POV Autora

 Perséfone andava de um lado para o outro pela sala do Olímpio. Ela deveria aproveitar o tempo que tinha conseguido para sair daquele lugar terrível, mas seus pensamentos eram apenas sobre a menina que ela tinha acabado de ajudar, mesmo sendo proibida de fazer o mesmo.

 Durante todos os anos que Hades mantinha a menina presa, Perséfone fora proibida de ajudar ou falar com a garota. Era um segredo que apenas Hades tinha por completo, e a cada dia que se passava a curiosidade de saber mais sobre a garota, crescia.

 Mas ela mantinha segredo. Se os deuses soubessem que a menina esta trancada no Mundo Inferior, aconteceria outra guerra entre os deuses, e não era isso que ela queria.   

 Quando o filho de Hades veio pedir ajuda, o coração da deusa percebeu o quanto a garota estava sofrendo na mão de Hades. Mas o que ela poderia fazer a respeito? Hades ficaria apenas mais uns dias fora, e nesse tempo, ela poderia dar ordens. Quando o menino saiu do Olímpio, Perséfone foi direto para uma fonte e mandou uma mensagem de Iris para Hades. Ela não sabia ao certo o que Hades tinha ido fazer, mas ele atendeu a mensagem, e ela não conseguiu identificar onde o marido estava.

 Hades estranhou a mensagem. Perséfone não mantinha contato com ele quando estava livre, então devia ser algo importante. E era. Perséfone enrolou um pouco o marido, dizendo que tinha encontrado um problema no Mundo Inferior, e fez a cabeça dele para que o mesmo voltasse daqui uma semana.

 E Hades acreditou! Para ele seria melhor, daria para resolver seus problemas com mais calma.

 Depois disso, a mesma mandou uma mensagem para o Mundo Inferior, dando a ordem para que todos cuidassem da menina, ela não trabalharia, poderia comer como todos, teria um quarto melhor, roupas novas e tudo que tinha direito, ate que Hades voltasse.

 Depois de tudo isso, ela poderia descansar. Mas mesmo assim, ficou pensando na importância do filho de Hades na menina. Por que ele se preocupava tanto? Por que tentaria ajudá-la? E o pior, por que pediria ajuda justo para ela?

 Tanta preocupação a levou a pensar em apenas uma justificativa: o garoto estaria gostando da escrava. Mas isso não poderia ser possível, pois nenhum Deus sabe sobre a garota. E para que duas pessoas se gostem, apenas uma pessoa precisa conhecer bem o casal.

-Afrodite – ela murmurou e correu em direção a Deusa do amor.

 Enquanto isso, no Mundo Inferior, Jessie e Nico se divertiam. Ela já tinha tomado banho e trocado de roupa, já tinha se deliciado com um prato de comida e estava fazendo a mudança de seu quarto. Nico estava ajudando-a com isso. Ela contava sobre sua vida, e ele contava sobre a dele. Os dois tinham tanta coisa em comum, e ao mesmo tempo tinham tantas opiniões contrarias.

 Jessie levava Nico para um lugar do castelo que nem ele sabia, e olha que ele já tinha andado por quase todo aquele lugar. Ela estava o levando para o quarto antigo dela, se aquilo podia ser chamado de quarto.

 O quarto ficava no lugar mais escondido do castelo. Precisava andar por vários corredores, dando voltas e mais voltas. O filho de Hades já estava perdido. E depois do labirinto de corredores, tinha que subir uma infinidade de escadas, para dar de cara com uma espécie de torre, guardada por esqueletos-guardas. Jessie abriu a porta e Nico deu de cara com um porão. Era esse o quarto dela, um lugar pequeno, escuro e sujo. Por mais que Jessie tentava limpar o lugar, a aparência dele era horrível. Tinha um colchão não chão, com um travesseiro e um cobertor. Apenas isso. Nos dias de frio, Jessie juntava palha de seu travesseiro e conseguia fazer uma mini fogueira.

 Nico se surpreendeu com o lugar. Ele sentiu pena da Jessie. Não tinha muito que fazer na mudança.

-Eu preciso que você me ajude a levar apenas essa caixa. – Jessie murmurou um pouco envergonhada. – Eu posso levar, ela é leve.

-Não se preocupe – Nico disse e foi até a caixa. Dentro dela tinha apenas umas roupas, poucas roupas na verdade, uma flor velha e uma foto, que ele não conseguia enxergar.

 Os dois desceram todo o caminho de volta, e foram até o seu novo quarto, que ficava do lado do quarto do Nico. Jessie ficou surpresa com o tamanho do quarto. Ele era relativamente grande. As paredes estavam pintadas de branco, o que era o oposto do quarto do Nico. Tinha uma cama grande de casal, Jessie não entendeu o motivo. Um armário gigante e varias decorações. O banheiro também era grande. Jessie foi até o armário e abriu a porta, dando de cara com um monte de roupas.

-Acho que eu não precisava trazer as minhas roupas – ela murmurou enquanto passava a mão na infinidade de roupas, com a boca aberta.

 Nico colocou a caixa da cama e jogou as poucas roupas no lixo.

-O que é essa flor? – Nico perguntou.

-Essa flor brotou no meu velho quarto, o que me surpreendeu muito, já que não da para uma flor viver ali. Eu acho que é um sinal do meu pai, ou da minha mãe. Eu cuidei dela, mas ela muchou.

-E a foto? – Nico perguntou.

-Hades me deu essa foto um dia – ela disse – Não sei quem é, acho que é minha mãe.

Nico ficou triste por ela.

-Se você não veio aqui antes, onde você se trocou, se arrumou e comeu? – ele perguntou.

-No seu quarto – ela disse rindo – Me mandarameu tomar banho la! Não me culpe! E você não estava!

Ele riu.

-Tudo bem – ele disse rindo. – O que quer fazer?

-Olha, eu conheço esse lugar na palma da minha mão, melhor do que você. Não sei o que podemos fazer. – ela disse.

-Acredite: você não conhece um lugar!