Aquilo era impossivel,simplesmente impossível. Mas eu não ligava, por que mesmo que eu fosse louco e quisesse protestar eu não podia. O céu se partiu e a luz penetrou no negro mundo que me cercava. Meus olhos queimaram e em seguida se inundaram de lagrimas. Yuno! A Yuno flutuava em minha direção, era a Yuno do primeiro mundo, a que tinha se tornado deus. Minha mente estava em branco. Minha Yuno, estava ali, bem à minha frente.

Um calafrio percorreu meu corpo, e senti como se fosse um dos meus poderes de deus me alertando que, alguma coisa poderia dar errado. Esse foi o único pensamento que me veio à cabeça nessa hora. Tudo que eu mais desejava era agarrar a Yuno e abraça-la, para que nunca mais fugisse de mim.

Tentei me mover, mas era como se estivesse me movendo em cimento fresco de secagem rápida, eu queria falar, mas senti como se estivesse com uma enorme cobra de massa de pão descendo pela minha garganta, e se enrolando em meu estomago. Eu não respirava e meu coração batia tão acelerado que era capaz de morrer antes de tocar Yuno. Minha visão piorava a cada centímetro que ela avançava em minha direção, meus olhos completamente encharcados, parecia que sua aproximação afetava meu corpo diretamente. Minhas mãos suavam muito, eu estava todo arrepiado, com frio e calor, não podia sentir minhas pernas e parecia ter farinha em minha boca.

Depois de alguns segundos, que pareceram mais longos que os 10 mil anos que passei sozinho, ela me alcançou. Estava vestida exatamente como eu me lembrava. Com as roupas negras de deus. Uma espécie de roupão todo cortado aos lados. Foi quando finalmente não puder mais agüentar. Quebrei tudo a minha volta que me segurava, consegui estender meus braços e abraçar Yuno. Finalmente. Eu não podia acreditar, ela estava ali, em meus braços. Eu a apertei com toda a força que tinha, eu queria consumi-la, possui-la, entrar em seu corpo, queria que nos tornássemos um só;

Parecia que não estávamos vestindo nada, pois a sensação era a mesma de quando tivemos nossa primeira vez em sua casa. Eu podia sentir sua pele macia, seu corpo estava quente e todo arrepiado. Eu não conseguia parar de chorar, mas havia decidido que isso não me atrapalharia mais. Seu cabelo rosa estava bem ao lado do meu rosto e ainda tinha o mesmo cheiro. Ouvi ela soluçar e percebi que também estava chorando. A cada segundo aquele reencontro ficava melhor. Tentei me afastar, pois eu queria ver seu rosto de perto, mas ela me puxou com força e me disse.

– Yuki, eu estou tão feliz.

Mais uma vez comecei a chorar novamente a apertei com todas as minhas forças e dessa vez ela correspondeu. Nos abraçamos da forma mais incrível em 10 mil anos. Todo aquele mundo a minha volta não me interessava mais. Meu mundo de verdade estava me abraçando com toda a força.

– Eu... Yu.. eu... como... Yu...

A serpente de pão, ainda chacoalhava em minhas entranhas, eu lutava com todas as minhas forças, não queria que nada me atrapalhasse agora, mas ainda não conseguia falar com clareza.

– Yuki... eu te amo.

Aquela foi a gota d’água. Eu simplesmente não podia mais me permitir continuar daquela forma. No instante que se seguiu, me senti preenchido, me senti completo. Novamente meus olhos inundaram-se de lagrimas e consegui dizer com todas as palavras e até com uma firmeza que me surpreendeu.

– Eu também te amo Yuno.

Suas pernas começaram a tremer, senti que ela estava perdendo as forças puxei-a para junto de mim e logo se recompôs, começando a me abraçar mais forte. Percebi o que queria fazer, e me preparei para agir. Ela me puxou para cima de si, e pouco antes de cairmos eu me virei e ela caiu sobre mim. Nossos rostos a menos de 10 centimentros de distancia. Eu podia sentir sua respiração, e ela a minha. Eu sentia as batidas do seu coração como se fosse o meu, sua pele toda arrepiada, seu corpo todo suado, o cabelo caindo aos lados, seus olhos cheios de lagrimas e seu sorriso, o mais lindo sorriso que tinha visto em toda minha vida. Ah, como eu senti saudades desse sorriso. Ela abaixou a cabeça para me beijar, mas eu a abracei. Percebi seu sentimento de confusão, e talvez até duvida. Acho que estava começando a descobrir meus verdadeiros poderes de deus.

