Narração terceira pessoa.

 Estavam sentados no chão, comendo e conversando alegres e sorridentes.

 Rowena sentia uma ponta de medo junto com sua felicidade, mas revolveu deixa-la para trás.

Godric, já meio recuperado da morte dos pais, sorria para os amigos enquanto eles demonstravam apoio e compreensão.

Helga se sentia feliz e leve. Sem perigos e desejos maldosos a sua volta. Se sentia culpada por ter deixado a cidade sobre ataques, mas algo a dizia que tinham feito o certo. Seus gritos assustados não cortavam mais a noite.

 Salazar não estava imensamente feliz, estava satisfeito. Sorria para Rowena sempre que podia, e se deparava com a razão de seu viver.

  Já estava tarde, as estrelas brilhavam no céu e eles estavam ficando sonolentos. Por fim, todos foram para suas respectivas barracas. Azul, Vermelho, Amarelo e Verde. As cores que sempre os cercavam, e os marcavam estavam ali dando paz para as suas mentes jovens e saudáveis.

POV. Helga

  Estávamos no norte. E muitas vezes alguém reclamava e falava novamente em aparatar. Os olhos de Rowena perdiam o foco, e logo ela sorria triste e dava de ombros.

  Na verdade, eu me sentia muito bem andando e conversando com eles. Evita ficar ou falar com Godric, e sabia que ele tinha percebido.

  Sentia por muitas vezes, o seu olhar em minhas costas e sabia que devia estar corando. Mas não tinha coragem de gritar com ele ou de pedir desculpas, então simplesmente me afastava e torturava nossos corações.

  Era uma bela tarde de maio, por mais estranho que fosse, estava calor, nós estamos rindo e nos divertindo. Rowena usava um vestido comprido, com as mangas curtas e verde claro, o cabelo preto solto. Salazar usava uma roupa de couro amarela, com o brasão de sua família bordado em preto. Godric também usava uma roupa de couro, azul claro. E eu usava um vestido com as mangas curtas vermelho, meu cabelo loiro estava preso com uma fita dourada. E pela primeira vez em dias, não estávamos discutindo, reclamando ou chorando aos cantos. Estávamos felizes uns com os outros.

- Rowena, aonde você conseguiu essas frutas?

-Ah! Tem um arbusto ali atrás! – disse ela apontando para fora da grande clareira em que estávamos.

-Hm...- Salazar olhou para o local indicado, e sorriu. O que não durou muito, pois logo ele voltou a comer.

- Não venosas,são? – disse Godric, ao meu lado, um pouco preocupado.

-Claro que não! – ela o reprendeu revirando os olhos

  Sim, Godric Gryffindor esta sentado do meu lado nesse belo dia.E eu não estou ligando. Talvez esteja até feliz em poder olhar para o lado e o ver rindo, ou ouvir sua voz tão perto de mim. Naquele dia eu me sentia leve, solta e radiante. Os problemas e os dias sombrios tinham passado, pareciam ter sido vividos em outra época. Meus amigos provavelmente estavam sofrendo, e eu me sentindo culpada por estar feliz. Mas estava tão feliz por ter saído de Londres.

  Passado alguns instantes ficamos quietos, sem risadas, gritos, perguntas, palavras. Só ficamos saboreando o intenso silencio que nos consumia.

- Bom...eu acho que...vou buscar água. – disse Salazar quebrando o silencio.

-Vou junto! – e Rowena se levantou rapidamente e agarrou o braço de Salazar com força, andaram apressados em direção ao lago.

-Estranho...- disse Godric ao meu lado.

-Sim.

  Estava nervosa, muito nervosa. Minhas mãos soavam, e por isso depositei meu “prato” com o restante das frutas em uma pedra ao meu lado. Eu não ficava sozinha com ele a dias, não olhava para ele a dias. Mas tudo nele me atraia, a voz, o sorriso. Tudo. Abaixei a cabeça tentando esconder meu rosto.

-M-Me desculpe- ouvi um sussurro baixo e fraco vindo da minha esquerda.

