmente resolvera que era uma boa hora para brincar com sua sanidade.

“Mantenha o foco Dean. Mantenha a calma.”

O loiro olhava com cautela o corredor a sua frente que se aproximava, era estreito e ainda mais escuro. Só então percebeu um buraco negro a sua frente. Poderia dar um impulso e pular para o outro lado... Não, não faria isso. Voltaria para buscar seu armamento na garagem. Nada estava ajudando, por, ao olhar para trás, Winchester percebeu que não havia mais as escadarias. Em seu lugar, apenas um profundo abismo.

 Era como se alguém... Não, não alguém. Era como se algo não quisesse permitir que voltasse atrás. E ele não tinha alternativa que não seguir em frente.

“Maldição!”

Dean afastou-se o máximo que pôde, ganhou certa velocidade e arremessou-se para o outro lado. Sentiu o chão ceder com o impacto de seu corpo. Seus dedos ficaram cravados no piso, sustentando seu corpo que balançava em um vazio negro e sombrio. A barra de ferro, já esquecida, mergulhou em direção à escuridão. E não houve som indicando seu impacto, algo que lhe indicasse uma profundidade. Era um abismo sem fim.

Tentou desesperadamente manter-se firme, sentiu o sangue em seus dedos pelo enorme esforço. Tentou apoiar os braços, sentiu o frio invadir-lhe as pernas. Voltou seu olhar para baixo e vislumbrou um braço muito branco e fino aproximar-se de sua cintura. Uma onda de medo invadiu-lhe as entranhas, dando-lhe a adrenalina da qual precisava.  O som que o Winchester emitiu para tentar elevar seu corpo para cima era assustador. Com os dentes apertados e seus músculos saltando pela camisa antes branca, o loiro conseguiu subir e escapar a tempo daquela mão que o acariciava de forma repulsiva e pegajosa.

Ficou deitado de barriga para cima, seu peito arfava e seu corpo todo doía, ganhou um pouco de fôlego e voltou a olhar o abismo ao qual se livrara a pouco tempo. Queria entender o que acontecia. E, ao mesmo tempo, queria fugir desesperadamente daquela situação sem nexo. O que diabos estava havendo, afinal? Fixou seus olhos verdes febris na escuridão tentando encontrar o que o agarrara para as profundezas. Mas não parecia haver nada ali.

 Dean Winchester deixou-se cair para trás, sobressaltado, quando uma incrível sombra gigantesca emergiu das trevas, agarrando-o pelo pescoço. O loiro chutou o ar, debateu-se tentando evitar que a criatura o arrastasse para o abismo. Fechou os olhos, sentindo o corpo pesado em cima do seu, sentindo a respiração que já começava a escassear. Por mais que quisesse ficar de olhos fechados, e tremesse, os abriu encarando a criatura próxima ao seu rosto, com o hálito suave e os olhos muito arregalados, balbuciando um único som.

— Me ajude... Dean! — disse a voz rouca e grossa.

O loiro focou os olhos, não podia ser. O choque percorreu seu corpo como um ladrão, roubando suas reações, quebrando-lhe a concentração.

— Sammy?!

O piso então não suportou o peso dos dois e cedeu. Dean abraçou-se ao seu irmão. Não tinha certeza se era ou não ele. Mas naquele momento o que ele mais desejava era estar junto à Sam, e, se fosse morrer seria abraçado ao seu irmão. Com esse pensamento o loiro abriu mais uma vez os olhos, iria dizer ao mais novo que estava tudo bem, que tudo iria dar certo. No entanto, em seus braços havia apenas o vazio e seu corpo caindo em um imenso buraco negro.


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Notas finais do capítulo

Sugestões? Críticas? Elogios? Deixem a gente saber o que acharam! :D