– Esqueceu que sou eu quem tem que tomar a inciativa e te beijar Yuno?

Agora era oficial, Yukiteru Amano estava de volta. Aquele garoto que matou um mundo inteiro para de tornar deus estava de volta. E tomando o controle da situação. Yuno sorriu e fechou os olhos, ela toda tremia. Observei seu lindo rosto por alguns segundos, algumas lagrimas pingavam e se misturavam com as minhas, o mesmo acontecia com o suor de nossos corpos. Por fim eu a beijei, e beijei como nunca tinha beijado antes. Ela então começou a chorar como eu nunca tinha visto antes.

– Você esta melhor em beijar agora Yuki.

E novamente ela se pôs a chorar da mesma maneira. Meu espírito estava completo. Não tinha mais nada para ser dito ou feito. Então algo realmente me surpreendeu.

– Vamos ficar juntos agora yuki?

– Sim Yuno! Vamos ficar juntos agora!

– Para sempre?

– Sim Yuno! Para sempre!

Pela primeira vez, vi seu sorriso sumir e ela chorou como se fosse um bebe, meus olhos se encheram de lagrimas. Eu a abracei forte até que ela parasse de chorar. Levantei-me e ela se sentou limpando o rosto, estendi a mão, ela sorriu e lagrimas escorreram. Caminhamos abraçados por um longo caminho infinito. Então tive uma ideia. Comecei a agitar o braço direito, sem deixar ela se afastar de mim, eu a segurava firme pela cintura com o braço esquerdo, fazendo movimentos ondulados pelo ar. Eu não sabia bem o que estava fazendo, mas Murumuru apareceu rindo timidamente e nos seguiu de perto. Yuno pareceu não se importar. No céu, imagens do passado começavam a se projetar, imagens de quanto Yuno estava feliz ao meu lado. Seguimos por algo que poderia ser chamado de Hall das lembranças, um corredor de lenbranças boas. No fim, como se tivéssemos sido filmados, a lembrança da nossa primeira vez.

– Yuki...

– Yuno!

Nos entreolhamos, eu sentia seu sentimento de vergonha crescendo, mas o seu amor era maior, muito maior. Eu podia de certa forma, ler seus pensamentos e antes que ela pudesse dizer algo como “isso é tão embaraçoso” eu a beijei novamente. Acho que ela levou o maior susto da vida dela. Eu observava calmamente seus lindos olhos arregalados com a surpresa. Lentamente ela começou a fecha-los e correspondeu ao meu beijo. Não preciso dizer que meus olhos tornaram a se encher de lagrimas. Era impressionante. Eu estava diferente. Muito diferente. Quando ela tornou a abrir os olhos eu sorri e a soltei. Corri um pouco à frente e comecei a movimentar os dois braços no ar.

– Yuki?

Eu me virei e sorri confiante. Agora eu era uma pessoa totalmente diferente. Talvez o choque de revê-la tivesse me transformado. Eu sentia mais, eu via mais, EU ERA MAIS! Pela primeira vez em toda a minha existência, desde quando eu comecei a escrever meu diário no celular, desde muito antes de conhecer Yuno, desde muito antes do jogo, pela primeira vez eu me sentia como um verdadeiro deus.

– Estou fazendo um céu, Yuno. Para podermos ver as estrelas para sempre.

Ela sorriu, e tornou a chorar. Abraçou-me por traz e mais uma vez pude sentir sua pele contra a minha, como se as vestimentas de deus não fossem mais que uma ilusão. Continuei agitando os braços e o céu ia se formando a nossa frente, exatamente como eu sempre imaginei. Depois de certo tempo, murumuru chegou ao meu lado e começou a agitar uma das mãos me fazendo sinal com a outra. Eu podia ler seus pensamentos então me virei e abracei Yuno novamente. Nos beijamos e nos deitamos. Murumuru tinha sumido, mas o céu continuava a se formar. As cores escuras do mundo vasio agora tomavam forma de estrelas, algumas de nossas lembranças ainda voavam a nossa volta e acabavam por se juntar ao céu, transformadas em constelações ou presas como se fossem papel de parede. Tudo se misturava, inclusive Yuno e eu. Naquele silencio eterno, nossos corpos se uniam, nossas mentes se fundiam em êxtase, nossos sons de amor reinavam eternamente.

FIM ...........?