-Por...? – disse tentando manter minha voz calma e despreocupada

-Ah, por...por ter te afastado, por ter te culpado pelos meu problemas, por ter te magoado , por...tudo – ele falou isso de um jeito rápido e deprimente, e me culpei por estar sendo tão boba com ele.

-Você...não fez nada Godric. – quando terminei de dizer isso,ele se moveu silenciosamente e lentamente para minha frente. Levantou meu rosto e ficou me encarando. Os olhos deles tinham aquele brilho que sempre me deixava sem palavras, e ele parecia conseguir ver minha alma. Minha respiração aumentou, e fiquei olhando para seus olhos castanhos, apesar da cor comum eles eram diferentes e sonhadores. Senti que todo meu corpo se arrepiou quando ele passou as mãos.  E ficamos assim, nos olhando, por vários minutos. Até ele começar a se aproximar de mim, e o medo com uma mescla de nervosismo me invadiu, e me vi incapaz de retribuí-lo, então me afastei de suas mãos e fui “lavar os pratos”.

  Senti a decepção e a culpa tomando conta de mim, mas não seria certo. Não agora, não assim. E naquele momento eu entendi o que ele disse, “eu só não quero que goste de mim por estar com...pena”. O que me parecia uma ser de grande importância agora era que, ele poderia estar se sentindo culpado e com pena da pobre Helga Hufflepuff, e não queria que fosse assim.

  Ele ficou lá parado, olhando para o chão enquanto eu lavava os pratos na macia e com água cojurada me sentindo uma atrapalhada indecisa. Mas por um lado, é isso que sou.

 Godric caminhou até mim, e ficou ao meu lado. Tirou uma mexa do meu cabelo do meu rosto, e me deu um beijo na bochecha e foi para sua barraca. Levei minhas mãos ao rosto e encostei no lugar que seus lábios tinham me marcado. Minha bochecha formigava e eu ainda sentia as malditas “borboletas” em meu estomago.

   Enquanto tentava decidir se entraria na barraca dele e me jogaria ao seus braços,alegando amor eterno, ouvi Rowena e Salazar se aproximarem rindo e fazendo brincadeiras com si mesmos. Ouvi também Bran se aproximar do local, com várias frutas nas flutuando ao seu redor.

  Quando todos chegaram em nosso “acampamento” ficaram me encarando confusos, alegres e talvez até preocupados, mas eu não disse nada. Larguei os pratos e corri para a minha barraca, com as lágrimas escorrendo por meu rosto e a vergonha cravada em mim.

POV. Rowena

  E na manhã seguinte tudo estava diferente de novo. Ninguém se falava, chovia e Helga tinha voltado a acordar gritando. E assim se passaram dias e semana.

Em algum dia de Março quando estávamos todos sentados em pedras, comendo frutas, quietos, algo se mexeu rapidamente nas arvores a nossa volta. Todos ficamos de pé, e a sensação de perigo percorria meu corpo. Já havia anos que não duelava com alguém. O vento ficou gelado, e os barulhos aumentaram. Saquei minha varinha e os outros me seguiram.

  A floresta se iluminou, e raios amarelos, vermelhos e verdes começaram a nos atacar. Nos defendíamos do melhor jeito, mas não fazíamos ideia do que estava acontecendo. E os feitiços foram aumentando cada vez mais, e logo estávamos recuando e caindo, não havia ninguém na clareira além de nós se vc fosse procurar.

 Ao meu lado eu ouvi um grito alto e amedrontado, quando olhei para a dona da voz me deparei com Helga sangrando e olhando fixadamente para um homem que estava atrás de nós. Ele era nojento, tinha um machucado no rosto, os cabelos bagunçados, roupas velhas e em sua maioria rasgadas, parecia ser confiante por que sua varinha estava abaixada e ele sorria para ela. Ele fez um aceno com a mão e os feitiços pararam. Eu, Godric e Salazar nos viramos para encara-lo.

 Os olhos do homem brilham de prazer, ele abriu a boca e soltou uma enorme gargalhada. E aquilo me irritou profundamente, minha varinha agiu por impulso e um raio vermelho foi lançado em direção a ele.

- Prendam eles. – disse satisfeito.